sábado, 29 de setembro de 2012

COSTUMES E CENSURA


Fala-se muito em liberdade de pensamento, transparência, ética, respeito humano e tantas outras coisas, que estou até desconfiado.
A esmola quando é demais o pobre desconfia, diz a sabedoria popular.
Não vejo nada da tão propalada moralização neste momento histórico cheio de paixões.
As eleições se aproximam, e os defensores das liberdades civis e dos valores morais, obnubilados pela cegueira de interesses pessoais inconfessáveis, sem perceberem, negam esse direito aos que são contrários a sua prepotente vontade.
O rei está nu quando isso acontece. E como tem rei nu nesta cidade!
O quadro de traíras cada dia aumenta mais, cujo alimento é produto dos cofres públicos.
Operador não é mais o médico-cirurgião, mas o caixa dois dos políticos. Esse tipo de operador político é hoje uma profissão das mais valorizadas. E como operam!
São geralmente pessoas com pouco preparo intelectual, arrogantes, sem ética e base familiar.
Convidadas ou não, estão sempre presentes aos eventos, seja de qual natureza for.
Desinibidos, estão muito à vontade para impor as suas vontades.
Antigamente, aqueles que se julgavam no direito de distinguir o certo do errado, tinham o nome de censores.
Hoje são defensores da liberdade de expressão.
Que motivação podem as pessoas sentir diante de tais exemplos?
É na emoção e no poder que melhor conhecemos as pessoas.
Diante das misérias que afloram neste momento, o mínimo que se espera diante desses fatos é o total e irrestrito repúdio aos seguidores dessa ideologia.
Peço também que não me venham com essa história de soldados na defesa dos bons costumes, da ética e da moral.
O medo implantado pelos poderosos é a pior das censuras, pois tolhe no nascedouro qualquer possibilidade de liberdade.
O futuro é incerto para os nossos direitos de cidadãos. Voltar ao passado, nunca! Avancemos na procura de um mundo de humanos.

Gabriel Novis Neves
27-09-2012

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Legado da Copa


A menos de dois anos dos jogos da Copa, Cuiabá já aparece de cara prestes a ser nova graças aos canteiros de obras em algumas avenidas da cidade e na Arena Pantanal.
Quem vê os custos dessas obras, especialmente as do VLT e Arena, tem a impressão que neste Estado tudo corre às mil maravilhas.
Essas obras são para os olhos, e não, para o coração da nossa população.
Esta tem outras prioridades: uma educação de qualidade para seus filhos; saúde para todos; segurança e malha viária para transportar as suas riquezas em igualdade de competição com os outros Estados; a falência da corrupção sem controle e a sua companheira, a impunidade.
A situação dos municípios mato-grossenses é a mais crítica possível com o abandono do governo estadual.
Repasses para a saúde não são encaminhados, causando verdadeiro estado de terror aos seus habitantes.
Escolas estão dispensando os alunos por falta de merenda escolar.
A má conservação das estradas faz com que o produtor, especialmente os de grãos, perca milhões de reais com o escoamento de seus produtos até aos portos de exportação.
A segurança no Estado não existe por falta de recursos para contratação de pessoal concursado, e a nossa dívida cada dia aumenta mais.
Únicos setores que trabalham sem reclamação sobre os atrasos de repasses, são os poderes Legislativo, Judiciário e Tribunal de Contas.
Dizem que o Estado está tão endividado e pagando elevados juros, que a única prioridade, no momento, é o pagamento do pessoal, inclusive os grevistas.
As greves dos funcionários federais estão quase concluídas e, no Estado, pipocam descontentamentos dos servidores, especialmente os da saúde.
O Ministério Público é ignorado pelas autoridades executivas no seu dever constitucional de obrigar o Estado a fazer os repasses legais.
A falta de autoridade é tamanha, que os índios bloquearam as principais rodovias do Estado e não vi nenhum político na área de conflito para negociar a desocupação da estrada principal.
Houve necessidade de uma intervenção federal para que o bloqueio fosse cessado.  Se Brasília não resolver, novas paralisações e prejuízos já estão anunciados.
Enquanto isso, a FIFA veio ver as nossas atrasadas obras faraônicas, e o Ronaldo Fenômeno se espantou ao constatar que, das cidades sedes da Copa, Cuiabá ocupa o último lugar entre os voluntários para trabalhar.
Preocupa-me o legado que a Copa irá deixar para o interior do Estado.

