terça-feira, 10 de maio de 2022

UMA NOITE EM PARIS


Estava em Bucareste, na Romênia, em missão oficial do Governo de Mato Grosso (1969).


Após uma semana de trabalhos tivemos que retornar ao Brasil.


A escala de um dia era obrigatória para o voo de regresso.


Poderia ser em Roma ou Paris.


Os representantes de Mato Grosso eram o professor Oswaldo de Oliveira Fortes (Secretário de Planejamento), Dr. Amorim (Engenheiro Ferroviário do Escritório Comercial de MT em São Paulo) e eu (Secretário de Educação).


Colocada em votação a nossa escala, a minha proposta (Paris) foi vitoriosa por unanimidade.


Deixamos Bucareste com a missão cumprida e, após seis horas de voo, pousamos no Aeroporto Internacional de Orly, em Paris.


Na época estavam construindo o seu maior aeroporto inaugurado em 1972, o Charles de Gaulle.


Procuramos um hotelzinho bem barato no centro da cidade.


Deixamos nossas bagagens no quarto para três pessoas e saímos dispostos a conhecer Paris.


Pegamos um taxi, dissemos que éramos turistas brasileiros e que gostaríamos de conhecer a cidade.


Rodamos, rodamos, paramos para apreciar a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo, a Catedral de Notre-Dame, o rio Sena.


Já noitão, quem nos maltratava era o frio, e não a fome.


Andamos pelos barzinhos parando para contemplá-los, com suas lindas mulheres fumando e bebendo.


Entramos em algumas das inúmeras boates existentes, e saímos sem tomar um simples cafezinho do Brasil.


Havíamos passado uma semana numa cidade comunista, em hotel de luxo americano, cada qual no seu quarto, no tempo da cortina de ferro e da proibição da prostituição.


Essa noite em Paris era totalmente diferente para os três matutos da missão oficial.


Professor Oswaldo Fortes, que era do planejamento, perguntou se não iríamos parar em algum lugar para jantar, pois tínhamos o dinheiro das diárias.


Em Bucareste, minha única despesa foi a compra de um colírio manipulado para irritação dos meus olhos.


A vida em Paris à noite era intensa, com as suas ruas movimentadas, comércio, bares e restaurantes funcionando.


Perguntei às horas?


Quatro da matina, me respondeu o professor e acrescentou – o nosso voo sai às oito e precisamos estar no aeroporto com antecedência.


Tínhamos catorze horas de voo direto para dormir e um tanto para chegarmos “mortos” em Cuiabá.


Lembrei que estávamos na terra do pão francês.


Encostamos numa carrocinha que vendia, pelo jeito, um excelente cachorro quente.


Cada qual pediu o seu, com direito a repetição.


Que pão francês delicioso!


Retornamos ao hotel, passamos longe dos chuveiros, pegamos nossa bagagem e fomos para Orly.


Momentos depois, fomos chamados para o embarque com destino ao Brasil.


Comprei no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, os presentes para Cuiabá, inclusive cartões postais de Paris.


À tardinha estava em minha cidade, após uma noite em Paris.


Gabriel Novis Neves

06-05-2022






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