quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

PROPOSTA INDECOROSA


O prefeito de Cuiabá procurou o Ministério da Saúde para, em parceria, tentar resolver um dos mais sérios problemas de saúde pública de Mato Grosso.
Embora localizado em Cuiabá, o nosso Hospital de Urgência e Emergência – Pronto Socorro Municipal - atende a todo o Estado devido à carência desse tipo de hospital no interior.
Cuiabá é a única capital de Estado a não possuir um Hospital das Clínicas.
Aquele que seria o seu Hospital das Clínicas, com setores de urgência e emergência, atendimento aos casos de alta complexidade e em condições de amparar, em parte, a demanda do nosso interior, é um esqueleto.
Recentemente completou vinte e cinco anos de incompetência política e administrativa, servindo como símbolo do deboche à nossa gente.
A resposta do auxiliar do ministro campineiro ao pedido do nosso prefeito foi, no mínimo, indecorosa. Orientou o nosso representante que constituísse uma empresa privada para explorar os serviços de urgência e emergência.
O Ministério da Saúde compraria os seus serviços pela tabela do SUS!
Disse também que cento e vinte leitos seriam ideais para atender ao Estado - com mais de três milhões de habitantes, com oitocentos e cinquenta mil quilômetros quadrados, com apenas vinte por cento das suas rodovias trafegáveis, com quase quatro mil médicos, sendo que setenta por cento estão localizados em Cuiabá por falta de condições de trabalho no interior.
O Ministério da Saúde providenciaria, dentro do possível, alguma ajuda financeira, sem valor estipulado e previsão de liberação para as obras físicas.
A manutenção e custeio, altíssimo nesse tipo de atendimento hospitalar, ficariam por conta do pobre município.
O ministro não conhece Mato Grosso e está muito mal informado sobre a situação da saúde no nosso Estado.
Esteve algumas vezes em Cuiabá durante a última eleição municipal tentando alavancar a candidatura do seu candidato, que perdeu as eleições, mesmo contando com a presença do presidente da república-adjunto no comício de encerramento.
O governo federal não respeita a nossa constituição, e essa terceirização da nossa saúde pública é o golpe de misericórdia em qualquer esperança de termos uma saúde pública de qualidade e humanizada.
Preferem o modelo cubano, tão do agrado dos nossos dirigentes. Os salários dos médicos por lá, não chegam a cem dólares mensais.
O pior é que esse ministério, que orienta que empresários cuidem de um problema eminentemente social, é o mesmo que incentiva a criação de novas escolas médicas particulares, cujas mensalidades só são acessíveis aos ricos.
Está tramitando no Congresso Nacional um projeto de lei para transformar a carreira de médico em carreira de Estado.
Não é possível oferecer contratos com salários irrisórios a quem estuda tanto para exercer a sua profissão em empresas que visam lucro sem oferecer ao médico, pelo menos, estabilidade e condições mínimas de trabalho.
Achar que um hospital de cento e vinte leitos é viável economicamente, é desconhecer totalmente o funcionamento e sustentabilidade de um equipamento social como um hospital.
O prefeito de Cuiabá deve ouvir o seu experiente Secretário de Saúde que, com certeza, lhe dirá da inaceitável proposta de Brasília.
Seria mais uma farsa implantada na área de saúde para não funcionar.
Algo está podre no Reino da Dinamarca.
Continuaremos fazendo eutanásia nos nossos doentes sem recursos econômicos e hospitais oficiais.

