domingo, 15 de maio de 2022

OS PITORESCOS XXV


Bem antigamente, os cuiabanos raiz eram chamados de tchapa e cruz. Os nascidos hoje desconhecem por completo o que isso acima representa.


Na Cuiabá antiga, existia a Santa-Casa da Misericórdia, Hospital que atendia toda a população de ricos e pobres. Hoje, Santa-Casa é nome “fantasia” do Hospital Metropolitano de Cuiabá.


Bem antigamente, não existia nome “fantasia” e, Santa-Casa era nome original.


Na Cuiabá antiga, as Irmãs Salesianas administravam de verdade o Hospital. Hoje, é a Secretaria de Saúde do Estado.


Bem antigamente, os cuiabanos sentiam orgulho em participar da parte administrativa da Santa-Casa. Hoje, mesmo os que participaram dizem que nunca participaram.


Na Cuiabá antiga, o Interventor de Mato Grosso visitava o Hospital de Caridade. Hoje, interventor passou um tempinho administrando a Santa Casa, antes da sua transformação em Hospital Regional.


Bem antigamente, havia famílias de beneméritos da Santa -Casa, por ofertar dinheiro e bens à Instituição. Hoje, nem tanto assim.


Na Cuiabá antiga, os médicos novos passavam pelo teste da Santa-Casa. Hoje, pouquíssimos médicos novos conhecem o Hospital Metropolitano de Cuiabá.


Bem antigamente, os alunos de medicina estudavam fora. Hoje, temos três boas escolas de medicina só na Grande Cuiabá.


Na Cuiabá antiga, a Santa Casa tinha um maqueiro famoso (Antônio Amaro). Era chamado por muitos de doutor. Hoje, maqueiro só em jogo de futebol. Quem leva e traz o paciente do Centro Cirúrgico são técnicos de enfermagem.


Bem antigamente, existia um puxadinho do Hospital Geral de Cuiabá, que funcionava como a Maternidade de Cuiabá, que pertencia a uma entidade filantrópica, dirigida por médicos e senhoras da sociedade. Hoje, existe o Hospital Geral Universitário (HGU) que pertence a uma empresa privada de ensino superior.


Na Cuiabá antiga, os cuiabanos eram pioneiros empreendedores.

Hoje, empreendedores vieram de fora.


Bem antigamente, tínhamos ruas de famílias cuiabanas. Hoje, os novos condomínios são de milionários que ficaram ricos aqui.


Na Cuiabá antiga, as casas eram construídas com paredes feitas “meia a meia”. Eram coladas umas nas outras. Hoje, uma parede fica longe da casa do outro.


Bem antigamente, não havia tanta distância econômica entre as classes ricas e pobres. Hoje, não há distância, e sim precipício.


Na Cuiabá antiga, rico e pobre estudava na mesma sala de aula de uma Escola Pública. Hoje, ricos estudam em universidade pública.


Bem antigamente, time de futebol que fizesse o maior número de gols vencia o jogo. Hoje, saldo de gol ganha até campeonato.


Na Cuiabá antiga, campeonato de futebol era disputado entre tapas e tiros. Hoje em Cuiabá, preferem o “tapetão” ou VAR.


Bem antigamente, escoteiros eram para meninos. Bandeirantes mais para meninas. Ajudavam na educação moral e cívica das crianças. Hoje, as crianças nunca ouviram falar nisso. Pensam que Bandeirantes são paulistas. Escoteiro é quem nasce na Escócia.


Na Cuiabá antiga, as crianças eram escoteiras ou bandeirantes, e tinham muito orgulho dos seus uniformes. Hoje, algumas dizem que em suas casas já ouviram discos de Baden-Powell com Vinícius de Moraes.


Bem antigamente, por ocasião da Reunião dos Reitores das Universidades Públicas do Brasil na UFMT, contamos com o apoio dos escoteiros como guia do ônibus de turismo, que transportava as mulheres dos reitores para conhecerem a Chapada dos Guimarães. Um ex-governador do Estado, participou como guia, usando seu uniforme de gala.


Na Cuiabá antiga, as crianças eram educadas para conhecer e preservar o meio-ambiente. Hoje, meio ambiente é consultar o aplicativo “Tempo”, no celular.


Bem antigamente, tia era como as crianças chamavam a irmã do seu pai ou mãe. Hoje, são chamadas de tias as professoras da pré-escola e pessoas amigas mais velhas, sem parentesco. Dizem, que até nas universidades os alunos estão chamando os professores de “tias” e “tios”.


Na Cuiabá antiga, era fácil saber quem era da sua família, pois, todos eram parentes. Hoje, temos dificuldades de conhecer até os nossos irmãos, e às vezes nossos próprios pais.


Bem antigamente, festa de parentes era só de parentes. Hoje, é uma verdadeira “Torre de Babel”.


Gabriel Novis Neves

28-03-2022




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