sexta-feira, 20 de setembro de 2024

PENSANDO


Diante da tela ampliada do meu notebook penso em escrever.


Os assuntos são vários, mesmo tirando a política e o futebol.


Notei que as mulheres na sua maioria não apreciam o ‘futebol’ e estão ‘descrentes’ da política.


Minha cozinheira durante o almoço, me disse que ‘aumentou novamente’ o preço da energia elétrica.


Indignada me perguntou como o pobre irá viver!


Para certos serviços na área da saúde a vida do pobre é ‘um ponto’ na linha do horizonte.


Quem não possuir um ‘plano de saúde’ não terá direito ao tratamento.


Construir hospitais não significa mais saúde à população.


Continuo afirmando que o melhor programa de saúde é investir em educação de qualidade para todos.


Os países desenvolvidos chegaram a esse patamar por terem dado prioridade aos investimentos na educação.


Mas isso é uma decisão política.


Para notícias políticas serem aceitas, temos que mudar a educação do nosso país.


Países democráticos como os EUA, com excelente educação, têm um povo interessado em política e esportes, inclusive futebol.


Como estou na fase de ‘contar histórias’ de tudo que vivi e vi, todos os dias publico uma crônica sobre o meu cotidiano.


Quem aprova as prioridades de uma nação são os políticos que nós elegemos democraticamente.


‘Para bom entendedor, meia palavra basta’!


Agora está entendido o porquê reclamamos de tudo?


O pior é que continuaremos assim: não temos educação de qualidade para todos.


A leitura sobre política partidária tornou-se enfadonha, variando de corrupção ao nepotismo.


O mesmo acontece com os poderes da nação e tribunais.


E isso vem de bem longe.


Os antigos diziam, diante do clamor popular sobre as nossas dificuldades de sobrevivência: ‘isso sempre foi assim’!


E continua sendo assim!


Continuo pensando.


Gabriel Novis Neves

01-01-2024




quinta-feira, 19 de setembro de 2024

IDIOMA PORTUGUÊS


Certa ocasião, li como é fácil aprender o inglês, e a professora me convenceu que é.


Demonstrou que uma série de palavras em inglês são entendidas em português.


As outras com pequenas alterações entravam com facilidade no nosso idioma.


Muitas palavras em inglês têm origem latina, assim como no português.


Por exemplo, ‘animal’ e ‘important’ são semelhantes em ambas as línguas.


Além disso, o alfabeto é quase idêntico, o que facilita a familiaridade com a escrita.


A gramática do inglês, embora diferente, é mais simples em alguns aspectos, como a ausência de conjugações complexas dos verbos que existem no português.


Outra vantagem é a exposição.


O inglês está presente em filmes, músicas e na internet, proporcionando uma imersão constante.


Muitos falantes de português já têm contato com o inglês desde cedo, o que ajuda na aprendizagem.


Além disso, a pronúncia de algumas letras, como ‘t’ e ‘d’, é semelhante, facilitando a comunicação inicial.


As tecnologias modernas, como aplicativos de aprendizado de idiomas e dicionários online, também tornam o processo mais accessível.


A estrutura das frases em inglês, com sujeito-verbo-objeto, é algo que portugueses podem entender e aplicar rapidamente.


Por fim, a motivação pessoal e a prática contínua são essenciais, e muitos falantes de português se dedicam a aprender inglês devido à sua importância global.


Com dedicação e os recursos certos, qualquer falante de português pode aprender inglês com relativa facilidade.


Citarei algumas palavras em inglês que são muito semelhantes às suas correspondentes em português:


Animal – Animal


Natural –Natural


Hospital - Hospitalar


Doctor – Doutor


Intelligent – Inteligente


Moment – Momento


Family –Família


Information – Informação


Festival – Festival


Tradition – Tradição.


Essas palavras compartilham raízes latinas, o que facilita o reconhecimento e a compreensão entre os dois idiomas.


Gabriel Novis Neves

09-2024




terça-feira, 17 de setembro de 2024

ESTOU INTOXICADO


Invenções ou mentiras não consigo colocar no papel.


Leio as notícias nacionais, sempre as mesmas do ano todo.


Agora são as promessas das eleições de outubro para as prefeituras e câmara de vereadores.


Aqui em Cuiabá tem candidato que se eleito, promete melhorar o clima da cidade.


