segunda-feira, 31 de outubro de 2022

COMO A POPULAÇÃO CUIABANA ME VÊ


Quando envio as minhas crônicas pelo Bar do Bugre, alguns leem e não comentam.


Outros comentam.


No dia de “São Lucas” recebi vários cumprimentos e flores (orquídeas brancas esverdeadas) de amigos, ex-clientes e ex-alunos, e de alguns dedicados colegas pelo “Dia dos Médicos”.


Diferente do “Dia do Professor” que foram poucos os cumprimentos, e nada no “Dia do Servidor Público”.


Foi bom para saber como meus amigos e a população cuiabana me veem.


Sempre como “médico”, apesar de ter exercido por 30 anos as funções de “professor universitário” e “servidor público e privado” após a minha aposentadoria.


Gostei dessa demonstração espontânea dos meus leitores, cujo resultado traduz que não fiquei marcado como servidor público.


Iniciei a minha carreira profissional como médico servidor público concursado do Hospital Geral e Pronto Socorro Municipal Souza Aguiar do Rio de Janeiro, após a conclusão do meu curso superior em 15-12-1960.


Injustamente a figura do servidor público é desgastada, sendo associada ao burocrata que às vezes não se dedica a instituição a que pertence, vivendo de atestados médicos generosos, férias, feriados prolongados e gordos holerites com incorporações, e no final, com a sonhada e esperada aposentadoria.


Mesmo tendo lecionado psiquiatria forense na Faculdade Federal de Direito, depois Ginecologia e Obstetrícia aos internos da Faculdade de Medicina da UFMT, até me aposentar como professor titular-fundador.


Ter ocupado funções de professores, como Secretário Estadual de Educação por dois governos (4anos), e implantado nossa Universidade Federal, cargo exclusivo de professores (11 anos), como Reitor-Fundador.


Implantado o curso de medicina da Universidade de Cuiabá (UNIC), privada, onde fiquei por 15 anos, inclusive lecionando e, com atividades pedagógicas, cargo exclusivo de professores.


Nessas instituições de ensino, poucos me chamavam de professor, e sim de doutor (medicina).


Também nunca ninguém me chamou de servidor público, a não ser na declaração anual do imposto de renda, pois tanto o médico ou professor empregado pelos governos, é servidor ou funcionário público.


Constatei nessas comemorações de outubro, que meu nome ficou muito mais ligado à minha função de médico profissional liberal, que outras que exerci.


Por quê, não sei.


Gabriel Novis Neves

28-10-2022




CHAMADA DA ENTREVISTADORA


Recebi um vídeo da apresentadora da TBO canal 8.1, Laura Campos, convidando para assistir ao seu programa na próxima segunda-feira dia 31 de outubro às 22 horas, e citando o entrevistado.


Além de inteligente e preparada, a Diretora Geral da TV, sabe como ninguém usar as palavras para, em segundos, definir o personagem do seu programa.


Há duas semanas gravei essa entrevista por mais de uma hora pelo aplicativo Skype, o usado pela emissora.


Ela na TV e eu no meu escritório onde tenho o notebook.


Foi a minha primeira experiência nessa modalidade à distância, com pequenas interrupções.


A jornalista demonstrou intenso profissionalismo ao estudar sobre o entrevistado, fazendo com que o tempo passasse tão rápido e de forma prazerosa.


O material jornalístico foi para a edição, pois ninguém suporta uma entrevista com mais de uma hora de duração.


Diferente de depoimentos, quando o tempo é ilimitado.


Como sinal de fina educação, recebi de agradecimento um cartão com palavras generosas que guardei entre minhas coisas de valor humano.


Também dois diminutos quadros de um pintor nosso, Valques Pimenta, que desconhecia.


Um de NS. Aparecida, Padroeira do Brasil, que coloquei na parede do oratório em baixo do quadro da nossa Catedral Metropolitana, na sala de visitas.


Outro com quatro pequis, que foi pregado ao lado de um quadro grande com duas enormes cestas de pequi feito pelo artista plástico João Sebastião, na parede lateral da mesa do salão de almoço.


O pequi é um fruto típico do cerrado e o pequizeiro pode atingir até 10 metros de altura e viver cerca de 50 anos.


O pequi faz parte da culinária cuiabana sendo muito apreciado o prato “arroz com pequi”, embora por questões de hábitos alimentares eu não o aprecio.


Estou no aguardo de assistir a minha entrevista, pois conversei muito no dia da gravação e desconheço aquilo que foi editado.


Torço para não decepcionar aos telespectadores diante tantos elogios feitos pela jornalista Laura Campos no vídeo da chamada, que me encheram de alegria e felicidade.


Gabriel Novis Neves

27-10-2022





domingo, 30 de outubro de 2022

OS PITORESCOS 49


Bem antigamente, votar no Brasil não era obrigatório, seguindo as normas constitucionais da época.


