quarta-feira, 31 de julho de 2024

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO MULLER


Quando retornei do Rio de Janeiro à minha cidade natal em julho de 1964, para o exercício da profissão de médico, encontrei uma cidade beirando os cem mil habitantes.


O Estado não havia sido dividido e no ensino superior só tínhamos a ‘Faculdade Federal de Direito’.


O ‘Instituto de Ciências e Letras de Cuiabá’ (ICLC) e o ‘Curso de Engenharia Civil’, vieram depois.


A Universidade Federal de Mato Grosso foi criada em 10-12-1970, agregando a Faculdade Federal de Direito e os cursos do ICLC.


Estes eram mais voltados para a formação de professores.


Também o de Engenharia Civil, em 1968.


Os alunos dos cursos existentes foram distribuídos pelas escolas de Cuiabá.


Depois, na ‘Cidade Universitária’, do Coxipó da Ponte.


O nosso curso de medicina fora criado no ICLC, em maio de 1970, por Pedro Pedrossian e Gabriel Novis Neves.


Quando o governador Garcia Neto, afastou-se do cargo para disputar as eleições ao senado, assumiu o governo o corumbaense Cássio Leite de Barros, seu vice-governador.


Nessa ocasião Cuiabá possuía dois grandes hospitais — a Santa Casa da Misericórdia e a Maternidade de Cuiabá.


Um hospital psiquiátrico com o nome de ‘Hospital Colônia de Alienados do Coxipó da Ponte’, logo mudado por mim para ‘Adauto Botelho” em 1966.


O ‘Hospital dos Tuberculosos’ funcionando num ‘cantinho’ da Santa Casa da Misericórdia e o ‘Hospital do Pênfigo’.


Solicitei ao governador Cássio Leite de Barros um ‘termo de comodato’ entre o Governo do Estado e a UFMT, cedendo por trinta anos ‘o esqueleto do hospital dos tuberculosos’ do Estado.


Ali, seria construído o futuro ‘hospital universitário’.


Quando retornei médico, ‘os tuberculosos eram tratados internados’.


Fui designado pelo Governo do Estado a viajar em fins de 1968, aos países do leste europeu, para comprar equipamentos hospitalares e estudar o tratamento da tuberculose pulmonar.


Quando retornei da Europa foi ‘abortada’ a construção do hospital dos tuberculosos.


Seus pacientes começaram a ser atendidos, nos ambulatórios, da Saúde Pública.


Enquanto isso, o curso de medicina que iniciou a funcionar em 1980, necessitava de um hospital para treinamento dos seus alunos.


No ‘apressadinho’, foram inaugurados ‘puxadinhos’ como novo hospital universitário, na presença do reitor Benedito Pedro Dorileo.


Assim nasceu o atual HUJM que durante quarenta anos tem servido de ensino a centenas de bons médicos, obtendo a nota máxima na avaliação do MEC.


Está prestes a mudar para um moderno na estrada de Santo Antônio do Leverger.


O atual continuará com a UFMT, pesquisando doenças tropicais e ambientais, como centro de referência da região.


Exerci à docência da medicina no HUJM durante dez anos, quando me aposentei.


Guardo boas e fortes recordações desse período.


Gabriel Novis Neves

31-07-2024







terça-feira, 30 de julho de 2024

AVANÇOS TECNOLÓGICOS


Parece ontem, mas ingressei na Faculdade Nacional de Medicina em 1953.


Estarei contemplando em dezembro 64 anos de conclusão do curso e mais 6 anos de faculdade.


Serão 70 anos de vida médica, que chego a não acreditar.


A medicina da minha geração contava com poucos recursos auxiliares — laboratoriais de imagens e análises clínicas — para se chegar a uma hipótese diagnóstica.


As conquistas científicas ocorreram em grande velocidade pela eficiência dos nossos cientistas e universidades.


Quando criança o exame de imagem conhecido era a ‘abreugrafia’, para o diagnóstico da tuberculose pulmonar.


Os exames de análises clínicas eram os de sangue simples, urina e fezes.


Também a reação de Galli Manini para diagnóstico da gravidez.


Os médicos da época eram exímios na arte da anamnese e exame físico.