Nunca mais teremos temperaturas de 42º e o período das chuvas será aumentado.


Esse terá o meu voto!


Transformará Cuiabá em uma cidade perfeita para morar, estudar e trabalhar.


Nem a ex-Presidente da República conseguiu estocar o vento frio da Cordilheira dos Andes para o Centro Geodésico da América do Sul, e assim mudar o clima para melhor.


Outras promessas que merecem aplausos.


O SUS atenderá toda a população sem plano de saúde, e a educação de qualidade será para ricos e pobres, que terão acesso às universidades públicas.


O emprego com salários dignos, não faltará a ninguém.


Tudo isso até as eleições.


Depois os vencedores desaparecem, nomeiam seus parentes, e a vida continua.


Ainda dizem que votar é um exercício de cidadania!


Pela minha idade não sou mais obrigado a votar, porém exercerei o meu direito constitucional.


Após as apurações das eleições muitos dirão que o povo não sabe votar.


Discordo, pois os eleitos são a nossa cara.


Não haverá mudanças, e tudo continuará como está.


É hora de esquecer as ‘promessas de campanha’ e continuar enfrentando as filas do SUS, ensino para ricos e pobres, subempregos, desvios ocupacionais para baixo, ruas esburacadas, sem arborização, centro histórico de Cuiabá em ruínas, bairros abandonados à própria sorte.


Transporte coletivo com veículos velhos, aumentando o sofrimento do seu usuário.


Única coisa boa do período eleitoral, é o seu final.


Ficaremos livres da ‘propaganda eleitoral’ e das ‘tapinhas nas costas’.


Gabriel Novis Neves

10-09-2024




segunda-feira, 16 de setembro de 2024

ATUALIZAÇÃO


Perguntaram-me qual a tarefa mais difícil que faço atualmente.


Feito um raio respondi que era cuidar de mim.


Passei a manhã toda tentando resolver um problema da internet.


A atendente da empresa que estava à distância, e procurava me ajudar (!) perdeu a paciência comigo, percebido pela alteração da sua voz.


Identifiquei-me à funcionária não pelo meu CPF ou número do celular, mas pela minha idade — 89 anos completos.


Sou da geração pré-internet e telefonia móvel, tendo inúmeras dificuldades em me comunicar por essas ferramentas.


Pedi que ela tivesse paciência comigo, pois não tinha ninguém em casa que me tirasse dessa dificuldade.


A voz da funcionária me deu a impressão de ser de uma pessoa idosa.


Impaciente fez a ‘ligação cair’, a tempo de eu ouvir o robô me alertar para a importância da avaliação do atendimento recebido.


A pontuação seria de zero a cinco, sendo zero totalmente insatisfeito e cinco totalmente satisfeito.


Sempre tive dificuldades em avaliar os meus alunos, com receio de cometer injustiça.


No caso da avaliação do robô, não tive a menor dificuldade em clicar o zero.


Insisti, apesar de tudo, em falar novamente pelo celular, com a empresa que me atende.


Fui jogado para outra atendente provavelmente em outro Estado.


Sua voz parecia de uma jovem e bem mais calma.


Apresentei-me pela idade, dizendo estar com sério problema técnico.


Meu laptop não conseguia receber nem enviar e-mails.


As circunferências girando enchiam a tela do computador, inviabilizando qualquer trabalho!


Tenho compromissos diários com o meu blog e estou impossibilitado de escrever.


Respondi a um sem número de perguntas, e fiquei sem saber quais as providências adotadas para a normalidade do meu computador.


Preciso apenas que ele receba e abra e-mails e envie.


Um final de semana com estresse é o que me espera.


Lá fora a queimada virou incêndio já na periferia de Cuiabá, com 38º dentro de casa.


No mais é a esperança de ter sido sanado o problema técnico do meu site.


Gabriel Novis Neves

23-08-2024




CONSULTAS MÉDICAS


Já escrevi sobre a dificuldade de se conseguir marcar horário para uma consulta médica.


Retorno ao assunto, que tem piorado.


A marcação de uma consulta particular é difícil.


Se o paciente tem Plano de Saúde, o prazo de espera chega há meses e o retorno com os exames também é demorado.


Quando o paciente não tem dinheiro para pagar uma consulta e exames complementares, a solução seria procurar o SUS.