Aqueles que não tinham renda comprovada, fossem analfabetos, menor de idade ou mulher, não podiam votar. Hoje, todo mundo pode votar, o voto é obrigatório e o número de abstenções nas eleições majoritárias só perdem para o primeiro e segundo colocados por estreita margens de votos.


Os faltosos preferem pagar uma ridícula multa do TSE para justificar a sua ausência no dia das eleições.


Na Cuiabá antiga, dia de votação era uma festa! Todo mundo na fila de votação mostrava a cédula de papel com o nome do seu candidato aos “cabos eleitorais” e candidatos. Muitos trocavam suas cédulas eleitorais antes de colocarem dentro das urnas de lona verde, por uma fenda, mediante quantia em dinheiro, não estando nem aí com os destinos da nação. Esta “manobra” era conhecida como “compra de votos na boca da urna” e o poder era exercido por aqueles que tinham dinheiro. Formavam famílias de oligarcas que dominaram este país e Estados por muitos anos.


Hoje, o voto é obrigatório, eletrônico, a “boca de urna” fica distante da zona eleitoral, onde a cola com o nome do candidato é permitida, e a compra de votos continua. Com o dinheirinho do voto compram carne e cerveja para aproveitar o domingo de eleições.


Bem antigamente, as pessoas davam palpites com relação aos resultados das eleições e não cobravam nada. Mais acertavam que erravam.


Hoje, existem inúmeros institutos de pesquisas, e alguns só funcionam no período eleitoral. Cobram fortunas pelos seus trabalhos, que podem ser diários, bissemanais ou semanais. Seus resultados são de acordo com o interesse de quem os contratou.


Na Cuiabá antiga, todo mundo sabia do resultado antes da abertura das urnas. Nas fazendas, sítios e arrabaldes, as urnas chegavam de vésperas, e o “dono desses locais” onde as urnas ficavam “guardadas”, colocavam as células do seu candidato, para “adiantar” o serviço no dia das eleições. Passavam o dia todo comendo e bebendo às custas do candidato ou seu patrão.


Hoje, tudo é proibido, e dizem que as urnas eletrônicas são manipuladas pelos detentores de realizarem as eleições. Todos os países com alto desenvolvimento tecnológico, e mínimo índice de analfabetos, votam com cédulas, quando recebem o comprovante em quem votou.


O eleitor vota ou justifica a sua ausência, ficando em casa bebendo e comendo com amigos, ouvindo músicas de pagode raiz.


Bem antigamente, o candidato levava o eleitor para votar quando a sua zona eleitoral ficava distante. Pagava o almoço e no seu retorno o jantar e uns trocados para o dia seguinte. Hoje, quando tudo é proibido, continua funcionando nas eleições o “cacau”, genérico de dinheiro.


Na Cuiabá antiga, só os barões disputavam eleições. Possuíam ensino primário, eram chamados também de coronéis, tinham muito dinheiro, moravam no nosso Centro Histórico em casarões de degraus de mármore de Carrara, amplos janelões e porta principal com alto pé direito. Eram fazendeiros, usineiros, garimpeiros, produtores de fumo e exportadores de ipeca. Distribuíam às vésperas das eleições, roupas sapatos e brinquedos à vontade, que compravam das indústrias em São Paulo. Verdadeiro Papai Noel fora da época. Tinham cabeça, barba e bigodes brancos e se vestiam com ternos importados de tropical inglês branco. Fumavam cigarros de fumo e bebiam a legítima pinga vinda do sítio e usina. Tudo isso eu vi, não me contaram.


Hoje a corrupção está simplificada, e cada político tem o seu dono. São geralmente os reis do agronegócio. A corrupção às vezes existe até no gabinete ao lado ao do governador com o pagamento do mensalinho em dinheiro para “seus amigos”. O governador poderá ter seus direitos políticos cassados. Os que recebem propina com prova até filmada, não. Dizem que foram receber um dinheiro que o Estado devia a sua empresa. A Justiça cega, aceita.


Bem antigamente, na época do Brasil Colônia em que se votava sob condições, ninguém ficava sabendo o custo de uma eleição. Martim Afonso de Souza, foi o nosso primeiro governante eleito, em 1532, quando fundou a vila de São Vicente, em São Paulo. Nunca soube o preço dessa eleição. Hoje, quem sabe o preço de uma eleição são os perdedores.


Na Cuiabá antiga, geralmente o preço de uma eleição era alto. Hoje, foi instituído por Brasília um “auxílio” altíssimo a cada partido político, de acordo com o número de representantes no Senado e Câmara Federal. Como temos 32 partidos políticos legalizados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é enorme o valor em dinheiro dessa “sobremesa”. Só os dois candidatos que disputarão à Presidência podem gastar até 133 milhões, oficialmente, não contando o volume de recursos captados pelo Caixa 2 de cada candidato. Boa sorte a todos os eleitores!