Na faculdade (1953-1960) o raio X era o equipamento de imagem por excelência e foram ampliados os exames de análises clínicas.


Não existiam UTIs nos hospitais universitários do Rio de Janeiro, e a patologia geral engatinhava.


Retornei à minha cidade natal em 1964.


A ultrassonografia pélvica foi instalada aqui em 1980.


A tomografia mais ou menos nessa época.


O fator de grande propulsão das conquistas tecnológicas foi o funcionamento em Cuiabá das três faculdades de medicina, em décadas diferentes.


Serviram de atração para que colegas qualificados de outros Estados do Brasil viessem para cá, e juntaram-se aos nossos.


A tecnologia médica está tão consolidada entre nós, que para exemplo citarei os exames de tomografia de coerência ótica, campimetria visual e retinografia colorida que fiz nos meus globos oculares.


O médico de hoje é obrigado a entender, e bem, de internet.


Sem leitura digital fica difícil trabalhar com os sofisticados equipamentos da medicina.


Alguns ‘médicos modernos’ acham desprezíveis a anamnese e o exame físico.


Chegam a pedir inúmeros exames antes das consultas.


Essa é a parte ruim da medicina.


Gabriel Novis Neves

25-06-2024




COLETA PARA EXAMES


Cada dia que passa mais aprendo sobre vários assuntos, especialmente de medicina.


Mesmo com 70 anos de exercício da minha profissão, faço exames laboratoriais que só conhecia de teoria.


Fui ao oftalmologista de baixa visão e passei por uma bateria de exames dos olhos.


Foi-me solicitado alguns de sangue e saliva feitos em Brasília.


A minha doutora, além de exercer uma subespecialidade de oftalmo, é uma excelente clínica geral.


Na consulta para a escolha das lentes fez uma detalhada anamnese em mim e solicitou uma bateria de exames bioquímicos.


Alguns deles nunca tinha realizado ou pedido para algum cliente meu.


O mais rigoroso de colher é o de ‘cortisol salivar’ em três coletas com horários diferentes.


Estou realizando a ‘recoleta’, pois a primeira tentativa não foi aceita.


Escrevo às vezes sobre assuntos médicos, devido à importância da saúde para meus leitores.


A medicina evoluiu muito com seus inúmeros exames complementares, anamneses bem-feitas, determinando um maior número de acertos diagnósticos.


Temos uma das melhores e mais eficientes medicinas do mundo, com todo seu aparato laboratorial e de serviços hospitalares.


Infelizmente esse atendimento está ao alcance de poucos.


O SUS não tem os recursos disponíveis para dar sustentabilidade a um bom programa de saúde para todos.


O dia que nossas autoridades fizerem uso do sistema público de saúde, acredito que as coisas irão melhorar.


A medicina é uma ciência cara para ter qualidade.


Temos excelentes profissionais no SUS, que foi criado para atender à população brasileira em postos de saúde, unidades de pronto atendimento, hospitais universitários, públicos e filantrópicos.


Entretanto os repasses para essas instituições são ridículas, obrigando-as a reduzir ao máximo o número de leitos e procedimentos médicos.


Enquanto o governo não criar a carreira de médico, não teremos melhoras na saúde da população.


A educação de qualidade para todos continua a ser para mim o melhor programa de saúde.


Por enquanto, vamos sonhar!


Gabriel Novis Neves

08-07-2024




domingo, 28 de julho de 2024

SERÁ QUE PEGUEI?


Não me lembro da última vez que fui atacado pelo vírus da gripe.


Consultei a minha caderneta de vacinação e estou em dia com o Covid e a H1N1, que combate à gripe.


Também faço todo mês uso de infusões de imunoglobulinas que aumentam as minhas resistências orgânicas.


Atribuo este fato às minhas andanças na segunda-feira para resolver alguns problemas, como ‘troca de bateria do celular’ na oficina credenciada.


‘Desbloqueio do meu cartão de crédito da Caixa Econômica’, num Caixa Eletrônico do banco.


‘Pegar o bolo de queijo’ feito pela minha ex-cliente e amiga do Porto.


