segunda-feira, 2 de maio de 2022

ALGUNS PROFESSORES DA FACULDADE


O curso de medicina da Praia Vermelha em 1955 era um nicho de notáveis professores.


É difícil de mensurar o que representava para um jovem do interior saber que o seu professor de Biofísica era filho de um dos mais consagrados pesquisadores brasileiros - Carlos Chagas.


Descobriu o protozoário causador da Malária, e o parasita transmissor da “Doença de Chagas”.


Não ganhou o Prêmio Nobel por ter encontrado grande oposição por parte dos médicos brasileiros, que por muitas vezes duvidaram da existência da doença e da autoria da descoberta.


Carlos Chagas Filho foi meu professor e consultor científico do Papa, tendo se ausentado por um mês das aulas para orientar cientificamente o Papa sobre o uso do DIU (Dispositivo Intra Uterino).


Thales Martins, meu professor de fisiologia foi um dos precursores da Endocrinologia Experimental, de renome internacional.


Considerado um pioneiro no campo da Fisiologia da Reprodução, sempre citado nos livros didáticos internacionais.


Quando fui seu aluno diziam que ele havia sido indicado para o Prêmio Nobel, e não venceu.


Era um pensador original e escritor.


Paulo de Carvalho, nosso catedrático em farmacologia relatou em aula sua experiência em Congresso Internacional sobre a maconha, realizada de Salvador.


Foi um dos cientistas que se ofereceu a fumar a maconha para experimentos.


Disse que não apresentou nenhum dos sintomas relacionados com a pesquisa.


Afirmou também que essa droga só produz efeitos alucinógenos e delírios naquelas personalidades predispostas (1957).


O professor de microbiologia foi o fundador do Instituto de Microbiologia na UFRJ (1950), que leva o seu nome – Paulo de Góes.


Carlos Cruz Lima, que nos ensinou semiologia médica na Santa Casa. Possuidor de invejável didática.


Clementino Fraga Filho, que empresta o seu nome ao Hospital Universitário do Fundão (RJ), foi meu professor de clínica médica.


Dr. Magalhães Gomes, estudioso em cardiopatia reumática, na Santa Casa.


Arnaldo de Morais, de ginecologia chamado pelos seus alunos de “Eunaldo de Morais”.


Dr. Ripper que trouxe para o Brasil o colposcópio, exame obrigatório em consultório de ginecologistas para diagnóstico precoce das doenças do colo uterino.


Merisa Miguez Garrido, pioneira no tratamento da infertilidade feminina no Brasil.


Professor Carlos Zanotta, mastologista do Moncorvo Filho.


Rodrigues Lima, obstetra que em 1971 veio implantar o ambulatório de planejamento familiar aqui em Cuiabá.


Deolindo Couto, professor de neurologia e fundador do Instituto de Neurologia da UFRJ.


Mariano de Andrade, professor de clínica cirúrgica na Santa Casa. 


Marcou a modernização e desenvolvimento da cirurgia experimental no Rio de Janeiro, com a criação de laboratório dedicado à Cirurgia Experimental.


Um dos grandes nomes da Cirurgia brasileira.


Abreu Fialho, foi meu professor de oftalmologia. Foi também idealizador e fundador do Banco de Córneas (1948).


Ugo Pinheiro Guimarães, professor Catedrático de Cirurgia, Patologia e Propedêutica Cirúrgica.


Inaugurou o INCA (Instituto Nacional do Câncer).


Muito elegante era pai da Cissa Guimarães.


Nise da Silveira, minha professora de psiquiatria revolucionou o tratamento psiquiátrico no Brasil.


Abandonou o eletrochoque e medicamentos psicotrópicos, pela pintura, música e artes artesanais.


Criou o Museu do Inconsciente, hoje Patrimônio da Humanidade.


A arquitetura do Museu foi obra de Oscar Niemayer e construído em Niterói.


O paraninfo dos médicos de 1960, foi o professor de anatomia patológica Floriano dos Santos Lima.


O reitor, Pedro Calmon, que disse que, “na minha universidade só se entra pelo vestibular” - frase proferida por ele quando da tentativa da invasão da faculdade de medicina por tropas do exército brasileiro em 1955.


Diretor da faculdade de medicina, Arnaldo de Moraes.


Eugênio Cavalcanti (anatomia), Bernardo Couto (neurologia), Bruninho Lobo (histologia), Haroldo Portela (ortopedista), Guilherme Serrano (obstetrícia), Sílvio Fraga (dermatologista) entre outros homenageados.


Para escrever este texto após sessenta e dois anos de formado em medicina, tive que retirar os ossos do fundo do baú da minha existência.


E fico com a pergunta: porque escolhi a medicina como profissão?


“A vida é como um anfiteatro anatômico onde vemos a hipocrisia do otimismo, tudo num montão de lama – a sociedade.


 A medicina é a profissão que me ofereceu mais encantos, porque por intermédio dela estudei este emaranhado de vasos, esta reunião de músculos, esta teia de nervos, que compõem este monte de elementos apodrecidos” (Pedro Nava).


Gabriel Novis Neves

29-04-2022




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