Gabriel Novis Neves

23-10-2022




sábado, 29 de outubro de 2022

ENTREVISTAS POR APLICATIVOS


Quando recebo convites para entrevistas por aplicativos do computador, já que estou impossibilitado por motivos de locomoção de sair de casa e chegar até aos estúdios da televisão, sempre penso no pior.


E acho que tenho toda a razão, pois aos 87 anos a produtora do programa, que deverá ter pelo menos uma hora de duração, tem uma pauta sobre a minha história de vida, poesia, à época em que fui político...!


É um bate papo informal, concluiu a educada produtora de um grupo pioneiro de televisão, com estações reprodutoras em todo o Brasil.


O que levaria um canal importante de TV, com programas campeões de audiência em seus horários semanais com noticiários locais, a me entrevistar durante uma hora, sendo caríssimo o tempo de comunicação.


Quando seu diretor-presidente-proprietário me fez o convite, eu lhe respondi dizendo que os meus contemporâneos estavam partindo para uma vida melhor.


A sua emissora de TV, talvez precisasse editar uma entrevista recente que poderia ser a última, para me homenagear no dia que só Deus sabe.


Audiência tenho certeza que não terei, pois os jovens não me conhecem e os idosos não se lembram mais de mim, por estar afastado da vida pública há 19 anos.


Minha história de vida é longa, pois tenho muito mais passado, e meu futuro é o dia que vivo.


Poesia não escrevo, e diariamente publico minhas crônicas nos dois blogs que ganhei do meu amigo Dr. João Nunes da Cunha Neto, advogado brilhante que me presenteou no “Dia das Crianças” de 2009.


É seu editor fundador e responsável pela arte gráfica das minhas crônicas, publicadas nos meus blogs, podendo ser o www.bar-do-bugrte.blogspot.com, onde se encontra a maioria das minhas crônicas e o www.gnn-cultura.blogspot.com


Minha revisora desde o início é universitária, que adora a leitura de bons livros, Christina Meirelles.


Exerci inúmeros cargos públicos: Diretor de um Hospital Estadual, que foi o Adauto Botelho (1966-1968), seis Secretárias de Estado, onze anos implantando a Universidade Federal de Mato Grosso, como seu Reitor-Fundador, encerrando minhas atividades públicas em 2003.


Trabalhei na iniciativa privada como 1º Diretor do Curso de Medicina da UNIC, e sócio proprietário do Hospital Femina e da DISCOL (Distribuidora Colorado), em Várzea Grande.


Na política partidária disputei duas eleições majoritárias e ganhei uma, ficando como suplente de senador, e outra da Prefeitura de Cuiabá, quando perdi (1982-1985).


Abandonei a política partidária pela medicina, onde fiz política pública de saúde e educação de qualidade para todos, até me aposentar do cargo de professor de medicina e do consultório.


Hoje pertenço à Academia de Medicina de Mato-Grosso, onde fui o seu 1º Presidente, ao Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso e à Academia Brasileira de Médicos Escritores, no Rio de Janeiro.


Como docente sou Professor Emérito da UFMT.


Vivo para meus três filhos, seis netos, quatro bisnetos, genro, noras, e três netos “postiços”, casados com três das minhas cinco netas.


Escrevo crônicas diariamente por prazer e já publiquei com esta 2882!


PS. A entrevista será levada ao ar no próximo dia 31-10, segunda-feira, às 22 horas pela TBO canal 8, Cuiabá, MT.


Gabriel Novis Neves

13-10-2022




sexta-feira, 28 de outubro de 2022

CONVERSA NA COPA


Está começando o dia e do meu escritório ouço a animada conversa da minha enfermeira, cozinheira e motorista, na copa da minha cozinha.


Não consigo identificar o motivo de tanta alegria nesse encontro repleto de gargalhadas.


O motorista, que é da minha filha, veio pegar a listinha de compras para o mercado.


É considerado da casa pelo tempo de serviço de trinta anos.


De extrema confiança, possui o cartão de crédito da minha filha para as despesas de casa, além de ser o responsável também pela manutenção do seu apartamento.


Acompanhou o desenvolvimento das minhas duas netas, filhas da minha filha.


Tem carinho especial com os meus bisnetos, chegando a tocar violão e cantar para distraí-los.


Magro desde que o conheci, barriga chupada para dentro, fala baixa, só responde às perguntas quando lhes são feitas.


Só faltou ao serviço ao ser acometido pelo Covid, de forma leve.


Não faz questão de descansar aos domingos, estando sempre solícito e bem-humorado.


