Belíssima
referência da grande diva do teatro brasileiro, Fernanda Montenegro, ao
definir, numa recente entrevista, o seu sentimento de apaziguamento ocorrido
nos últimos anos de convivência com o
marido - numa relação que durou sessenta anos.
Uma
avaliação precisa e inteligente de uma relação amorosa tão longa.
Na
verdade, as relações afetivo-sexuais de qualquer tipo, sejam elas homo ou
heteroafetivas, são sempre carregadas de tantas nuances positivas e negativas,
que lembranças da juventude costumam trazer situações limites, onde encontros e
desencontros são muito evidentes.
As
dificuldades da vida a dois, a possessividade mútua, os problemas com a criação
dos filhos, aliadas às alterações humorais da juventude, transformam esses anos
em lembranças tumultuadas para a maioria das pessoas.
Apenas
a maturidade consegue mostrar o lado apaziguador dos relacionamentos.
Aprendemos
com o tempo a valorizar no outro, não só o que nos agrada, mas, principalmente,
o que nos desagrada, e que pode se tornar aceitável.
A
meu ver, esse é o estágio de ouro dos relacionamentos, quando, num juízo de
valores, passamos a conviver bem com as incompatibilidades.
Só
o entendimento da simplicidade da vida e, ao mesmo tempo, da sua importância,
pode nos conduzir a esse estágio.
Pessoas
que se encontram e que se amam na diversidade, na essência de seus próprios
“eus”, ainda que muito desencontrados.
Não
acredito nas almas gêmeas, mas acredito que possam se tornar gemelares os
encontros na velhice.
Infelizmente,
a maioria das pessoas torna-se incapaz, física e emocionalmente para essas
experiências.
A
natureza, na sua ânsia da procriação, nos oculta essa verdadeira descoberta das
trocas mútuas.
A
promessa de novas tecnologias médicas para um melhor e maior prolongamento da vida nos
acena com horizontes muito promissores.
Quem
viver, verá.
Gabriel Novis Neves
28-11-2013
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