Na teoria o SUS é fantástico.


Consultas de rotina e prevenção são destinadas aos Postos de Saúde.


Casos mais complexos são encaminhados às Unidades de Pronto Atendimento — UPAS.


As urgências e emergências ficam por conta do Hospital e Pronto Socorro de Cuiabá.


Em seu apoio temos o Hospital Universitário Júlio Muller, Hospital Regional, Hospital Universitário da UNIC, Hospitais filantrópicos.


Trabalho com gente humilde e sei como é difícil ter um bom atendimento médico.


Casos cirúrgicos, como trepanação da mastoide, cirurgia cardíaca, oftálmica e outras, só com a determinação da Defensoria Pública.


Os medicamentos para a população pobre, mesmo os essenciais inexistem.


Os de alto custo só com ordem judicial.


Há três meses acompanho o caso de um trabalhador aposentado pelo INPS, de 75 anos, com mastoidite purulenta, com indicação cirúrgica.


O hospital universitário possui pessoal especializado para atendê-lo, porém faltam insumos para o procedimento.


Enquanto espera orçamentos de especialistas para a Defensoria Pública determinar a cirurgia, o trabalhador faz vaquinha para a compra de antibióticos.


É desumano o que acontece na nossa saúde pública.


E ainda tem gente que assiste ao ‘Programa Gratuito Eleitoral’, para saber em quem votar!


Enquanto existir servidores com salários superiores a cem mil reais por mês, é melhor dormir no período eleitoral.


Gabriel Novis Neves

26-08-2024




domingo, 15 de setembro de 2024

TREINADOR DE FUTEBOL


É uma profissão muito valorizada, mas a sua permanência no clube depende dos resultados.


Também ‘as goleadas’ são incompatíveis com a continuação do seu trabalho, e a demissão acontece logo após os jogos.


O Cuiabá sofreu uma goleada de cinco a zero, e seu técnico está desempregado.


É uma carreira curta em clubes, e existe uma grande rotatividade desses profissionais.


Os nacionais foram substituídos por estrangeiros, mas a sina continua.


Existem exceções como o argentino do Fortaleza que perdeu de cinco para o Cuiabá, o português do Palmeiras que em quinze dias foi eliminado de duas competições em sua casa.


O eterno técnico do Grêmio, o balançado do Flamengo e o do Bragantino continuam.


Os outros times que disputam o brasileirão demitiram os seus técnicos até três vezes.


Corinthians e Atlético Goianiense estão no seu terceiro técnico nesta temporada.


O Brasil foi campeão do mundo por cinco vezes, abastece o mercado estrangeiro com excelentes jogadores, mas importa técnicos para treinar seus principais times.


Antigamente trazíamos árbitros ingleses para os principais campeonatos, hoje treinadores com comissão técnica e o VAR.


Melhorou?


Nós não ganhamos mais títulos internacionais, e o nosso futebol ficou feio.


Um ou outro jogador se destaca, e a arbitragem com o VAR é um verdadeiro desastre.


A comissão técnica virou cabide de empregos com o nepotismo correndo solto.


‘O mais querido’ sabe do que estou dizendo.


Simplesmente, ridículo.


Os grandes clubes são vendidos para estrangeiros, e os novos têm dono.


O torcedor fanático segue pela televisão os campeonatos europeus e seus torneios fantásticos.


Os estádios da Europa estão sempre lotados, e seus ingressos são vendidos com antecedência.


O estádio do Cuiabá, a Arena Pantanal, quase sempre está às moscas.


Se a vida do treinador de futebol é triste, uma cidade rica ver o seu time deslizando para a segunda divisão é doloroso para aqueles que gostam de futebol.


Gabriel Novis Neves

21-08-2024




sábado, 14 de setembro de 2024

ANIVERSARIANTES DE SETEMBRO E PIZZAS


Setembro não é só o mês da primavera e queimadas, mas também de aniversariantes e jantar de pizza.


Sem contar os tios e primos, somos oito pessoas aniversariantes da família espalhado pelo mês. 


Aos adultos dou presente em dinheiro, às crianças dou brinquedos.


É o mês mais festeiro do ano da minha família construído com a Regina.


Não fossem as queimadas, e teríamos a perfeição com os ipês e uma chuvinha de vez em quando.


O 7 de setembro aniversário da minha filha Mônica, no seu primeiro ano de vida, fez frio em 1965.


