terça-feira, 12 de novembro de 2024

QUEM PROCURA ACHA


Meu irmão caçula, quinze anos mais novo que eu, é supercuidadoso quando o assunto é a sua saúde.


Frequenta consultórios dos melhores especialistas da cidade, e segue à risca o que lhe é recomendado.


É o que chamamos de ‘rato de consultórios e laboratórios’.


Não fuma, raras vezes bebe uma cervejinha, aposentado por tempo de serviço, faz serviços domésticos e curte a sua casa em condomínio na Chapada do Guimarães.


Hoje me telefonou cedo dizendo que tinha dado ‘zebra’ no seu último exame de sangue, de tão sofisticado, foi realizado fora da cidade, que é possuidora de três escolas de medicina.


Disse que não sairá de casa dia de chuva, pois ‘se cair um raio acertará a sua cabeça’.


É o velho ditado popular: ‘quem procura acha’!


Há alguns anos eu era vítima de infecção pulmonar de repetição. Internei-me em hospital qualificado e fui submetido a uma bateria de exames de sangue.


A infectologista que cuidou de mim descobriu que o meu organismo fabricava ‘imunoglobulinas e subclasses’ em doses insuficientes para as defesas do meu organismo.


Há três anos passei a fazer todos os meses ‘infusões de imunoglobulinas’.


Nunca pedi esse exame a nenhum cliente, e no meu período de exercício profissional desconhecia esse exame.


Minha mulher saiu da academia de ginástica e foi ao laboratório de ultrassom.


Sem sintomas ou pedidos médicos pediu ao meu filho, que é especialista em imagens, que ‘olhasse’ seu abdome, especialmente os rins.


Ele ‘achou’ um pequeno tumor sólido no polo inferior do rim esquerdo de 7 milímetros.


No linguajar médico isso é chamado de ‘achaloma’.


Sou a favor da medicina preventiva que salva muitas vidas, onde ‘prevenir’ é melhor que ‘remediar’.


O que me entristece é que poucos têm acesso às novas tecnologias da medicina moderna e morrem de causa desconhecida, sempre de ‘parada cardíaca’.


Gabriel Novis Neves

15-10-2024




segunda-feira, 11 de novembro de 2024

OSSOS DO OFÍCIO


Passei a manhã toda escolhendo as crônicas que publicarei até o final da próxima semana, com festas, e feriados religiosos.


Tenho o maior zelo com os textos programados para divulgar, respeitando sempre a opinião dos leitores.


Depois que ganhei o meu blog em 2009 iniciei a publicar as minhas crônicas.


Houve época que escrevia para todos os jornais da cidade, revistas e sites.


Hoje, blog e mídias sociais.


Quando deixei de publicá-las nos jornais, aboli de escrever sobre dois assuntos: política partidária e resultados dos jogos de futebol.


Inventei há pouco tempo em enviar aos meus favoritos das Listas de transmissão, um antigo sucesso musical da nossa MPB.


A ilustração das crônicas cativou os leitores, de responsabilidade do editor-fundador.


Conversando com a cidade, abordando o cotidiano, ganhei muitos amigos e amigas, que me alegram a alma.


Escrevo interrompido pelos comentários da crônica do dia.


À noite, bate-papo sobre as músicas encaminhadas.


Afastei a solidão que a vida me impôs há 18 anos, quando a Regina partiu para o plano espiritual


Com os filhos casados, fiquei só no meu apartamento.


A idade avançada vem para todos nós, e aos poucos fiquei mais em casa, deixando as atividades de médico.


Impulsionado pela saudade passei a escrever adoidadamente.


Fazia rascunhos nas folhas do caderno e depois passava para o computador.


Até então só escrevia anamneses e relatórios cirúrgicos.


Caminhava pelas ruas e avenidas, e tudo que via servia de motivação para minhas elucubrações.


Foi a maneira saudável para enfrentar a velhice com dignidade.