Gabriel Novis Neves
24-02-2013

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Atitude


Neste início de governo, Mauro demonstrou que veio para administrar Cuiabá. Claro que não conseguirá, em quatro anos, resolver todos os históricos e crônicos problemas de uma cidade de quase trezentos anos.
Encarou e assumiu o problema da nossa saúde pública, mesmo sofrendo cortes de recursos do governo federal; mobilizou a limpeza da cidade priorizando os lugares criadores do mosquitinho da dengue. Não aceitou o absurdo aumento do seu salário, deixando em aberto o exemplo a ser seguido pela valorosa Câmara dos Vereadores, que optou pelo robusto aumento nos seus vencimentos.
Numa cidade pobre como Cuiabá, se o exemplo não vier de cima, adeus legitimidade para governar e legislar.
Ao procurar o governo do Estado para se inserir no preparo da cidade para o maior evento esportivo do planeta Terra, quis dizer, com essa atitude, que não ficaria na janela vendo a banda passar, como na marchinha do Chico Buarque, imortalizada na voz da Nara Leão.
Até então, a prefeitura não participava dos processos decisórios sobre a destruição da cidade para as prometidas obras da FIFA.
Para iniciar o seu trabalho de zelar pelo futuro da nossa cidade, Mauro demonstrou muita habilidade ao trazer para compor o seu secretariado dois ex-diretores da antiga Agência, hoje Secretaria da Copa.
Agora não dependerá mais de informações oficiais do governo do Estado para saber se o cronograma e planejamento das obras estão sendo cumpridos e, o mais importante, se há recurso disponível.
Os repasses do governo federal para Cuiabá minguou. De vez em quando pinga um dinheirinho para o puxadinho do nosso Aeroporto Internacional.
Os empréstimos bancários também não são obedientes aos seus cronogramas.
A prefeitura jamais poderia ficar marginalizada das decisões, pois os reflexos dessas escavações nas avenidas comerciais interferem, inclusive, na arrecadação de impostos do pobre município.
A Copa não será realizada no Estado, para desespero de muitos, e sim, na capital eterna de Mato Grosso.
Esses dois auxiliares, um nas Obras e outro na Secretaria de Esportes, em época de Copa do Mundo, disponibilizarão ao prefeito informações privilegiadas. Assim ele terá condições de entender as várias decisões tomadas pelo Estado, como a mudança do modal BRT, com orçamento já aprovado pelo governo federal, para o caríssimo VLT, de estranha história até hoje não esclarecida.
A Copa é de Cuiabá. A responsabilidade pela cobrança do embelezamento da cidade é dever da prefeitura, que viu o seu território ser esquartejado pelas obras do campo do futebol, alargamento de algumas avenidas e a instalação das trincheiras.
Programado ainda o trajeto do polêmico VLT, cortando todo o centro comercial de Cuiabá e colaterais (Coxipó).
O turista que nos virá visitar precisa encontrar uma cidade bem tratada, com o seu Centro Histórico revitalizado, seus monumentos, pontos turísticos atrativos e as belezas das nossas ruas, becos e ladeiras - com os seus apelidos -, totalmente restaurados.
Para uma arrumadazinha nos teatros, bibliotecas, museus, zoológicos, praças e jardins, a prefeitura deverá cobrar dos organizadores do evento, e colocar-se como parceira.
O turismo externo do nosso município é obrigação dos organizadores da Copa.
Sinceramente, não esperava tanta audácia prematura do prefeito, que elegeu como prioridade máxima do seu mandato resolver o cruciante problema da nossa saúde pública.
Dizem que no primeiro mandato o governante só pensa na sua reeleição, e as manguinhas de fora são para o segundo mandato.
Pelo menos por aqui, nessa espúria reeleição, tem funcionado assim.
Conhecemos melhor os nossos governantes durante o seu segundo mandato.
Acertou na mosca, prefeito! Obras e esportes serão muletas para este período.
Além do acerto administrativo das escolhas, espalhou farofa no tabuleiro político, né?
Só falta ao prefeito perder menos tempo com os políticos e ouvir mais o povo.
Este sabe o caminho das pedras para uma boa administração.

Gabriel Novis Neves
20-02-2013

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

CRÔNICO PROBLEMA


Estou “rouco” de tanto escrever sobre a desumana política de distribuição de médicos no Brasil. O tempo passa e apenas no período das eleições o assunto é editado pelos marqueteiros e lido pelos candidatos no Programa Obrigatório e Gratuito do Superior Tribunal Eleitoral.
Num país de tantas desigualdades, a ausência desses profissionais de saúde em muitos municípios brasileiros traduz bem a total insensibilidade social dos governantes para um dos nossos mais graves problemas.
“Saúde é direito de todos e dever do Estado.” Esse grupo fraseológico faz parte da Constituição Brasileira, e nunca foi cumprido e, o pior: nada acontece aos infratores públicos agentes das leis.
Único Presidente do Brasil que sempre perguntava se os projetos por ele executados estavam no livrinho, termo que usava para se referir à Constituição Federal, foi o cuiabano Eurico Gaspar Dutra.
Os outros, nunca respeitaram a nossa lei maior. Nesses últimos anos ela foi rasgada e remendada centenas de vezes, com a indiferença da grande maioria daqueles que um dia juraram defendê-la.
O último levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) comprovou, matematicamente, a ausência de médicos em inúmeros municípios brasileiros.
No Brasil existem, aproximadamente, trezentos e oitenta e oito mil médicos exercendo legalmente a sua profissão. Porém, clandestinamente e com garantias oficiais esse número não é conhecido.
No nosso Estado temos quase quatro mil médicos. Cerca de setenta por cento estão concentrados em Cuiabá.
Para resolver essa deplorável situação o governo prefere criar novas escolas de medicina, agravando ainda mais o problema.
Hoje, em funcionamento, temos 198 escolas médicas, na maioria particular, e a meta do governo é criar mais quarenta e cinco até 2014.
Isso não resolverá a falta de médicos no interior do Brasil, e agravará ainda mais a situação desses profissionais nos grandes centros.
Não adianta prefeituras distantes dos grandes centros oferecerem salários superiores a trinta, quarenta mil reais por mês para atrair médicos.
O município tem que oferecer o mínimo de condições de trabalho para esses profissionais e um plano de cargos e carreira, como acontece com o judiciário, polícia, receita federal, entre outros órgãos.
Será tão difícil para um país tão rico como o nosso resolver esse problema que fere os direitos humanos dos cidadãos?
Haja paciência para suportar tanta insensatez dos nossos ricos políticos!

