A
barbárie, característica dos diversos períodos da humanidade, através dos
séculos tem mudado de roupagem, mas ainda está longe de desaparecer.
É
como se o regozijo com a tortura alheia fosse apenas mudando de forma e de
intensidade.
As atrocidades cometidas no Império Romano nos arrepiam até hoje ao visitar o belíssimo
Coliseu, quando, atirar às feras os inimigos do poder, era o espetáculo
preferido da população, atraindo uma enorme quantidade de adeptos.
Cenas
de violência indescritível marcaram os anos da Inquisição, tudo muito
referendado pela Igreja Católica e, por conseguinte, em nome de Deus.
Enfim,
as inúmeras guerras que têm assolado a humanidade até os nossos dias são a
prova de que não somos ainda seres que possam ser considerados civilizados.
O
nosso grande Oto Lara Rezende definia esse estado de espírito, sempre tão
observado, com uma metáfora em que dizia: “o mineiro só é solidário no câncer”.
Só, mais ou menos em condições de penúria do outro, é que conseguimos mostrar
algum tipo de compaixão.
Recentemente,
no episódio da prisão dos chamados mensaleiros, vimos bem a necessidade do
espetáculo circense em volta do acontecido.
Holofotes
de todo o país voltados para os aviões oficiais que conduziam os condenados às
prisões para cumprir pena - às quais faziam jus depois de um longo julgamento.
O
que se nota é que as pessoas não querem só punição, elas querem ver sangue.
Muito
pertinente a carta escrita por três desses réus em que clamam por um tratamento
sem humilhação, o que, a rigor, nem deveria ser pedido.
Consta
que estamos na era do Homo Sapiens, mas o fato é que o homem continua tão
pequeno ou, talvez, menor do que quando veio ao mundo.
Seus
instintos primitivos estão aí, na visão dos crimes hediondos, tão
frequentemente divulgados pelas mídias e que tanto nos assustam.
Praticamos
as religiões, mas não praticamos a religiosidade, imprescindível ao culto da
humildade e do perdão.
Continuamos
ensimesmados, incapazes de qualquer dimensão que ultrapasse os nossos próprios
umbigos.
Aprendemos,
nos dias de hoje, a esconder melhor as nossas emoções.
Não
é politicamente correto andar por aí mostrando infelicidade ou estados
depressivos.
Nesse
esconderijo de emoções e, principalmente, da barbárie que nos habita, fazemos
jus ao que esperam de nós, seres alienados, sempre alegres e felizes, tais como
robôs da modernidade.
Gabriel
Novis Neves
19-11-2013
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