sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Barbárie

A barbárie, característica dos diversos períodos da humanidade, através dos séculos tem mudado de roupagem, mas ainda está longe de desaparecer.
É como se o regozijo com a tortura alheia fosse apenas mudando de forma e de intensidade.
As  atrocidades cometidas no Império Romano  nos arrepiam até hoje ao visitar o belíssimo Coliseu, quando, atirar às feras os inimigos do poder, era o espetáculo preferido da população, atraindo uma enorme quantidade de adeptos.
Cenas de violência indescritível marcaram os anos da Inquisição, tudo muito referendado pela Igreja Católica e, por conseguinte, em nome de Deus.
Enfim, as inúmeras guerras que têm assolado a humanidade até os nossos dias são a prova de que não somos ainda seres que possam ser considerados civilizados.
O nosso grande Oto Lara Rezende definia esse estado de espírito, sempre tão observado, com uma metáfora em que dizia: “o mineiro só é solidário no câncer”. Só, mais ou menos em condições de penúria do outro, é que conseguimos mostrar algum tipo de compaixão.
Recentemente, no episódio da prisão dos chamados mensaleiros, vimos bem a necessidade do espetáculo circense em volta do acontecido.
Holofotes de todo o país voltados para os aviões oficiais que conduziam os condenados às prisões para cumprir pena - às quais faziam jus depois de um longo julgamento.
O que se nota é que as pessoas não querem só punição, elas querem ver sangue.
Muito pertinente a carta escrita por três desses réus em que clamam por um tratamento sem humilhação, o que, a rigor, nem deveria ser pedido.
Consta que estamos na era do Homo Sapiens, mas o fato é que o homem continua tão pequeno ou, talvez, menor do que quando veio ao mundo.
Seus instintos primitivos estão aí, na visão dos crimes hediondos, tão frequentemente divulgados pelas mídias e que tanto nos assustam.
Praticamos as religiões, mas não praticamos a religiosidade, imprescindível ao culto da humildade e do perdão.
Continuamos ensimesmados, incapazes de qualquer dimensão que ultrapasse os nossos próprios umbigos.
Aprendemos, nos dias de hoje, a esconder melhor as nossas emoções.
Não é politicamente correto andar por aí mostrando infelicidade ou estados depressivos.
Nesse esconderijo de emoções e, principalmente, da barbárie que nos habita, fazemos jus ao que esperam de nós, seres alienados, sempre alegres e felizes, tais como robôs da modernidade.

Gabriel Novis Neves
19-11-2013

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