terça-feira, 31 de maio de 2022

MÊS DE MAIO E A UFMT


O mês de maio foi muito importante na história da UFMT.


No dia vinte e quatro de maio de 1971, foi publicado no Diário Oficial da União, a relação dos seis conselheiros, do 1º Conselho Diretor da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso (criada em 10-12-1970).


Eram eles:


Benedito Pedro Dorileo, com seis anos de mandato, José Vidal com quatro e Bento Machado Lobo com dois anos, foram indicados pelo Presidente da República, Médici.


Gabriel Novis Neves, com seis anos de mandato, foi indicado pelo Ministro da Educação, Jarbas Passarinho.


Oswaldo de Oliveira Fortes com quatro anos de mandato, foi indicado pelo Governo do Estado, José Fragelli.


João Celestino Corrêa Cardoso, com dois anos de mandato, foi indicado pelas classes empresariais.


Todos esses conselheiros-fundadores tinham direito a uma recondução, com mandatos de seis anos.


Uma semana após a publicação dos nomes, no dia trinta e um de maio de 1971, uma segunda-feira à noite, no 1º Gabinete da Reitoria, os seis nomeados se reuniram e por unanimidade escolheram o 1º Presidente do Conselho Diretor, que era também o 1º Presidente da Fundação da UFMT, e 1º Reitor com mandato de seis anos.


Foi escolhido também o 1º Vice-Reitor, 1º Vice-Presidente do CD e FUFMT com mandato de seis anos.


Gabriel e Dorileo foram imediatamente empossados, após a eleição com a participação de todos os conselheiros, em ata elaborada pela 1ª Secretaria do Conselho Diretor a servidora Marilda Silva.


O local onde funcionou o 1º Gabinete da Reitoria e Órgãos Colegiados, ficava no prédio do meio, dos blocos do Centro de Ciências Sociais ao lado da cantina.


Antes era depósito de material de limpeza, que descobri premido pela necessidade.


Foi ali que nasceu a nossa universidade, e esse local deveria ser o nosso marco histórico.


Dorileo que foi o nosso historiador-fundador, certa ocasião diante de uma notícia que acabara de chegar de Brasília, me lembrou dos fatos históricos dos primórdios da nossa universidade, todos acontecidos no mês de maio.


Convivemos por longos anos, e quando maio chegava logo me avisava para ficar preparado para receber boas e más notícias, com referência a UFMT.


Lindos tempos onde os administradores da nossa universidade, acreditavam na magia dos meses dos anos.


O único sobrevivente dessa epopeia ficou para não deixar cair no esquecimento, ou ser deturpado, esse período romântico de implantação da universidade, onde o local de depósito de material de limpeza foi transformado em reitoria.


Gabriel Novis Neves

14-05-2022




domingo, 29 de maio de 2022

HISTÓRIA DA MEDICINA EM CUIABÁ


O curso de medicina da UFMT foi criado em 1970, implantado em 1980 e está prestes a completar 42 anos de existência.


Em bom momento a universidade preparou um livro para a comemoração da data, realizando um trabalho de fôlego para marcar essa data.


Por problemas de financiamentos externos até hoje esse livro editado não foi impresso em uma gráfica particular.


A Editora da universidade cinquentona não apresenta recursos orçamentários para mandar publicar o livro que servirá de marco para a história da medicina em Cuiabá.


Sem nenhum suporte para escrever um livro de tamanha responsabilidade, valho-me da minha memória para esses registros.


Terminei de escrever sobre a história do primeiro neurocirurgião de Cuiabá, que aqui chegou em 1970, cujo nome está se perdendo com o tempo.


E tudo isso aconteceu ontem, em uma capital de um Estado ainda não dividido, com uma população de cem mil habitantes e uma universidade federal sendo implantada.


Hoje o Estado está dividido e Cuiabá tem uma população com mais de seiscentos mil habitantes, com bons neurocirurgiões.


Já escrevi sobre o primeiro otorrino (Alberto Novis), psiquiatra (Manuel Vargas), ortopedista (Édio Lotufo), bioquímico (Sebastião Zeferino de Paula), oftalmo (Nicola Kalix), anestesista (Navantino Borba), cardiologista (Dr. Fábio), urologista (Emanuel Figueiredo), ultrassonografia (Shandra Barbosa) e tantos outros.


