sábado, 26 de novembro de 2022

GALINHA COM ARROZ


É irresistível um prato de arroz temperado com cebola bem picadinha, alho, pimenta do reino, cheiro verde, coxa e sobre coxa de galinha, com pimenta malagueta à vontade de cada um.


No dia desse prato aproveito para dispensar a inseparável salada de folhas, ou qualquer que seja um outro acompanhamento do meu cotidiano.


Todo o espaço disponível no meu estomago reservo a esse prato simples da nossa culinária.


De sobremesa manga bourbon fatia e gelada.


Sempre gostei das comidas simples, meu pai era “enjoado” para almoçar e nunca o vi jantar, que sempre foi substituído por um lanche.


Ele trazia da padaria uma variedade de pães feitos na hora e que eram transformados com manteiga de lata da marca Aviação, em saborosos sanduiches de presunto, salaminho e queijo amarelo furadinho.


Meu pai pedia para completar o seu lanche um copo grande de nata grossa de leite de vaca.


Ele vinha da chácara do “seo” Mario Esteves, que desapareceu depois da última enchente do rio Cuiabá, antes da construção da Usina Hidrelétrica de Manso nos municípios da Chapada dos Guimarães e Nova Brasilândia.


Meu pai não era acompanhado por nenhum filho no copo com nata.


Seus nove filhos utilizavam um pequeno “coador de finos fios metálicos entrelaçados” para o leite fervido, já sem a nata, para não correrem o risco de que chegasse à xícara uma ínfima porção que fosse de nata.


No almoço comia pouco.


Seu prato predileto era arroz, feijão mulatinho e pequenos bifes bem passados, que recortava todo o seu entorno, acompanhado de finíssima farinha de mandioca.


Nunca aceitava qualquer tipo de saladas, e sobremesas só em datas especiais, quando se deliciava com a ambrosia, receita da sua mãe Eugênia e feita maravilhosamente bem pela minha mãe Irene.


Herdei do meu pai este hábito simples da nossa culinária.


Quando passei no vestibular de medicina no Rio de Janeiro, a minha tia Alba Botelho, irmã mais velha da minha mãe, me convidou para um jantar comemorando o fato.


Isso aconteceu no seu belíssimo apartamento na rua Sá Ferreira em Copacabana.


Minha tia me pediu que escolhesse o prato para o jantar de gala.


Eu lhe disse: um prato de Maria Isabel, que vem a ser o nosso prato de arroz com carne seca, sem direito a sobremesa.


Minha tia era casada com um fazendeiro e passou parte da sua vida na fazenda.


Sabia fazer como ninguém a nossa deliciosa Maria Isabel, prato preferido dos peões da fazenda no quebra-torto.


Até hoje continuei assim, quando se trata de hábitos alimentares.


Gabriel Novis Neves

18-11-2022




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