Não fossem as fotografias que guardei da festinha em casa, não iria escrever para não ser chamado de mentiroso.


Quando criança na rua do Campo, chovia muito na segunda quinzena de agosto, amadurecendo as mangas dos quintais das casas cuiabanas.


O que fizeram para mudar o nosso clima nestes últimos sessenta anos?


Tivemos uma fantástica ocupação humana do nosso cerrado e Amazônia, quando as queimadas foram intensas.


Nosso pantanal foi comprometido, alterando a nossa biodiversidade.


Depois de perdido o nosso ecossistema, as universidades passaram a valorizar o nosso meio ambiente com campanhas educativas de resultados demorados.


Estamos vendendo aos países ricos nosso maior patrimônio — os recursos naturais.


Produzimos alimentos em troca do nosso rico subsolo, uma riqueza em minérios raríssimos.


Criamos uma universidade federal em 1970 para cuidar da nossa selva, e ela não existe mais com essa prioridade.


Aniversários de antigamente nos lembram de pizzas servidas quentinhas em casa, e mais tarde reunidos nas mesas das pizzarias.


Conheci a pizza no Rio de Janeiro quando estudante de medicina.


Foi a minha salvação no jantar.


Encostava no primeiro botequim e pedia uma fatia de pizza com uma garrafinha de grapete, que era o refrigerante mais barato.


No meu retorno à minha cidade natal, aos sábados, domingos e feriados o nosso jantar era pizza de muçarela, bem fininha, beiradas baixas e crocantes.


Uma pergunta: ninguém almoça pizza, e só jantam?


Por que?


Gabriel Novis Neves

06-09-2024




quinta-feira, 12 de setembro de 2024

CÉU CINZENTO


O céu da minha Cuiabá, vítima das queimadas criminosas e ganância das empresas de construção civil, está cinzento o dia todo, prejudicando, e muito a visibilidade da cidade.


As queimadas tomaram conta da periferia da cidade causando riscos de vida aos seus moradores.


Além do mal que causam às crianças e idosos.


Ar-condicionado, umidificador de ar e toalha molhada são imprescindíveis nesta época do ano.


Alimentação branda e a ingestão de muito líquido.


Vamos aguardar a ‘chuva da manga’ e do ‘caju’, quando essa nuvem de queimada tende a desaparecer, deixando o calorão de outubro.


Cuiabá é uma cidade propícia ao comércio de cervejas, refrigerantes e sorvetes.


Meu pai descobriu essa vertente de trabalho em 1920, quando inaugurou um bar-sorveteria.


Foi transformado no ‘centro de vivência da cidade’, e tudo que acontecia na cidade passava pelo Bar do Bugre.


Nessa época Cuiabá já possuía um clima quente, amenizada por uma intensa arborização, com córregos e lençóis freáticos superficiais e um tanque no centro histórico.


A arquitetura colonial também nos ajudava a proteger dos raios solares.


Rua de Baixo, do Meio, de Cima com o Largo da Matriz e do Jardim, são exemplos de arquiteturas protetoras do calor.


As ruas eram arborizadas com árvores frutíferas, frondosas, uma próxima a outra, ‘escondendo o sol’.


Tínhamos muitos ‘largos transformados em praças’, verdadeiros centros respiratórios da cidade.


As queimadas que os matutos da roça faziam para ‘preparar a terra para o plantio’ ficavam bem distantes da cidade.


Estamos pagando o preço do ‘progresso’ com a destruição do nosso verde, tanques, córregos para a implantação dos espigões de concreto armado com até trinta andares.


Até a nossa vizinha Chapada dos Guimarães está pegando fogo.


O ‘céu cinzento’ aguarda o dia terminar com o ‘sol vermelho’ se escondendo na linha do horizonte.


A minha geração sofre com o que fizeram com a nossa cidade, e nada fizemos para defendê-la!


Gabriel Novis Neves

05-09-2024




ARRUMAÇÃO DE LIVROS


Ganho muitos livros, especialmente, de autores mato-grossenses.


Leio no escritório do piso térreo do meu apartamento.


De vez em quando sou obrigado a guardá-los no escritório da cobertura.


Ontem precisava consultar um livro de genealogia de autoria do meu saudoso irmão Pedro.