Gabriel Novis Neves
13-09-2012

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

MUDANÇA RADICAL


O Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso foi fundado dentro da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Lula, e todas as atuais estrelas do ex-partido ético, perambularam pelos corredores da matriz.
Era impossível não ter simpatia por um partido cujo presidente era um jovem metalúrgico aposentado por acidente de trabalho.
A ética era a sua principal bandeira e o estatuto do partido a sua constituição.
Foi assim que o PT, que pregava eleições diretas para presidente da República, não votou em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral.
Foi assim que o PT não assinou a Constituição Cidadã do Doutor Ulisses Guimarães.
O PT era um partido intransigente com os seus princípios estatutários.
Combatia, sem concessões, a corrupção, a impunidade, o fisiologismo e o nepotismo.
Defendia a oportunidade para todos, liberdade de expressão e a ideologia socialista trabalhista.
A educação era a estrada para um Estado mais justo.
Para ingressar como militante no Partido dos Trabalhadores era necessário ter o currículo aprovado pelo rigoroso Conselho de Ética. 
Certa ocasião, a ex-prefeita de São Paulo pelo PT, Luiza Erundina, foi convidada para exercer um cargo de ministra em um governo adversário do PT.
O Conselho de Ética do partido não aprovou a sua intenção.
Em 2003, o PT de Mato Grosso era oposição ao governo do Estado.
Quando fui nomeado Secretário da Saúde do Estado convidei o Lúdio Cabral para assumir o cargo mais importante na secretaria, que era cuidar da Atenção Básica da Saúde.
Quando saiu a nomeação, do agora candidato a prefeito de Cuiabá, o diretório do PT se reuniu e colocou a faca no pescoço do meu colega e amigo competente: “ou você fica no PT ou vai servir ao Estado onde somos oposição”.
Meu ex-aluno optou por servir ao seu Estado de adoção. Foi-lhe dado um prazo para que pedisse demissão.
A sorte do Lúdio, foi que, com 23 dias de exercício do cargo, pedi demissão e encerrei a minha carreira de serviçal público.
A publicação do ato da minha exoneração no Diário Oficial saiu junto a do Lúdio.
Enquanto o PT foi ético, e era o partido das grandes cidades, Lula foi derrotado três vezes para presidente da República.
Quando convidado para ser candidato pela quarta vez consecutiva, disse que aceitaria só se fosse para ganhar.
Neste momento os escrúpulos foram enterrados, e Zé Dirceu, aliado ao Duda Mendonça, o elegeram presidente.
Dirceu, montando o esquema que agora estourou. Duda Mendonça, o transformando em paz e amor.
Lula ganhou a eleição e governou com os seus maiores adversários políticos. Fez uma verdadeira miscelânea política, a qual batizou de base de sustentação política do governo.
Como exemplo, entregou o Banco Central a um banqueiro internacional e deputado federal pelo PSDB, dando-lhe toda a autonomia.
Cooptou uma base de apoio no Congresso Nacional a troco da ‘merenda’.
Esse sistema abandonava a ideologia e nivelava o PT aos demais partidos que lutavam pelo poder apenas pelo poder.
Essa montagem funcionou até o deputado aliado Roberto Jéferson abrir a sua caixa de ferramentas na Câmara dos Deputados.
Surge a CPI do mensalão, cuja conclusão está sendo julgada no Supremo Tribunal Federal (STF).
Zé Dirceu e Roberto Jéferson foram cassados pela Câmara dos Deputados, com perda dos seus direitos políticos.
O PT nivelou-se aos outros partidos, e hoje luta apenas pelo poder, utilizando os métodos que outrora condenava.
Situação difícil para os velhos companheiros!
Vejam a situação de Cuiabá. O bom candidato do PT a prefeito é visceralmente contrário à política do governo do Estado com relação à saúde pública.
O seu maior cabo eleitoral, que é o governador do Estado, privatizou a Saúde Pública.
Agora, surge para comandar a sua campanha, e aparecer na mídia, o ex-secretário das políticas que o Lúdio sempre combateu.
Diante desses fatos, ficou claro que o PT sofreu mudanças radicais, para pior.

