sábado, 18 de maio de 2024

SENSAÇÃO DE PERDA


Fui ao odontólogo do outro lado da cidade.


Durante o percurso de automóvel até chegar à clínica no bairro da Lixeira, em frente ao Ginásio de Esportes, anotei as transformações sofridas pela minha cidade.


Senti a sensação desagradável de ter perdido algo querido muito próximo a mim.


Alguém tinha abocanhado parte da minha infância, juventude e anos de trabalho.


A Santa Casa, que frequentei muito como médico recém-formado, atendendo a sua ‘Portaria’, agora é Hospital Regional de Cuiabá.


O Morro da Prainha com o gerador de energia da cidade e a Escola do Mestre André Avelino Ribeiro, que lecionava o Curso Primário e Admissão ao ginásio Estadual, com alunos internos e semi-internos, fazem parte da nossa história recente.


André Avelino era ‘Professor Emérito’, reconhecido em vida.


Foi agraciado pela UFMT, com a ‘Medalha do Sesquicentenário do Brasil’, pelos inúmeros serviços prestados à nossa educação.


Surgiu em seu terreno o ‘chique’ clube social da cuiabania, o ‘Dom Bosco’, que está abandonado.


Quando retornei médico à minha cidade natal, fui convencido pelo meu colega Navantino Borba, a ser médico sem remuneração para examinar os sócios ao uso da piscina do clube.


Dombosquino roxo, disse que era uma forma de eu ser conhecido na cidade.


Atendia uma vez por semana, à noite, na sede do ‘clube da colina’ que não funciona mais.


O morro foi transformado em bairro residencial e comercial, restando as lembranças dos bons tempos das férias escolares.


O Morro da Prainha foi palco de brinquedos da minha geração, como ‘prêmio de férias’.


Prédios novos, abandonados, ruas e avenidas com trânsito de ‘cidade grande’.


Chegamos à Praça da Lixeira, com seu histórico Ginásio, palco de muitas disputas eleitorais.


No retorno para o bairro Popular, vi com tristeza a peixaria na qual levei a atriz Tônia Carrero para jantar após a inauguração do Teatro Universitário em 1982!


Prédio fechado e lacrado!


Ruas curtas, estreitas e tortas terminando na Avenida Coronel Escolástico.


Percorremos parte do nosso centro histórico, abandonado e feio de ser visto.


Pela Avenida Presidente Vargas vimos o célebre ‘Bar do Bugre’ totalmente descaracterizado daquele de 1930!


Os tempos mudaram dizem alguns, como se feiura e abandono fosse modernidade.


Os prédios construídos pelo Interventor Júlio Muller para alojar os Órgãos do Estado, foram mudados para o Centro Político Administrativo — CPA —iniciado a ser construído pelo Fragelli.


Serviços públicos menores ocupam esses prédios, inclusive o Grande Hotel.


Logo estava em meu apartamento com a sensação de ter perdido um ‘pedaço de mim’.


Gabriel Novis Neves

16-05-2024






























































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