segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Tatuagem


Dentre as profissões surgidas há alguns anos, uma das mais promissoras é a de tatuador, manifestação artística que usa como plataforma o corpo humano.
Em países desenvolvidos como a Grã-Bretanha, por exemplo, a tatuagem não é moda, mas, talvez, um estilo de vida.
No Brasil a “moda” pegou.  Hoje o ramo da tatuagem é bem rendoso e possui inúmeros especialistas espalhados pelas cidades, principalmente pelos grandes centros urbanos.
Seus profissionais são geralmente jovens artistas plásticos, excelentes desenhistas e pintores.
O importante é que existe clientela para esse tipo de mercado emergente.
Pela minha condição de médico tenho visto trabalhos multicoloridos e monocromáticos simplesmente maravilhosos.
Fico admirado com a paciência e a resistência à dor desses clientes que escolhem esses procedimentos como forma de embelezamento, pois, as sessões, de um modo geral, são prolongadas e dolorosas.
Cremezinho na pele não resolve o problema da analgesia, e o jeito é suportar a desagradável dor.
Escrevi há alguns anos um artigo sobre umas das primeiras tatuagens que eu vi. Fiquei impressionado pela beleza e extensão do trabalho - ocupava toda a lateral de um jovem corpo feminino.
Multicolorido, de cores harmônicas, parecia um quadro de Adir Sodré, um dos nossos pintores preferidos, produto da escolinha de arte da UFMT.
As profissões tradicionais estão, a cada dia, cedendo espaço às inovações artísticas e tecnológicas, principalmente as relacionadas à beleza.
Homens e mulheres procuram este artifício no intuito de seguir um modismo, coisa que logo atrai os que gostam de serem incorporados à carneirada.
Para casos de arrependimento, hábeis dermatologistas, munidos de um arsenal de equipamentos sofisticados, conseguem remover o trabalho executado ou, sofisticadamente, escondê-lo.
É sempre de bom alvitre pensar que ser moderno não é aderir pura e simplesmente a qualquer comportamento da maioria, mas, principalmente, vasculhar as razões pelas quais precisamos de tantos artifícios para conseguir uma boa autoestima e uma aceitação coletiva.
Essas, geralmente, estão dentro de nós, e não nos adereços com que nos fantasiamos.

Gabriel Novis Neves
12-09-2015

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