Ando
acometido pela terrível sensação de estar vivendo num país que não é mais o
meu.
Os
políticos, apesar de eleitos através do voto popular, além de não me
representarem, nos envergonham muito - mais que em outros tempos, nesses
setenta e nove anos que com eles convivo.
Sinto-me
ultrajado, traído e acabrunhado perante a enormidade de falcatruas feitas à
minha volta.
Os
altos impostos, dos maiores do mundo, vampirizam uma população indefesa que a
tudo assiste estarrecida, mas totalmente indefesa.
Ao
que parece, denunciar o que vivemos tornou-se uma tarefa inglória.
Resta-nos
o cinismo e a convivência com esse estado de estupefação.
Pensar
que um simples gerente de uma empresa do vulto da Petrobras devolverá 97milhões
de dólares através da delação premiada é algo surreal e assustador.
O
que teria então sido surrupiado pela cúpula desta e de outras grandes empresas
que representam a nata da economia brasileira?
Tudo
mancomunado com políticos sórdidos que organizam verdadeiros clubes da
rapinagem, enquanto nós outros compomos o clube dos falidos.
Esses
escândalos poderão abrir as portas para outros, uma vez que algumas poucas e
poderosas empreiteiras têm a capacidade para formar usinas, aeroportos,
ferrovias, hidrovias, enfim, tudo de vultoso que se constrói num país.
Tenho
dado nesses tantos anos de vida o melhor de mim e o meu voto de confiança só a traidores e ladrões?
Eu
e mais tantos quanto eu, vivemos apenas para presenciar a liquidação da pátria
amada?
Patriotismo!
Ensinaram-me na escola e, o pior de tudo, eu acreditei.
Gabriel
Novis Neves
18-11-2014