Estes são os fatores que julgava ser a causa da minha rouquidão, pois tive contato com muita gente.


Antes de dormir tomei 5ml de um xarope com sabor de coco e dormi sem tossir.


Ao acordar recebi um telefonema da ótica me avisando da chegada das ‘lentes alaranjadas’, após vinte e um dia de espera.


Preciso levar hoje às duas horas da tarde para a oftalma fazer uma perícia nelas.


Estando tudo bem certo, voltarei à ótica para ‘apagar as linhas de marcação das lentes’.


Só assim ficarei sabendo se a empreitada das minhas lentes importadas deu certo.


Deixei de fazer usos de máscaras, e tornei-me uma presa fácil desse vírus, cuja permanência espero seja curta no meu organismo.


Os cuidados necessários à manutenção da nossa saúde são chatinhos de se observar.


Calor, aglomeração humana, ambientes refrigerados, água estupidamente gelada, estresse, afetam o nosso sistema imunológico.


E a gripe leve, sem febre, tosse, dor de garganta, creio que me fará companhia, por alguns dias.


Na casa onde moro, que é a casa dois oitenta e nove anos, quaisquer sintomas merecem cuidados especiais.


Amanhã, como sempre, terei aulas de fisioterapia pulmonar, pernas e braços.


Por mais que sempre procurei simplificar a vida de todos, os avanços tecnológicos apareceram para complicar.


E eu louco para usar as minhas lentes novas alaranjadas, feitas no Japão.


A indústria brasileira ainda está longe de competir com os ‘tigres asiáticos’ e com os americanos da América do Norte.


Como não melhorei do ‘estado gripal’, fiz o teste para o Covid, cujo resultado foi positivo!


No mesmo dia iniciei o tratamento com antivirais e sintomáticos.


Estou com o Covid!


Gabriel Novis Neves

27-07-2024




FRUTAS DELICIOSAS


Minha funcionária trouxe para mim jabuticabas geladas em um pires de café.


Essas frutas são das jabuticabeiras que plantei no jardim da cobertura do meu apartamento.


São muito bem tratadas pela cozinheira, e duas vezes ao ano recebe os cuidados de um paisagista que descobri no Coxipó.


Terra preta com nutrientes, podas e outras novidades sempre vêm.


São dois dias de trabalho em tempo integral com recolocação dos vasos de flores, amarração das trepadeiras com flores amarelas no pergolado da cobertura.


Todos aqui têm amor ao jardim, e ele retribui com a sua beleza estonteante.


Suas flores e o verde das folhas são lindos, misturadas com plantas medicinais.


E as frutas das jabuticabeiras plantadas no jardim são verdadeiros torrões de açúcar quando colocadas na boca.


Essas ‘pretinhas deliciosas’ causam muita inveja a todos que moram em apartamentos.


Em todos os quintais das casas antigas de Cuiabá existia, pelo menos um pé de jabuticaba.


Na minha casa tinha uma enorme árvore de jabuticaba, bem no início do quintal, que dava fundos para uma nova rua.


Lá não precisávamos de jardineiro ou paisagista, e todo o trabalho era da natureza.


Que árvore bonita é a jabuticabeira!


Seus frutos brotam e amadurecem no tronco árvore, chegando a ficar pretinhas quando amadurecidos.


A jabuticabeira do quintal ficava arqueada com os frutos, e era fácil a colheita.


Verdadeira maravilha da natureza!


Como sentimos falta da ‘mãe natureza’ em nossa cidade feita de arranha-céus!


A jabuticabeira do meu jardim não fica arqueada, e é própria para jardins de apartamentos.


Mas a sua fruta é tão gostosa como aquelas da casa dos meus pais.


A ‘pretinha mais amada do Brasil’ é uma dádiva que a natureza nos presenteou.


Temos o dever de preservar essa maravilha para as gerações futuras.


Gabriel Novis Neves

18-07-2024




sexta-feira, 26 de julho de 2024

SURPRESA NO ALMOÇO


Fui informado pela cozinheira que o almoço de hoje será macarrão na manteiga com rabada comprada na feira.


Nada de arroz, feijão, farofa de banana frita e salada mista ‘para não engordar’, na visão da cozinheira.


