MARCOS ANTÔNIO MOREIRA
Era o conhecidíssimo e temido jornalista Vila, fundador do click MT e supersitegood. com.br
Foi o mais brilhante jornalista contestador destas plagas.
Frequentei muito o seu apartamento térreo, de fundos, no bairro do Porto, e na sua garagem ‘guardava’ uma verdadeira relíquia, que era um jeepão antigo necessitado de ‘rejuvenescimento’.
Contava a história do seu ‘calhambeque’ com emoção contagiante.
Todas as semanas o visitava acompanhado de uma caixa das ‘latinhas de cerveja’, para ouvir o Vila e suas ‘esquisitices’.
Magro ao extremo, não deixava a boca sem o cigarrinho e começava a beber cerveja às nove horas da manhã até dormir.
Vivia rodeado de gatos e cachorros, e ocupavam a mesma cama.
‘Chamava’ pombas, passarinhos para comerem ração na janela do seu apartamento, de onde jogava milho para as galinhas do vizinho.
Era o verdadeiro São Francisco de Assis.
Ele mesmo cozinhava uma merreca, pois comia pouquíssimo.
Não tinha funcionária para cuidar da limpeza do seu apartamento e lavagem da sua roupa.
Morava só com a bicharada e a porta do seu apartamento não tinha chave, estando sempre encostada para evitar fuga da bicharada.
O professor João Vieira, fundador do Museu Rondon, um errante, quando em Cuiabá ia dormir com o Vila, do qual era admirador.
Quase sempre sem camisa, bermuda e descalço, ‘pilotando’ seu velho computador, já com dificuldade de visão e tratava da catarata a seu jeito.
Não usava medicamentos industrializados, e conhecia como poucos a botânica e flora medicinal.
Tentava se curar da hipertensão arterial a seu modo, não admitindo conselhos médicos.
Certa ocasião foi ‘obrigado’ a se internar no Pronto Socorro.
Passou por mendigo, para saber como esses pacientes eram atendidos por médicos e pessoal de enfermagem.
De alta fez uma série terrível de matérias que publicou no supersitegood.
Certa ocasião faleceu um político importante que morava em frente ao seu apartamento.
Fui visitá-lo e perguntei se ele conhecia o fato.
Respondeu que foi um dos primeiros a saber do acontecido.
Disse da minha estranheza em ler o seu site e nem uma palavra sobre o ocorrido.
Retrucou que seu ‘jornal eletrônico’ não era um obituário!
Esse era o Vila que conheci, que andava na contramão do tradicionalismo!
Gabriel Novis Neves
15-05-2024
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