Com o calor insuportável, janela fechada, céu de queimadas com o sol alaranjado, o ambiente onde digitava e abrigava a pequena biblioteca não me favorecia na identificação do livro que procurava.


Deixei o trabalho para o dia seguinte com ajuda da cuidadora, encontrar o livro que procurava.


Cedo iniciei a arrumação dos livros, alojando-os no armário do quarto vizinho.


Deixei as preciosidades ao meu alcance na mesinha ao lado do laptop.


Como sempre escrevo sobre meus familiares, a consulta ao livro do Pedro é uma necessidade.


Ele fez um trabalho de pesquisa sobre as nossas famílias que demorou anos.


Esteve, inclusive na Europa para saber a origem do Novis que desembarcou em Salvador na Bahia, e seria o meu trisavô materno.


Gabriel de Souza Neves, meu avô por parte de pai, era de família tradicional cuiabana, casado com uma carioca, filha de gaúcho com argentina.


Esses dois livros estão sempre ao meu alcance para tirar as minhas dúvidas e orientar as gerações mais novas.


Também ‘brincar’ com os cuiabanos antigos, chamados de ‘tchapa e cruz’, ao afirmar que o Bugre do bar era filho de carioca.


Um livro da Bíblia Sagrada e 365 dias com os Salmos.


No Salmo de hoje 24 de agosto:


‘Deus te coroa de amor e compaixão’.


É celebrado o Deus Amor agradecendo os benefícios recebidos.


Bem municiado com dicionários, sinto-me à vontade para escrever sobre o cotidiano.


Gabriel Novis Neves

24-08-2024




quarta-feira, 11 de setembro de 2024

PENSAR DÓI

 

O escritor Ruy Castro publicou recentemente um artigo instigante dizendo que ‘pensar dói’.


Relata que pesquisadores universitários holandeses chegaram à essa conclusão após analisar cerca de 358 tarefas cognitivas.


A análise foi feita com o auxílio de um programa especial da Nasa, o que dá mais autoridade do que a de pesquisadores limitados a só usar o cérebro.


Certas atividades cerebrais, como fazer cálculos matemáticos, ou tomar decisões que envolvam um sim ou não de vida ou morte, provocam sensações orgânicas que podem ser classificadas como dolorosas.


Segundo o estudo, quanto maior o esforço mental, maior o desconforto físico.


Não é preciso pensar muito para se chegar a esse óbvio.


O estudo não considera a hipótese de todo o esforço mental ser relativo.


Ele pelo menos admitiu certa possibilidade de diferença entre as pessoas, citando estudantes universitários e militares — imagino que cada um numa ponta do espectro cognitivo.


Continuando, Ruy Castro diz que o que o espanta é a conclusão que ‘pensar dói’ tenha vindo de uma instituição da Holanda, país admirado por produzir pensadores em tantos ramos.


Eram holandeses os dois pilares da filosofia (Erasmo e Spinoza) atividade cuja única ferramenta é o pensamento.


E não há registro que Erasmo e Spinoza sofressem de lombalgia ou dor de dentes por pensar.


Holandeses foram pintores, como Van Gogh, Rembrandt, e pintar envolve decidir em um segundo se se dá esta ou aquela pincelada.


E alguns dos jogadores mais cerebrais da história do futebol eram holandeses — Cruyff, Van Basten.


Vieram provar que nem sempre o cérebro precisa estar na cabeça.


Os holandeses inventaram também a fita cassete, o CD e o DVD, e temos de lhes ser gratos por isso.


Mas depois os desinventaram —e pensar nisso, sim, dói.


Gabriel Novis Neves

08-09-2024




terça-feira, 10 de setembro de 2024

FATO INUSITADO


Pela primeira vez na história Republicana do Brasil temos notícia de um desfile militar de 7 de setembro, no qual o Presidente da República desfila em carro aberto e acena para o vento.


O povo não saiu de casa para aplaudi-lo e comemorar a Independência do Brasil.


O desfile foi de militares com familiares assistindo e alguns ministros e autoridades no palanque presidencial.


Tivemos ausência notadas, como da primeira dama e congressistas importantes.


E o Presidente da República de carro aberto acenava para o vento.


Alguns militares, durante o desfile viraram o rosto para não cumprimentar o mandatário supremo da nação.


A democracia é o povo no poder, mas neste 7 de setembro preferiu ficar em casa.


