HISTÓRIAS DE VERDADE

Nos tempos da ‘Cuiabá Agarrativa e Linda’ era muito gostoso viver na cidade do poeta.

Seus habitantes eram alegres, estudiosos e cultos, transformando seus pontos de encontros em momentos de lazer.

Nossos visitantes ficavam encantados com a hospitalidade e graça como eram recepcionados.

Logo entendiam a brincadeira e caiam na gandaia.

Raro era o chegante que não ganhava um apelido ao desembarcar do vapor da Companhia Miguéis, no cais do rio Cuiabá no Porto

Certo viajante, ao colocar a sua mala na charrete para o centro da cidade, recebeu de um garoto que o atendeu no translado o apelido de ‘pedra canga’.

O turista quando criança fora acometido de varíola, ficando como sequela inúmeras cicatrizes, mais parecidas a buracos no rosto do paciente.

Os garimpeiros de Sorocaba vieram retirar o nosso ouro.

Levaram em parte para a Corte e outro tanto para a sua cidade.

Deixaram para nós as escavações, e muitas ‘pedras furadas’ chamadas pelos cuiabanos de ‘pedra canga’.

O ministro da educação veio visitar as obras iniciais da nossa futura cidade universitária no Coxipó da Ponte em 1971.

Fui buscá-lo no aeroporto de Várzea Grande.

O veículo era um ‘fusquinha pé de boi’.

Fiz questão de oferecer ao ministro o melhor assento do carro, que era ao lado do motorista.

Eu me acomodei com as minhas longas pernas, no banco de trás.

O ministro conversador, foi logo puxando conversa, pois pretendia colher o máximo de informações nesta sua breve estada.

Disse-lhe que o maior problema da educação no Brasil era a desvalorização profissional.

‘Como? ’ —, indagou o ministro perplexo!

Eu não expliquei: ‘o exemplo o senhor tem ao seu lado, o motorista.

Esse jovem rapaz é ‘professor concursado’ da secretaria de educação do Estado.

Lecionava em uma escola rural mista, aqui no distrito do Coxipó.

Como não via futuro na sua profissão de professor, solicitou transferência para o cargo de motorista da UFMT.

Comentou o ministro: esta é a realidade brasileira!

Temos que trabalhar, e muito, para desenvolver este país.

Confio em você que ‘este será o último professor que lhe pedirá para ser motorista’.

O professor que se tornou motorista e o reitor estão vivos para confirmar esta história.

Gabriel Novis Neves

15-08-2024