sexta-feira, 17 de maio de 2024

VILA: MORRER E VIVER TEIMOSAMENTE

MARCOS ANTÔNIO MOREIRA


Era o conhecidíssimo e temido jornalista Vila, fundador do click MT e supersitegood. com.br


Foi o mais brilhante jornalista contestador destas plagas.


Frequentei muito o seu apartamento térreo, de fundos, no bairro do Porto, e na sua garagem ‘guardava’ uma verdadeira relíquia, que era um jeepão antigo necessitado de ‘rejuvenescimento’.


Contava a história do seu ‘calhambeque’ com emoção contagiante.


Todas as semanas o visitava acompanhado de uma caixa das ‘latinhas de cerveja’, para ouvir o Vila e suas ‘esquisitices’.


Magro ao extremo, não deixava a boca sem o cigarrinho e começava a beber cerveja às nove horas da manhã até dormir.


Vivia rodeado de gatos e cachorros, e ocupavam a mesma cama.


‘Chamava’ pombas, passarinhos para comerem ração na janela do seu apartamento, de onde jogava milho para as galinhas do vizinho.


Era o verdadeiro São Francisco de Assis.


Ele mesmo cozinhava uma merreca, pois comia pouquíssimo.


Não tinha funcionária para cuidar da limpeza do seu apartamento e lavagem da sua roupa.


Morava só com a bicharada e a porta do seu apartamento não tinha chave, estando sempre encostada para evitar fuga da bicharada.


O professor João Vieira, fundador do Museu Rondon, um errante, quando em Cuiabá ia dormir com o Vila, do qual era admirador.


Quase sempre sem camisa, bermuda e descalço, ‘pilotando’ seu velho computador, já com dificuldade de visão e tratava da catarata a seu jeito.


Não usava medicamentos industrializados, e conhecia como poucos a botânica e flora medicinal.


Tentava se curar da hipertensão arterial a seu modo, não admitindo conselhos médicos.


Certa ocasião foi ‘obrigado’ a se internar no Pronto Socorro.


Passou por mendigo, para saber como esses pacientes eram atendidos por médicos e pessoal de enfermagem.


De alta fez uma série terrível de matérias que publicou no supersitegood.


Certa ocasião faleceu um político importante que morava em frente ao seu apartamento.


Fui visitá-lo e perguntei se ele conhecia o fato.


Respondeu que foi um dos primeiros a saber do acontecido.


Disse da minha estranheza em ler o seu site e nem uma palavra sobre o ocorrido.


Retrucou que seu ‘jornal eletrônico’ não era um obituário!


Esse era o Vila que conheci, que andava na contramão do tradicionalismo!


Gabriel Novis Neves

15-05-2024




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