quarta-feira, 27 de maio de 2015

PRECONCEITO


Amparados por leituras especializadas, aliadas às experiências vivenciadas, é que podemos almejar a um relativo autogerenciamento vivencial.
São tantas as barreiras que enfrentamos durante a nossa existência, que muitos partem desta vida sem conquistarem o troféu tão perseguido da liberdade.
A liberdade de poder viver conforme nossos desejos e valores, sem que fiquemos reféns da opinião e compreensão dos outros.
E esta liberdade se perde, em grande parte, devido a fortes preconceitos, tão fortemente enraizados em nosso ser, que nos tornamos prisioneiro dele.
Desde muito cedo sofremos frustrações e discriminações. Uns mais, outros menos, dependendo de múltiplos fatores, que podem ir da cor da pele ao saldo bancário.
Com esse adubo atingimos a maturidade sem perceber nossas imperfeições e limitações emocionais.
Surpreendemo-nos quando alguém, mais esclarecido com relação a conduta e ao comportamento humano, nos revela que somos preconceituosos, por exemplo.
Em rápido retrospecto não aceitamos tal diagnóstico, baseados na nossa história de vida. Entretanto, desconhecemos que só é preconceituoso quem é vítima de preconceito e o aceita, em vez de confrontá-lo e liberar-se dele. A área de conforto não permite uma luta de resultados imprevisíveis para vencê-lo.
Está explicado a não explorada origem de sofrimentos existenciais, caminho para as patologias de fundo social.
Só a idade madura, ou o despojamento em conhecer melhor essa complexa mistura de matéria e emoção  de que somos feitos, aliados ao meio em que fomos criados, poderá, de alguma forma, fazer-nos  entender  o mecanismo dos preconceitos a que fomos submetidos.
Quanto menor e mais provinciano o lugar onde fomos criados, maior o número de preconceitos desenvolvidos e transmitidos.
Ao contrário das grandes cidades, em que tudo é muito avaliado e as discussões filosóficas são mais frequentes, inclusive no meio familiar, nas cidades menores é menor o estímulo ao diálogo e, dessa forma, vão se fixando preconceitos recebidos e automaticamente transmitidos - até porque o diálogo é considerado uma intimidade desnecessária.
Não é disseminado o hábito de não prejulgar  e, assim, dogmas e mitos se alastram automaticamente.
Talvez, numa velhice saudável, aumentem os questionamentos com relação a si mesmo e ao outro.
Possivelmente seja esta a fórmula mais fácil para rever conceitos arcaicos que nos foram empurrados sem a nossa aquiescência.
Isso jamais ocorrerá com os preconceituosos de carteirinha que, incapazes de questionar a sua miséria existencial, tornam-se insuportáveis donos da verdade, tão frequentes, infelizmente, no nosso dia a dia.

Gabriel Novis Neves
23-05-2015

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