Lembrando que antes da chegada dos especialistas na década de cinquenta, todo o serviço médico de Cuiabá, da pediatria à cirurgia geral eram executados por Clóvis Pitaluga de Moura, José Monteiro de Figueiredo, Virgílio e Luís Alves Correa, Sílvio Curvo, Antônio e Paulo Epaminondas, Agrícola Paes de Barros, Ataíde de Lima Bastos, Caio Correa, Antônio Pereira Leite, Cid Nunes da Cunha.


Desconheço qualquer trabalho sobre o primeiro Banco de Sangue de Cuiabá.


Acredito ser do Navantino Borba e conheci instalado na parte térrea do Hospital Geral.


Merece um capítulo com suas inúmeras histórias.


Peço socorro aos nossos historiadores quando sinto dificuldades em consultar minhas fontes sobre Cuiabá antiga.


Estas, quando os encontro, não se recordam mais daquilo que é importante para a memória da medicina.


Com três universidades e três escolas de medicina, tudo fica mais fácil para registrar essa fantástica história da medicina em Cuiabá.


Vai da primeira aula de anatomia em Vila Bela da Santíssima Trindade (1808) até os dias de hoje.


Gabriel Novis Neves

21-05-2022




sábado, 28 de maio de 2022

OS PITORESCOS XXVII


Bem antigamente, tudo tinha apelido. Além das pessoas, ruas, avenidas, e logradouros públicos.


No Rio de Janeiro, Cartola não usava cartola, e sim chapéu, quando servente de pedreiro, daí o apelido. Pixinguinha (chamado de menino bom, tinha o rosto marcado pela “bichiguinha), não tinha nada a ver com Pixinguinha.


O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro era do Galeão. O de São Paulo, Guarulhos. Tentaram colocar nome de pessoas famosas nos dois e não colou - (Antônio Carlos Jobim e André Franco Montoro).


Na Cuiabá antiga, ruas, avenidas e pessoas, só eram conhecidas pelos apelidos.

Meu pai era conhecido como Bugre. Seus irmãos eram, Mocinho, Dudu, Tino, Ioiô, Coca, Sinhô, Joãozinho e Dr.Mário.


As ruas eram de Baixo, do Meio, de Cima e do Campo as mais conhecidas.


Bem antigamente, as universidades públicas produziam conhecimentos científicos.


Hoje, com recursos públicos pesquisam pornografias.


São teses universitárias recebendo dinheiro público.


Uma dessas concluiu pesquisa para mestrado, que recebeu uma bolsa de 20 mil reais, para saber se “sapatos têm sexo”, numa alusão as “lésbicas pobres chamadas de sapatões”!


As outras nessa “linha de pesquisa” não tenho coragem de citar.


Na Cuiabá antiga, a implantação da nossa universidade, dizem que foi o maior trabalho de pesquisa, isso há 50 anos.


Hoje, a UFMT não pesquisa por exemplo, o uso da energia solar no seu campus universitário, gastando uma nota preta mensal de energia elétrica.


Se as universidades públicas não produzem conhecimentos novos, para que servem?


Bem antigamente, falava-se muito no “baixo Coxipó”, sobre o aparecimento de uma “casa de pesquisa” que iria estudar muito a “Amazônia”, criando a disciplina “Amazonologia”. Hoje, ninguém toca mais nesse assunto, e os novos desconhecem totalmente esse fato.


Ficou registrado neste meio século de pesquisas, apenas que em áreas de borrifação de agrotóxicos, gestantes tinham seu leite contaminado, transmitindo o veneno aos seus recém-nascidos.


Na Cuiabá antiga, não existia pesquisador cientifico. Eles, eram natos, sem escolaridade.


Bem antigamente, os maiores pesquisadores do nosso Estado, foram os índios. Seus alunos mais conhecidos, - o Marechal Rondon, o médico Noel Nutels, os irmãos Vilas-Boas, Chico e Apoena Meirelles, Darcy Ribeiro, os padres da Missão Anchieta.


Na Cuiabá antiga, mulher branca casava-se com índio. Seu filho era chamado de boró.


Bem antigamente, índio jogava futebol com a cabeça, e a bola era feita de seringa, abundante na região. Hoje, jogam futebol com os pés e bolas da FIFA, camisas de clubes famosos e chuteiras.