Revisar crônicas antigas em uma manhã não são ossos do ofício, título deste texto despretensioso.


É um chamamento dos leitores à leitura da matéria publicada.


Faço isso com prazer e gosto muito do tutano do osso com arroz.


Que manhã gostosa foi esta da escolha de crônicas!


Gabriel Novis Neves

23-10-2024




domingo, 10 de novembro de 2024

IDEOLOGIZAÇÃO DA NOTÍCIA


Toda eleição livre e democrática tem que ser comemorada pelo mundo civilizado.


Terminada a eleição para Presidente o povo norte-americano só pensa nas festas natalinas e posse do Presidente eleito em janeiro do próximo ano.


A mídia brasileira acompanhou as apurações e, após a declaração do vencedor, tivemos as intermináveis mesas redondas das televisões com os especialistas em política internacional.


Os jornalistas da mídia escrita e redes de televisão, seus correspondentes nos mais importantes países do mundo teceram longos comentários enaltecendo a candidata derrotada.


Interessante que os brasileiros que moram nos Estados Unidos votaram no Republicano vencedor.


Pelo tiquinho que li e assisti muitos jornalistas brasileiros sentem-se frustrados com o resultado das urnas.


Dão verdadeiras aulas de democracia ao povo americano, chegando a afirmar que eles não sabem votar.


O apresentador do telejornal, outrora líder de audiência, chegou a ficar incomodado com a cantarola dos eleitores do candidato vencedor, dizendo ser a mulher desafinada.


Os jornalistas estão de luto com a eleição do candidato dos Republicanos, pouco se importando com a destruição do Líbano pelo exército de Israel, municiado pelos Estados Unidos da América do Norte.


Enquanto a mídia brasileira se comportar como de uma republiqueta sul-americana, o Brasil será um pais sem credibilidade internacional.


Deixei de ler esse noticiário de ideologia ultrapassada para escrever uma crônica de ressaca eleitoral.


O Stanislau Ponte Preta, Millôr Fernandes, Péricles e lá atrás o Barão de Itararé, fazem muita falta nesses momentos.


Mostravam com elegância e poucas palavras, o ridículo de certas posições.


Imagino o que o Péricles faria de caricatura no seu quadro do ‘Amigo da Onça’ da revista o Cruzeiro.


O que escreveria o Millôr Fernandes, no seu ‘Pif Paf’?


E o nosso Stanislau, filósofo de Copacabana, com seu ‘Festival de besteira que assola o país’?


É ruim viver onde a ideologização da notícia existe!


Gabriel Novis Neves

06-11-2024




sábado, 9 de novembro de 2024

CHUVA DE LIVROS


No mesmo dia ganhei dois importantes livros, ambos escritos por mulheres.


Um de uma advogada de Cuiabá, e outro de uma médica de São Paulo, ambas com belos currículos.


A cuiabana relata um romance que permeia três gerações.


O pano de fundo é o descobrimento das minas de ouro em terras mato-grossenses.


É um romance de duas irmãs apaixonadas por um mesmo rapaz.


Uma delas marca o encontro na praça em frente a um coqueiro torto, apelidado de Gogó da Ema, por se parecer como pescoço dessa ave do pantanal.


Sueli Rondon dá o emblemático nome de Gogó da Ema ao seu romance, tendo o cuidado de usar com maestria os acontecimentos históricos e o linguajar da época.


O da médica geriatra e psicóloga Ana Cláudia Quintana Arantes, aborda um tema que é ainda tabu: a morte.


A médica relata que em toda a sua vida profissional enfrentou dificuldade para ser compreendida e entendida em um aspecto muito importante para o paciente.


Ela argumentava com seus colegas médicos que o paciente merece toda atenção, principalmente quando não há mais chance de cura.


Agora os Cuidados Paliativos, defendidos por José Pedro Rodrigues Gonçalves, têm status de política pública, recebendo do Estado a atenção com que a autora sempre sonhou.


