Sempre achei difícil dar presentes às pessoas nas suas datas festivas.
Quando atingi idade e autonomia para presentear os meus, nunca acertava suas expectativas.
Resolvi o problema de forma simples: passei a oferecer dinheiro como presente.
Assim foi com minha mulher, filhos e netos.
Minha esposa costumava escolher os próprios presentes, e na sua ausência, minha filha assumia essa tarefa.
Ontem foi o meu aniversário. Ganhei muitos presentes e um montão de carinhos e afetos.
Percebi o poder criativo da minha família quando se trata de presentear.
Um livro, sem dedicatória escrita, mas com palavras ditas pelos olhos. Flores — muitas! — em arranjos delicados.
Cremes de barbear e hidratantes para o corpo.
Camisetas e camisas de cores variadas. Meias para uso diário. Xícaras de café e leite com a estrela do Glorioso e a minha idade: 90 anos!
Pronto! Estou abastecido para o resto do ano.
Fui dormir com a cama repleta de presentes — e com a certeza da minha inabilidade em dá-los.
Mas o melhor presente que recebi foi a presença da família toda reunida em minha casa — inclusive os cinco bisnetos.
O português que ama Cuiabá veio da Europa para o meu aniversário.
Meus irmãos estiveram presentes, exceto o que mora em Niterói.
Alguns eu não via há muito tempo.
Senti-me profundamente amado por dois motivos: pela presença dos meus familiares e pelos quarenta anos de casamento da minha filha.
A alegria voltou a reinar em minha casa, agora pequena para abrigar tanta gente.
Acordei com uma doce ressaca de felicidade, já pensando nas festanças do meu centenário.
O mais difícil já passou —agora, tudo é lucro.
Tenho dez anos para me recuperar da festa de ontem, que foi de arromba.
A casa amanheceu muito florida.
Todos conhecem minha paixão por flores. E sigo recebendo orquídeas, que agora enfeitam minha sala de visitas.
Gabriel Novis Neves
07-07-2025
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