Tenho mais de mil fotos no meu celular, para consultas imediatas.
E treze pastas entupidas de fotos no meu laptop.
Isso porque de quando em vez abro uma pasta nova no meu laptop e alojo-as lá.
Devido às facilidades, é impossível nos dias de hoje não ser fotografado nas reuniões de sábado com a família reunida.
Meus filhos, netos e bisnetos, adoram ser fotografados e fotografar.
Tenho inúmeras fotos deles, desde que nasceram.
As visitas que recebo, e são poucas, eu as fotografo.
O meu álbum de fotos está em constante renovação.
São fotos da minha família, e de flores e folhagens do meu jardim, verdadeiras relíquias.
Quando preciso de alguma foto, como a senha do Wi-Fi do meu apartamento, demoro muito a encontrá-la, com exceção das flores e da família que lotam o meu álbum do celular.
Da minha infância guardo algumas.
A primeira no colo da minha avó Eugênia com meses de nascimento.
Em 1935 era uma dificuldade conseguir uma foto em Cuiabá.
Outra no aniversário de três anos, na casa da rua de Baixo, onde nasci.
E brincando na Praça do Lido, no Rio de Janeiro em 1939.
Fantasiado ao lado da minha irmã Yara no carnaval cuiabano de 1940.
Uma foto nas escadarias do Colégio Estadual com meus colegas, em 1952.
Houve um apagão de fotos até março de 1953, quando viajei para estudar no Rio de Janeiro.
Tirei uma fotografia de última hora para a minha carteira de identidade.
Devido à urgência, meu pai recomendou que eu procurasse ‘o lambe-lambe’ na Praça da República, em frente à Catedral.
Essa foto me deu muita dor de cabeça quando cheguei ao Rio.
A minha primeira carteira de identidade era um livrinho de capa e contracapa.
Como a foto foi tirada na Praça, com sol do meio dia, era não retratava fielmente o fotografado.
Na primeira semana de abril minha mãe me avisou que o valor da mesada estava depositado na agência do Banco do Brasil, centro da cidade.
Tinha o dinheiro contado para pagar a passagem do bonde de Botafogo, onde era a minha pensão, até o ponto final, que era no Largo da Carioca, no centro.
No retorno teria o dinheiro que sacaria do Banco.
Chegando ao Banco o funcionário que me atendeu pediu a minha carteira de identidade.
Abriu a carteirinha leu tudo e se dirigiu ao fundo do salão onde se encontrava o gerente.
Este leu, releu, olhou para mim à distância e conversou com o funcionário que retornou para me atender.
Disse que havia um depósito a meu favor, mas não poderia me repassar, porque a foto e a descrição do meu biotipo, não batiam com a realidade.
Diante do meu desespero ele me aconselhou a procurar um parente ou amigo, para comparecer ao Banco com sua carteira de identidade para receber a minha mesada em dinheiro.
Meu tio advogado compareceu e tudo foi normalizado.
A foto do lambe-lambe fez a Secretaria de Segurança de MT, identificar-me como sendo de ‘cútis parda e bigode ralo’...
Nos outros meses não houve problema e a minha situação de identidade foi regularizada com a carteira do Ministério da Guerra, como tenente médico da reserva do Exército Brasileiro.
Quando morei no Rio de Janeiro, guardei uma foto com a cabeça raspada e boina azul na mão, do trote de calouros em 1955, e outra de 1956 com o uniforme do CPOR ao lado da ambulância do exército.
Fotos da minha formatura de 1960, da equipe Cata Preta do Souza Aguiar em 1962, e casamento em 1963.
As fotos foram banalizadas pelo advento dos celulares, guardadas em caixas do laptop, substituindo os álbuns.
Gabriel Novis Neves
20-12-2024
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