Conhece todos os amigos do casal, que muito o admiram pela sua educação.


Tem uma filha única universitária que trabalha e mora com mulher e filha, em casa em Várzea-Grande.


Atualmente também é o responsável para me levar às consultas médicas.


Faz o seu joguinho na loteria, sempre no loto fácil, que diz ser mais fácil de ganhar.


É herdeiro do vestuário do meu genro, apresentando-se sempre impecável ao trabalho, não descuidando dos sapatos bem engraxados.


Minha cozinheira começou como faxineira, e há um ano foi promovida a cozinheira.


Levou o asseio para a feitura das minhas refeições, sendo também a administradora do meu apartamento, onde todo dia tem um remendo a fazer.


Tem excelente relacionamento com os funcionários da portaria do edifício, não deixando me faltar nada.


É minha assessora quando o assunto da crônica é culinária.


Educada, elegante, pinta os cabelos, usa óculos e está recém-casada, embora vivesse juntos há trinta anos.


No final da semana corta as minhas unhas das mãos e pés, com perfeição.


Tem uma filha casada, é avó, mora com um filho solteiro trabalhador e o marido paraguaio.


A enfermeira é a única funcionária da casa com nível superior.


Assim que concluiu a sua graduação na universidade veio para cá.


Tem marido, uma filha casada cursando enfermagem, e outra no segundo grau e curando técnico em enfermagem, mora distante daqui e é avó.


Já lhe propus que viesse morar na parte de cima da minha cobertura, com entrada independente, cozinha própria, jardim, piscina, academia de ginástica, horário de serviço, folga semanal, só para não ficar longe de mim.


Minha professora, sobre pagamento de compromissos pelo PIX.


Responsável pela feitura da minha barba aos sábados.


Flamenguista roxa é minha companheira nos jogos de futebol pela TV, ela secando o Botafogo, e eu ao Flamengo, tudo na santa Paz e mais perfeita harmonia, como dizia o velho Villa.


Sua substituta, especialmente aos domingos, tem curso de técnica em enfermagem.


Casada e mãe de duas filhas menores.


Educada, faz o meu almoço de domingo, não aprecia futebol, me auxilia no computador, onde é uma expert e sabe todos os segredos do celular.


Todos os quatro funcionários possuem casa própria e automóveis.


As três são responsáveis pelos horários dos meus medicamentos, e estão habilitadas a verificarem meus sinais vitais, e colocar em mim a máscara do CPAP, para dormir.


Com o belo currículo dessa gente que me dá suporte para continuar a caminhada, vou longe.


Gostaria de saber qual o motivo encontrado por eles ao demonstrar tanta felicidade, com sorrisos e gargalhadas.


Dia desses o motorista não entendeu a letra da cozinheira, e do mercado lhe telefonou que não tinha encontrado a “ata sem caroço”.


São também muito engraçados, me alegrando com as suas histórias.


Acredito que pessoas felizes estão sempre propensas ao sorriso fácil.


Gabriel Novis Neves

13-07-2022




quinta-feira, 27 de outubro de 2022

ALGUNS ASSUNTOS PITORESCOS DO BAR MODERNO


O Bar Moderno surgiu em 1920 num barracão do cinema de Cuiabá, ao lado do agora Grande Hotel, inaugurado pelo interventor Júlio Muller. 


Nessa época (1942), o Bar Moderno, conhecido como Bar do Bugre, já possuía há tempos, instalações próprias na rua Pedro Celestino esquina com a Praça da República.


No barracão do cinema o bar ficava na sala de espera e funcionava com poucas mesas e um balcão, onde eram servidos salgadinhos, doces, bombons e nas mesas, refrigerantes, cervejas e conhaques.


Os salgadinhos vinham da casa da minha avó Eugênia, auxiliada pelas suas filhas solteiras, Julita, Pequenina e Aracy.


Depois que meu pai se casou essa tarefa coube a minha mãe, como preparar os vinte litros de leite que vinham da chácara do “seo” Mário Esteves para a sorveteria do bar, que não existia no galpão do cinema.


Os garçons eram os irmãos do meu pai que não foram estudar: Tinô, Yoiô, Joãozinho.


Na verdade, era uma “lanchonete” no cinema, onde minha avó Eugênia criou um negócio familiar para seus filhos desempregados e sem profissão nesse ramo.


Eles foram criados morando nos fundos de um casarão na Praça da República onde meu avô Biézinho tinha uma grande loja de tecidos na frente da casa, como era comum antigamente.


Não sei se pelo fato da loja ser de tecidos femininos, os rapazes que não estudaram, não se animaram a suceder o meu avô, preferindo a aventura de trabalhar com bebidas.


Esse “gene” de trabalhar com bebidas parece que passou para mim.