Ousando despraticar as normas, agindo diferente do convencional, ela mostra a todos nós como poderemos encher de significado a própria vida, a fim de que ‘a morte seja um dia que valha a pena ser vivido’.


Com alma de poeta, Ana Claudia Quintana Arantes assim prefaciou o seu livro: ‘A morte é um dia que vale a pena viver’.


‘Impensável morrer


Impossível aceitar


Improvável não sofrer


Inevitável ser feliz


Imperdível o tempo por aqui...


Inesquecível é o Amor’


Continua filosofando na sua Introdução:


‘Se você expressar o que habita em você, isso irá salvá-lo. Mas se você não expressar o que habita em você, isso irá destruí-lo’


Jesus — Evangelho de São Tomé


Neste livro a autora faz questão de dizer que cuida de pessoas que morrem.


Ela chama nosso poeta Manoel de Barros, para explicar:


QUEM SOU EU


‘Eu tive uma namorada que via errado.


O que ela via não era uma garça na beira do rio. O que ela via era um rio na beira de uma garça. Ela despraticava as normas. Dizia que seu avesso era mais visível do que um poste. Com ela as coisas tinham que mudar de comportamento. Aliás, a moça me contou uma vez que tinha encontros diários com suas contradições’.


Quase todo mundo pensa que a norma é fugir da realidade da morte. Mas a verdade é que a morte é uma ponte para a vida. Despratique as normas.


Vale a pena ler os livros das escritoras cuiabana e paulista.


Gabriel Novis Neves

08-11-2024




sexta-feira, 8 de novembro de 2024

SÁBADOS SEGUIDOS


Não houve almoço da família durante dois sábados seguidos em minha casa.


Um motivado pelo casamento da minha neta caçula e outro por ser feriado nacional.


Gostaria de me despedir da minha neta Bruna e do meu bisneto Lourenço que moram em Portugal.


Eles voltarão para o Natal, quando teremos tempo para comemorar o nascimento de Cristo.


No último sábado de outubro não veio ninguém para o almoço, pois todos estavam envolvidos com o casamento da minha neta Nathalia com o Lucas.


Foi montado um ‘quartel-general’ na casa da minha neta Camilla, onde todos se reuniram para o embelezamento, com manicures, cabelereiros, maquiadores, costureiras.


Foram oito mulheres e três crianças.


Os homens arrumaram os cabelos e fizeram a barba.


A noiva vestida de branco com véu e grinalda foi acompanhada pelo seu pai no carro dirigido pelo motorista da família rumo ao Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora.


Eu estava presente à cerimônia religiosa, e percebi o quanto mudou no recebimento desse sacramento da lei de Deus.


Era tudo tão simples, e o casamento era para a vida toda.


Minha filha casou em 1985, e os noivos receberam os cumprimentos após a cerimônia religiosa na igreja.


A evolução de costumes foi tão rápida que um ato simples foi transformado em espetáculo de alto custo.


Ou é assim ou o casal se junta.


Tudo começa na festa do noivado.


Os preparativos para o casamento têm o seu início com a confecção do vestido para o grande dia, fora de Cuiabá, geralmente São Paulo.


Convites impressos, contratação de um cerimonial e bufê.


Não pode faltar uma banda nacional e música eletrônica.


O noivo, com bastante antecedência providenciava o local da lua de mel, bem distante daqui.


Nada que um dia de viagem de avião não chegasse ao lugar escolhido.


Era uma pequena ilha perdida no oceano Índico, cujo único acesso é por hidroaviões.


O retorno será por Dubai, com o seu aeroporto mais movimentado do mundo.


De volta ao seu torrão natal irão para o próprio apartamento, com dois carros na garagem.


Gabriel Novis Neves

02-11-2024




quinta-feira, 7 de novembro de 2024

ELE TINHA RAZÃO


Há dias publiquei uma crônica lembrando a famosa frase atribuída ao político baiano Juracy Magalhães: ‘o que é bom para os Estados Unidos da América do Norte é bom para o Brasil’!