Gabriel Novis Neves
24-09-2012

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Uruca


Quando um projeto encontra uma pedra no caminho, como no poema de Carlos Drummond de Andrade, em cuiabanês dizemos que está com uruca, diminutivo de urucubaca.
Cuiabá está tão cheia de urucas que os seus moradores nem se importam mais com elas.
Uma das mais jovens delas está completando dez anos de vida. Após ter nascida como Hospital Neurológico, mudou para Hospital das Clínicas e, finalmente, teve a sua inauguração anunciada como Hospital Infantil por governadores e prefeito.
Como compromisso de campanha eleitoral foi matéria obrigatória de todos os candidatos, de senador a vereador.
Vice e suplentes não têm compromissos com o eleitor, e sim, com o cabeça de chapa.
No início deste ano, o governador anunciou que em julho estaria funcionando em Cuiabá o tão necessário Hospital Infantil, referência de alta complexidade para todo o Estado.
Acontece que os recursos próprios do Estado, praticamente, estão todos comprometidos com o pagamento da folha de pessoal e com as obras da Copa.
Imaginava o governador que seria fácil levantar junto ao Ministério da Saúde - ainda mais com o apoio do seu partido e da nossa prestigiada bancada federal - o dinheiro necessário para o funcionamento da nossa prioridade, que é atender as crianças de todo o nosso território.
Como acontece nos governos que administram de cima para baixo, e chamam esse método de ‘gestão participativa’, o recurso disponível era para investir em um Hospital de Transplante de Órgãos.
O governador foi colocado em uma sinuca de bico. Não tinha como cumprir com a palavra empenhada de entregar, funcionando em julho, o projeto que o consagraria na área social.
Se não aceitasse os recursos parcelados para o futuro, e coloca futuro nisso, para o Hospital de Transplantes, daria chances a oposição de criticá-lo, dizendo que rejeitou recursos federais para a nossa combalida saúde públicas.
Para tapar o sol com a peneira, determinou que se fizesse, a toque de caixa, uma Audiência Pública, ou inutilidade pública, para discutir a implantação do Hospital Infantil, agora nos escombros do abandonado Hospital das Clínicas no CPA.
O investimento seria realizado em parceria com a iniciativa privada.
Os presentes à Audiência protestaram, com toda a razão. Sabemos que o governo do Estado está com os cofres do tesouro vazios, e esse esqueleto de hospital tem problemas jurídicos que exigem longo tempo para a sua liberação.
O Hospital Infantil, mais uma vez, servirá de bandeira aos demagogos candidatos das próximas eleições.
Daquele mato no CPA, não sai coelho.
Quanto ao futuro hospital de transplantes de Cuiabá, não ficou claro na ‘doação’ do Ministério da Saúde, com quem ficará a gestão.
O Estado não suporta o custeio desse hospital de alta complexidade, cuja folha de pagamento com pessoal é alta.
Com toda certeza alguma organização Social de Saúde já foi convidada a tocar esse serviço.
O governo federal fez um ótimo negócio, com o aval do governo de Mato Grosso. Atendeu à indústria de equipamentos hospitalares, livrou-se de um projeto de grande investimento e agradou às OSSs.
Sou favorável, por prioridade, ao funcionamento de um Hospital Infantil. Lembro aos leigos que internação de crianças no nosso Estado há muito não é feita pela Central de Regulação.
O caminho é a Justiça, só que agora, devido à ausência do Estado e o saturamento de vagas na rede privada, nem Mandado Judicial é cumprido, e crianças morrem no Estado da Copa por falta de atendimento.
Está provado que no Brasil não existe planejamento e, tampouco, prioridades.
O que vale é o oportunismo administrativo irresponsável.
Ficaremos ainda um bom tempo na fila de espera para conseguirmos um Hospital Infantil e de Transplantes funcionando.
Tem uruca aí!