Sendo médico, nunca participei dos negócios da venda de bebidas e refrigerantes, e fui um verdadeiro sucessor da minha avó Eugênia tendo exercido intensivamente a medicina.


O bar fechou as suas portas em 1970, e em 1989 com meu genro-filho, Mauro Carvalho (Administrador de Empresas), meu filho Ricardo (Odontólogo e empresário do agronegócio), e eu, fundamos a DISCOL (Distribuidora de Bebidas Colorado), em Várzea-Grande.


Todos os produtos da AmBev eram distribuídos em Várzea-Grande e parte de Cuiabá pela Discol.


Anos depois passei as minhas ações para os meus três filhos, já na sua imensa sede própria.  


Com a inauguração da fábrica da AmBev em Cuiabá, o antigo grupo Discol deixou a revenda de Cuiabá para a AmBev.


Hoje trabalha para a Ambev, realizando a logística para seus produtos chegarem praticamente a todos os municípios do Estado.


Acrescentaram a “revenda” de Sinop, a de Tangará da Serra e Colider.


Desde então, sua sócia é a minha filha, e seu sócio administrador Mauro Carvalho.


Há quatro anos Mauro Carvalho deixou a direção das empresas para ser chefe da Casa Civil do Estado de MT e agora disputa o cargo de 1º suplente de senador nas próximas eleições gerais de outubro, obedecendo normas do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).


Seu principal executivo é um genro-neto (Advogado).


Daqui há 17 anos estaremos completando 100 anos que os Neves, trabalham no ramo de bebidas e refrigerantes, agora sem bar.


Esse lado pitoresco mostra que no mundo as coisas se repetem com outras rouparias, e muitas vezes se perpetuam.


Gabriel Novis Neves

30-08-2022




terça-feira, 25 de outubro de 2022

AMIZADE ETERNA


No mundo atual, poucas pessoas entendem que o amor seja para sempre, e a amizade eterna.


Quando fui Secretário de Educação e Cultura do Estado de Mato Grosso (1968-1971) ainda não dividido, tinha muitos funcionários.


Com a minha nomeação como Reitor para implantar a Universidade Federal de Mato Grosso (1971-1982) levei muitos deles para trabalharem comigo.


Citarei apenas a secretária do meu gabinete, Ana Domitila de Amorim, e seu marido Washington, para o setor de educação física.


Na UFMT aproveitei quase todos os docentes e servidores administrativos, assim como os da Faculdade Federal de Direito e do Instituto de Ciências e Letras de Cuiabá (ICLC).


Sabia que não podia errar nas contratações, e utilizei testes escritos e entrevistas antes de contratá-los.


Nessa missão fui ajudado pelos meus colegas em cargos de confiança, sendo muitos meus conhecidos de algum tempo.


Todos os servidores nomeados por mim eram bem novos, a partir do reitor que, após dirigir um hospital e secretaria de estado, possuía 36 anos incompletos.


A política partidária tentou, mas, nunca interferiu nessas escolhas, todas da minha responsabilidade.


Certa ocasião um deputado federal, me fez uma série de pedidos para nomear seus cabos eleitorais, não atendidos.


Foi ao ministro da educação mentindo que eu só atendia pedidos políticos do senador Filinto Muller, pedindo providências, por escrito.


O ministro despachou o processo administrativo mandando abrir uma sindicância para apurar a denúncia.


Embaixo escreveu: Conheço o reitor. Não acredito. Assinou e datou.


Uma tarde, apareceu no 2º gabinete da reitoria, um jovem advogado-auditor, e me mostrou o processo.


Conversou comigo por alguns minutos.


Indeferiu a queixa, dando ciência ao ministro.


Este leu, mandou dar ciência ao deputado e arquivou.


Prestava serviço na reitoria no setor de protocolo, um jovem rapaz muito educado, chamado por todos de Chico.


Seu irmão Orlando de apenas 14 anos era mirim, nome antigo dado ao menor aprendiz.


Cativou a todos e quando completou 18 anos foi contratado como motorista para servir na vice-reitoria administrativa.


Ambos ainda são servidores da UFMT e há muito tempo não os vejo.


O Orlando mora em uma chácara distante de Cuiabá, estando trabalhando com seus amigos engenheiros que conheceu na universidade, na comunidade de São Jerônimo, para que uma estrada chegue ao esconderijo que escolheu para viver.


Estava reunido com amigos em uma manhã de domingo, quando apareceu um cabo eleitoral de um senador pedindo o seu voto.


Citou o nome do seu suplente que é o meu genro.


Foi o suficiente para se levantar da rede onde gosta de contemplar a natureza, falando com carinho da amizade comigo, minha filha, meu genro, filhos, irmã, cunhado e sobrinhos.


Consultados por mim sobre o vídeo que ele me mandou, disseram que a amizade com o Orlando era eterna.


