Será? Mas, que novo?
Impregnados
pelas convenções absorvemos, com facilidade, tudo que nos é impingido desde a
infância.
Como
todos vivem de esperança, nos fantasiamos com ela sempre que nos é permitido,
sem questionar possibilidades verdadeiras de mudanças num plano real de vida.
Daí,
traçamos novas metas para o ano que chega: novas tentativas de sucessos
econômicos, novas dietas, novos amores, novas viagens, novas maneiras de vencer
a inércia que nos domina.
No
fundo, é tudo que nos traz a data simbólica, tão exuberantemente comemorada da
chegada de um novo ano.
Para
que realmente ocorram todas as modificações pessoais a que nos propomos, seria
imperioso que não estivéssemos com os nossos conceitos arcaicos tão arraigados.
Ninguém
nos ensinou que a felicidade está nas coisas simples da vida, e que quanto mais
tentamos a sofisticação, mais nos distanciamos dela.
Ninguém
nos ensinou a conviver tranquilamente com a hipocrisia vigente e, muito menos,
com as injustiças sociais daí decorrentes.
Ninguém
nos ensinou que o cinismo e o desamor que permeiam as relações humanas, faziam
parte de um todo que norteia as diretrizes da sociedade em que vivemos.
Ninguém
nos ensinou que o fato de estarmos sozinhos não significa, necessariamente,
solidão, e que, com frequência, nos sentimos ainda mais sós quando em
companhias que não nos dizem respeito.
Ninguém
nos ensinou que o amor é a maior das delicadezas, e que não pode ser buscado
como se fosse uma tábua de salvação. É todo um processo de entrega mútua que,
por ocorrer raramente, é confundido com
os arroubos passionais fortuitos que a todos acometem.
Ninguém
nos ensinou que quem muito espera, nada alcança, pois a vida é muito curta para o que dela esperamos. Só a obsessão do focado poderá levar a algum lugar.
Ninguém
nos ensinou que os filhos que colocamos
no mundo, não mais nos pertencem. Que deles nada devemos esperar, a não
ser que cumpram com alegria e dignidade a sua trajetória de vida.
Ninguém
nos ensinou que a verdadeira fidelidade não é a dos corpos, esses, perecíveis e
frágeis, mas a fidelidade dos sentimentos, do respeito ao outro no que ele tem
de mais valioso, a sua integridade.
Ninguém
nos ensinou que a convivência com políticos corruptos deveria ser aceita como
normal e perfeitamente compreensível num sistema que preconiza a abolição de
todos os valores éticos, em prol das
vantagens pecuniárias daí auferidas.
Ninguém
nos ensinou que as religiões só são válidas se praticadas de dentro para fora e
não de fora para dentro. A simples repetição de dogmas e mitos, tais como meros
papagaios, não nos torna pessoas melhores. É preciso que combinem discurso e
prática, do contrário, apenas virá à tona mais uma grande hipocrisia.
Ninguém
nos ensinou que quanto mais velhos ficamos, mais autossuficientes teremos que
nos tornar, pois só obteremos carinho e respeito dos circunstantes e
familiares, se abolirmos o hábito de exigi-los, nos fazendo de vítimas.
O
final da viagem não é para despertar pena, mas sim, admiração pela sabedoria
adquirida.
Enfim,
como dizia o grande Einstein, “a vida
não dá nem se apieda, ela apenas nos devolve o que damos a ela”.
Parabéns
a cada um de nós que conseguir reformular, através do esforço diário, os seus
conceitos sobre o estabelecido e, mais ainda, que conseguir dividir essa tarefa
com alguém que tenha essas mesmas percepções.
Esses
são os meus votos para um real e Feliz Ano Novo!
Gabriel Novis Neves
08-12-2013