Gabriel Novis Neves
24-09-2012

terça-feira, 25 de setembro de 2012

ESPERTEZA


Acontecem coisas em Mato Grosso que até Deus duvida. A última delas é que conseguimos passar a perna no governo federal com relação à parte das nossas dívidas.
Antes, nunca ninguém neste país tinha pensado nessa possibilidade.
Pois bem. O nosso governador foi aos Estados Unidos, contraiu novo empréstimo em dólares, pagou o restante de um pacote de dívidas ao governo federal, e ainda ficou com direito a dois anos de carência para começar o pagamento ao banco americano.
Nesse período, terá o caixa do tesouro do Estado engordado com o dinheiro do empréstimo que iria pagar e, o mais importante é que, quando voltar a pagar a dívida ao banco americano, ele não será mais governador.
Esse dinheiro, com certeza, será investido em obras políticas para pavimentar a sua eleição para o Senado Federal.
Julgo ser um risco contrair dívidas em dólares em um momento de crise mundial e eleições americanas.
Banqueiros não costumam entrar em disputa de bola dividida. Sempre lucram e trabalham com informações privilegiadas.
É mais fácil dar trambique no governo federal do que em banco estrangeiro.
Sabemos pela imprensa que o nosso governo vendeu dívidas que tínhamos com juros altos para o banco.
Com certeza, garantias foram dadas para esta transação, só não temos ideia de quais. O governo brasileiro e o Senado Federal estão cientes do negócio e autorizaram o empréstimo bancário.
O nosso governo demonstrou esperteza nessa chamada renegociação da dívida.
Conseguimos juros mais baixos que os cobrados pelo nosso governo federal com um, porém: a dívida foi dolarizada.
Como o dólar é o dobro do real, não entendi essa história de abatimento.
Diariamente, através da imprensa ficamos sabendo dos bons negócios que o governo estadual realiza com bancos internacionais e nacionais, não contando com os recursos federais que tem aportado com abundância no tesouro do Estado.
Ando desconfiado que esses sucessos financeiros servem apenas para justificar as caríssimas viagens internacionais.
Na prática o que vemos são sinais de falta de dinheiro.
Falta financiamento para a saúde pública, repercutindo no repasse de recursos para os municípios mato-grossenses.
O plano de saúde dos servidores do Estado faliu, deixando cerca de cinquenta mil famílias sem cobertura do MTSaúde, e inúmeros prestadores de serviços sem receber o que tinham direito.
Após licitação, as obras do VLT foram suspensas pela Justiça Federal, sob a alegação de irregularidades no contrato.
As obras do puxadinho do aeroporto estão paralisadas por ordem do governo federal até segunda ordem.
O Verdão trabalha por etapas por falta de pagamento das medições.
A Avenida Miguel Sutil está toda esburacada, aguardando concretagem, o que não é feito por falta de pagamentos.
Enfim, não sou economista, tampouco político para traduzir essas espertezas.

Gabriel Novis Neves
19-09-2012

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Sinceramente


Escrevo este artigo com a televisão transmitindo a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF). Fala o relator do processo do mensalão, o Ministro Joaquim Barbosa.
É estarrecedor o que ouço, e todo o Brasil. Com detalhes, o Ministro do STF demonstra como é fácil roubar dinheiro público quando se tem apoio da cúpula do poder.
A frieza, e a certeza da impunidade por parte dos réus, fez com que eles recebessem, sem a menor cerimônia, caminhões de dinheiro.
Começo a acreditar que o mensalão não acabará em pizza, mas sim, no camburão.
O Ministro Relator consegue dissecar com simplicidade, e didaticamente, a história desse assalto que mudará a história do Brasil.
A esta altura, o desespero daquele que sabia de tudo, e cujo nome não consta do processo, deve exigir cuidados médicos.
E pensar que o responsável pela apuração do mensalão foi frei Betto, que se lembrou do nome do Ministro Joaquim Barbosa para o cargo no STF pelo critério do mérito.
Hoje o frei é lembrado como traidor pelos antigos moradores do Planalto, como se indicar alguém de bem para julgar homens, fosse crime contra a honra e soberania nacional.
Este país está virado pelo avesso, e o símbolo nacional de justiça, que é o Ministro Joaquim Barbosa, está reestruturando a nossa dignidade perdida pela corrupção.
Surgiu finalmente a tão esperada luz no final do túnel.
Pelo que ouço, após esse julgamento que os poderosos achavam que conseguiriam empurrar para debaixo do tapete, o país será outro com a sentença condenatória que atingiu o coração do poder.
Pelo menos, a população trabalhadora acredita que um freio foi colocado na bandalheira que tomou conta do Brasil.
Extinguir a corrupção é quase impossível. A grande ferramenta para o seu extermínio não será a polícia, e sim, a educação de qualidade para todos os brasileiros.
Esse dever constitucional é negado exatamente para enfraquecer as instituições e retirar a cidadania dos cidadãos.
Que outros dominicanos apareçam para as próximas indicações na renovação dos Ministros da Suprema Corte.
Sinceramente, o ministro Joaquim Barbosa é o símbolo da justiça deste país.

