Reflito muito sobre a hora de partir desta para o plano espiritual.
‘Penso na morte todos os dias, e isso me faz viver’.
Tenho 89 anos completos e acho que isso acontecerá na casa dos noventa, portanto, daqui a poucos anos.
Embora saiba que a única certeza da vida é a morte, tenho medo da doença que leva à morte.
De velório, cemitério, sepultura.
Coroa de flores, algodão nas narinas, velas acesas.
Braços cruzados na altura do peito.
Gente chorando.
De deixar os meus amores pela incerteza do reencontro.
Como será e o que encontrarei?
Não gosto de pensar nisso, respeitando a minha religião.
Com tantos anos dedicados ao exercício da medicina, acompanhei muitos pacientes à sua última moradia.
Aí tive a consciência da morte.
A doença parece ‘preparar’ o enfermo para a própria morte.
Eu e todo mundo queremos viver eternamente.
Tenho forças para viver, mas o problema é a maldita da doença que vai corroendo essas forças nos preparando para a morte.
Uma doença grave que evolui deixa a pessoa enfraquecida, e chega a uma situação em que ela perde as forças e para de reagir.
Se for uma morte violenta, por tiro, por exemplo, ela é rápida.
Já a doença de causa grave tem a evolução para a morte.
Como foi difícil para mim fazer essas elucubrações, já que tenho pavor da morte!
Acompanhei mortes doídas, como da minha esposa e irmã, vítimas de doença incurável.
As duas tinham alegria de viver.
No final, esgotadas pela doença, se entregaram.
Chegou a morte.
A conclusão é que é desnecessário temer o fim da vida.
Gabriel Novis Neves
12-10-2024
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