quarta-feira, 23 de julho de 2025

O PESO SUAVE DO TEMPO


A velhice é uma fase da vida que pede reflexão. Tudo é diferente do tempo da juventude.

 

O corpo clama por silêncio e já não suporta mais os dias trepidantes de outrora.

 

Tudo é mais lento e calmo.

 

Até o canto alegre dos passarinhos em namoro, o latido dos cães vadios pelas ruas, o barulho do elevador da construção ao lado — tudo incomoda.

 

Nosso corpo pede silêncio e um repouso quase mortal.

 

O despertar se torna um esforço que a velhice insiste em adiar.

 

O caminhar exige cuidados especiais —uma queda, tão fácil de acontecer, é uma das principais causas de óbito nesse tempo da vida.

 

A casa precisa ser ‘decorada’ para a idade avançada.

 

Nada de tapetes: sim à presença de apoios e equipamentos de sustentação.

 

É tempo de aproveitar a sabedoria dos dias, sabendo que eles caminham para o fim.

 

Conversar com o passado, sem deixar que as mágoas nos acompanhem.

 

Os dias, sempre, nos ensinam a viver melhor.

 

E, com o passar do tempo, viram memórias — e o velhinho, contador de histórias.

 

Todo o tempo disponível se preenche de lembranças. As crianças gostam desse tempo do velho.

 

Ele tem tanto a contar.

 

É na velhice que se aprende a arte da despedida. Sem pressa. Devagar.

 

Só quem vive esse tempo compreende o valor de partir e deixar saudades.

 

A despedida é inevitável — com glórias ou tristezas — sempre devagar.

 

Saber que a hora de partir se aproxima, mesmo lentamente, é uma experiência única.

 

E todos nós a viveremos.

 

Assim é a vida. Felizes são aqueles que conseguem prorrogar o seu tempo aqui na Terra.

 

Esse tempo se tornará lembrança para os que nos amam.

 

Sou um velhinho, consciente do que me espera.

 

Sem sofrimento.

 

Gabriel Novis Neves

09-07-2025




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