segunda-feira, 8 de junho de 2015

ESCREVER


De há muito anos cultuo o hábito de escrever diariamente sobre o cotidiano.
A riqueza dos primeiros tempos, os anos dourados, com as suas agradáveis surpresas, foram substituídos pela rotina do previsto.
Propinas e escândalos públicos contaminando a já precária saúde econômica da nossa sofrida nação, mentiras sem fim, acompanhando a corrupção desenfreada com a insuportável impunidade, este é o nosso cenário do dia a dia atual.
Violência urbana e rural, desemprego, miséria aumentando e o abandono da coletividade sem fim, compõem o painel do momento.
Balancetes oficiais sobre os desmandos administrativos nos órgãos públicos, sentidos pela população, não sendo aceitos pelos países sérios, como foi o caso da Petrobras, nos são jogados sem maiores explicações.
Escrever sobre esses fatos que ilustram o nosso cotidiano faz mal à saúde de todos.
No mundo moderno das inovações, talvez fosse interessante deletar esse ato de mais puro prazer, que é a comunicação escrita.
Insistir comentando fatos desagradáveis pode levar-nos à desarrumação dos nossos neurônios, alterando, principalmente, a produção de substâncias importantes para o nosso equilíbrio emocional.
Com tecnologia podemos aferir a dosagem das serotoninas, neurotransmissores cerebrais ligados ao nosso bem estar e dopaminas estimulantes do nosso sistema Nervoso Central (SNC), conhecidas como substâncias antidepressivas.
A repetição em massa dessas informações está transformando a nossa sociedade em dependentes químicos.
Com a eliminação das escritas diárias estaria vacinado e vacinando parte da nossa gente contra esse mal que afeta a humanidade.
Os bons exemplos, e são muitos do cotidiano, não refletem nas pesquisas de opinião que orienta o comércio da notícia.
Notícia boa não dá IBOPE, dizem os entendidos em marqueting. O que sempre vendeu nos meios de comunicação foi sangue, quanto mais, melhor.
De tanto explorar esses produtos comerciais nossa sociedade apresenta sinais gritantes de socorro médico.
Não é sem motivo que os antidepressivos são os medicamentos mais vendidos no Brasil, acima dos países maiores consumidores dessa droga (Rússia, Índia, Coréia, México e Turquia).
Vale a pena continuar a escrever sobre esse cotidiano do século XXI?
Aliás, mesmo não escrevendo, as mídias televisivas estão aí mesmo, ansiosas por faturamentos cada vez maiores.

Gabriel Novis Neves

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.