Nem vale a pena repetir,
mas vou fazê-lo, pois é do domínio público: a rede de saúde pública do nosso
Estado está entre as piores do Brasil.
A situação se agrava ainda
mais quando o paciente necessita de tratamento hospitalar.
Não possuímos o mínimo de
leitos exigido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), além de não serem
observadas as leis do humanismo.
Os pobres carentes desses
cuidados especiais, ou morrem ou apelam para a justiça, onde conseguem, com
facilidade, uma liminar exigindo que o governo providencie a internação.
Esses infelizes são então
encaminhados para os poucos hospitais privados, geralmente na capital do Estado.
Mandado judicial não se
discute: cumpre-se.
Para a nossa população ter
uma ideia do seu valor, as liminares judiciais atingiram o patamar de cem
milhões de reais, o equivalente a mais de dez por cento do orçamento global da
Secretaria de Saúde de Mato Grosso.
Daí a dificuldade na
transferência de recursos para os hospitais prestadores dos serviços
solicitados por liminares.
Como resultado dessa
situação, muitos hospitais da capital e interior faliram, fechando suas portas
e aumentando ainda mais essa desumana situação.
Outros permaneceram com as
suas portas abertas, no caso os filantrópicos, porém, desativaram muitos dos
seus leitos para não desaparecem, agravando, ainda mais, o caos na nossa saúde
pública.
Existem ainda os hospitais
comunitários, que num esforço descomunal e sem recursos repassados pelo Estado,
apresentam comprometimento na sua eficiência terapêutica.
Desse jeito, não tem santo
que consiga organizar a fila de atendimento da Central de Regulação de Internação
Hospitalar.
Pela liminar o paciente
fura a fila e, muitos casos graves que há meses esperavam uma internação,
sucumbem na prolongada espera.
A justiça, no sentido de
ajudar, acaba prejudicando o atendimento do SUS.
Deveria ser mais enérgica
ao exigir do poder público o bom funcionamento daquilo que existe, solicitando e
cobrando o aumento dos leitos hospitalares, criminosamente diminuídos nestes
últimos dez anos.
O ativismo judicial tem
contribuído para ampliar, involuntariamente, o caos na saúde e, o pior, a
justiça não tem responsabilidade pelos pagamentos das internações por liminares
e, tampouco, com os seus resultados.
Até quando isso irá assim
permanecer? A corda está podre, prestes a se romper.
Com a solução os nossos
políticos.
Gabriel Novis Neves
25-10-2013
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