Deitei-me com sono às vinte e quinze horas, e fui acordado pela enfermeira às oito e meia da manhã seguinte.
Se dependesse de mim, dormiria ainda mais.
O pior é que acordo sonolento com vontade de voltar para a cama após o café.
Conversando com uma contemporânea sobre esse assunto, ela me disse que está habituada a dormir depois da meia-noite.
Fica assistindo filmes e seriados na televisão até as primeiras horas da madrugada. No dia seguinte, acorda cedo, sem sono, pronta para os afazeres da casa.
Eu era assim — e me tornei isso.
O médico parteiro dorme pouco e está sempre pronto para o trabalho.
Durante mais de quarenta anos os plantões noturnos fizeram parte da minha rotina. E, na maioria das vezes, eu sequer pregava os olhos.
No dia seguinte trabalhava em dois períodos. E quantas vezes fui acordado durante a madrugada para fazer partos!
Sou da época em que as crianças escolhiam o dia e a hora para nascer.
Hoje, nascem por parto operatório — a mãe decide o momento, e os parteiros já não são mais incomodados durante a noite.
Na juventude abusei do trabalho noturno para aprender e melhorar meus rendimentos.
Tinha disposição de sobra, mesmo dormindo pouco.
Ouvia dizer que os idosos dormem pouco. Mas os velhos que conheci dormiam cedo, na ‘boca da noite’.
Depois, debruçavam-se nos parapeitos das janelas para conversar com os notívagos ou se recolhiam ao escritório para ler ou escrever.
Pouco antes do amanhecer, à luz de lampião, preparavam o seu guaranazinho, ralado no pau do guaraná, enquanto a casa ainda dormia.
Como eu gostaria, ao menos, de acordar sem sono!
Tomaria meu cafezinho e, desperto, viria para o escritório. Leria as mensagens no celular e no computador.
E em seguida começaria a escrever minhas crônicas.
Estou muito perto de completar a crônica de número 4.000 — o que espero alcançar até dezembro.
Gabriel Novis Neves
17-06-2025
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