Como as crianças amam a casa dos avós! O brilho em seus olhinhos revela felicidade. Passar o dia na casa dos avós — almoçar, brincar, tomar banho, jantar e se possível dormir —completa o cardápio da alegria.
Criança sempre gostou de dormir na casa dos coleguinhas e voltar triunfante no dia seguinte para a sua própria casa.
Na rua de Baixo, onde nasci e morei até os dez anos de idade, guardo até hoje a satisfação de ter dormido na casa da dona Rosa Mutran, com Rosa, Leila e Janete.
Acordava com ares de vencedor e, feliz voltava para casa. Tudo que era servido no café da manhã tinha um gosto especial — bem diferente do meu tradicional ‘quebra torto’.
O inverso também acontecia.
Crescemos, mudamos de endereço e esses elos de amizade foram se esvaindo. Ainda assim, mantenho contato com algumas colegas de infância.
Já passei da fase de avô em que minhas netas eram apaixonadas pela avó.
Quando a minha primeira neta nasceu, o puerpério foi na casa da avó — embora o avô fosse médico e parteiro.
Morávamos em endereços distintos, mas, todas as sextas-feiras, ao entardecer, minha neta vinha passar o final da semana conosco, retornando para casa no domingo à noite.
Assim foram celebrados seus primeiros aniversários, sempre na casa dos avós, no Porto.
Hoje, a casa dos avós, continua despertando fascínio nos meus bisnetos.
Em março, minha bisneta mais velha completou 8 anos. Embora seus pais tenham uma excelente casa, ela fez questão de receber os amiguinhos na casa dos avós.
A bisneta caçula também celebrará o seu primeiro ano lá.
Para as crianças é uma felicidade esse aconchego. Para os avós, um verdadeiro motivo de vida.
As festas de Natal e Ano-Novo marcaram a inauguração da nova casa da minha filha. Daqui em diante, os grandes eventos serão realizados por lá.
Estive reparando no último almoço aqui em casa: com exceção da minha neta que vive em Portugal — ausente com marido e o filho — a mesa do almoço ‘encolheu’. Já não cabe mais ninguém.
Lembrando que os bisnetos almoçam com as suas babás, na mesa de seis lugares, na copa da cozinha.
Poderíamos usar o salão de festas da cobertura, mas meus joelhos não me permitem subir a escada.
Por enquanto, vamos mantendo a tradição.
Gabriel Novis Neves
20-04-2025