Hoje, dia das eleições presidenciais nos Estado Unidos, a grande mídia impressa, falada e televisada só fala nisso.


Quando das eleições presidências do Brasil a imprensa americana, nem toda, dá uma notícia no rodapé dos seus noticiários, e acabou!


Discutem qual o eleito seria melhor para o Brasil, e a esquerda e direita tupiniquim estão divididas entre o candidato milionário e a advogada, atualmente vice-presidente dos Estados Unidos.


Espero ser bombardeado por notícias sobre a apuração o dia todo.


A primeira urna apurada deu empate entre os candidatos.


Até ontem as pesquisas apontavam empate técnico.


Nossos irmãos do Norte do continente americano não usam a urna eletrônica, e a apuração dos votos em papel e pelo correio pode demorar.


Também o voto não é igual em todos os Estados.


Os americanos são tradicionalistas e votam de acordo com a sua Constituição promulgada em 1787.


Ela é respeitada e imexível.


O Brasil teve sete Constituições desde o Império: as de 1824, 1891, 1924, 1937, 1946, 1967 e a de 1988.


Nossa última Constituição foi modificada 140 vezes.


Só um estudioso constitucionalista para saber as regras do nosso regime, que se diz democrático.


Tenho pavor ao nome democracia pela semelhança à burocracia.


Nossa Constituição possui tantos atalhos, que o pagador de impostos, para se valer dos seus direitos, precisa de vários bons advogados e paciência, pois a nossa justiça é lenta.


Os professores da nossa universidade federal há trinta anos lutam nos tribunais superiores para terem retornados aos seus holerites, os 28,86% dos seus salários sequestrados indevidamente.


Já ganhamos em todas as instâncias superiores, mesmo assim esperamos pela sua restituição.


Muitos professores já vivem no plano espiritual, outros envelhecidos perderam a esperança de serem restituídos em seus direitos.


Espero que no horário do futebol deem um descanso às notícias das apurações das eleições americanas e transmitam os jogos do brasileirão.


Gabriel Novis Neves

05-11-2024




N.E. : Juracy Montenegro Magalhães (Fortaleza, 4 de agosto de 1905 – Salvador, 15 de maio de 2001). 

24° (1931-1937) e 34° (1959-1963) Governador da Bahia. 

Ministro da Justiça e Negócios Interiores do Brasil (19 de outubro de 1965 até 14 de janeiro de 1966)

Ministro das Relações Exteriores do Brasil (17 de janeiro de 1966 até 15 de março de 1967)

BRINCAR COM A VELHICE


Como sou prático em relação ao envelhecimento, muitas vezes sou mal compreendido.


Acho uma dádiva divina chegar onde cheguei, administrando os meus dias com alegria.


Sempre tive preocupação com o meu futuro e dos meus, sabendo que ‘filho criado, trabalho dobrado’.


Como vim de família numerosa, de limitados recursos financeiros, tive a noção exata de ser independente financeiramente, encaminhando os meus filhos ao ensino superior.


Missão cumprida, meus netos sem exceção, seguiram seus pais.


Tinha pavor de sofrer humilhações financeiras na velhice, período reservado ao convívio direto com os bisnetos.


Como é bom brincar com essas criancinhas, que logo serão adultas, distanciando-se dos mais velhos!


A verdadeira beleza da velhice é a beleza da nossa alma, não é a beleza do corpo nem da aparência.


Eu tenho alegria e encantamento de viver intensamente cada momento.


Ivo Pitanguy, que foi médico do embelezamento do corpo, nos deixou aos 89 anos a seguinte receita:


‘Para envelhecer bem é preciso saborear as pequenas alegrias do tempo presente e se adaptar às mudanças inevitáveis, e muitas vezes indesejáveis, que acontecem na velhice’.


‘Eu não levo a sério a velhice, eu não brigo com ela, prefiro brincar com ela’.


