Ontem foi uma noite rara. Daquelas que chegam de mansinho, sem avisar, como um presente inesperado.
Deitei cedo, com o corpo pedindo sossego e a mente cansada de tantas ideias que, à noite, insistem em tomar forma.
Mas, dessa vez, algo diferente aconteceu.
A almofada pareceu mais macia, o colchão mais acolhedor, e o travesseiro encaixou-se no pescoço como se tivesse sido feito sob medida.
Fechei os olhos e, antes que pudesse contar as preocupações do dia, o sono veio.
Sem batalha, sem briga, sem o tempo perdido rolando de um lado para o outro na cama.
Dormi. Simples assim.
E não foi qualquer sono. Foi profundo, honesto, sem interrupções.
Nem o cachorro da vizinha, que sempre late na madrugada, ousou me acordar. Nem o barulho distante de uma moto passando na rua teve força.
Eu estava imerso naquele universo onde o tempo não existe e os sonhos não cobram entrada.
Sonhei com coisas simples.
Uma pracinha cheia de crianças correndo, uma brisa suave balançando as folhas das árvores.
Não lembro dos detalhes, mas lembro da leveza.
Era como se a mente estivesse limpando as gavetas, tirando o peso de lembranças desnecessárias e deixando tudo arejado.
Acordei com os primeiros raios de sol entrando pela janela, e algo em mim estava diferente.
O corpo parecia mais leve, o humor mais generoso.
Até o café, tinha um sabor mais especial.
É curioso como uma noite bem dormida pode transformar o dia.
Dá uma energia diferente, como se tudo fosse mais fácil de resolver.
As ruas parecem menos apressadas, as pessoas mais simpáticas, e o peso das horas menos cansativo.
Ainda que o dia esteja cheio de tarefas, eu o enfrento com calma.
É impressionante como um simples momento de descanso verdadeiro pode ser o remédio que tantas vezes buscamos em lugares complicados.
Talvez a receita da felicidade não esteja nas grandes conquistas, mas nesses pequenos milagres do cotidiano: um travesseiro bem colocado, um corpo cansado, e o silêncio da noite fazendo seu trabalho.
Hoje, sou só gratidão pela simplicidade de uma noite bem dormida.
Quem dera fossem todas assim.
Gabriel Novis Neves
18-01-2025
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