O
governo de doze anos, ora findante, garante que, finalmente, será reiniciada a
realização da cirurgia de transplante de rim em Cuiabá!
Segundo
o governo, depois das obras da Copa, será o maior acontecimento desta década.
Vamos fazer o que fazíamos há vinte anos no antigo Hospital Geral de Cuiabá.
Naquela
ocasião, as condições tecnológicas eram bem diferentes das disponíveis
atualmente, mas a dedicação e compromisso com o próximo eram maiores que as
obras faraônicas, tão necessárias à sustentação do poder político dominante.
Posteriormente,
o Hospital Santa Helena, com uma boa retaguarda de um sistema de diálise renal,
modelo na época, também realizou transplante renal.
Depois,
o moderno Hospital Santa Rosa, com tecnologia de ponta, centro cirúrgico
adequado, Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), equipe multidisciplinar
qualificada e bastante motivada, passou a ser referência em transplante de rim
no Estado de Mato Grosso e região. Seu médico-chefe foi autorizado pelo
Ministério da Saúde a realizar esse tipo de cirurgia.
A
Vigilância Sanitária, órgão do Ministério da Saúde, aprovou a unidade hospitalar.
Tudo
foi muito bem até meados de 2003, quando, humilhado pela polícia do Estado, o
cirurgião-chefe do setor pediu a sua exclusão dos cirurgiões brasileiros
habilitados a realizar essa cirurgia.
Hoje,
como médico do Estado, atende na perícia médica.
Nos
últimos cinco ou seis anos nenhuma cirurgia desse porte foi aqui realizada, e
os pacientes necessitados de tratamento cirúrgico foram obrigados a fugir de
Cuiabá.
Os
que voltaram após a cirurgia sofreram com a falta quase permanente do remédio
de uso contínuo para evitar a rejeição do rim transplantado.
Nada
foi feito neste período do desmonte desse serviço de grande alcance social, a
não ser, esconder o crime cometido contra a população pobre.
Agora,
o surpreendente anúncio de que em junho do próximo ano Cuiabá voltará a
realizar os transplantes, e só. Os orçamentos federais e estaduais para o
próximo ano já estão comprometidos.
Nenhuma
palavra foi dita pelo governo com relação aos recursos. Tampouco a Unidade
Hospitalar escolhida para receber a auditoria rigorosa da Vigilância Sanitária
Federal e o seu aval de funcionamento.
As
competentes enfermeiras responsáveis pelo projeto apenas disseram que estão
estudando, e que o trabalho é de extrema complexidade, envolvendo equipe
multidisciplinar e local adequado para a realização do procedimento cirúrgico.
O
mais simples será preparar um cirurgião especialista em nefrologia ou
importá-lo.
Hoje
não temos nem condições de retirar órgãos para transplantes por absoluta falta
de prioridade do governo.
Essa
notícia é um triste e melancólico fechamento de mais um final de ano inútil
para a nossa saúde pública.
Gabriel
Novis Neves
22-11-2013
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