sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

SUPERSTIÇÕES E CRENDICES POPULARES


Dizem as superstições  e crendices que na primeira refeição do ano não devemos comer carnes de animais que “ciscam” para trás, pois a ingestão delas "iria impedir nosso progresso ao longo do ano".   


Com isso, muitos frangos, perús e outras aves escaparam da mortandade havida nessa data.  Para os supersticiosos vale apostar na carne de porco, cordeiro ou peixe, garantia de um ano com muito dinheiro.


Quando mais jovem, o dia 31 de dezembro era de uma terrível tortura para mim. Tudo começou quando do meu regresso do Rio de Janeiro.   Morava com mulher e filha de três meses de idade na Rua Floriano Peixoto, ao lado da Escola Técnica.


A minha vizinha, bem mais idosa, com filhos crescidos e netos, morava só com seu marido já aposentado.   Muito acolhedora, logo se tornou nossa amiga e orientadora. Nascida em Santo Antônio do Leverger, era moradora há anos em Cuiabá.


Supersticiosa e apegada às crenças populares, também conhecia os efeitos medicamentosos de folhas e raízes; conhecimentos  que nos ajudaram no início da nossa vida no trato com crianças pequenas para criar.


No dia 31 de dezembro de 1964, lá pelas oito horas da noite, apareceu em minha casa para nos visitar.  Encontrou-me de bermudas, camiseta, com a minha filha no colo, balançando tranquilamente em uma cadeira de balanço, na saleta de entrada da pequenina casa.


Perguntou para mim se não iria passar o réveillon em algum clube da cidade. Respondi que não tinha com quem deixar a minha filhinha.  Foi logo procurar a Regina, que estava nos fundos da casa, preparando a cama da neném. Indagou como iríamos nos vestir para receber o ano novo.


Regina lhe respondeu que estaria dormindo de camisola azul-clarinho e eu de bermuda cáqui e camiseta branca. A neném toda de branco como todas as crianças.


Minha vizinha ficou desesperada. Pediu permissão para abrir o guarda-roupa. Escolheu uma roupa apropriada para Regina e para mim, onde o branco e amarelo não podiam faltar de jeito algum!


Foi à sua casa e nos trouxe romã e ensinou-nos como utilizá-la.  Depois recomendou para ter o cuidado de não comer na nossa primeira refeição de 1965 galinha e peru.


O primeiro presente que ganhamos no ano novo foi a gravidez do nosso segundo filho, que nasceu em setembro!


De lá para cá "levo cola" escrita de tantas superstições para entrar com sorte o ano novo. Tem dado certo para mim e para minha família, desde então, em que tudo de bom acontece, graças a Deus e às crendices daquela vizinha, natural de Santo Antônio do Leverger.


Gabriel Novis Neves

22-12-2021










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