Gabriel Novis Neves
18-09-2012

domingo, 23 de setembro de 2012

MUNDO DAS ETIQUETAS


O nosso modelo econômico proporciona-nos situações do mais fino humor. O “Deus” do capitalismo é o consumismo desenfreado e o lucro.
É comum pessoas dobrarem o colarinho da camisa que vestem para, só então, emitirem opinião enaltecendo o produto usado, que não passa de um alimento à vaidade.
Se for de grife chique e famosa, e consagrada pelo mercado consumidor, aí então o elogio é farto.
Se o inseguro bisbilhoteiro encontrar o selinho ‘Made in Osmar Cabral’, iremos escutar somente reprovações e silêncio.
É assim que funciona o chamado capitalismo selvagem, onde a beleza é proporcional ao valor do objeto.
O caminho da felicidade, para essas pessoas, é a grife.
No período eleitoral existe um comportamento que merece uma atenção especial dos estudiosos.
Os candidatos a cargos eletivos, na sua maioria, embora capitalistas e representantes do poder econômico, se apresentam como filhos de pais pobres e analfabetos.
Cedo começaram a trabalhar e, com honestidade e sacrifício, construíram o seu patrimônio. Alguns tiveram oportunidade de estudar, e outros não.
Entraram para a vida pública para ajudar ao próximo e, se hoje têm sucesso em seus negócios, devem a sua estrela e competência. Se alguém duvida da sua evolução econômica vertical, poderá consultar a Receita Federal aconselham de forma arrogante. Nunca vi nenhum candidato declarar na televisão que é rico. Lembrando Joãozinho Trinta, pobre gosta de rico. Quem gosta de pobre é intelectual, minoria entre nós, sem força política para eleger ninguém. 

Se um candidato apresentar um programa de governo dizendo que, se eleito, todas as criancinhas nascidas em Cuiabá serão ricas, ele ganhará a eleição no primeiro turno.
Depois de eleito poderá dizer que é rico e nasceu em berço de ouro, ou ficou rico com os excelentes negócios ‘lícitos’ que fez.
O brasileiro se envergonha de dizer que é rico porque esse privilégio hoje está muito ligado às atividades pouco éticas.  
Ouço certas pessoas dizerem, com a maior tranquilidade e cara de pau, que construíram a sua fortuna ocupando, por poucos anos, um cargo público.
A parte hilária dessas eleições, fora o engraçadíssimo programa eleitoral, é que o ex-tudo agora se encontra no ostracismo.  Aparece diariamente na mídia batendo escanteio, cabeceando no gol e agarrando a bola indefensável.
É um verdadeiro craque na arte de como ser visto para explicar sobre as suas virtudes pessoais.
Afinal, ele trabalhou dez anos e pode, perfeitamente, fazer o que gosta. Ninguém tem nada a ver com isso – exceção feita àqueles que deixaram o rabo preso no seu portão.
O mundo das etiquetas é fantástico para quem sabe distinguir uma etiqueta de um caráter.
Confesso que sentirei saudades deste período eleitoral, onde os gatos são todos pardos.
Depois é aquela “sem graceira” de abraços e beijinhos intermináveis, mas com etiqueta.

Gabriel Novis Neves

13-09-2012

sábado, 22 de setembro de 2012

Lula é “Deus”


A ex-sexóloga e fraseóloga (relaxa e goze), da cidade do deputado federal campeão de votos do Brasil (Tiririca), em agradecimento à sua nomeação para o Ministério da Cultura, em substituição a irmã tatuada do Chico Buarque, disparou esta pérola no seu discurso: “Lula é Deus!”.
Forma covarde de insultar a nossa cultura religiosa, principalmente agora que o Natal se aproxima.
As crianças jamais irão entender que Cristo - nascido em uma manjedoura na noite de Natal e filho de santíssima Maria -, tem como pai o Lula, como prega a ministra cabo-eleitoral do ex-ministro da Educação, autor de inúmeras cartilhas pedagógicas.
 
Em nenhuma dessas famosas cartilhas, tão comentadas pelo seu conteúdo educativo, há citação que o seu pai político, é "Deus.”

