Ou
nos conscientizamos que o ser humano está passando por um momento anormal no
seu nível de estresse, ou nos tornaremos em um bando de fármacos dependentes.
Felizmente,
de quando em vez, surge uma voz conceituada no meio médico psiquiátrico.
Atualmente
é o doutor Allen Frances, ex-diretor da revisão de guia de referência mundial
para doenças psiquiátricas.
Numa
luta de David contra Golias, o colega americano questionou a força da indústria
farmacêutica por trás da criação de tantos novos distúrbios mentais.
Sabemos
que a história da humanidade é carregada de sofrimentos e injustiças e que,
como tal, nem sempre os vagantes do planeta Terra conseguem se adaptar às
condições tão adversas.
Isso
vem explicando o grande aumento de neuroses e psicoses através dos tempos.
Entretanto,
é importante ressaltar que simples problemas diários estão sendo transformados
em transtornos mentais, e imediatamente tratados com comprimidos.
Assim
acontece com as tristezas profundas de causa conhecida, que, aliás, devem ser
vivenciadas, no entanto, logo são tratadas como crises depressivas.
Os
esquecimentos comuns da idade, as birras do temperamento infantil, o exagero na
ingestão de alimentos, entre outras situações, também são mal vistas.
Segundo
o professor Frances, essas ocorrências estão sendo rotuladas como patologias e
submetidas à medicação intensiva, o que segundo ele, caracteriza uma “doença
fictícia”.
Surgiram
assim, o “Transtorno Depressivo Maior”, o “Transtorno Neurocognitivo Leve” (no
caso dos idosos), o “Transtorno Disruptivo de Desregulação do Humor” (no caso
dos destemperos infantis), o “Transtorno de Compulsão Regularmente Periódica”
(fases de exagero na comida) e o tão falado TDAH (Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade).
Inclusive,
o pai do TDAH, o psiquiatra Leon Eisenberg, se pergunta o porquê do aumento do
número de casos da síndrome - que ele atribui a erro de avaliação.
Segundo
ele, foram detectados cerca de 3% de casos entre as crianças americanas.
Atualmente, já são cogitados números em torno de 11% e, até de maneira absurda,
20% nos adolescentes masculinos.
Estejamos,
portanto, todos bem alertas, cônscios de que os altíssimos lucros da indústria
farmacêutica poderão levar a humanidade para um universo fármaco dependente, o que, de certa forma, já
vem acontecendo.
Remédios
são “drogas” e, como tal, só devem ser usados mediante extrema necessidade e
prescritos por profissional competente e responsável.
É
preciso que não nos esqueçamos de que o mundo evoluiu, ou involuiu - não sei -
para a criação de uma sociedade mais permissiva, em que crianças e jovens não
mais se subtem a qualquer tipo de hierarquia; parta ela dos lares ou das
escolas.
Jovens
lançados ao mundo à queima roupa, sem quaisquer tipos de freios ou valores,
recebem uma hostilidade abrupta, nada gratificante, para a qual não foram
progressivamente preparados.
É
preciso que encontremos novas formas educacionais que, sem a truculência de
outrora, mas também sem a permissividade atual, tragam aos jovens o equilíbrio
necessário para uma convivência harmoniosa com os seus circunstantes.
Isso
é tarefa da sociedade, e não, da indústria farmacêutica, que segue voraz no que
tange, especificamente, às ditas doenças mentais.
Gabriel
Novis Neves
28-10-2014
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