quinta-feira, 25 de julho de 2024

HUMORISTAS


Segundo o escritor e cronista Antônio Prata, quem ‘elogia uma obra de humor’ afirmando ser ‘bem-humorada’ está fundamentalmente enganado.


‘Bom humor não leva à comédia, leva ao abraço, ao coraçãozinho de mão ou à patinação em logradouros públicos’.


‘O humor nasce do mau humor, da roubada, da desgraça’.


Mark Twain afirma que não existe riso no céu.


Lendo depoimentos de familiares, companheiros de trabalho, amigos, contemporâneos de grandes comediantes brasileiros, constatei a veracidade das informações.


Assim foi com Millôr Fernandes, Chico Anísio, Stanislau Ponte Preta, Péricles, o ‘Amigo da Onça’ da Revista O Cruzeiro e tantos outros.


Vou relatar um fato que aconteceu comigo em uma madrugada de sexta-feira do ano de 1960 no Pronto Socorro e Hospital Souza Aguiar no Rio de Janeiro.


Fui chamado para atender a uma criança no setor de pediatria do pronto-socorro.


Ao chegar constatei que a criança estava febril e acompanhada apenas pelo seu pai.


Ele era de cor, baixinho, com boné de pano virado na cabeça, com as mãos amparando o queixo e muito sério, denotando preocupação com a saúde da sua filha.


Após detalhado exame clínico a liberei com o diagnóstico de gripe.


Durante o tempo do exame da sua filhinha ele permaneceu mudo e, apesar do quadro de dor que sentia, não foi o necessário para conter o meu sorriso.


Mesmo em silêncio naquela madrugada não conseguiu evitar o meu riso.


Ele era muito engraçado e eu não o reconheci.


Depois que entrou no táxi, no pátio do hospital, as enfermeiras me disseram quem era aquele senhor que eu não reconheci naquela madrugada.


Era o famoso comediante ‘Grande Otelo’ da dupla com o Oscarito dos filmes da Atlântica, teatros e antigo Cassino da Urca.


Eu o conhecia dos filmes e palcos, e era seu fã.


Não o reconheci nos corredores frios do pronto socorro e nem um mísero autógrafo lhe pedi.


Até hoje o acompanho na ‘Escolinha do Professor Raimundo’.


Em 1982 inaugurei o Teatro Universitário da nossa Universidade Federal com ‘a peça Macunaíma’ de Mário de Andrade com elenco do Antunes Filho.


Sebastião Bernardes de Souza Prata, o Macunaíma, não veio.


Demonstrou que ‘é possível vencer na vida com humor’, mesmo quando todas as condições lhes forem desfavoráveis.


Gabriel Novis Neves

22-07-2024












Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.