terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Conquista médica!

O governo de doze anos, ora findante, garante que, finalmente, será reiniciada a realização da cirurgia de transplante de rim em Cuiabá!
Segundo o governo, depois das obras da Copa, será o maior acontecimento desta década. Vamos fazer o que fazíamos há vinte anos no antigo Hospital Geral de Cuiabá.
Naquela ocasião, as condições tecnológicas eram bem diferentes das disponíveis atualmente, mas a dedicação e compromisso com o próximo eram maiores que as obras faraônicas, tão necessárias à sustentação do poder político dominante.
Posteriormente, o Hospital Santa Helena, com uma boa retaguarda de um sistema de diálise renal, modelo na época, também realizou transplante renal.
Depois, o moderno Hospital Santa Rosa, com tecnologia de ponta, centro cirúrgico adequado, Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), equipe multidisciplinar qualificada e bastante motivada, passou a ser referência em transplante de rim no Estado de Mato Grosso e região. Seu médico-chefe foi autorizado pelo Ministério da Saúde a realizar esse tipo de cirurgia.
A Vigilância Sanitária, órgão do Ministério da Saúde, aprovou a unidade hospitalar.
Tudo foi muito bem até meados de 2003, quando, humilhado pela polícia do Estado, o cirurgião-chefe do setor pediu a sua exclusão dos cirurgiões brasileiros habilitados a realizar essa cirurgia.
Hoje, como médico do Estado, atende na perícia médica.
Nos últimos cinco ou seis anos nenhuma cirurgia desse porte foi aqui realizada, e os pacientes necessitados de tratamento cirúrgico foram obrigados a fugir de Cuiabá.
Os que voltaram após a cirurgia sofreram com a falta quase permanente do remédio de uso contínuo para evitar a rejeição do rim transplantado.
Nada foi feito neste período do desmonte desse serviço de grande alcance social, a não ser, esconder o crime cometido contra a população pobre.
Agora, o surpreendente anúncio de que em junho do próximo ano Cuiabá voltará a realizar os transplantes, e só. Os orçamentos federais e estaduais para o próximo ano já estão comprometidos.
Nenhuma palavra foi dita pelo governo com relação aos recursos. Tampouco a Unidade Hospitalar escolhida para receber a auditoria rigorosa da Vigilância Sanitária Federal e o seu aval de funcionamento.
As competentes enfermeiras responsáveis pelo projeto apenas disseram que estão estudando, e que o trabalho é de extrema complexidade, envolvendo equipe multidisciplinar e local adequado para a realização do procedimento cirúrgico.
O mais simples será preparar um cirurgião especialista em nefrologia ou importá-lo.
Hoje não temos nem condições de retirar órgãos para transplantes por absoluta falta de prioridade do governo.
Essa notícia é um triste e melancólico fechamento de mais um final de ano inútil para a nossa saúde pública.

Gabriel Novis Neves
22-11-2013

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