segunda-feira, 15 de abril de 2024

GARÇONS MALABARISTAS


O mais espetacular garçom malabarista de Cuiabá atendia pela alcunha de ‘Alrright ”, e sempre era festejado onde trabalhava. Não me lembro de ter trabalhado no bar do meu pai.


Era requisitado para as grandes festas, em clubes e casas elegantes, e era o garçom oficial da residência da ‘Casa dos Governadores’.


Sempre elegante no seu smoking impecável, era casado com a Dita do Araés, e moravam em uma enorme chácara frutífera.


Desfilava com sua bandeja com incrível habilidade, cheia de copos de bebidas, por sobre ombros e cabeças dos convidados.


Era um show à parte — sempre dizendo ‘ "Alrright" —, para pedir passagem.


Os clientes o chamavam também por esse apelido que não sei de onde foi buscar.


Queridíssimo, foi um dos personagens da antiga Cuiabá, que as novas gerações nunca ouviram falar.


Suas cunhadas todas lavadeiras e engomadeiras de ternos brancos, eram famosas na cidade, pela qualidade dos seus serviços.


As menores trabalhavam na Maternidade de Cuiabá como atendentes.


Trabalhei com duas delas, até se aposentarem das suas atividades laborais.


Garçom como ‘Alrright’ é uma atividade em extinção.


Hoje a distribuição de bebidas é bem diferente, quando a maioria dos convidados bebe na boca da garrafa.


Os salgadinhos e doces são servidos na mesa e cada um pega sua porção.


Anos depois conheci no Clube Sayonara do Coxipó da Ponte, um garçom malabarista chamado de Silvinho, que fazia parte do show da Casa de Espetáculos de Nazir Bucair.


Silvinho era um ‘espeloteado’ no dizer do cuiabano e também era aproveitado pelo Nazir como ‘garçom show’.


Bons tempos em que se saia de casa para se divertir apreciando as peripécias de seus garçons.


Alrright parece de origem cuiabana e desconheço ter deixado descendentes.


O Silvinho acho que veio de fora e não sei se deixou descendentes.


O primeiro era elegante demais, o outro muito alegre com traços orientais. Ambas ótimas pessoas.


Foram duas personalidades marcantes na sua época, jamais sendo imitados por alguém.


Na passagem dos 305 anos de Cuiabá, é bom lembrar dessa gente que tanta alegria nos trouxe, e hoje pertence ao baú do esquecimento.


Gabriel Novis Neves

12-03-2024




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