Gabriel Novis Neves
20-02-2013

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Modernidade


O excesso de “modernidade” na educação das nossas crianças está levando-as ao envelhecimento precoce.
A ausência de limites no processo educacional, obrigando os nossos jovens a pularem várias etapas da sequência lógica do seu desenvolvimento biopsicossocial e de aprendizagem, faz da atual geração uma presa fácil da infelicidade.
A nossa juventude perdeu a criatividade para resolver os problemas do seu tempo e a curiosidade em entender o cotidiano da vida como ela é.
Estão totalmente condicionados ao previsível, incapazes de viabilizar qualquer possibilidade de alternativas.
A futilidade tomou conta da geração das máquinas.
É triste encontrarmos crianças com sinais de senilidade, vazias de encantos para prosseguirem na caminhada de novas descobertas.
Falta-lhes emoção para procuras, pois os pais, na ânsia de “bem educá-las”, colocam-se na posição de malignos protetores, negando ao jovem toda e qualquer possibilidade de descobrir o seu eu.
Essa massa amorfa de jovens, onde os mais privilegiados vão rolando pelas escolas formais - grandes formadoras de inutilidades sociais - é o substrato da sociedade consumista e egoísta, com pouco ou nenhum sinal de solidariedade humana.
Hoje o esforço dos pais é muito maior no investimento de recursos materiais na educação dos seus filhos, na tentativa de formar um filho competitivo para o mercado de trabalho, do que na formação de um cidadão.
Infelizmente, só o investimento material na formação de um filho propicia um retorno social, quase que desprezível na maioria dos casos.
Essa é a modernidade que me preocupa na educação das nossas crianças.

Gabriel Novis Neves
28-01-2013

domingo, 24 de fevereiro de 2013

BLOGUEIRA


Nunca, jamais, em tempo algum uma blogueira de um micro país fez tanto sucesso no Brasil como Yoani Sánchez.
Cubana de nascimento sofreu na própria carne todo tipo de retaliação por tentar exercer na sua terra natal a sua função de jornalista independente.
Mesmo diante de tantas adversidades criou, em 2007, o Blog “Geração Y”, de oposição ao regime cubano.
Por várias vezes quis deixar o país, mas era sempre impedida pelo interminável regime democrático dos irmãos Castro e dos decadentes políticos, artistas e futebolistas sul-americanos.
Enfim, amparada por uma nova lei migratória vigorando desde janeiro em Cuba, a blogueira conseguiu autorização para sair do país. Vai viajar por vários países divulgando suas ideias.
Começou a viagem pelo Brasil, país irmão e protetor da vigorosa economia da moderna ilha. Veio assistir ao lançamento do documentário do brasileiro Dado Galvão, Conexão Cuba-Honduras, no qual ela é personagem, e que fala sobre Liberdade de Expressão e Direitos Humanos.
Desde a sua chegada em terras de Pedro Álvares Cabral, tem sofrido todo tipo de humilhação possível, praticado por militantes dos partidos do governo.
Essa cena, não condizente com a nossa formação histórica de hospitalidade, teve o seu ponto culminante quando, na cidade de Feira de Santana (BA), o documentário foi impedido de ser exibido pelos seus inimigos políticos, “apesar de toda a proteção policial”.
A jovem jornalista tem sido perseguida, e hostilizada o tempo todo na sua visita ao nosso país, deixando constrangidos os hospitaleiros brasileiros e criando uma péssima imagem no exterior da nossa democracia.
A esquerda brasileira criou uma líder internacional. Burrice das grandes.
A intolerância política é tamanha, que esse documentário foi finalmente exibido na Câmara dos Deputados, com forte tumulto entre os presentes.
Os políticos da base de sustentação do governo são contrários à divulgação de tais fatos, acostumados com as liberdades individuais e, principalmente, de pensamentos implantados na ilha do Caribe.
A Yoani Sánchez, que é um símbolo da luta pela democracia em Cuba, aqui no Brasil demonstrou, com a sua presença, que vivemos a plena democracia bolivariana.
Além do vexame internacional dessa nossa atitude de intolerância ideológica, continuamos na nossa sina de fabricar heróis.
Yoani Sánchez é a nossa mais recente heroína.
“Não deixe de perdoar os seus inimigos – nada os aborrece tanto”. (Oscar Wilde).
Este é o Brasil que dá aula ao mundo sobre todos os assuntos, inclusive sobre a tolerância ao contraditório.