‘O paraíso será dos inocentes’ e a ingestão de carboidratos será elevada o suficiente para acumular gordura na barriga.


Sei que a rabada de boi é um prato forte, tipo mocotó.


O meu pai era muito enjoado para comer, e descobri a rabada depois que me casei.


É uma iguaria feita em minha casa, e a cozinheira atual faz esse prato pelo menos uma vez por semana.


Hoje ela inventou a macarronada para acompanhar a rabada, uma novidade para mim essa dupla.


Como sempre, a rabada com farinha de mandioca e um pouquinho de arroz branco, me deixa bem satisfeito e pronto para a sesta.


Bucho ou dobradinha com batata inglesa cozida, e um tanto de pimenta bem curtida, é outro prato que aprecio da nossa culinária.


Não contando a nossa ‘Maria Isabel’ de carne seca e arroz úmido com pimenta malagueta.


Não sei a razão da ‘nossa feijoada’ ser o ‘prato preferido dos sábados’, com feijão preto, orelhas e rabos de porco, costelinha e lombinho de porco.


Tudo com farinha, pimenta, e fatias de laranjas sem caroços.


Antes é recomentado um copinho de cachaça para estimular a digestão.


A galinha recheada com farofa de azeitona, é ‘comida de domingo’.


Nos almoços da família aos sábados ganhamos da avó do meu neto, de descendência libanesa, comida árabe, como esfirra aberta e fechada, quibe cru, charutinho com carne e folha de uva ou repolho, arroz com macarrãozinho cozidos e tabule, que é a salada árabe e o pão árabe.


Azeite à vontade.


A comida cuiabana é simples e gostosa, com seus peixes, carnes de boi, de suínos e frangos caipiras, comidos com as mãos.


Carne de caça também é apreciadas, quando bem temperada.


E a surpresa do almoço foi aprovado com ‘rabada e macarrão’.


Gabriel Novis Neves

19-07-2024




quinta-feira, 25 de julho de 2024

HUMORISTAS


Segundo o escritor e cronista Antônio Prata, quem ‘elogia uma obra de humor’ afirmando ser ‘bem-humorada’ está fundamentalmente enganado.


‘Bom humor não leva à comédia, leva ao abraço, ao coraçãozinho de mão ou à patinação em logradouros públicos’.


‘O humor nasce do mau humor, da roubada, da desgraça’.


Mark Twain afirma que não existe riso no céu.


Lendo depoimentos de familiares, companheiros de trabalho, amigos, contemporâneos de grandes comediantes brasileiros, constatei a veracidade das informações.


Assim foi com Millôr Fernandes, Chico Anísio, Stanislau Ponte Preta, Péricles, o ‘Amigo da Onça’ da Revista O Cruzeiro e tantos outros.


Vou relatar um fato que aconteceu comigo em uma madrugada de sexta-feira do ano de 1960 no Pronto Socorro e Hospital Souza Aguiar no Rio de Janeiro.


Fui chamado para atender a uma criança no setor de pediatria do pronto-socorro.


Ao chegar constatei que a criança estava febril e acompanhada apenas pelo seu pai.


Ele era de cor, baixinho, com boné de pano virado na cabeça, com as mãos amparando o queixo e muito sério, denotando preocupação com a saúde da sua filha.


Após detalhado exame clínico a liberei com o diagnóstico de gripe.


Durante o tempo do exame da sua filhinha ele permaneceu mudo e, apesar do quadro de dor que sentia, não foi o necessário para conter o meu sorriso.


Mesmo em silêncio naquela madrugada não conseguiu evitar o meu riso.


Ele era muito engraçado e eu não o reconheci.


Depois que entrou no táxi, no pátio do hospital, as enfermeiras me disseram quem era aquele senhor que eu não reconheci naquela madrugada.


Era o famoso comediante ‘Grande Otelo’ da dupla com o Oscarito dos filmes da Atlântica, teatros e antigo Cassino da Urca.


Eu o conhecia dos filmes e palcos, e era seu fã.


Não o reconheci nos corredores frios do pronto socorro e nem um mísero autógrafo lhe pedi.


