Chegar à crônica de número 3.800 é mais que um número.
É memória acumulada, é persistência e — principalmente — é gratidão.
Nunca planejei atingir esse marco. Comecei timidamente, num fim de ano, com as crônicas “Currículo do meu pai” e “Confissão”, em 25 de dezembro de 2009.
Era véspera de Natal e eu sentia a necessidade de compartilhar sentimentos. De lá para cá vieram dias de entusiasmo e outros de desalento — como na vida de qualquer cronista.
Mas segui em frente, sempre escrevendo — mais por necessidade íntima do que por obrigação.
As crônicas nasceram da observação cotidiana, do espanto diante do mundo, do carinho pelos personagens simples de Cuiabá, da saudade de tempos e pessoas queridas.
Muitas vezes surgiram no silêncio das madrugadas ou entre risadas de almoços em família.
Algumas, confesso, foram resgatadas da lixeira digital. Outras, sopradas pela memória ou inspiradas por um comentário ao pé do ouvido.
Cada texto carrega algo de mim — e, ao mesmo tempo, pertence aos leitores que me acompanham com generosidade. São eles que dão sentido à rotina de escrever todos os dias.
Com 90 anos de idade, encerro mais um ciclo, sem fechar a porta para o próximo.
Enquanto houver assunto, vontade e saúde, seguirei com minha velha rotina: sentar ao computador e conversar com o mundo.
Escrever, para mim, é respirar. É meu elo com o tempo, com as lembranças e com a vida.
Ninguém chega sozinho a lugar algum.
Por isso, divido essa conquista com quem lê, comenta, critica e partilha das minhas palavras.
Todos podem acessar ao blog Bar do Bugre, organizado por ano e mês, facilitando a navegação e a leitura das publicações.
A marca histórica está aí. Mas não é o ponto final. É apenas uma vírgula no tempo.
Amanhã, se Deus quiser, escrevo mais uma.
Gabriel Novis Neves
18-06-2025
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