Gabriel Novis Neves
20-02-2013

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Ambulâncias


Não está longe o tempo em que o sonho de consumo de todo prefeito do interior de Mato Grosso era possuir uma ambulância para remover os seus pacientes para tratamento em Cuiabá.
O “arretamento” para conquistar essas ambulâncias foi tão intenso por parte dos nossos representantes em Brasília, que deu origem a um dos maiores escândalos envolvendo dinheiro público, políticos e empresários.
Muitos foram presos. Outros, com imunidade, foram incluídos no recém-criado programa socioeducativo da Polícia Federal e do Ministério Público, chamado pelo sugestivo nome de Máfia dos Sanguessugas.
Pois bem. Hoje, em nosso Estado, devido à péssima situação de trafegabilidade das nossas estradas, onde buracos engolem caminhões, os municípios isolados e sem a mínima estrutura para um simples atendimento básico na saúde pública, estão reivindicando aviões para substituir as obsoletas ambulâncias para o transporte dos seus pacientes.
Em breve teremos o maior programa de saúde pública no ar implantado no Estado da Copa.
O governo alega que faltam recursos para cuidar das nossas rodovias e para manter uma estrutura mínima de saúde nos municípios. Isso é abusar da paciência dos contribuintes, pois os nossos ricos municípios são grandes exportadores de impostos para Brasília.
Um Estado que irá gastar mais de um bilhão de reais para construir um campo de futebol para somente alguns jogos da Copa do Mundo, não pode alegar que não tem dinheiro para recuperar uma ponte de madeira - mesmo que essa madeira venha da região da Mata Atlântica, transportada pelo trem da Mangueira e cobrando de frete a bagatela de menos de quatro milhões de reais.
A única providência tomada pelas nossas autoridades é esperar passar o período das chuvas para os reparos provisórios de sempre.
Falta decisão política aos ocupantes do poder para priorizar essa tragédia anual.
Assim como, corajosamente, estamos endividados para as obras da Copa, que foi uma decisão política, precisamos de decisões de menos efeito eleitoreiro e de maior impacto na saúde econômica e social do nosso Mato Grosso.
Que o “sucesso” da Sapucaí não se repita na Copa do Pantanal (?).
Teco-Teco como programa de saúde só mesmo na terra do jequitibá!
Mais um mico na nossa já extensa dívida.

Gabriel Novis Neves
17-02-2013

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

COERÊNCIA POLÍTICA


O novo partido proposto pela ex-senadora Marina Silva não vai prestar.
Mesmo com o nome de REDE - já que “partido político” hoje é sinônimo de palavrão - e exigir ficha limpa para os seus futuros candidatos, não gostei de saber que esse grupo não fará oposição à atual Presidente da República, que é candidata à reeleição e já está em campanha, e nem será situação.
O que a minha Marina fará como candidata?
Seria melhor, dentro desses princípios de defesa dos valores éticos, retornar ao seu antigo partido ou fazer uma coligação com o partido do governo.
Outro fato curioso dessa REDE é que seus militantes não precisarão ser fichas limpas, já que “arrumaram” uma classificação nova para os delitos.
Tudo isso aconteceu na capital dos delitos em pleno sábado do enterro dos ossos do Carnaval.
Ou será o embrião de uma nova proposta de mudança da Constituição Federal para dar “Sustentabilidade” a essa nova experiência de governo?
Invadir e saquear fazendas produtivas para esse grupo chefiado pela ecologista de Xapuri é crime político, logo, seus membros são fichas limpas, e nunca criminosos comuns!
“Me engana que eu gosto!” – diria a velha olhadeira de sorte do Beco do Candieiro.
Roubar fazenda pode. Roubar dinheiro dos impostos é proibido. Haja coerência!
Mesmo tendo votado na última eleição para Presidente na Marina, e sendo um admirador de sua biografia irretocável, não entendi esse arranjo feito em Brasília.
A nossa eterna defensora do meio ambiente corre o risco de sair das próximas eleições presidenciais – se for candidata – sem o capital político conquistado em 2010.
Onde já se viu um candidato ao cargo mais importante do Brasil não ser contra nem a favor aos desmandos éticos cometidos pelo governo atual?
Parem com essa hipocrisia pessoal e eleitoreira! - enquanto o bloco ainda não saiu nas ruas.
Nem no Vaticano existem mais candidaturas como essa da REDE SUSTENTABILIDADE.
A coerência pregada pelos autores intelectuais da proposta política “é a virtude dos imbecis”, segundo Oscar Wilde.
Essa REDE da Marina se não mudar, não vai prestar.