Na Cuiabá antiga, sonhavam com um índio reitor. Hoje, como jogador de futebol em clube da 1ª divisão do futebol brasileiro, como o Cuiabá.


Bem antigamente, existiam muitas cidades em Mato-Grosso que viviam do garimpo, e quem extraia o ouro era chamado de garimpeiro. Hoje, são empresários de mineração e pertencem a elite da sociedade, bem diferente dos antigos garimpeiros.


Na Cuiabá antiga, os garimpeiros só extraiam o ouro que aflorava das minas de ouro. O resto abandonavam como cascalho. Hoje, com tecnologia israelense, esse cascalho é aproveitado e seu produto logo vendido.


Bem antigamente, o ouro era retirado das profundezas das minas, muito distantes da capital, com show de Rita Cadilac para não deixar o pessoal esmorecer no duro trabalho. Hoje, o cascalho é aproveitado em modernos laboratórios comandados por engenheiros pós-graduados em mineração, no subúrbio de Cuiabá.


Na Cuiabá antiga, muitos garimpeiros pediam aos seus dentistas, implantes de dentes de ouro. Eram conhecidos como homens da “boca de ouro”. Hoje, comercializam com o mundo desenvolvido e judeus. Outro tanto, na bolsa de valores.


Bem antigamente, encontrava-se ouro em toda Cuiabá. Nossos fundadores nos fizeram o favor de levar toda essa riqueza para Sorocaba de onde partiram para nos “descobrir”.


Na Cuiabá antiga, encontrava-se muito ouro no córrego da Prainha e CPA. Hoje, a Prainha virou esgoto e o CPA bairro residencial e populoso.


Bem antigamente, sábados e domingos eram os dias que as famílias cuiabanas se reuniam para contar histórias, que se constituíram na nossa tradição oral, pois essas histórias não são encontradas em nenhum livro. Hoje, estou contando “estórias” de Cuiabá, em plena manhã de uma segunda-feira, depois de uma derrota do meu “Fogão” e vitória do Cuiabá.


Gabriel Novis Neves

11-04-2022





FAZER O QUE DESEJAMOS


Como é bom fazer na hora aquilo que desejamos.


É difícil explicar com palavras a sensação que temos após saciar um desejo extemporâneo, que nos leva ao bem-estar.


Há muito tempo o jantar não faz parte das minhas refeições.


Em seu lugar apenas um pequeno lanche de pão de forma integral com creme de requeijão light, geleia light de goiabada com um copinho de iogurte de morango também light, antes de dormir.


Noite dessas me deu uma vontade danada, após o lanchinho, de comer umas fatias de salaminho.


Estava tão gostoso o aperitivo que pedi para repetir, pois só assim teria a certeza de um sono reparador sem sobressaltos.


No outro dia não queria nem pensar no salaminho, que na noite anterior me fizera tão bem!


Sempre trabalhei com as histórias das mulheres grávidas.


O seu repertório é imenso e era motivo de conversas na Cuiabá antiga.


No tempo em que as pessoas faziam visitas, como era interessante ouvir essas histórias!


Nos compêndios dos livros que estudei os desejos de gravidez são “vontade impulsivas, quase incontroláveis de comer um alimento com sabor ou textura específicos”.


Acontecem no primeiro trimestre da gestação, e não devem ser negados, segundo a crença popular, para desespero do pai da criança.


Quantas vezes saiam pela madrugada à procura do desejo da sua mulher, nem sempre encontrando.


Outra antiga lenda era aquela referida aos enjoos.


As nossas mães educavam suas filhas para não se engravidarem logo após o casamento.


Temiam que elas enjoassem dos seus maridos e vice-versa.


Comer coisas extravagantes em horas também era um certo sintoma para o diagnóstico de gravidez.


Agora idoso, fazer uso de extravagância alimentar só poderá ser diagnóstico de velhice.


Espero que os meus desejos alimentares parem com o delicioso e gordurento salaminho.


Que outros desejos se aproximem de mim, da época em que eu ainda jantava.


De lá para cá foram tamanhas as mudanças que enfrentei que nem capaz sou de enumerá-las.


Fazer o que desejamos é nesta altura uma filosofia de vida.


Gabriel Novis Neves

25-05-2022








quinta-feira, 26 de maio de 2022

MÉDICO PACIENTE


Uma das situações mais delicadas da relação médico-paciente, é quando os médicos se transformam em pacientes.