Até hoje o acompanho na ‘Escolinha do Professor Raimundo’.


Em 1982 inaugurei o Teatro Universitário da nossa Universidade Federal com ‘a peça Macunaíma’ de Mário de Andrade com elenco do Antunes Filho.


Sebastião Bernardes de Souza Prata, o Macunaíma, não veio.


Demonstrou que ‘é possível vencer na vida com humor’, mesmo quando todas as condições lhes forem desfavoráveis.


Gabriel Novis Neves

22-07-2024












NELSON RODRIGUES


Muitos não apreciam os textos do dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues pelo modo peculiar de publicá-los.


Em, — ‘A Vida Como Ela É’ — ele relata com toda a força do cotidiano, a vida na cidade grande e violenta que é o Rio de Janeiro.


O dramaturgo parecia trágico, em ‘A Vida Como Ela É’.


Conheço a infelicidade que foi a sua vida familiar, transformada em peças teatrais, livros e crônicas para jornais.


Em ‘A Menina Sem Estrela’, Nelson conta a vida da sua filha Daniela, sem condições de sobreviver durante 55 anos.


Nelson escrevia sobre o que sentia, via, e acontecia na cidade, com toda a sua clareza de infortúnios.


Percebo, sem jamais querer me comparar ao jornalista famoso, que todas às vezes que escrevo sobre ‘algo triste’ que me toca o coração, sou chamado de ‘trágico’.


Ou fora dos meus ‘padrões de alegria’.


Procuro sempre passar para o papel os meus sentimentos nem sempre alegres.


Demonstro que sou humano com meus ‘momentos felizes' e que não são eternos, entrelaçados com ‘raios de tristeza’.


Assim sou verdadeiro quando sinto ‘medo de morrer’, de ‘velório’, ‘do amor acabado’, ‘da violência estúpida’, de ‘viajar de avião’.


O nascimento de um texto, seja crônica, livro, poema tem sempre uma base real desenvolvida pelo escritor.


Contar histórias da nossa vida não é um ‘processo de alegrias’, que são ‘momentos’.


Os motéis vendem ‘momentos de prazer’, motivo pelos quais são rotativos.


Não tenho ‘fobia da velhice’, e sim certeza de chegar ao meu centenário com saúde, como estou.


Existem inúmeras designações para a vida: a vida ‘passa rápida para ser levada à serio’, ‘a vida é uma brincadeira’, da ‘vida nada se leva’, ‘a vida é um sopro’, ‘deixe a vida me levar’.


Nesse vai e vem dos dias da nossa vida, procuro cumprir minhas obrigações por aqui.


O planejamento que realizamos para viver com maiores momentos de acertos, nem sempre são possíveis.


A fila da vida anda sem respeitar o ‘horário da chegada’.


Pensar sobre a vida é recordar de Nelson Rodrigues na leitura das suas obras imortais!


‘A Vida Como Ela É’ — é trágica!


Gabriel Novis Neves

03-07-2024




terça-feira, 23 de julho de 2024

REUNIÃO DA ACADEMIA


Participei de uma prolongada ‘Assembleia Geral Extraordinária Virtual’ da nossa Academia de Medicina.


O principal assunto debatido foi com relação a ‘doação que a Academia recebeu de um terreno no centro da cidade’.


Existe um prazo para a Academia construir a sua sede administrativa.


A dificuldade é que ‘não existe comprador para o terreno’, e a doação tem um curto ‘prazo de validade, e ao final dela a ‘doação torna-se nula’.


De discussão em discussão o tempo vai passando, e o terreno voltará ao doador.


Sobrará à Academia ‘os gastos com a regularização do imóvel’.


Acho prudente, com relação à sede própria, ficar como está — ‘com as reuniões sendo feitas on-line’.


Algumas palestras presenciais poderão ser realizadas em auditórios, como os do Conselho Regional de Medicina (CRM), Cooperativa dos Médicos, Universidades e Hospitais.


A sala de administração continuará no CRM, gentilmente cedida pela entidade.


Se os acadêmicos, em número de cinquenta, quiserem resolver o problema, que comprem salas comerciais financiadas em trinta anos e ‘deem um empurrão’ metendo a mão nos bolsos.