Gabriel Novis Neves

25-09-2022







segunda-feira, 24 de outubro de 2022

REMÉDIOS


Pensei que eu fosse o recordista em tomar remédios de uso contínuo por dia, todos necessários e receitados pelos mais competentes especialistas.


Há três meses faço uma dieta orientada pelo meu endocrinologista, para poder tomar uma prescrição quando chegar, pelo menos, aos 90 quilos.


Estava com 103.800 quilos, que contraindicava o uso dessa droga receitada pelo meu primo neurologista do Rio de Janeiro, seguindo parecer do clínico geral dos Estados Unidos da América do Norte.


Hoje pela manhã ao acordar, me pesei na balança do banheiro.


Apesar de toda a minha torcida, o ponteiro acusou 92.200 quilos, e acho que só alcançarei a meta desejada de 90 quilos em novembro próximo.


Mesmo acrescentando um novo medicamento de uso contínuo, ficarei cinco pontos abaixo da minha amiga que é de 28 comprimidos por dia.


Interessante que todas às vezes que consulto especialistas eles se espantam com o número de remédios de uso contínuo e, ao terminar a consulta me receitam um novo, mesmo que seja um simples lubrificante ocular, três vezes ao dia.


A maioria das minhas consultas são pelo whtsap ou zoom, e só vou ao ortopedista por causa dos raios X dos joelhos, pré-requisito de qualquer consulta presencial.


Ao cardiologista para o eletrocardiograma, eco dopler transtorácico colorido do coração, dopler colorido das carótidas, aferição da bateria do marca-passo e seu tempo de uso, até chegar ao cardiologista que me examina detalhadamente com o diagnóstico de imagens.


Na saída pego com a sua atendente um amontoado de exames bioquímicos, devido à minha idade avançada.


Outra presença obrigatória é com o oftalmologista, que verifica a pressão ocular, fundo do olho e retinas.


Na saída sempre uma receita nova aumentando o grau das minhas lentes, mesmo sendo operado de catarata recebendo duas próteses há 19 anos.


Estou muito satisfeito com os meus médicos, que sempre acertaram nos seus diagnósticos.


Também duas vezes ao ano vou ao consultório da minha periodontista de muitos anos, para fazer prevenção da minha saúde bucal.


Ultimamente tem se discutido muito a medicina à distância e a telemedicina.


Assisti recentemente a uma palestra de um professor doutor, aposentado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com todos os títulos acadêmicos, membro da Academia Nacional de Medicina, muito conceituado e meu calouro no Hospital e Pronto Socorro Souza Aguiar.


Ele é radicalmente contra a telemedicina, e não sabe atender pelo zoom alguém que está em sua casa sentado num sofá.


Diz que o exame clínico se inicia com a entrada do paciente no consultório.


Se está caminhando bem, se trajando com cuidado, gentil, e respondendo com empatia as inúmeras perguntas da anamnese, antes do exame físico completo, onde é medido o seu pulso radial, pressão arterial, temperatura axilar, ausculta cardíaca, pulmonar, palpação abdominal, exames completos dos membros superiores e inferiores, no caso de paciente do sexo masculino e segundo as suas queixas e sintomas.


O colega do Rio não aceita a telemedicina, onde o médico não vê o paciente por inteiro, e ainda pergunta como está a sua pressão arterial, oximetria, pulso e resultado dos exames bioquímicos e de imagens que fez recentemente, invertendo totalmente a função médico-paciente.


Ele é da minha geração, que nunca usou o computador para escrever anamneses, e sim os antigos prontuários, e tem toda a razão, mas a nossa realidade é continuar com mais frequência consultando pelo whtsap e zoom.


Gabriel Novis Neves

22-09-2022




FUNÇÕES DE UMA DONA DE CASA


Durante quarenta e três anos, enquanto tive a Regina ao meu lado, nunca me preocupei com os afazeres domésticos.


Ela fazia de tudo com perfeição, desde a escolha dos funcionários, compras nos supermercados, manutenção da casa e sobremesas para os almoços familiares dos domingos.


Há 16 anos fui obrigado a assumir quase todas essas funções domésticas, menos a feitura das sobremesas e guloseimas.


Há um ano descobri uma funcionária que foi contratada para cuidar da cozinha e tem me ajudado muito nas tarefas de conservação e manutenção do meu apartamento.


Agora que sou “dono de casa” valorizo ainda mais o trabalho das antigas “donas de casas”, com uma desvantagem de agora saber o preço desses consertos.


Como são caros esses trabalhos feitos por técnicos especializados!


Eles não atendem seus clientes pela tabela do SUS ou planos de saúde, como a Unimed.


Só particulares, com tabelas de honorários dos melhores hospitais privados de São Paulo.