Há quatro anos passei por essa experiência, quando o meu cardiologista me indicou para fazer um procedimento que na época ainda não era realizado em Cuiabá.


Recomendou-me a um colega de residência em Instituto de Cardiologia em São Paulo, que não era cirurgião cardíaco, e sim cardiologista intervencionista.


Também era sua preferência realizar esse procedimento em hospital fora do circuito dos mais conhecidos de São Paulo e todo o Brasil.


Me confidenciou que precisava de um bom centro de hemodinâmica para, através de um cateter colocado na artéria femoral, chegar ao coração.


E tinha acabado de implantar um moderno centro de hemodinâmica, em hospital antigo, porém, pouco conhecido no Brasil.


Procurei antigos cirurgiões cardíacos em São Paulo.


Se fosse em mim, escolheria a cirurgia de peito aberto pelo fulano de tal e no hospital tal, disse-me um famoso médico.


Com relação ao intervencionista que iria me atender, tinha lido alguns dos seus trabalhos científicos.


Fiquei com a opinião do meu cardiologista de Cuiabá, após auscultar referências de outros cardiologistas.


Essa técnica que foi empregada em mim surgiu recentemente na França e foi trazida para o Brasil por esse cardiologista que me fora indicado por Cuiabá.


No final fica aquela pergunta que não gostaria que existisse:


“A decisão da escolha do médico, técnica operatória (no meu caso peito aberto ou fechado) e hospital é sempre a sua! ”


Se tudo ocorrer de acordo com o planejado, maravilha e toca a vida.


Se houver um problema de percurso, quando decidimos contrariar as estratégias do nosso médico de origem, é um terror.


Quando o paciente é médico e não disciplinado, a possibilidade de algum acidente de percurso é maior daquele que o paciente não é médico.


Tinha um professor que dizia que quando precisasse de ser internado em um hospital, que o colocasse em um leito de enfermaria.


Recentemente o professor Florestan Fernandes se recusou a ser atendido em um hospital particular famoso de São Paulo, e disse que como funcionário público, iria ficar no hospital do servidor público.


Essa certeza tive quando de madrugada visitava as enfermarias de puérperas, que dormiam com as lâmpadas acessas, portas abertas, barulhos dos corredores, e tendo ao seu lado os bebês.


Já nos quartos das maternidades particulares, quase sempre encontrávamos mães tensas acordadas, bebês chorando nos braços das enfermeiras tentando administrar algo na chuca, que é a mamadeira do recém-nascido.


Quando preciso de assistência médica, tenho excelentes especialistas que me atendem com muita dedicação.


Todos são bem mais jovens que eu.


Me examinam à exaustão e não deixam de pedir uma montanha de exames complementares para não passarem batidos nos seus diagnósticos clínicos.


Só fui tratar fora por duas vezes, por recomendação deles aos 87 anos de idade.


Peregrinei por três vezes, no centro cirúrgico, centro de tratamento intensivo e quarto isolado, em hospitais de Cuiabá, sempre com o meu popular plano de saúde.


Gabriel Novis Neves

25-05-2022




ACOMPANHANTES DE DOENTES


Como muda o relacionamento de uma pessoa doente, com o seu acompanhante!


Parece até que a doença afasta a camaradagem tão importante e terapêutica nesses casos.


O doente muitas vezes se esquece do risco que a sua doença poderá causar ao seu acompanhante, exigindo certas cautelas dele.


Isso ficou muito evidente durante a pandemia do Covid 19.


Quantos pacientes reclamavam dos seus cuidadores, esquecendo-se que eles corriam, com a intimidade da doença sério risco de morte.


Muitos cuidadores tiveram sua vida abreviada pela virulência do vírus, altamente contagioso.


Recentemente encontrei um amigo que foi transferido para tratamento fora de Cuiabá, com o Covid 19.


Queixou-se do seu acompanhante de vocação sacerdotal.


Ele conseguiu até iludir a segurança de um dos melhores hospitais para se arriscar e ficar ao seu lado.


A doença torna as pessoas mais fragilizadas e, as vezes irritadiças.


Não se esquecendo que em todas as idades a doença nunca é compreendida.


Que bela escolha fazem os profissionais da saúde por terem uma profissão que lhes propicia passar todo o tempo da sua vida útil tentando minorar o sofrimento daqueles que enfrentam doenças.