A academia poderá ‘receber ajuda’ da Assembleia Legislativa através de emenda parlamentar, Cooperativa de Trabalho Médico, Clínicas Laboratoriais e de Imagens, Hospitais e Beneméritos.


Sem a participação efetiva dos acadêmicos, acho difícil esse sonho ser realizado, e a nossa jovem instituição ‘servirá apenas para conceder honrarias’.


Ao mesmo tempo assistimos de braços cruzados a evasão dos nossos cérebros.


Temos pouco tempo para decidir a ‘questão da doação’, para a criação da sonhada sede própria.


Que o plenário da Academia, com sua maioria, tome uma correta decisão, inclusive para ‘nos salvar da inadimplência’.


Sede própria ‘doada’ ou não.


Eis o problema a ser resolvido!


Como está é que não poderá continuar!


Gabriel Novis Neves

17-07-2024




segunda-feira, 22 de julho de 2024

LIVROS NOVOS


Ganhei de um colega médico, poeta e escritor, dois livros sobre o Pantanal.


‘A Conferência dos Pássaros do Pantanal’ de beleza poética indescritível, e a ‘Geopoesia Pantaneira’, de extrema paixão por um rio sinuoso com as curvas dos corixos do Pantanal.


Descreve com alma poética o rio Paraguai desde o seu nascer no pé da serra até o seu desmanche, quando se acasala com o rio Paraná, mergulhando de corpo e alma em suas águas para, nessa fusão amorosa, se tornarem um só rio.


José Pedro Gonçalves retrata o Pantanal de uma forma exuberante, segundo o artista plástico Humberto Espíndola, criador da ‘bovina cultura pantaneira’, nos enchendo de emoções.


Em forma de versos, ele se apresenta com uma formalidade perfeita[A1] [A2] [A3] para o que quer dizer ‘Geopoesia Pantaneira’, encerra Espíndola.


O autor conheceu o Pantanal quando menino, lá em Bauxi, acompanhava o seu avô para comprar gado e cavalos pantaneiros para recompor seu rebanho.


Lá iam em direção à Poconé, e semanas depois aportavam na fazenda Bauxi.


A história poética dessa beleza, que é o Pantanal, é ameaçada todo o ano por incêndios criminosos, dizimando sua fauna e flora deste paraíso aquático.


Livro de se ler sem tomar folego.


‘A Conferência do Pássaros do Pantanal’, é um legado às novas gerações, com fotografias de Mike Bueno, inconformado com os desenhos do autor para ilustrar o livro.


Lindo exemplo de doação à beleza do Pantanal.


No Pantanal tudo começa e termina com as águas.


Morrendo as águas, morrem os micro-organismos que mantém toda a cadeia alimentar que forma o alicerce de toda a fantástica teia de vida de toda a região.


‘A Conferência dos Pássaros do Pantanal’, além da beleza poética e criativa, desnuda a situação de grande risco na preservação do Pantanal como um bioma único.


Aponta ações que deveriam ser encampadas como políticas públicas em Mato Grosso e no Brasil.


São dois livros que não podem faltar nas escolas públicas de Mato Grosso.


Gabriel Novis Neves

10-07-2017





domingo, 21 de julho de 2024

QUINTO GRAU


Nasceu a minha prima do ‘quinto grau de parentesco’.


Estava recém-chegado à minha cidade natal para exercer a minha profissão.


Foram quase doze anos afastado da minha cidadezinha querida para estudar medicina no Rio de Janeiro.


Não vou escrever das dificuldades que enfrentei ou da solidariedade que recebi.


Uma manhã passei pela Maternidade de Cuiabá na rua 13 de junho para saber se algum colega precisava de um auxiliar.


Subia a rampa para o andar da obstetrícia quando uma ‘atendente de enfermagem desesperada’ estava ao telefone procurando um auxiliar para ajudar um colega na sala de parto.


O pai da criança, muito nervoso, deixava as cinzas do cigarro caírem na sua blusa.


Quase correndo cheguei ao vestuário dos médicos e com ‘muito cuidado’ entrei na ‘sala de parto’.