Enquanto não tinha gente nas ruas de Brasília, a avenida Paulista em São Paulo estava apinhada de gente.


Dezenas de milhares de pessoas deixaram as suas casas para comemorar a Independência do Brasil e ouvir o ‘capitão’ prestar contas do seu mandato presidencial da carroceria de um caminhão.


Sem ‘esquemas de segurança’ e alguns assessores, lembrou das barbaridades jurídicas que foi vítima para que não ganhasse as últimas eleições presidenciais.


Em 2018 um partido político, no dizer do ‘mito’ ficou encarregado de assassiná-lo em Juiz de Fora, quando a sua vitória era evidente por maioria dos votos.


Como não deu certo, ele assumiu à Presidência e escolheu os melhores candidatos para os ministérios e autarquias.


Estas, que eram deficitárias, passaram a dar lucros.


O ‘capitão’ continua a percorrer o Brasil todo, de norte a sul, centro-oeste, fronteiras, nos braços do povo.


Está sempre na multidão tomando cafezinho em botequim.


Um ministro do Supremo Tribunal Federal que é nomeado politicamente para o cargo, ‘decretou’ a sua ilegibilidade para as próximas eleições.


O povo quer votar no ‘mito’, mas a justiça não deixa.


Enquanto isso, o atual Presidente da República, só comparece em eventos em locais fechados, não podendo sair às ruas para não ser molestado aos gritos.


Para fazer o tempo passar, viaja para o exterior.


Após o desfile em que acenou para o vento, partiu para a Índia bem longe daqui.


A democracia é o melhor regime para governar uma nação, e o seu chefe viver entre a população.


Quando isso não acontece, não temos democracia.


Gabriel Novis Neves

08-09-2024




segunda-feira, 9 de setembro de 2024

SÁBADO DIFERENTE


Este sábado de 7 de setembro foi duplamente diferente: primeiro não houve o almoço da família, pois todos os meus filhos, netos, noras, genro, bisnetos estavam em viagem social.


Em segundo lugar era o aniversário da minha filha e de uma neta.


Pensei que com o passar dos anos, seria um ato normal.


Estou acostumado com a casa cheia aos sábados, ainda mais em um feriado nacional, e dois aniversários para comemorar.


Como diz uma amiga, não estou só: em pensamento estou sempre bem acompanhado.


Ultimamente, vivo muito em pensamento que foi transformado em meu companheiro de todas as horas.


Gostaria de ter viajado com todo esse pessoal tão querido, e teria conhecido a namoradinha do meu neto.


Mas se isso fosse há dez anos atrás.


Estaríamos todos juntos, numa cidade que amo, onde vivi a minha juventude, e lutei para ter um título para trabalhar.


Cidade onde conheci a minha mulher que constituiu essa linda família comigo.


O tempo passou rápido demais, impedindo os meus deslocamentos atuais.


Só um irresponsável se aventuraria a uma viagem, deixando uma cidade onde você tem de tudo, para uma onde sou um desconhecido.


Tenho cuidadoras vinte e quatro horas por dia, com controle dos quarenta e quatro medicamentos que tomo.


Tomo banho sentado na cadeira vigiado por elas.


Barba feita pela enfermeira-cuidadora.


Cadeira de rodas para locomoção, e adaptação do Cepap para dormir.


Durmo cedo num grupo que dorme tarde.


E sempre por perto de mim, ‘um braço amigo’ para apoio.


Em pensamento passeio o dia todo com eles distantes, mas morrendo de saudades.


As distâncias sempre foram fonte de inspiração para escritores e poetas.


Quanta beleza já vi em forma de lindas canções, boleros, com o ‘tema distância’.


Quero aproveitar a parte boa que as distâncias me propiciam, para enfrentar este resto de dia.


Amanhã estarão todos aqui, quando ‘lamberei’ minhas crias.


E a nova semana inicia-se com a sua terrível rotina: pagamento salgado do condomínio, mais uma parcela do IPTU.


Gabriel Novis Neves

07-09-2024




sábado, 7 de setembro de 2024

POLÍTICA


Não estou acompanhando pelos jornais e canais de rádio ou televisão os programas políticos ‘gratuitos do Tribunal Regional Eleitoral”.


Muito menos os ‘debates políticos’ diários.