Compartilhei por muitos anos, de forma presencial com os demais profissionais de saúde, dessa nobre missão.


Não existe nada como cuidar do próximo, especialmente dos mais necessitados.


Na história da humanidade muitos foram canonizados, como recentemente a nossa Irmã Dulce, de Salvador (Bahia).


Que força espiritual possuem essas pessoas!


Conheci várias dessas santas mulheres, sendo a primeira na Sala de Partos do Hospital Pro Matre, do Rio de Janeiro.


Quantas santas anônimas tive oportunidade de encontrar pelas madrugadas, nos mais diversos hospitais que trabalhei em Cuiabá.


Quando pensamos que o mundo está perdido, encontramos exemplos onde menos procuramos, que são os acompanhantes de doentes.


Gabriel Novis Neves

08-05-2022




quarta-feira, 25 de maio de 2022

ESCOLHA DE MÉDICO


Na minha idade, e na condição de médico e professor de medicina, é frequente receber telefonemas ou mensagens pelo celular de parentes e amigos me pedindo a indicação “de um bom” médico para esta ou aquela especialidade.


Não existe curso para habilitação em “indicação de médicos”, e confesso ser essa tarefa uma das mais difíceis que enfrentei durante toda a minha vida.


Existem no país médicos que são referências trabalhando em hospitais de qualidade.


O médico competente é quem carimba se o hospital é bom ou não.


O hospital só é considerado de referência, quando possui excelente corpo clínico reconhecido pela academia, e aceito pela sociedade.


Este fato está tão impregnado na nossa cultura de qualidade, que frequentemente o cliente fala que está ou esteve internado no hospital tal, esquecendo-se de dizer ou desconhecendo, o nome do médico que o tratou.


Isto acontece em todo o Brasil.


O conceito de qualidade dado pelo atendimento do SUS (Sistema Único de Saúde) é o atendimento em hospital universitário, onde são encontrados professores das diversas áreas da saúde, médicos residentes e internos.


Hoje é comum o paciente procurar um hospital diretamente para se tratar, pois, nele existe excelentes profissionais para as mais diversas especialidades.


Então o paciente costuma dizer que está tratando no Sírio, Einstein, Oswaldo Cruz, INCOR, sem saber o nome dos seus médicos.


Outro fator difícil para quem indica, é o currículo do médico, facilmente encontrado no google.


Conheço casos de indicações que fiz, e o fator decisivo para a escolha do médico foi o número de títulos universitários e até o preço da consulta que “quanto mais cara, melhor o profissional”.


A grande verdade é que é uma imensa responsabilidade indicar um médico para alguém.


Aqui em minha família não indico mais ninguém para ninguém, a não ser quando o médico escolhido é meu amigo e conhecido, sendo o meu trabalho apenas o de confirmar ou não.


Estava no último ano do curso de medicina quando atendi no hospital universitário uma mulher vinda de Cuiabá para consultar no Rio de Janeiro.


Perguntei o nome do seu médico e, quando ela me disse, falei que se tratava do melhor médico de Cuiabá.


Ela retrucou dizendo que sabia que eu ainda não era médico, mas qualquer dificuldade chamaria o meu professor, que sabia muito.


Disse também que eu atendia em um hospital possuidor de mais recursos técnicos que os de Cuiabá.


A escolha de um médico é tão difícil, que prefiro que colegas competentes escolham o médico para mim, e seja lá o que Deus quiser!


Gabriel Novis Neves 

06-05-2022




segunda-feira, 23 de maio de 2022

A MAIS HUMANA DAS PROFISSÕES


A medicina é conhecida desde os tempos antigos como a mais “humana das profissões”, quando exercida com ética seguindo o Juramento de Hipócrates.


E para exercer essa profissão o médico deve ser um “profissional humanizado”.


Eu considero que para o exercício legal da medicina, além do Juramento de Hipócrates, há necessidade de se conhecer a técnica médica.


Sem o conhecimento da “técnica médica” adquirida em uma faculdade de medicina, essa profissão jamais poderá ser exercida.


No entanto, discordo ao não se considerar as outras profissões de não humanas, pois todas cuidam das pessoas direta ou indiretamente.


Esse milenar conceito da “profissão mais humanizada” se fragilizou tanto, que hoje dentro da própria medicina encontramos o “tratamento médico e até parto humanizado”, o que não condiz com os médicos ou clínicas que assim se rotulam.


