sexta-feira, 25 de março de 2022

COMO SE FOSSE HOJE


Lembro-me que em uma tarde chuvosa de oito de abril de 1995, feriado municipal por ser aniversário de Cuiabá, tive um encontro com o Dr. Altamiro Galindo em meu consultório na Femina.


Dr. Altamiro era reitor-proprietário da Universidade de Cuiabá (UNIC).


Veio me fazer uma última proposta para implantar o curso de medicina em uma universidade privada.


O curso já estava criado e seu vestibular marcado para o final de abril.


Ponderei ao reitor, que acabara de me aposentar na UFMT como professor universitário com apenas o curso de graduação, em regime de quarenta horas semanais.


Havia planejado exercer daqui para frente a minha profissão de médico de consultório até quando minhas forças me permitissem.


Foi uma longa conversa de convencimento do reitor que se tornou meu amigo, assim como toda a sua enorme família.


A noite chegava, abri a minha agenda e mostrei-lhe o que iria abandonar, já que medicina exige tempo integral e dedicação exclusiva.


Sem pestanejar, vendo a minha agenda de consultas lotadas e o número de cirurgias que realizava por mês, propôs um contrato de professor em 40 horas e dedicação exclusiva e gratificação do cargo de diretor.


Desnecessário lembrar o apoio do reitor e seus vice-reitores: Prof.ª Célia Galindo e o médico Abrão.


Para as disciplinas de anatomia, histologia e embriologia do 1º ano do curso médico, foram contratados os Profs. Prates, Manoel e Francis, todos da famosa Escola Paulista de Medicina, como supervisores dos professores já existentes na UNIC.


O prof. Francis terminou adotando Cuiabá como sua cidade, tem quatro filhos cuiabanos, e me sucedeu na direção da faculdade de medicina.


Hoje, com a sua mulher Bianca são professores concursados da UFMT, onde sua esposa com “pós-doutorado” coordena a área de saúde da UFMT, inclusive a medicina.


Outras disciplinas eram ministradas com os professores da área da saúde: bioquímica, odontologia, fisioterapia, enfermagem, psicologia, anatomia e histologia.


A partir do 2º ano médico contratamos professores e ex-alunos da UFMT, todos com títulos de pós-graduação, e aproveitamos os da UNIC com qualificação.


Para se avaliar a qualificação dos médicos formados pela UNIC, as minhas médicas são ex-alunas.


A minha única neta que escolheu a medicina como profissão, graduou-se na UNIC, e hoje por concurso é médica Residente2, em ginecologia e obstetrícia na UFMT!


A UNIC possui hospital próprio.


Adquiriu o antigo Hospital Geral e Maternidade de Cuiabá e o transformou no moderno Hospital Geral Universitário (HGU).


As pedras encontradas nesse caminho foram muitas e só citarei duas verdadeiras “pedras cangas”:


A tentativa de anulação do 1º vestibular por um Procurador Federal de Justiça e a grande resistência do Conselho Regional de Medicina de MT, para o novo curso de medicina para Cuiabá.


A UNIC ganhou na justiça de Brasília a autorização para o seu funcionamento e o vestibular marcado foi realizado.


A maioria dos filhos dos membros do CRM se tornaram médicos estudando na UNIC.


Finalizo lembrando aquela velha história que dizia que “entre mortos e feridos todos se salvaram”.


Gabriel Novis Neves

08-03-2022




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