sábado, 29 de julho de 2023

A COSTUREIRA


Os contos da escritora cuiabana Sueli Rondon são fatos verdadeiros da Cuiabá antiga.


Lembro-me perfeitamente, no meu longínquo passado, dos lugares e seus personagens.


Meu pai sempre se referia a uma tal de Maria Perna Grossa, mas sem entrar em detalhes.


Naquele tempo as mulheres usavam combinação e vestido longo até os pés.


O pouco que aparecia era chamado de perna, que era grossa comparada aos tornozelos.


“O Bolicho” é um conto delicioso, pois resgata a história dos antigos bolichos, substituídos pelos modernos armazéns.


Fazia compras caseiras para minha mãe, e baunilha para a sorveteria do bar do meu pai, pelos bolichos do hoje abandonado Centro Histórico de Cuiabá.


Lá se encontrava de tudo que se precisava em casa, inclusive ervas e folhas medicinais e fumo de rolo para fazer cigarro de palha.


Como tenho saudades da velha Cuiabá com seus lugares e personagens.


Da rua 13 de junho com suas lojas de tecidos e vestidos feitos, pendurados em suas portas.


Mas vamos a mais um conto da Sueli, desta vez sobre “As Costureiras”:


“Mãe, me faz um vestido?


Sim minha filha, assim que terminar esta encomenda eu faço.


Mãe, e o meu vestido?


Quando a senhora iniciará o feitio?


Calma minha filha, eu preciso primeiro terminar os vestidos das filhas da dona Zilda.


Você sabe como elas são enjoadas.


Vão procurar defeito para regatear o preço.


Está bem Mãe.


Pensou nas roupas desfraldadas ao vento, penduradas em cabides nas portas da Rua treze de junho.


A mãe disse um dia, filha agora tenho tempo, pode trazer o tecido.


Entreguei a encomenda em fim.


Ela se lembrou das roupas coloridas sem o corte perfeito penduradas nos portais da loja.


Olhou o rosto cansado da mãe e respondeu:


- Não precisa mãe, já resolvi.


Comprei um vestido pronto que estava na vitrine da rua Gabriel de Matos”!


Gabriel Novis Neves

21-07-2023







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