Parece que “humanizado” virou marketing para ser lembrado em alguns receituários de médicos e clínicas.


Sócrates tinha habilitação para exercer a medicina, pois cursou medicina na faculdade da USP de Ribeirão Preto (SP).


Ficou famoso assim que concluiu a sua graduação de médico, como jogador de futebol, chegando à Seleção Brasileira.


Já o Tostão era um famoso jogador de futebol sendo, inclusive Campeão do Mundo na Copa de 1970, no México.


Ainda jovem deixou a profissão de jogador de futebol.


Fez vestibular para a faculdade de medicina da UFMG.


Após a conclusão do seu curso fez concurso para a docência da faculdade onde estudou.


Por alguns anos foi professor de medicina e médico psiquiatra.


Aposentou-se e hoje é jornalista de um grande jornal brasileiro e escritor, sem ter feito os cursos superiores de jornalismo, letras ou literatura.


O número de pessoas “leigas” exercendo com brilhantismo outras funções profissionais universitárias (menos a medicina) é imensurável.


Na literatura, letras, artes, e comunicação aqueles com formação universitária na área que foram habilitados, parecem ser minoria.


Aqui em Mato Grosso, nosso grande artista plástico (Humberto Espíndola) é formado em jornalismo, cargo que nunca exerceu.


Nosso poeta sempre lembrado era bacharel em Direito (Silva Freire), assim como a antiga Academia Mato Grossense de Letras era, na sua maioria integrada por desembargadores.


Nossos maiores compositores não surgiram dos Conservatórios de Música.


“Nessa toada” vamos longe para provar o óbvio, que é, - para ser médico tem que frequentar os bancos escolares de uma faculdade de medicina.


Se alguém tentar exercer a profissão de médico sem esse pré-requisito é curandeiro, e poderá sofrer sanções da lei em vigor.


O médico, porém, poderá exercer qualquer outra profissão, de humorista à craque de futebol.


E a medicina exercida por médicos continua a ser a mais humana das profissões.


E quando o médico exercer outras profissões, ele irá humanizar essas profissões como o futebol, as artes e a música?


Ou o médico só será considerado um profissional humanizado quando no exercício da medicina e não das outras profissões?


Gabriel Novis Neves

13-04-2022





VELHOS TEMPOS


Tanto fizeram com a tecnologia em certas áreas do conhecimento, que o moderno hoje é ser antigo.


Isso é percebido principalmente na ciência médica onde os meios diagnósticos existentes especialmente por imagens, não existiam quando conclui o meu curso médico (1960).


A ultrassonografia foi introduzida em Cuiabá, apenas há quarenta anos.


Hoje, ninguém faz o pré-natal com pelo menos três exames de ultrassonografia gestacional.


O abdome deixou de ser a temida “caixinha de segredos”, e nenhuma mulher precisa mais sentar-se em cima de uma colher ou garfo para saber o sexo do seu neném.


Eram colocados uma colher ou garfo debaixo de um par de travesseiro sem a gestante saber.


Pediam que escolhesse um travesseiro para sentar-se.


Se o escolhido fosse o da colher, o sexo do neném era do gênero feminino.


Se o escolhido fosse o do garfo, o sexo seria masculino.


Foi assim que minha mulher descobriu com antecedência o sexo dos seus filhos sem errar.


Tem-se abusado tanto dos exames complementares, que os especialistas nem mais examinam seus clientes.


Partem furiosamente atrás dos inúmeros exames laboratoriais de imagens e bioquímicos.


Esta semana um amigo, foi consultar com um médico antigo que examina os seus clientes.


Após a consulta com minucioso exame clínico, saiu do consultório sem pedido de nenhum exame.


Apenas com a recomendação de continuar usando os medicamentos que lhe haviam sido receitados em doses menores, e voltar daqui há quinze dias.


No retorno, seu médico antigo voltou a fazer um novo exame físico com detalhes.


Retornando a sala de consulta, disse que estava curado.


Meu amigo eufórico me ligou dizendo que consulta assim, só tinha feito com o Dr. Artaxerxes, no Hospital Geral.


Não satisfeito presenteou ao médico que o tinha examinado à exaustão, mesmo sabendo ser o paciente de um popular Plano de Saúde.


É aquela história do samba de carnaval, onde abusaram tanto da mulata que um dia ela foi embora.


