A velhice é uma fase da vida que pede reflexão. Tudo é diferente do tempo da juventude.
O corpo clama por silêncio e já não suporta mais os dias trepidantes de outrora.
Tudo é mais lento e calmo.
Até o canto alegre dos passarinhos em namoro, o latido dos cães vadios pelas ruas, o barulho do elevador da construção ao lado — tudo incomoda.
Nosso corpo pede silêncio e um repouso quase mortal.
O despertar se torna um esforço que a velhice insiste em adiar.
O caminhar exige cuidados especiais —uma queda, tão fácil de acontecer, é uma das principais causas de óbito nesse tempo da vida.
A casa precisa ser ‘decorada’ para a idade avançada.
Nada de tapetes: sim à presença de apoios e equipamentos de sustentação.
É tempo de aproveitar a sabedoria dos dias, sabendo que eles caminham para o fim.
Conversar com o passado, sem deixar que as mágoas nos acompanhem.
Os dias, sempre, nos ensinam a viver melhor.
E, com o passar do tempo, viram memórias — e o velhinho, contador de histórias.
Todo o tempo disponível se preenche de lembranças. As crianças gostam desse tempo do velho.
Ele tem tanto a contar.
É na velhice que se aprende a arte da despedida. Sem pressa. Devagar.
Só quem vive esse tempo compreende o valor de partir e deixar saudades.
A despedida é inevitável — com glórias ou tristezas — sempre devagar.
Saber que a hora de partir se aproxima, mesmo lentamente, é uma experiência única.
E todos nós a viveremos.
Assim é a vida. Felizes são aqueles que conseguem prorrogar o seu tempo aqui na Terra.
Esse tempo se tornará lembrança para os que nos amam.
Sou um velhinho, consciente do que me espera.
Sem sofrimento.
Gabriel Novis Neves
09-07-2025
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