O aparelho do ar refrigerado do meu quarto de dormir ontem à noite começou a gotejar água para dentro do quarto.


Logo a minha auxiliar providenciou um balde forrado por um pano de limpar o chão para as gotas não produzirem ruídos na sua queda no balde de plástico branco transparente.


Telefonei para meu excelente técnico e no dia seguinte às oito horas ele já estava aloitando com o aparelho.


Fez o de sempre e o deixou ligado para testar.


Foi verificar o que havia acontecido no enorme parelho de refrigeração do salão recreativo do 1º andar do apartamento.


Quando mudamos da ampla e confortável casa no Porto, por motivo de segurança, esse era o local mais frequentado nos finais de semana, onde reuníamos filhos, netos, parentes e amigos.


Essas reuniões eram bem frequentadas, principalmente aos sábados, com boas conversas, acompanhadas de pastéis fritos na hora e cervejinhas à vontade.


Com a pandemia do Covid 19, que é um vírus contagioso e que mata, esses encontros foram desativados, sem data para a sua reabertura.


Meus bisnetos de cinco, quatro e um ano, todas às vezes que me visitam, pedem as suas babás que os levem para o salão de cima.


Lá existe uma brinquedoteca onde eles se divertem.


As babás das crianças informaram à minha auxiliar que o aparelho de refrigeração acendia a luzinha verde, mas não funcionava.


O técnico chamado disse que a placa da evaporação e seu transformadorzinho haviam queimados precisando trocar por uma nova, assim como o controle remoto.


O problema do aparelho do meu quarto, que precisou ser retirado para ser consertado na oficina, foi causado pelo excesso da poeira vindo das construções vizinhas.


Aproveitei a presença do técnico para a limpeza do novíssimo da copa, que estava impregnado pela gordura vinda da cozinha.


Além do transtorno produzido, especialmente no meu quarto de dormir, essa brincadeira ficou exatamente por 3.100 reais.


Esse é o preço que se paga para morar em um apartamento grande, que com o tempo envelhece e que não pensamos quando compramos.


Gabriel Novis Neves

20-10-2022




domingo, 23 de outubro de 2022

OS PITORESCOS 48


Bem antigamente, antes de Cristo, um filósofo chamado de Sócrates e seu discípulo Platão, viviam pregando às pessoas o que era certo e errado. Sócrates foi então chamado de o “pai da filosofia”. Ele admitia a verdade absoluta. Hoje, a verdade absoluta é privilégio de estudiosos e competentes advogados.


Na Cuiabá antiga, só os eruditos estudavam filosofia. Hoje, nas boas universidades existem cursos superiores de filosofia formando professores para o ensino do segundo grau e universitário.


Bem antigamente, ainda antes de Cristo, um filósofo chamado de Protágoras fazia o que faz hoje um competente advogado ou professor e pregava exatamente ao contrário do que dizia Sócrates, quando o assunto era o certo ou errado. Ele acreditava na verdade relativa. Hoje, a verdade é um artigo de consumo de luxo.


Na Cuiabá antiga, da época que eu estudava na Escola Modelo Barão de Melgaço, a verdade estava sempre do lado da professora, e o certo para o errado era o uso da palmatoria, ferramenta que não faltava em nenhuma boa escola, no meu tempo. Hoje, existem leis proibindo o uso desse instrumento educacional, importante na formação do caráter das crianças, naquela época.


Bem antigamente, Sócrates não sabia que a sociedade, poderia mudar o certo para o considerado errado, transformando o errado em certo, diferente de Platão. Hoje, o Platão estaria rindo do Sócrates. O aborto considerado errado por Sócrates foi mudado pela sociedade. Agora é considerado certo, derrubando sua teoria da verdade absoluta.


Na Cuiabá antiga, todo mundo queria saber o que é certo e errado. Quando viam uma criança pintando uma paisagem perguntavam de que cor pintaria o céu e ela respondia azul, por que o céu é azul. Ela se baseava nos seus conhecimentos e experiências. Hoje, criança só pinta o sete.


Bem antigamente, depois de Cristo, outro filosofo chamado de Khant, inventou nova doutrina filosófica para explicar o que é certo e errado. Disse que isso só poderia ser possível através da “Teoria do Conhecimento”. Deu um nome filosófico a isso dizendo ser um ramo da filosofia chamada de “ considerações epistêmicas”. Só pelo conhecimento e experiências, poderíamos decidir entre o certo e errado.


Na Cuiabá a antiga, os mais velhos sempre acordavam tendo que decidir sobre uma série de situações, e mandavam seus filhos para a escola estudar. Hoje, filho não obedece pai e vai crescer sem saber decidir entre o certo e errado


Bem antigamente, Sócrates não admitia a mentira. Era incapaz de mentir, mesmo que essa mentira fosse impedir alguém de morrer. Hoje, os políticos usam a mentira deslavada para se eleger, e nas próximas eleições serão reeleitos. Quem não mente não tem “jogo de cintura” e não se elegem para o Congresso Nacional, Assembleias Legislativas e Câmara dos Vereadores. Todos mentem, inclusive quando são pegos e filmados em flagrante delito roubando.