‘É preciso ter tesão na vida para brincar com a própria velhice’.


Da família Novis Neves, falta pouco para eu bater o recorde de permanência na Terra, que é da minha mãe Irene com 92 anos.


Ela brincou intensamente com a velhice, sempre alegre, cantando e dançando, escrevendo versos para serem musicados.


Depois de viúva não aceitou morar com nenhum filho.


Alugou um apartamento e contratou uma cuidadora.


Comia de pensão e nos fins de semana passava comigo, ou outros filhos.


Planejou, e muito bem, a sua velhice independente e feliz.


Gabriel Novis Neves

29-10-2024






terça-feira, 5 de novembro de 2024

MINHAS TRÊS QUEDAS


Após os 85 anos tive três quedas — a mais importante no banheiro.


Senti que iria cair e não possuía forças para me sustentar em pé.


Consciente, escolhi a porta de entrada do banheiro para desabar, batendo fortemente a região occipital no chão.


Não houve ferida aberta, apenas um enorme hematoma, ‘chamado de galo’, e escoriações generalizadas.


Fui colocado na cama pelas cuidadoras e fiquei em observação, temendo o hematoma cerebral.


Compressas de gelo no primeiro dia e de calor depois.


Fiquei roxo durante trinta dias, especialmente no rosto e membros superiores.


Graças a Deus me safei sem sequelas desse acidente doméstico.


Um ano depois, ao me levantar da cama, caí abruptamente batendo a cabeça nas maçanetas das gavetas da minha mesinha do quarto, quebrando com o occipital uma delas e entortando a outra.


Chamei por socorro para alcançar o colchão da cama do meu dormitório.


Não houve ferida, apenas escoriações pelo corpo e o ‘galo’ occipital.


Este ano eu consegui cair no espaço entre a minha cama e a mesinha ao lada da cabeceira.


Nos três casos não houve necessidade de exames de imagens.


Daí para frente, só levanto da cama com o apoio de um ‘braço amigo’.


A campainha de mão passou a ser a minha companheira inseparável.


Tomo banho de chuveiro sentado na cadeira, e não faço mais a barba de pé em frente ao espelho do banheiro.


Sou portador de disautonomia, uma doença que afeta o sistema nervoso autônomo, responsável por comandar ações automáticas, sem que haja interferência do paciente.


Um dos sinais mais frequentes da disautonomia é a dificuldade em ficar de pé por muito tempo devido à ocorrência da tontura, hipotensão e queda.


É uma doença que não mata e não tem cura.


O melhor remédio é sempre ter um ‘braço amigo’ para me levantar e caminhar.


Essa é a razão que não saio mais de casa, a não ser para ir ao médico e dentista.


Muitos estranham a minha ausência nesses eventos festivos, e o motivo é a disautonomia.


Procuro ser o mais cuidadoso possível para evitar outras quedas, uma das três causas mais frequentes de óbitos em idosos.


Gabriel Novis Neves

04-11-2024




segunda-feira, 4 de novembro de 2024

PROFISSÕES DO FUTURO


O fundador da Microsoft, Bill Gates,, afirmou recentemente que as profissões do futuro serão aquelas cujas áreas principais são a energia, biologia e a própria Inteligência Artificial.


As máquinas vão conseguir, em pouco tempo, assumir tarefas rotineiras.


Ele é pioneiro na revolução da computação pessoal.


Como tem apenas 68 anos, ele desconheceu muitas profissões que desapareceram com as suas descobertas científicas.


O mundo desenvolvido tecnologicamente está dividido em antes e depois de Bill Gates.


Lembro de tantas profissões que foram substituídas por máquinas, que a geração dos meus bisnetos desconhece.


Seria enfadonho citar nomes, mas farei um exercício com a minha memória, e nomear algumas profissões extintas.


Acendedor de lampiões: antes da eletricidade ser comum, trabalhadores acendiam manualmente lampiões de gás nas ruas.


