O
Natal começou como uma festa religiosa em comemoração ao nascimento de Jesus
Cristo.
Esta
data povoou a nossa infância, e a festa era tão simples e ingênua quanto éramos
nós.
Familiares
se reuniam em volta de uma ceia mais caprichada, sempre com iguarias típicas
dos países frios, ao final da qual, os adultos iam para a famosa Missa do Galo.
As
crianças, as mais ansiosas, ficavam esperando durante a noite a chegada do
Papai Noel, que lhes encheria de montes de brinquedos e bugigangas, sempre recebidos
como dádiva.
Nada
era negado, e a cumplicidade e a ingenuidade eram o charme dessa data.
Sabíamos
o que pedir ao Papai Noel, sempre em função do poder aquisitivo de nossos
progenitores.
Os
pedidos não eram acompanhados de frustrações, já que não éramos massacrados por
propagandas, cada dia mais poderosas em termos de tecnologia.
Com
a transformação progressiva da festa natalina num grande acontecimento
industrial e comercial, tudo foi adquirindo ares de megaevento, onde a
criatividade não tem limite.
Assim,
realçaram-se também as diferenças sociais com relação ao que pode e o que deve
ser almejado.
Desde
muito cedo os baixinhos se dão conta de que toda a encenação é para uns pouco
privilegiados.
De
ano para ano crescem essas diferenças, já que a riqueza tecnológica não tem
limites para os bolsos mais recheados.
Este
ano temos uma árvore de Natal no shopping Iguatemi (São Paulo) de vinte metros
de altura e que abriga mais de vinte e cinco mil lâmpadas.
Isso
sem falar nas vitrines das lojas, verdadeiros paraísos de consumo para muito
poucos. Sob esse panorama, descaracterizaram-se todas as comemorações
basicamente centradas no cunho religioso e passamos a viver a época do festival
do consumo desmedido.
A
troca de presentes, antes pouco valorizada e restrita, principalmente, às
crianças, se transformou numa cobrança cruel, capaz de descapitalizar famílias
pelo resto do novo ano. Tudo em função de uma competitividade enlouquecida,
característica dos nossos tempos.
Encontros
familiares, até então descompromissados, se transformaram em reuniões de um clã
que, na maioria das vezes, além de nada dizerem aos seus membros, passou a
exibir um verdadeiro palco de disputa de poderio econômico.
A
economia de mercado, com toda a sua pujança, cresce em todos os setores e se
hipertrofia imensamente quando se vincula aos setores ligados à vaidade humana.
Pena
que essas megafestas não consigam estreitar os laços familiares, muito pelo
contrário, se transformam em espetáculos de estranhamento mútuo entre seus
circunstantes.
A
obrigação do encontro familiar prazeroso entre pessoas que pouco ou nada se
curtiram durante o ano transforma essas ocasiões em verdadeiros antros de
hipocrisia e tédio.
Os
presentes trocados, como mera formalidade, são frequentemente acompanhados de
sorrisos falsos, tédio e, o que é pior,
sente-se o desamor no ar.
Não
por acaso, aumentam tanto os estados depressivos no transcorrer dessas
belíssimas Noites de Natal.
Gabriel
Novis Neves
28-11-2013
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