Os comerciantes também ficaram desolados, com essa revelação da senadora do Estado especialista em eleger celebridades.
Muitos desses negociantes são patrícios do candidato de “Deus” à prefeitura da cidade de São Paulo.
A loira não foi feliz nesse seu agradecimento, tipo puxa-saquismo da pior qualidade possível, e desagradou toda a comunidade cristã e, até mesmo, aos libaneses.
A deslumbrada ministra não podia se esquecer da presidente de Brasília, que assinou o ato que “Deus” pediu para ser publicado no Diário Oficial da União.
Outra pérola da plastificada senadora que se diz aluna do eterno habitante do poder no Brasil, hoje representante do Amapá e seu companheiro-conselheiro, no Congresso Nacional: “Irei formar um trio em São Paulo para eleger o menino do "Deus". 
Lula é “Deus”, a presidente está bem avaliada pelo IBOPE, e eu (Marta) já fiz as obras necessárias quando prefeita.
 
Com toda essa humildade explícita, é bem possível que as coisas ficarão mais fáceis para o candidato da Igreja Universal.

Esse governo tem feito cada negócio para permanecer no poder, que deixa a todos nós, simples mortais, estupefatos.
Desta vez a vítima foi a religiosidade brasileira. Aguardemos os próximos negócios.

Gabriel Novis Neves
13-09-2012

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

DEBATE POLÍTICO NA TV


Assim que terminou o debate político na televisão, o “saite que ninguém lê” iniciou uma pesquisa de opinião pública para saber quem venceu o bate boca.
A pesquisa constava das seguintes opções: os nomes de todos os candidatos convidados, o nome do candidato barrado e para quem não assistiu ao debate.
Não conheço o resultado da apuração. Votei em quem não assistiu e tirou a soneca após o almoço.
Que coisa chata esse modelo de debate! Além de não esclarecer nada, não altera o voto do eleitor.
Ninguém mudará o seu voto porque fulano de tal fala manso, ou beltrano é confesso milionário, filho da terra ou religioso.
O mais interessante é que os chamados candidatos competitivos se esforçaram o tempo todo para esconder os seus principais apoiadores.
Quem não tinha apoiadores a esconder, funcionou como verdadeira metralhadora giratória, atingindo todos os seus adversários apoiados.
Quando se faz política para atingir o poder pelo poder, o resultado é esse que assistimos - as propostas estão todas dependentes do ovo que a galinha ainda vai botar.
Todas as promessas colocadas são inviáveis, pois a prefeitura não tem recursos para bancá-las e o governo do Estado, com o atraso dos repasses para a saúde pública, idem.
É uma verdadeira luta de vale tudo, onde a demagogia e os ataques estão presentes. Inimigos de ontem, amigos de hoje, e vice versa. Cada qual deixa transparecer, nessa exposição televisiva, as suas vaidades inconsequentes, com promessas que sabem que não irão cumprir.
Há menos de um mês das eleições, o desânimo do eleitor é evidente, e dois debates no mesmo estilo plastificado já estão programados. Haja patriotismo para enfrentar esses debates! Sei lá.
A revista Veja apresenta farto material para animar o encontro dos prefeitáveis à noite. Se o debate tiver como tema a nova história do mensalão, acho que a sessão ficará, pelo menos, animada.
Dos cinco candidatos presentes ao debate, três são da base de sustentação ao governo, e terão a obrigação de defender o indefensável.
É a grande oportunidade para que os outros dois candidatos, que não têm esse compromisso, de federalizar o debate, já que se discutiu muito o alinhamento dos governos, municipal, estadual e federal.
Nessa linha de sintonia entre os três poderes, será que essa descoberta do verdadeiro mandante do processo que é julgado no Supremo Tribunal Federal, não irá mudar os rumos do debate?
Tudo é possível acontecer no lixão da nossa política.