Datilógrafo: profissionais que digitavam documentos em máquinas de escrever foram substituídos por computadores.


Telefonista: trabalhadores que conectavam chamadas telefônicas manualmente foram substituídos por sistemas automáticos.


Operador de telégrafo: o telégrafo foi substituído por métodos mais rápidos, como telefone e internet.


Leiteiro: trabalhadores que entregavam leite diariamente nas casas foram eliminados por mudanças logísticas e a criação de supermercados.


Projecionista de filmes: com a automação dos sistemas de projeção digital, o operador manual de projetores foi dispensado.


Linotipista: quem operava linotipos para a composição de textos para jornais e livros foi substituído por editores digitais.


Pregoeiro de rua: divulgadores de produtos ou informações nas ruas foram substituídos pela publicidade em mídia digital e impressa.


Afiador de facas de rua: antigamente afiadores eram comum em centros urbanos; hoje, as facas são descartáveis ou as pessoas têm ferramentas caseiras para afiar.


Operador de elevador: muitos prédios tinham operadores para manusear o elevador, mas com a modernização dos elevadores automáticos, essa profissão se tornou obsoleta.


Dessa relação só não peguei o acendedor de lampião.


O pregoeiro de rua era também conhecido como camelô.


Impossível falar sobre o pregoeiro de rua, sem lembrar de Sílvio Santos, multiempresário bilionário e o caso de maior sucesso financeiro de um camelô de rua.


Lustrador de sapatos, fotógrafo de filme analógico, leitor de água/luz, entregador de jornal, taquígrafo, operador de mimeógrafo, operador de caixa de banco, não existem mais.


A sociedade exigiu e o mundo mudou!


Gabriel Novis Neves

25-10-2024





domingo, 3 de novembro de 2024

O QUE É BOM PARA ELES É PARA NÓS?


Um celebre ministro brasileiro, certa ocasião em uma entrevista à jornalistas, teria afirmado que: ‘o que é bom para os Estados Unidos da América do Norte é bom para o Brasil’.


Essa frase infeliz é atribuída ao ministro baiano Juracy Magalhães, na década de 1960.


Roberto Campos por defender a intervenção estatal na economia, desde que ligada ao desenvolvimento do setor privado capitalista, e sem preconceito com o capital estrangeiro, lhe rendeu a reputação de ‘entreguista’, e o apelido irônico de ‘Bobby Fields’, tradução literal de Roberto Campos.


Essa lembrança da minha juventude no Rio de Janeiro, veio a propósito da comemoração em 31 de outubro, do ‘Dia das Bruxas’.


Essa festa teve o seu início no século 19 nos Estados Unidos da América do Norte, pais não católico apostólico romano.


Comemorava o final do verão e início do inverno, mês do Natal e Papai Noel.


As pessoas fantasiam de bruxas, e se divertiam como no nosso carnaval.


Não me lembro dessa festa macabra quando jovem.


O Brasil é um país católico, e essa festa é considerada pagã, para os católicos apostólicos romanos.


De uns anos para cá, com forte apelo comercial a ‘festa das bruxas’ passou a ser comemorada em Cuiabá.


Uma minoria da nossa população e até famílias católicas ‘enfeitam’ suas crianças, vestindo-as de ‘bruxas’.


Se essa festa é comemorada na Disneylândia, por que não aqui?


E lá vão as bruxinhas festejar.


Gostaria de saber se os adultos também, caem nessa gandaia?


Adoramos copiar os piores exemplos estrangeiros em tudo.


Basta citar que os nossos grandes heróis, são russos, chineses, gregos, cubanos, nicaraguenses, venezuelanos, e até uruguaios!


Considero um desserviço prestado à nossa juventude essa mania de copiar modelos inadequados, unicamente por serem estrangeiros.


Tentamos ‘vender a nossa cultura raiz’ aos chamados países civilizados, sem sucesso.


É intensa a visita de caciques do Parque Nacional do Xingu do Norte do nosso Estado, aos países desenvolvidos, em vez de percorrerem nossas universidades para ministrarem aulas de antropologia.


