sábado, 5 de novembro de 2022

OS PITORESCOS 50


Bem antigamente, o Brasil era governado pelo Rei de Portugal. O Brasil até então era uma imensa Colônia de Portugal há 300 anos, afastada e isolada do mundo. Essa estratégia fora montada pelo Rei, para esconder o Brasil da cobiça estrangeira e preservar as suas inúmeras riquezas. Por isso, o Brasil, até então, era um amontoado de regiões sem comércio nem comunicação entre si. A fuga da família real portuguesa para o Brasil, no início de 1808, foi consequência da invasão de Portugal por tropas franceses de Napoleão Bonaparte. A volta de D. João à Portugal ocorreu em 1821, treze anos após a sua chegada em Salvador, com todos os órgãos públicos responsáveis pela administração do Estado, como consequência direta da Revolução do Porto de 1820, que exigia o retorno da família real e da Corte portuguesa com todos seus penduricalhos burocráticos. Durante a permanência da Corte Portuguesa no Brasil, Portugal foi governado por um militar inglês que comandava o Exército e mantinha sob seu controle a nação portuguesa. Em novembro de 1808, a Família Real, veio a morar no Rio de Janeiro, que na época passou a ser a capital do Brasil e de todo o reino também. Hoje, é bom lembrar que o Rio de Janeiro era bem diferente do que é atualmente!


Na Cuiabá antiga, em 1808, Vila Bela da Santíssima Trindade era a capital da Província de Mato Grosso de enorme área territorial indo de São Paulo até o Acre. No período colonial Mato Grosso já foi território espanhol, depois retomado. O fundador em 19 de março de 1752 de Vila Bela, foi o capitão português Dom Antônio Rolim de Moura, que aqui chegou com ordens para instituir o governo da Capitania de Mato Grosso, desmembrada da Capitania de São Paulo. O governador da Capitania de Mato Grosso em 1808 por ocasião da chegada ao Brasil da Família Real Portuguesa, era Oyenhausen-Gravenburg. Ele respondia a ofícios estrangeiros orientado por D. Rodrigo de Souza Coutinho, então ministro da Guerra e Negócios Estrangeiros. Para comemorar a chegada da Família Real, em Vila Bela, foi ministrada uma “Aula De Anatomia e Cirurgia” e toda a estrutura curricular da futura Escola de Medicina para formar pessoal capacitado para cuidar da saúde dos colonos e índios. Foi a 1ª Escola de Medicina de Mato Grosso, que distante do poder central que era o Rio de Janeiro, veio a fechar as suas portas, renascendo em 1970 em Cuiabá, na Universidade Federal de Mato Grosso, comandada por Gabriel Novis Neves. Hoje, Vila Bela não é mais a capital do Estado, sendo transferida para Cuiabá. A ideia da necessidade de uma boa Escola de Medicina para cuidar da população da nossa gente permaneceu, e hoje temos três da qual muito nos orgulhamos.


Bem antigamente, em 16.12.1815 no Rio de Janeiro, o Brasil é elevado à condição de “Reino Unido a Portugal e Algarves”, depois unidas em um só escudo as três armas de Portugal, Brasil e Algarves, sendo mantida a mesma bandeira. Dia 06.02.1818, no Rio de Janeiro, acontece a coroação de D. João VI como rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Em 07.03.1821, no Rio de Janeiro, o rei D. João VI expede decreto ordenando que “no Reino Unido do Brasil” se proceda à nomeação dos respectivos deputados e, no dia 23.03.1821, é expedida decisão de governo onde é comunicada a “retirada de D. João VI para Portugal”. No mesmo dia da retirada de D. João VI é instalada a regência do príncipe D. Pedro de Alcântara. No dia 09 de janeiro de 1822, D. Pedro I declarou que não cumpriria as ordens as Cortes Portuguesas, que exigiam a sua volta a Lisboa e, após consultar os brasileiros, estes pediram para ele ficar. D. Pedro I atendeu aos apelos dos brasileiros ficando no Rio de Janeiro. Esse dia ficou conhecido, como o “Dia do Fico”! Hoje, no Rio de Janeiro existe um canal de televisão que deseja essa primazia de dizer aos brasileiros, quem fica ou não no governo do Brasil, sem respeitar a vontade do nosso povo.


Na Cuiabá antiga, quem governava nosso Estado, eram escolhidos pela Corte no Rio de Janeiro, e nos enfiavam” goela abaixo”. Hoje, são migrantes que aqui chegaram com uma “mão na frente e outra atrás”, chamados pelo povo como “gente do agronegócio” e, com os resultados das últimas eleições, parecem que desistiram dessa vontade de serem porta-vozes da nossa gente, pois o “Fico” lhes foi negado.


Bem antigamente, quando a Família Real veio para Salvador em fevereiro de 1808, a Corte pediu que se instalasse uma Faculdade de Medicina, pois o Rei de Portugal e família não poderiam viver em cidade sem essa Escola. Foi então criada a 1ª Escola de Medicina do Brasil. Coma sua mudança para o Rio de Janeiro, em novembro do mesmo ano, pelos mesmos motivos foi criada a2ª Escola de Medicina, onde estudei e me formei em 1960, hoje UFRJ. Em Vila Bela da Santíssima Trindade, para comemorar a chegada da Família Real ao Brasil, foi criada uma Escola de Medicina, por falta de médicos na imensa região, vindo a encerrar as suas atividades logo após a aula inaugural se Anatomia. Hoje, o Brasil tem em funcionamento 353 escolas médicas, e há falta de médicos, especialmente nas cidades do interior.


Na Cuiabá antiga, não existia Faculdade de Medicina e os médicos antigos eram obrigados a estudar fora do Estado. Meu bisavô, avô e tio maternos estudaram em Salvador. Eu e meu filho no Rio de Janeiro, minha neta em Cuiabá. Hoje, só a “Grande Cuiabá”, possui três escolas médicas e no Estado todo dividido, mais três.


Gabriel Novis Neves

09-10-2022




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