domingo, 22 de dezembro de 2013

Receio

Tenho receio de uma série de coisas. Geralmente estão relacionadas a situações que não fazem parte do meu cotidiano.
Quando isso acontece, perco todo meu controle emocional e assumo aquilo que não é meu.
O receio que tenho é que aconteça algo de não agradável com os outros.
Acho esse fenômeno uma patologia grave, que deve ser tratada.
Na verdade, o receio é uma forma elegante de sentir medo e, só não o tem, o carente de pudor.
Os animais diante de uma situação de perigo demonstram, com reações físicas, o seu medo, seja eriçando seus pelos ou fugindo denunciando o perigo.
Outros receios que tenho são comuns à maioria das pessoas, independente de classe social, raça, ideologia política ou religião.
Dia desses, assisti pela televisão o depoimento de um padre católico confessando ter medo de viajar de avião.
O repórter insistiu nos detalhes e ele disse que temia muito o momento da decolagem, deixando escapar aquele sorriso produzido pelo medo.
No quesito receio de viajar de avião, passei por todas as etapas: da rejeição e pavor por essa máquina voadora - embora nunca tenha me negado a embarcar nesse pássaro voador – até o momento atual, de total indiferença.
Estou num estágio de vida onde tudo é lucro, com correção monetária. Mas confesso que, no fundo, ainda sinto aquele apertinho no peito quando a rota não é de brigadeiro.
Mas, medo mesmo, eu tenho é de dirigir pelas ruas da nossa cidade e rodovias do Estado. Este medo eu não encaro mesmo.
Considero nossas estradas o caminho mais curto para se chegar ao inferno. Esburacadas, sem acostamento, com “tintura de asfalto”, sem sinalização e fiscalização.
Dizem que elas estão assim tão maltratadas de tanto pagarem penitência pelos desvios de verbas destinadas às suas construções.
Já que há impunidade para os homens responsáveis por esse ato ilícito, a estrada e os contribuintes são os que pagam pelos erros cometidos.
Para tratar do meu receio, que é o medo, terceirizo os meus demônios, projetando–os no mundo mágico e ilimitado das minhas fantasias.
Afinal, receio é um medo minimizado e faz parte da nossa gama normal de emoções. 
“O medo é o pior dos conselheiros” - Alexandre Herculano.

Gabriel Novis Neves

02-12-2013

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