Além de chatos e cansativos, candidatos a vereador apresentam projetos de Presidentes da República.


Isso os vereadores, já os candidatos a prefeito, juram que vão transformar a cidade em verdadeiro paraíso.


E o eleitor cansado e desiludido procura ‘o menos pior’, e aí que está o perigo para a zebra aparecer.


Quanto mais conhecido o candidato menos votos receberá, dando lugar à aventura por um desconhecido.


Já elegemos um ‘cacareco’ em São Paulo.


Presidiário, corruptos, palhaços de circo, ator de filmes pornô, e tantas outras extravagâncias propícias ao aparecimento das zebras.


Aqui a zebra para eleição de prefeito está muito bem colocada nas pesquisas.


Seu eleitor é ‘mudo’, ou ‘esconde’ o seu voto.


A eleição para vereador é a mais difícil de todas, e depende do serviço prestado do candidato ao seu bairro.


Sei em quem vou votar, cumprindo a minha função de cidadão, mas sem a mínima esperança que no cargo os eleitos farão alguma coisa para mudar a cara de Cuiabá, e melhorar os seus serviços essenciais.


Estava me esquecendo do valor do financiamento da campanha. 

Quem não tiver muito dinheiro, ou grupos econômicos apoiando, dificilmente ganhará uma eleição em Cuiabá ou nos Estados Unidos da América do Norte.


Tudo tem um preço em uma eleição: desde os ‘santinhos’, ‘adesivos’ em carros, ‘depoimentos’ nos programas eleitorais enaltecendo as qualidades dos candidatos, gasolina para os cabos eleitorais e viaturas.


Os candidatos devem estar preparados para as ‘facadas’ diárias dos seus cabos eleitorais para pagar a conta da luz cortada, pagar o enterro de um parente querido, comprar remédio para o filhinho com febre.


Por aí vai a ‘via crucis’ do sumidouro de recursos da campanha.


Esse negócio é tão bom, que daqui há dois anos teremos eleições gerais.


Aí é o tesouro nacional que arca com as maiores despesas.


Quem está lá quer ser reeleito e não quer sair.


Quem está de fora quer entrar.


Deu para perceber em quem vou votar?


Gabriel Novis Neves

04-09-2024






sexta-feira, 6 de setembro de 2024

PERDI O MEU PASSADO


Com o avançar dos anos ganhamos uma preciosidade, que é o nosso passado.


Felizes daqueles que perceberam a tempo de guardá-lo.


Por falta de orientação, ou ignorância mesmo, coloquei a perder uma fase linda da minha vida, que foi a de estudante no Rio de Janeiro.


Durante a minha longa permanência na Cidade Maravilhosa, todas as semanas recebia uma carta da minha mãe Irene e respondia na mesma semana.


Eram verdadeiras relíquias que não soube preservá-las, e hoje muito me arrependo.


O mesmo aconteceu com as que remeti para a minha mãe, que não jogava nada fora.


Com as duas mudanças que ela fez depois de viúva, acredito no desaparecimento das minhas cartas escritas para ela.


Na época eram difíceis as fotos, mas as cartas frequentes.


Fazia sucesso na ocasião um samba cantado por Isaurinha Garcia: ‘Quando o carteiro chegou, e o meu nome gritou, com uma carta na mão’.


Essa sensação prazerosa tinha todas as semanas na pensão ao receber as cartas da minha mãe.


Ela escrevia bem, sempre dando boas notícias e, a melhor de todas, que eu teria uma nova irmã.


Éramos oito e agora seremos ‘noves neves’, brincava ela.


A melhor notícia que dei a ela foi a minha aprovação no vestibular de medicina da Praia Vermelha, e anos depois que eu iria me casar com uma argentina carioca!


Como gostaria de ter essas cartas comigo!


Ficaria mais enriquecido como pessoa e escritor.


Quantas lições esquecidas poderia aproveitar na educação dos meus netos e bisnetos.


Como era gostoso receber cartas da minha mãe, hoje substituídas pelo whtsap!


Sei que os tempos são outros, mas infelizmente a Internet retirou as emoções de um bilhetinho escrito à mão.


Não poucas vezes a leitura terminava com os meus olhos cheios de lágrimas.


Sou do signo das emoções e não sei viver sem elas, com essa estranha sensação que perdi o meu passado.


Gabriel Novis Neves

02-09-2024