Gabriel Novis Neves
18/02/2013

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Acabou


Cada um tem o seu indicador para diagnosticar quando determinado período está chegando ao seu final.
Sei, por exemplo, que um governo está terminando quando a Secretaria da Saúde passa a ser ocupada por um leigo.
Recordemos a rotina dos últimos anos em nosso Estado e cidade.
O governo do Blairo terminou prematuramente quando demonstrou que não possuía vontade política para enfrentar tamanhas dificuldades.
Preferiu colocar na secretaria um amigo leigo que não lhe trouxesse aborrecimentos, e o resultado é o que colhemos hoje.
Sucateamento total da nossa já debilitada saúde pública, deixando uma verdadeira herança maldita ao seu calado sucessor.
Roberto França, Wilson Santos e Chico Galindo também apelaram para a fórmula mágica de secretários de saúde leigos para sinalizar os seus fracassos na gestão da saúde.
Faltando ainda mais de um ano para o encerramento do seu mandato, o governador Sinval Barbosa não resistiu à tentação, e chamou um leigo para comandar a complexa pasta da nossa saúde pública.
Esse ato é uma demonstração que o nosso governador jogou a toalha. Assim como os outros foi vencido pelas dificuldades de melhorar a nossa saúde pública e minorar o sofrimento humano.
O jeito é arrumar os papéis da repartição, pois o tempo útil para realizações terminou, e nada foi feito de benefício para o povo - que irá cobrá-lo, como fez com os antigos prefeitos de Cuiabá.
Como diz o cuiabano: os nossos governantes, diante da incompetência para melhorar a saúde, fazem opção a quem não irá lhe importunar com os problemas técnicos da pasta complexa, anêmica em financiamentos públicos.
Até o Plano de Saúde do Estado sempre esteve com leigos em seu comando, e os resultados estão nas manchetes dos jornais.
Será que entre os nossos profissionais médicos não existe nenhum capaz de cuidar da nossa saúde pública?
Curioso é que o poder público não tem nem um Hospital de Clínicas na sua capital, e todo o atendimento hospitalar, inclusive de alta complexidade, é realizado em hospitais privados, administrados por médicos.
Esquisito, né?
Se a rede pública de saúde fosse particular, estaria falida, com suas portas fechadas e seus proprietários na cadeia.
Essa demonstração de idiossincrasia governamental com relação aos médicos, que estudaram e se prepararam para administrar os ambientes que são destinados a tratar dos pacientes, talvez seja, em parte, o resultado do conhecido efeito Serra.
O sociólogo FHC, para ficar livre de um economista inoportuno no comando do Plano Real, inventou-o como chefe do Ministério da Saúde, e foi uma verdadeira novidade.
José Serra confessou que nada entendia daquele negócio e convocou o que havia de melhor em recursos humanos no Brasil, independente de coloração partidária.
Técnicos do mais alto saber acadêmico de diversas origens - petista, socialista, trabalhista, comunista, liberais - foram convocados e aceitaram a missão de trabalharem sem interferências das políticas partidárias.
Com o seu prestígio político lutou para aumentar recursos para a saúde, já que a falta de financiamento público sempre foi o maior problema dos gestores de saúde.
Serra deixou o Ministério com boa avaliação nacional e até foi lembrado como o melhor Ministro de Saúde do Mundo, na sua época.
Aqui, há anos os governos fazem os loteamentos dos cargos técnicos com os partidos da base aliada e convidam um médico para dar legalidade a essa insanidade.
Resultado é o que assistimos ao findar os governos - um leigo assume a pasta da saúde para desespero da população de baixa renda.
Abra o olho Kamil!
Você já conseguiu superar o seu recorde como secretário municipal emplacando trinta dias no cargo, coisa que não conseguiu como Secretário Estadual.
Que o governo estadual acabou, não tenho dúvidas.