O médico obstetra era famoso, e foi ele quem fez o parto da minha mãe na rua de Baixo quando eu nasci.


Ele não se importunou com a minha presença, e me fez um relato do que acontecia.


Perguntei se ele precisava da minha ajuda.


Pediu que eu colocasse a luva e fizesse um exame na parturiente.


O feto, pela ausculta do ‘estetoscópio de Pinard’, estava bem, porém, com enorme bossa serosanguinolenta.


A parturiente estava exausta e não tinha forças para uma boa expulsão do feto.


Sugeri ao médico, que me fez nascer, a aplicação do ‘fórceps de alívio’, que ele carregava em sua maleta.


Cansado, e ‘sabedor pelas atendentes’ que eu sabia manipular bem o aparelho, pediu que eu fizesse o procedimento.


Passei as ‘colheres do fórceps de Simpson’, que se articularam com perfeição.


Usei toda a técnica obstétrica para ajudar a criança nascer.


Naquela época não existiam pediatras na ‘sala de parto’.


Após o nascimento, saí com o recém-nascido para uma salinha auxiliar fazendo a sua reanimação.


Chorou, levou as mãozinhas na boca, urinou e eliminou mecônio.


Levei o bebê como um ‘troféu a sua mãe’.


Ganhei do médico o fórceps do parto.


Muitos anos depois ‘fiz o parto da mulher daquele bebê que ajudei a nascer’, na Clínica Femina.


O menino que nasceu na Maternidade de Cuiabá, foi pai na Femina e agora é avô.


Felicidade a toda numerosa família.


Gabriel Novis Neves

16-07-2024




sábado, 20 de julho de 2024

INTOXICAÇÃO DE INFORMAÇÕES


Sem querer produzi uma ‘intoxicação de informações’ aos meus ouvintes.


Pela manhã, como sempre faço, encaminho a crônica do dia, para publicação no meu blog do Bar do Bugre.


Depois, excepcionalmente concedi uma entrevista de sessenta minutos pelo Youtube, Facebook e Instagram, ao veterano jornalista e ex-aluno de Direito da nossa universidade federal, a pioneira.


O jornalista é um ‘hábil entrevistador’, e eu ‘prolixo’, sem saber compactar os meus muitos anos de vida.


Uma jornalista comentou ‘que não dei uma entrevista, e sim uma conferência’.


Em certas ocasiões é difícil economizar as palavras.


Cada pergunta que ele me fazia merecia uma resposta do tamanho do tempo do seu programa.


Tive que resumir ao máximo as respostas, o que não me agrada.


Estou escrevendo as minhas memórias em crônicas, e no mês que vem completo 3.500 publicadas, o que daria para imprimir 35 livros com 100 crônicas cada.


Confesso que vivi e ‘não percebi o tempo passar’.


Estou aproveitando a oportunidade oferecida pelo Enock, para ‘matar saudades’ daquilo chamado de ‘tempo’, que passou e ‘não volta mais’.


Nessas entrevistas vem à tona a ‘solidão do idoso’, e como tratar disso.


A tendência do idoso é morar só com as ‘funcionárias’, e mais tarde chamar as ‘cuidadoras’.


O idoso fica no ‘ninho vazio’ acompanhado da ‘solidão’.


Eu vivo só na minha casa outrora cheia com a mãe dos meus filhos, netos, parentes e amigos queridos.


Meus filhos casaram e cada um foi morar em sua casa.


Quando surgiram os netos, passavam o fim da semana com a avó recebendo carinhos.


Nas grandes datas religiosas ficavam aqui, e também nos seus aniversários.


Com a morte da Regina há dezoito anos, ‘comecei a aprender o que é solidão’.


Foi difícil essa minha adaptação e para fugir dela, ‘muita coisa boa aconteceu, e a melhor foi começar a escrever após os setenta anos’.


Aprendi a trabalhar com o computador e descobri os inúmeros recursos do meu iPhone nas atividades da minha vida.


O que me orgulha é essa família linda que construí com a Regina, com três filhos, seis netos e cinco bisnetos, duas noras, 8um genro e quatro ‘netos postiços’.


Gabriel Novis Neves

16-07-2024