terça-feira, 28 de janeiro de 2025

QUANDO ESQUECEMOS


Escrevo, e me incomodo quando me recordo de uma situação, mas esqueço o nome do personagem.

 

Às vezes, acontece o oposto.

 

Há dias em que minha memória está afiada, e consigo lembrar de tudo: fatos e nomes fluem com naturalidade.

 

No domingo, depois do banho da tarde, cansado de não fazer nada, liguei a TV em um canal de esportes.

 

Estava começando uma partida do campeonato carioca, que outrora foi a mais charmosa competição de futebol do Rio de Janeiro.

 

Não entendo porque os quatro grandes clubes do Rio agora disputam esses jogos com seus times reservas!

 

O torneio, aliás, foi reduzido a algo simplificado, de poucos jogos e valor técnico modesto.

 

Em 1953, ano que Garrincha estreou pelo Botafogo, o regulamento era outro: cada time jogava uma vez por semana, em turno e returno, em casa e no campo do adversário.

 

A vitória valia dois pontos, o empate, um. Não havia substituições durante os jogos.

 

Naquela época os clubes não importavam jogadores, mas árbitros ingleses.

 

O campeonato era uma festa, e muitos bairros tinham seus próprios times, geralmente mantidos por contraventores do jogo do bicho — hoje transformado em patrimônio do governo federal.

 

Conheci todos: Campo Grande, Bangu, Madureira, Olaria, Bonsucesso, Vasco da Gama, São Cristóvão, América (na Tijuca), Botafogo, Flamengo, Fluminense e o Canto do Rio, em Niterói.

 

Os estádios eram pequenos, o que só alimentava a rivalidade.

 

Sem outra opção para passar o tempo, assisti àquela partida horrível.

 

Meu time venceu por 2 a 0, com gols no finalzinho do primeiro e do segundo tempo.

 

Durante o jogo recebi uma mensagem no WhatsApp de Osmar, jornalista e dono do site ‘Mídia Hoje’.

 

Ele queria falar sobre a pretensão de um pesquisador de História, lá de Salvador, na Bahia.

 

Osmar publica minhas crônicas diariamente, e o pesquisador teve acesso a uma delas pelo site.

 

Descobriu um texto que escrevi quando minha neta se formou em Medicina: ‘Seis gerações de médicos Novis de Cuiabá’.

 

Foi o suficiente para chamar a atenção do professor, que escreve sua tese de doutorado sobre o cuiabano Aristides Novis.

 

Formado em Medicina na Bahia, Aristides lá permaneceu constituindo família e deixando sua marca como professor universitário e figura de destaque na sociedade baiana.

 

Conversamos longamente, e o domingo parecia estar ao meu favor.

 

Nada esqueci durante o papo, mas ele só terminou porque meu sono chegou cedo.

 

Gabriel Novis Neves

27-01-2025




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.