Abusaram tanto dos exames complementares que hoje quem os solicitam em abundância, não significa ter conhecimentos médicos.


O melhor em medicina é um detalhado exame físico, e nem tantos complementares.


Estamos voltando aos velhos tempos da boa medicina, quando os pacientes eram examinados.


Gabriel Novis Neves

15-05-2022






sábado, 21 de maio de 2022

OS PITORESCOS XXVI


Bem antigamente pegar o boné significava deixar um lugar. Hoje, pegar o boné é para fazer caminhada.


Na Cuiabá antiga, pedir as contas era afastar do seu trabalho. Hoje, às vezes significa abandonar o companheiro ou companheira, que poderá ser de muitos anos.


Bem antigamente, o Carnaval precedia a Semana Santa. Hoje, com o Covid 19 e sua variante Ômicron, o carnaval passou a ser comemorado depois da Semana Santa.


Na Cuiabá da época da pandemia, os foliões foram obrigados a usar as máscaras protetoras da Organização Mundial da Saúde. Existem máscaras dos ricos que são específicas de bons hospitais, e as fininhas de pano usadas pelos pobres do SUS.


Bem antigamente, as pandemias causavam rebeliões, onde muitos morriam. Hoje, sem rebeliões muitos morreram por falta das vacinas.


Na Cuiabá antiga, houve “duelo de espadas” entre dois médicos sobre a descoberta da febre amarela aqui. Um jurava que a febre amarela existia. Outro de pés juntos afirmava não existir. Foram para o duelo que se converteu no grande “papo furado”, do início do século XX. Havia febre amarela, sim.


Bem antigamente, era comum os duelos entre os homens de bem. O último país do mundo ocidental que aboliu o “duelo” foi o Uruguai em 1980.


Na Cuiabá antiga, essa tradição de lavar a honra vigorou até 1978. Eu tive a honra de ser convidado para um duelo, ainda com a preferência de escolher local, armas e juízes. Claro que não aceitei. Perdi a oportunidade de ser um herói local!


Bem antigamente, as crianças nasciam e várias eram registradas muitos meses ou anos depois. Hoje, já deixam a maternidade com seu registro de nascimento.


Na Cuiabá antiga, ao atender uma cliente o médico fazia a pergunta obrigatória da idade do nascimento. A resposta muitas vezes era –, da data do nascimento ou do registro civil?


Bem antigamente, tinha colegas da mesma idade de nascimento e que frequentavam turmas escolares inferiores. Os que morriam cedo, era muitas vezes pelos seus registros em cartórios. Hoje, há uma doideira para aumentar de idade para ter transporte coletivo grátis, para portadores de carteira de estudantes.


Na Cuiabá antiga, como só tínhamos uma maternidade na rua 13 de Junho, por ocasião dos censos era necessário um tradutor para os números recolhidos. Nossa vizinha Várzea Grande já era uma cidade bem povoada, que não batia com os dados do censo. A maioria dos seus moradores nasciam na maternidade de Cuiabá, sendo assim cuiabanos.


Bem antigamente, o bairro do Porto era muito distante do Palácio Alencastro. Seus alunos estudavam na Escola Senador Azeredo (Peixe Frito), em alusão a abundância desses pescados no rio Cuiabá.


Na Cuiabá antiga, existia uma única ponte sobre o Rio Cuiabá ligando os dois municípios e inaugurada em 1942. Era comum pescar pacu, pintado, piraputanga, dourado e cachara da ponte sobre o rio Cuiabá. Hoje, existem várias pontes e nenhum peixe no rio.


Bem antigamente, Várzea Grande era chamada de “Cidade Industrial” por ser sede de industrias. Hoje, a “Cidade Industrial” está localizada no bairro do Coxipó da Ponte em Cuiabá. Lá é sede do Clube Cuiabá Esporte Clube, que disputa o Brasileirão, Copa do Brasil e Sul Americana. Tem dono.


Na Cuiabá antiga, nossos times de futebol eram o Dom Bosco o mais antigo de Cuiabá com 97 anos de fundação, o Mixto da dona Zulmira Canavarros, o Americano do “seo” Francelino sogro de Garcia Neto, o Paulistano do Armando Cândia, o ABC dos bancários do goleiro Butu, o Atlético Cuiabano, considerado da elite cuiabana, o Operário de Várzea Grande, do Rubens dos Santos. Hoje, os times pertencem ao pessoal do agronegócio.