Na Cuiabá antiga, admitiam a mentira boa e má. A mentira boa era aquela que tinha proteção de poderosos para as suas falcatruas. Hoje, a população está cansada desse desvio de conduta para o errado, que nem se comenta mais das fortunas acumuladas com o auxílio prestimoso da mentira, que trabalha em rede, protegida pelas “forças ocultas”.


Bem antigamente, quando o assunto era ética ficava muito mais difícil para os filósofos nos explicar a seguir certas normas, cheias de deveres perfeitos e imperfeitos, não existindo uma lei universal, o que seria um caos para as pessoas. Hoje, existem tantas éticas, como a da Medicina, Direito, Engenharia Civil, sendo essa disciplina obrigatória. Todos os profissionais dos cursos superiores possuem seus respectivos Conselhos para julgarem os atos cometidos. O mais famoso e conhecido é o “Conselho de Ética da OAB” (Órgão dos Advogados do Brasil), por possuir o maior número de associados e estudarem a disciplina com maior carga horária curricular. Hoje, existe uma infinidade de Códigos de Ética, como o do Idoso, Adolescente, da Criança, do Trânsito, do Trabalho, Meio Ambiente, Senadores, Deputados Federais, Presidente da República, juízes do Supremo Tribunal Federal, juízes de outras Cortes e tantos outros com as suas leis, regulamentos e punições. Nenhum funciona.


Na Cuiabá antiga, ética era o “fio do bigode”. Hoje, seguimos o mau exemplo das Instituições Superiores, temos inúmeros Conselhos de Ética, servindo de esconderijo aos funcionários públicos, na maioria das vezes, colocados “a sua disposição com ônus para seu órgão de origem”. Muitos fazem carreira assim até se aposentarem. Espero que um dia funcione.


Gabriel Novis Neves

25-09-2022




sábado, 22 de outubro de 2022

RUÍDOS DO DIA NASCENDO


Uma amiga, beirando os 70 anos, aposentada, com marido aposentado, dois filhos casados e com netos, conversando comigo, me disse que às cinco horas da manhã está pronta para o dia.


Se quiser enviar as minhas crônicas a essa hora, melhor. Também se quisesse bater um papo por telefone, ótimo.


Seu marido já havia preparado o cafezinho e ela tomado uma xícara.


Ele estava cuidando dos jardins e ela brincando com seu cachorrinho esperando o dia clarear para o cafezão.


Outra amiga, já entrando na melhor idade me liga ao receber minha crônica cedo, dizendo que acha chato acordar cedo, mas o que fazer?


Ela é viúva, filhos crescidos e o seu trabalho inicia geralmente às 10 h e termina quando a edição do jornal estiver fechada.


Eu geralmente durmo ás nove da noite e estou acordando depois de brigar com a cama, logo após as cinco da manhã.


Desligo o ar refrigerado, abro as janelas do quarto e portas. Bebo um copo de água em jejum e me ponho a escrever no meu zap textos como estes.


O dia ainda está escuro. Acendo as luzes do meu quarto de dormir.


Enquanto escrevo ouço latidos de cachorros (como esses bichinhos latem antes do sol sair).


Também já percebo que os pássaros estão acordando. Ouço barulho de poucos veículos e ônibus.


Às cinco horas e quarenta e um minutos, assisti a maravilha que é ver o sol nascer. Surge rapidamente ocupando o seu espaço no firmamento.


Desligo as lâmpadas do meu quarto, pois o sol já penetrou nele.


O aeroporto já liberou voos para aviões de pequeno porte decolar. Um passou rasante a minha cabeça no vigésimo andar do prédio onde moro.


Os passarinhos estão mais animados extrapolando toda essa alegria para o novo dia cantando em número maior.


O galo também canta forte e as galinhas alvoroçadas fazem enormes e gostosos ruídos.


Como é gostoso acordar cedo para saborear essa alegria de cores e cânticos que a natureza nos brinda diariamente!


O barulho dos operários nos prédios em construção, só após as sete horas.


Eles vêm misturados com o ronco das motos, caminhões, ônibus, veículos.


Substituem o cântico dos pássaros e o alto linguajar dos animais que não voam.


A minha casa acordou.


Ouço o barulho do liquidificador, dos pratos e xícaras sendo colocadas na mesa para o meu desjejum. Da cozinha vem o barulho da água da pia lavando copos empilhados no secador.


É dia!


Gabriel Novis Neves

15-02-2022