Gabriel Novis Neves
16-09-2012

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Até dezembro


Nos últimos anos Mato Grosso tem cadeira cativa no anedotário nacional e com excelentes inserções no livro dos recordes.
O momento máximo dessa nossa conquista aconteceu no governo anterior, quando chegamos a receber, inclusive, troféus internacionais.
 A gente deste Estado não se esquece do Troféu Moto-Serra de Ouro.
Lendo o site Olhar Direto, me deparo com esta preciosidade e, não resisti, encaminhei-a ao livro dos recordes.
Diz o jornal eletrônico: “Silval promete quitar repasses da Saúde até final deste ano”.
Para quem não está ligando a notícia ao que acontece com a Saúde em Mato Grosso, vou tentar explicar.
O governo do Estado, simplesmente, deixou de repassar os recursos da Saúde para os municípios mato-grossenses.
Isso ocasionou o maior apagão social da história deste Estado. Hospitais deixaram de internar pacientes ou foram forçados a fechar suas portas.
Os hospitais Regionais de Sorriso e Colider, administrados pelas Organizações Sociais (OS), estão sem internar pacientes já faz algum tempo.
O Pronto Socorro de Cuiabá, cujo prefeito não está ‘alinhado’, funciona em precária situação, e espera receber do Estado, R$ 6.4 milhões de reais.
Em Várzea-Grande, o prefeito atual é candidato à reeleição, mas não está ‘alinhado’.  O Estado ainda não fez o repasse dos recursos de julho e, para agravar mais a situação, os médicos estão em greve.
O quadro dos pacientes do hospital é tão doloroso que a Comissão de Direitos Humanos deveria dar uma passadinha por lá.
Tanto o Conselho Regional de Medicina, como o Sindicato dos Médicos, já denunciaram esse estado de calamidade pública ao governo do Estado e ao Ministério Público, sem nenhum sucesso que favorecesse aos pacientes.
O Ministério Público encontra dificuldades para conseguir liberar medicamentos na falida Farmácia de Alto Custo, pois suas prateleiras estão vazias.
A nossa Santa Casa está impedida de receber novos pacientes na sua UTI por falta de repasses financeiros do Estado.
Este é o terrível quadro dos nossos pacientes. E é uma fiel radiografia do descaso dos governantes para com a Saúde dos pobres em todo o nosso território.
O governo já privatizou os Hospitais Regionais, e os resultados foram os piores possíveis. Agora, na lista para privatizações estão: o Hemocentro, o Centro de Reabilitação Dom Aquino Correa e o SAMU (Serviço de Assistência Médica de Urgência).
Diante desse verdadeiro tsumani na Saúde Pública de Mato Grosso, o governador se manifestou e disse que esse problema de repasse é antigo – “desde antes de Blairo”.
Louvável a fidelidade ao governo anterior que, em quase oito anos, não conseguiu quebrar esse paradigma de calote às instituições que cuidam da saúde do nosso povo.
Mas, não cabe aqui apontar culpados, isto pode ser analisado depois. Cabe aqui, tão somente, alertar aos senhores do poder, que esses pacientes não suportarão esperar até dezembro para resolver seus problemas de saúde.
Muitos morrerão nas filas de espera para internação ou na espera de um medicamento de uso contínuo.
Não seria o caso, já que as obras da Copa estão atrasadas, deixar de pagar uma medição para esses gigantes consórcios que ganharam as concorrências bilionárias para a construção da Arena Pantanal e do VLT e, com esse dinheiro, pagar o que deve à nossa combalida Saúde Pública?
Esperar até dezembro para atender aos nossos doentes é crime hediondo.