Gabriel Novis Neves
31-01-2013

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

ESTATÍSTICAS


Sempre fui um apaixonado pelas estatísticas.  Quando diante de alguma delas lembro-me do Embaixador Roberto Campos.
Economista globalizado, sempre trabalhou com números e estatísticas, ferramentas vitais nas economias capitalistas.
Certa ocasião, viajando com ele pelo interior de Mato Grosso, conversamos sobre esse assunto e suas interpretações.
Falei para o experiente planejador e financista macro, da minha quase total descrença em dados estatísticos.
Ele ouviu-me com muita atenção. Ao final, educadamente, ele perguntou se eu tinha conhecimento da sua posição sobre as estatísticas.
Disse desconhecê-la, mas imaginava-o um escravo delas para as suas decisões.
Com um ‘debochado’ sorriso disse-me que “estatística é igual a um biquíni, mostra tudo e esconde o essencial”.
Esse era o Roberto Campos, fraseólogo e gozador.
O Embaixador tinha toda razão. Como elas são manipuladas! - principalmente pelos homens do poder.
Neste início de 2013 os preços de quase todos os produtos dispararam. Destaque para os combustíveis. A nossa ex-poderosa Petrobrás está com desempenho pior que as obras da Copa do Mundo em Cuiabá.
Fui surpreendido por uma inusitada estatística divulgada pela “rádio que toca notícia” sobre os dois primeiros dias do carnaval no Rio de Janeiro.
O locutor informa que a briosa polícia do Rio prendeu cerca de seiscentas pessoas, de ambos os sexos e nacionalidades diferentes, fazendo xixi nas ruas da nossa ex- Cidade Maravilhosa!
O curioso dessa estatística curiosa é que, dos presos, mais de cinquenta eram mulheres.
Homem fazer xixi na via pública depende de poucas habilidades e mais da esperteza.
Já com as mulheres a anatomia não colabora, e elas tornam-se presas fáceis dos implacáveis homens das leis.
O ser humano não domina a natureza. Quando o recipiente coletor de excreção renal atinge certo nível de distensão da musculatura lisa da bexiga, surge o reflexo incontrolável da micção.
Para que o esvaziamento fisiológico de um órgão excretor em lugares públicos seja politicamente correto, são necessárias providências das nossas autoridades - como a construção de banheiros públicos. E não, prisões com divulgação pela mídia.
Caso típico de estatística enganosa. Querem passar a imagem de que o povo é baderneiro e mal educado. Estes dados publicados são iguais o biquíni. Mostra o que todos viram, mas esconde o essencial: falta de planejamento para grandes eventos, como o carnaval de rua no Rio de Janeiro.
Esse descaso social se repete por todo o Brasil, impressionando desfavoravelmente os nossos turistas.
Uma sugestão para o próximo carnaval: peço à Prefeitura do Rio de Janeiro, e outras cidades momescas, que providenciem a compra de fraldões geriátricos com distribuição gratuita aos foliões de rua. 
Ficaremos livres das estatísticas de prisão por atentado ao pudor e da fedentina das excreções fisiológicas.