Enfim, é mais fácil copiar que criar!


Gabriel Novis Neves

01-11-2024





SEMPRE MELHORAM


Às vezes sinto que alguns textos que escrevo estão ‘azedos’.


Quando isso acontece, deixo passar alguns dias e releio-os.


Com pequenas e necessárias adequações, começo a gostar deles e vez ou outra é a ‘cara de um dia especial’.


Escrevi na primeira quinzena de outubro um texto que me pareceu muito ‘azedo’.


Depois de alguns dias ele era a ‘cara’ para reflexões no Dia de Finados.


É importante o 2 de novembro, e qual de nós não fica triste com lembranças dos nossos amores que nos deixaram para o plano espiritual?


Nas entradas de todos os cemitérios de Cuiabá, a feira livre existe no Dia de Finados.


Comercializam espetinhos de carne bovina feitos na hora com pimenta e farinha.


Bolo de arroz, de queijo, água de coco, garrafinhas de água.


Flores e velas.


É o comercio de finados funcionando a todo o vapor.


Personalidades históricas estão ali descansando eternamente.


Com o crescimento das cidades, e o advento da cremação, a tendência é o desaparecimento dos ‘campos santos’.


Ficaremos mais rudes afetivamente, e a vida se encerra sem deixar vestígios.


O suicídio assistido ainda não é permitido no Brasil, mas há um forte trabalho para não condenar a eutanásia.


Aqueles que escolhem esse caminho, e têm recursos, vão à Europa e são considerados heróis nacionais pela grande mídia.


Os defensores da eutanásia, dizem ser a morte com dignidade.


Os pobres cometem o suicídio nas suas mais variadas formas.


Andar por certos lugares na cidade do Rio de Janeiro, é um suicídio.


Assim como assistir aos jogos no Maracanã ou Arenas em São Paulo.


Escrever crônicas por lazer, me permite voar na minha imaginação, não muito distante da nossa realidade.


Enfim, sempre melhora, não só as crônicas ‘azedas’, como o nosso modo de viver aqui na Terra.


Gabriel Novis Neves

24-10-2024




sexta-feira, 1 de novembro de 2024

TENHO MEDO DE MORRER

 

Reflito muito sobre a hora de partir desta para o plano espiritual.


‘Penso na morte todos os dias, e isso me faz viver’.


Tenho 89 anos completos e acho que isso acontecerá na casa dos noventa, portanto, daqui a poucos anos.


Embora saiba que a única certeza da vida é a morte, tenho medo da doença que leva à morte.


De velório, cemitério, sepultura.


Coroa de flores, algodão nas narinas, velas acesas.


Braços cruzados na altura do peito.


Gente chorando.


De deixar os meus amores pela incerteza do reencontro.


Como será e o que encontrarei?


Não gosto de pensar nisso, respeitando a minha religião.


Com tantos anos dedicados ao exercício da medicina, acompanhei muitos pacientes à sua última moradia.


Aí tive a consciência da morte.


A doença parece ‘preparar’ o enfermo para a própria morte.


Eu e todo mundo queremos viver eternamente.


Tenho forças para viver, mas o problema é a maldita da doença que vai corroendo essas forças nos preparando para a morte.


Uma doença grave que evolui deixa a pessoa enfraquecida, e chega a uma situação em que ela perde as forças e para de reagir.


Se for uma morte violenta, por tiro, por exemplo, ela é rápida.


Já a doença de causa grave tem a evolução para a morte.


Como foi difícil para mim fazer essas elucubrações, já que tenho pavor da morte! 


Acompanhei mortes doídas, como da minha esposa e irmã, vítimas de doença incurável.


As duas tinham alegria de viver.


No final, esgotadas pela doença, se entregaram.


Chegou a morte.


A conclusão é que é desnecessário temer o fim da vida.


Gabriel Novis Neves

12-10-2024