Bem antigamente, era gostoso viver em Cuiabá, hoje, também.


Gabriel Novis Neves

10-04-2022




sexta-feira, 20 de maio de 2022

POETAS DA BOSSA-NOVA


Seus poetas maiores foram Vinícius de Moraes e Tom Jobim.


Eram homens amadurecidos, autores de tantos clássicos da MPB.


“Da garota de Ipanema” indo à praia como toda garota fazia.


Do “Samba do avião”, - estou morrendo de saudade, Rio teu mar, praias sem fim, Rio você foi feito para mim.


Gostava também muito do trabalho musical dos “meninos poetas”, da época em que se faziam versos e músicas, gostosas de serem ouvidas.


Recentemente ouvi vários sucessos do Marcos Vale.


A primeira vez que ouvi falar desse nome, foi por recomendação do meu primo do Rio e já falecido.


As letras e músicas desse então menino, eram cheios de ingenuidade e amor.


Gostoso para se dançar como antigamente.


Bem agarradinhos, quase nem saindo do local do salão, cujo piso era de vidro iluminado.


Como isso se acabou!


Outros “poetinhas” como Menescal, falavam do barquinho que vai e à tardinha cai.


Como fomos perder todas essas belezas musicais e ficarmos prisioneiros das músicas sem encanto ou poesia?


“Samba de verão”, - ela vem sempre tem esse mar no olhar, é emocionante ouvi-lo, assim como “Amando demais”!


“Uma saudade que alegra a gente, uma tristeza cheia de paz, provavelmente ando amando demais”!


“Bananeira”, bananeira, não sei, bananeira, sei lá a bananeira, sei não a maneira de ver, com João Donato.  


“Telefone”, eu já estou desconfiado, que ela me deu o telefone pra mim, Bôscoli.


“Se é tarde me perdoa”, eu cheguei mentindo, eu cheguei partindo, sucesso de Carlos Lira.


“Canção do amanhecer” com música no céu, de Edu Lobo.


Músicas para ouvir e dançar.

Dançar e ouvir.


Tão simples e ingênuas.


Que bom que era antigamente quando esperávamos pelos lançamentos dos discos vinil em 78rpm!


Como tudo acabou não deixando as novas gerações o prazer que sentíamos quando jovens.


Gabriel Novis Neves

06-02-2022




DÁDIVA


O meu bisneto caçula está completando um ano de idade, cheio de felicidade contagiante.


Só os cegos para não agradecer a Deus por tamanho presente, que é o de ter acompanhado este seu primeiro ano de crescimento e desenvolvimento saudáveis.


Tudo com o JG (João Gabriel) aconteceu conforme a cartilha sonhada pelos seus pais, irmã e familiares.


Nascimento, batizado e aniversário comemorativo do seu primeiro ano de vida.


Mamou exclusivamente no peito até iniciar sua alimentação pastosa-sólida, e continua mamando e dormindo.


Sua carteira vacinal está em dia, seguindo as normas acadêmicas de uma boa medicina preventiva.


Já realizou diversas viagens, inclusive uma internacional.


Não sentiu o mínimo desconforto com esses deslocamentos, nada demonstrando com fuso horário e clima diferentes.


Demonstra uma enorme segurança quando com os seus, estranhando aquelas longe do seu convívio social.


Comporta-se como um animalzinho racional.


Nasceu careca, e para suas bodas foi levado pelo pai ao salão do seu cabelereiro.


Comportou-se no barbeiro como um veterano, saindo de lá com cara de guri.


Com a facilidade que a tecnologia nos oferece, esse menino deve ter mais fotografias e filmes acumulados nos celulares dos seus pais do que eu em toda a minha vida.


O JG já tem muita coisa a contar no futuro se não acontecerem mudanças sociais e tecnológicas que alterem de tal forma o comportamento humano, que tudo que escrevi até agora perderá o seu valor.


Gostaria de estar presente no dia que seus pais, familiares, amigos estarão reunidos para celebrar o seu primeiro ano de vida.


Por “vaidade” (vai...idade) estarei ausente, desejando que se torne um “vaidoso”, após o seu centenário.


Muita felicidade e saúde, neste seu primeiro de muitos aniversários.


Gabriel Novis Neves

20-05-2022