Gabriel Novis Neves
11-02-2013

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Os drones


No momento em que pela primeira vez um presidente americano consegue fazer uma proposta, mesmo que tímida, com relação à restrição de venda de armas nos EUA, coisas estarrecedoras acontecem paralelamente.
A invasão dos céus pelos aviões robôs, chamados drones, já é uma realidade.
De tecnologia altamente sofisticada os drones são manipulados a grandes distâncias por pilotos de caça, como em um jogo de Atari – vídeogame famoso na década de 80 -, e conseguem ter um alto poder de destruição através dos armamentos pesados de que são portadores.
Dos mais diversos tamanhos, desde os menores do tamanho de uma mão, até os jatos maiores, com suposta capacidade de 16 ou 20 lugares, têm autonomia para muitas horas de voo, dispondo de aparelhos de alta inteligência e carregando mísseis devastadores.
E, até nós, brasileiros, tão carentes de sobrevivência básica, como educação e saúde, já estamos com duas companhias fabricando drones, como o Falcão - com aproximadamente oito metros de comprimento, 500 km de alcance e autonomia de 12 h.
As guerras no passado eram sempre submetidas a discussões éticas anteriores, tinham inimigos conhecidos, com nome e endereço. Atualmente o alvo é vago, não tem cara, e é apenas conhecido como terrorismo.
A princípio, era delimitado por facções pertencentes à Alcaida, já agora, se alastra pela África, como o que acontece em Mali, uma das seis ex-colônias francesas. Não esquecer que a França para fabricar suas bombas ainda depende do urânio, uma das grandes riquezas de Mali.
Mas o que nos interessa verdadeiramente são as conotações filosóficas advindas dessas novas práticas.
Precisões cirúrgicas nos ataques autorizadas pelos mais diversos governos - com que autoridade?
Vítimas poupadas do lado atacante, já que não há combate entre soldados - e o massacre humano do outro?
Como identificar um “inimigo” que não tem cara?
Que treinamento psicológico terá esse piloto de caça que à distância poderá ter a sua culpa minorada ou totalmente eximida, já que, preservado da visão catastrófica de um ataque, se sente como se manejando um brinquedo?
E as altas esferas militares? Serão as únicas nessas decisões de assassinatos em massa?
Que tristeza! Às portas do século XXII a raça humana, sempre assolada pelo temor das guerras, principalmente a nuclear, se vê novamente ameaçada por uma tecnologia capaz de fazer ainda mais vítimas do que as já vivenciadas.
E o pior. Crianças do mundo inteiro vêm brincando e convivendo com as miniaturas de toda essa barbaridade, uma verdadeira lavagem cerebral subliminar precoce.
Que saudade dos tempos em que pulávamos amarelinha, brincávamos de esconde-esconde, de pique, e não éramos nem obesos, nem diabéticos, nem hipertensos aos seis anos de idade, fato que hoje já é uma triste realidade.

Gabriel Novis Neves
08-02-2013

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

QUE POVO É ESSE?


Realmente, nós brasileiros somos uma mistura, não só étnica, mas, principalmente, de contradições assustadoramente conviventes.
Somos um país em que:
- programas televisivos de entretenimento colocam num mesmo patamar, e juntos dançando funk, moradores e policiais de comunidades, tudo feito com a presença e o aplauso do chefe de polícia de um Estado.
- a prostituição, apesar de não legalizada, exibe como troféu uma jovem que leiloa na mídia a sua virgindade, com excelente retorno comercial.
- políticos altamente corruptos e condenados pelo mais alto poder do país, reassumem postos de destaque na hierarquia governamental.
- participantes de programa de televisão de baixo nível são chamados publicamente de heróis pelo seu apresentador.
- mulheres que tiveram como representantes femininas pessoas de alto nível num passado próximo, voltam a ser estigmatizadas como mulheres fruta, tendo seu ibope aumentado no mercado da carne.
- idosos, após uma longa vida de trabalho, são desrespeitados por meio de aposentadorias ridículas, enquanto parlamentares, após quatro anos, com frequência de desserviços, se aposentam com vencimentos integrais.
- médicos e professores, baluartes de uma sociedade bem estruturada, são agraciados com sub-salário e sub-respeito.
- um presidente inculto apregoa com orgulho na televisão o triste fato de nunca ter lido um livro.
- pessoas capazes profissionalmente são rejeitadas em prol de outras com alto índice QI (quem indica).
- verbas para educação e saúde são preteridas em favor daquelas para propaganda governamental e compra de votos de parlamentares coniventes com os esquemas de corrupção.
- as nossas lindas e extensas praias são celeiros da mais absoluta democracia, quando as mais diferentes tribos, praticamente desnudas, convivem num clima de perfeita harmonia. Esse é o lado bonito dos nossos contrastes.
- pessoas assalariadas gastam em três dias de folia os seus minguados recursos, na fantasia de se tornarem reis ou rainhas, ainda que por um curto período.
- adeptos do amor sem preconceito, totalmente livre, reinvidicam leis que tolhem essa mesma liberdade.
Seria cômico se não fosse trágico. Mas, assim é a nossa querida República que, como uma jovem senhora promíscua, transmite aos seus filhos um legado de desencanto e de apatia.
Como se egressos de um sonho, quem sabe um dia acordaremos mais otimistas e mais confiantes com o destino de tão belo país?
Quem sabe uma nova “PASSARGADA”, em que eu, mesmo não sendo rei, teria os meus direitos respeitados.

