segunda-feira, 24 de julho de 2023

A HISTÓRIA ESCRITA E ORAL


A escrita é aquela que aprendemos nos livros escolares e pesquisamos nos museus e arquivos.


A oral é a que presenciamos, ouvimos ou somos protagonistas e nunca a escrevemos.


A história escrita obedece a um formato do “corretamente político” – que é uma chatice - fugindo às vezes da verdade.


A oral também não é confiável, pois “quem conta um conto, aumenta um ponto”, segundo o ditado popular.


A história é um caldo interessante para os nossos humoristas.


Todos sempre utilizaram esse tema, que é a história, para lotar teatros, cinemas, circos, programas de rádio, televisão e fazer rir as plateias.


Sem esforços rimos muito com os fatos da nossa história narrada por humoristas, e que não envelhecem.


Cuiabá é uma cidade de grandes contadores de história.


Meu predileto foi o historiador Rubens de Mendonça, que antes dos trinta anos foi eleito “Secretário Perpétuo da Academia de Letras de Mato Grosso”, o único do Brasil.


Para Presidente da Academia e outros cargos na mesa diretora havia mandatos e eleições.


O cargo de Secretário Perpétuo foi o próprio Rubinho que criou, para ser seu proprietário, durante toda a sua vida.


Nunca li nada sobre esse assunto, assim como ninguém me disse nada sobre essa estranha situação.


Sua filha única e herdeira, Adélia Mendonça, me relatou que o seu pai entrou para a Academia aos 29 anos e era o mais jovem dos imortais.


Na primeira reunião da qual participou foi convidado para redigir a ata do encontro, e ele lhe autoconcedeu o título de Secretário Perpétuo.


Com o seu falecimento esse título foi extinto.


Nas minhas crônicas procuro ser o mais fiel possível ao relatar fatos que pesquisei e conheci em livros ou pela história oral.


Rubens de Mendonça foi o meu historiador e professor predileto.


Foi vizinho dos meus pais na rua do Campo, e fez muitas tarefas de redação para mim no Ginásio do Colégio dos Padres.


Quando retornei do Rio, formado em medicina, meu consultório era vizinho do seu escritório-casa, na rua do Campo (atual Barão de Melgaço).


Sei relatos da história da Guerra do Paraguai que nunca encontrei em livros, e o esforço do historiador da corte Taunay para agradar ao Imperador do Brasil Dom Pedro II.


Assim como o casamento do tenente Deodoro da Fonseca na Igreja Matriz de Cuiabá para salvar a honra da sua cunhada, esposa do capitão-médico da guarnição militar de Cuiabá.


Deodoro acabou sendo herói da Guerra do Paraguai e o primeiro Presidente da República do Brasil e não deixou filhos.


Tudo relatado por Rubens de Mendonça, em qualquer local da cidade, inclusive nas calçadas das ruas ou portas do bar do Bugre.


Os acontecimentos históricos de que fui protagonista, nunca relatei detalhes de todos seus personagens e suas atuações no processo.


Eles já partiram e decidi que esses fatos colaterais se percam com o tempo.


Assim é a história da civilização que a todos seduz e encanta nos seus mais variados relatos que chegam a nós.


Gabriel Novis Neves

19-07-2023







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