Gabriel Novis Neves
13-09-2012

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

ALINHAMENTO POLÍTICO


Quem de longe acompanha a política brasileira, só tem razões para acreditar em Lavoisier: “Nada se perde, tudo se transforma”.
Em 1964 houve um forte movimento para a queda do presidente constitucional do Brasil, João Goulart.
Na linha de frente do combate estavam praticamente toda a grande imprensa brasileira, empresários, a igreja católica dominante, o movimento das mulheres e parte da população brasileira.
A justificativa para arrancar o carismático Jango Goulart do poder, era que ele iria implantar no Brasil o comunismo com Brizola, Arraes, Julião, Darcy Ribeiro, artistas, intelectuais e estudantes.
Quando a Marcha da Família desfilou, as Forças Armadas, cujo chefe supremo é o presidente do Brasil, bandeou contra Jango, alegando quebra de hierarquia militar.
Todo mundo já conhece o resto da história. Durante 21 anos (1964-1985) tivemos os militares no poder. A Constituição Brasileira foi rasgada e remendada inúmeras vezes.
Em 1965 tivemos eleições para governadores dos Estados, ainda com os partidos políticos existentes, porém enxutos dos seus maiores líderes pela cassação dos seus mandatos.
As vitórias de Negrão de Lima na Guanabara e Israel Pinheiro em Minas Gerais soaram ao Comando Militar, como uma vitória de JK.
Em Mato Grosso, Pedro Pedrossian também não era o preferido dos militares.
Foi demais para os golpistas esses resultados eleitorais. Em 1966, os partidos políticos foram extintos. Surge então o partido de apoio integral ao governo - Arena. O da oposição era o MDB, cujo primeiro presidente foi um obscuro senador acreano, o general do exército Oscar Passos.
A eleição dos governadores passa a ser realizada pelo Comando da Revolução.
Em 1974, o governo dos militares é surpreendido com a eleição de 16 senadores do MDB, e apenas seis da Arena.
Foi criada então a figura esdrúxula do senador biônico, cuja escolha era do Comando Revolucionário e constituía um terço do senado federal.
Os outros eram eleitos pelo voto direto. Foi criado também, para as eleições de 1982, o voto vinculado.
O eleitor era obrigado a votar nos candidatos de um mesmo partido.
A justificativa dos militares era que, elegendo o governador, senador, deputado federal e estadual todos do mesmo partido, os problemas seriam resolvidos mais rapidamente.
Era o alinhamento político criado pelos militares. Um ato de autoritarismo, próprio dos regimes de força. Típico de ditaduras.
O brasileiro, no seu inesgotável bom humor, driblou essa arbitrariedade com o voto camarão.
Cortava-se a cabeça do comandante da chapa, no caso o governador, e votava-se em alguém com condições de enfrentar o sistema.
Com essa manobra, muitos candidatos a governador, agora do PMDB, ganharam do seu rival, o PDS.
É então implantada a democracia (!) em nosso país, com o pluri-multi-partidarismo.
Os anos se passaram com traumas. Morte do Tancredo. Posse do presidente da ARENA, com prorrogação do seu desastrado governo. Eleição e cassação do Collor, com ascensão do Itamar. Eleição do FHC com emenda constitucional possibilitando a sua reeleição e seu efeito cascata para governadores e prefeitos.
Pois não é que o governo atual - que se diz oposição ao governo dos militares - ressuscitou a tese do alinhamento político para ganhar o maior número de eleições municipais?
O pior é que o escolhido para a função de convencimento da tese do alinhamento em Cuiabá foi o ministro campineiro da Saúde, cujo trabalho foi colaborar no fechamento dos poucos hospitais regionais existentes no Estado.
Deixou nu, ou de saia justa, o governador que se diz alinhado. A saúde em Cuiabá está péssima porque o prefeito atual não está alinhado.
Ninguém admira e conhece o Lúdio como eu. A esta altura, ele que enfrentou o autoritarismo do seu partido para me ajudar na secretaria de saúde do Estado, não sabe onde meter a cara.
Lúdio não é prepotente e, tampouco, precisa de artifícios militares para ganhar a eleição em Cuiabá.
Alinhamento político transmite desespero de perdedores e autoritarismo ditatorial.
Lúdio não merecia esse slogan autoritário para a sua campanha, que é o tal de alinhamento.

Gabriel Novis Neves
07-09-2012

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Sociedade condenada


É preciso conhecer a história para não cometermos erros passados. Uma providência simples e, ao mesmo tempo, totalmente ignorada. Por isso continuamos a praticar tantos erros nossos conhecidos.
A filósofa russo-americana, Ayn Raed, uma judia fugitiva da revolução russa, que chegou aos Estados Unidos na metade da década de 1920, mostrando uma visão com conhecimento de causa, escreveu o seguinte texto:
“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada.
Quando compreender que o dinheiro flui para quem não negocia com bens, mas com favores.
Quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência mais que pelo trabalho.
E que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você.
Quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em autossacrifício.
Então, poderá afirmar, sem termos de errar, que a sua sociedade está condenada.”
Quase um século é passado e o país descoberto, por acaso, por Cabral, apresenta características bem semelhantes às proféticas palavras da filósofa Ayn Raed.
Estamos às vésperas das eleições municipais, com debates tão primários entre os candidatos, acusações e xingamentos, que achei útil lembrar ao leitor aquelas profecias tão sábias.
Lendo o que escreveu a filósofa vemos desfilar na nossa memória carapuças adequadas, especialmente aos nossos políticos, com as honrosas exceções para confirmar a regra.
É o filme sem erros do mensalão, o maior assalto realizado por agentes públicos ao Tesouro Nacional, na sentença do Procurador Geral da República.
O Supremo Tribunal Federal (STF) já julgou, e condenou os responsáveis pela parte financeira do escândalo.
O punido, como chefe da quadrilha, vendo-se abandonado pelo verdadeiro responsável pelo roubo, resolveu revelar o nome daquele que a opinião pública de há muito já sabia quem era.
Grandes turbulências políticas nós deveremos atravessar nos próximos dias.
É triste, mas verdadeira. A sociedade brasileira está condenada.

Gabriel Novis Neves
15-09-2012