Gabriel Novis Neves
22-01-2013

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Carnaval no Rio


Graças a uma propaganda maciça e enganosa, prometendo o encontro com um verdadeiro Éden nunca antes vivido, milhões de pessoas de todas as partes do mundo, principalmente do interior do Brasil, em sua maioria de jovens, invadem cheios de sonhos a nossa ex-Cidade Maravilhosa.
Entretanto, o que vem acontecendo nos festejos de carnaval no Rio de Janeiro é de uma irresponsabilidade invulgar.
Mais do que isso. É um desrespeito total aos seus habitantes que pagam em dia os mais altos impostos do planeta e são privados de seus direitos básicos de ir e vir.
Isso sem falar nos inúmeros casos graves emergenciais que fazem parte do cotidiano de uma cidade com aproximadamente 10 milhões de habitantes.
Ipanema, bairro cantado em verso e prosa - e tido como um dos mais belos cartões postais do Rio -, tem sua avenida principal e a grande maioria de suas transversais fechadas e transformadas em ilhas regadas com urina.
Invadida por gente de toda ordem, onde predominam bandos de jovens bêbados e drogados abandonados à própria sorte, já que o policiamento e a assistência médica são insuficientes para a demanda turística.
Assim, moradores do bairro que pagam um dos maiores valores de IPTUS da terra, se veem extremamente agredidos, não só durante o carnaval, mas também na semana que o precede e na que o sucede, já que nos últimos anos essas datas marcam o total cerceamento das pessoas que vivem nessa área.
Claro que sabemos que desde os mais remotos tempos pão e circo sempre foram prioridades em todas as organizações sociais.
Nos dias atuais, em que tanto se fala em direitos humanos, urge que esses eventos obedeçam a uma logística pré-estabelecida e que, principalmente, obedeçam às leis severas de segurança.
Não é possível que se continue convivendo com o que aconteceu, por exemplo, no Centro do Rio sábado de Carnaval por ocasião do desfile do Cordão da Bola Preta.
Aproximadamente dois milhões de pessoas acotoveladas, num lugar que não comportava essa quantidade de gente, iniciaram um tumulto que, por pouco, não se transformou numa grande tragédia.
Inclusive, os policiais enviados para o local, corriam risco de vida.
Afinal, para que existem lugares específicos para essas aglomerações se elas não são usadas sistematicamente?
Para que o Sambódromo, o Riocentro, o Aterro do Flamengo, enfim, áreas que comportam essas multidões sem risco de uma tragédia anunciada?
Nem todos os habitantes da terra são obrigados a gostar desse tipo de selvageria, e é obvio que os seus direitos têm que ser mantidos.
Que se faça urgentemente um levantamento responsável no tocante ao setor entretenimento, mas por pessoas que realmente dominem técnicas de segurança e, principalmente, de respeito à vida.
Que, afastados os lucros incomensuráveis que advêm desses eventos, se reflita sobre esse descontrole a que a população de toda uma cidade é submetida.
Que festas existam sim, sempre, mas que elas não se transformem em prenúncios de holocaustos legalizados.

Gabriel Novis Neves
10-02-2013

sábado, 16 de fevereiro de 2013

PAPA DIFERENTE


No auge dos dias de festas profanas, jamais poderíamos imaginar um despertar impactado por notícias sacras.
Após seiscentos anos em que isso não acontecia, foi lida a renúncia de um papa. A do Papa Bento XVI, aos 86 anos de idade. Ele apresenta como justificativa a ausência de condições físicas para o exercício da posição que lhe é imposta como chefe de um dos mais poderosos estados do mundo, o Vaticano.
Elucubrações à parte sobre as verdadeiras causas - sejam elas políticas, religiosas, de saúde ou todas entrelaçadas -, trata- se de um fato incomum nos meios eclesiásticos.
Afinal, ele foi eleito aos 78 anos, idade já bem avançada para lidar com as inúmeras pressões a que são submetidas os homens de mando.
Portador de excelente aspecto físico e mental mostrou-se coerente durante os seus oito anos de papado com as ideias que defendia - apesar de ultraconservadoras para o mundo atual que clama por mudanças gerais, em todos os seus segmentos.
O fato é que essas mudanças têm sido muito rápidas e o taquipsiquismo não costuma ser uma das características dessa faixa etária.
O novo exige mais religiosidade que religião calcada em dogmas seculares. A compaixão pelo rebanho é a palavra de ordem, a fim de que o catolicismo não sofra a hemorragia de fieis, que vem ocorrendo nos últimos anos, aliás, reconhecida pela própria igreja.
Cumpre assinalar e elogiar o gesto de abnegação e humildade de Bento XVI, abdicando de um cargo cujas demandas do mundo moderno têm exigido dele muito mais que os seus valores reais e arraigados têm conseguido dele tirar.
A Igreja não pode mais conviver com práticas arcaicas, incompatíveis com o mundo de respeito ao próximo na sua plenitude, seja ele de que raça, credo ou cor.
Que o novo chefe a ser eleito tenha a consciência que a nova modernidade exige.

Gabriel Novis Neves
11-02-2013