O
simples ato de cortar o cordão umbilical logo após o parto, não significa,
necessariamente, que isso tenha ocorrido no plano emocional.
Na
verdade, os fortes laços umbilicais permanecem por toda a vida, pelo menos por
parte dos progenitores.
Os
filhos, felizmente, como em toda a espécie animal, procuram se desvencilhar
deles o mais rápido possível, o que, aliás, é muito saudável.
Em
algumas espécies, quando isso não acontece, as fêmeas se mostram até agressivas
com as suas crias. Nós, por distorções culturais, adiamos, em muito, essa
dependência desastrosa.
Alguns
pais, vítimas das carências da vida, vão ao contrário, estreitando esses laços
pela vida afora, em detrimento de um perfeito desenvolvimento dos seus filhos.
Não
se apercebem que esses foram gerados em função dos apelos normais da natureza e
que não incluem em seu pacote o aprisionamento físico e moral deles.
Somente
numa fase muito precoce, geralmente até os seis anos de idade, conseguimos
incutir neles conceitos éticos e morais, isso se a carga genética permitir.
Como
isso nem sempre acontece, há que se entender que cada um deva seguir o seu rumo
solo, seguindo suas próprias escolhas, nem sempre do nosso agrado.
Isso,
entretanto, nos parece muito difícil, pois, como todos repetem, os filhos são
sempre crianças para os pais. Temos que nos livrar dessas repetições errôneas e
sucessivas, que a única coisa que conseguem fazer é abreviar a vida de pessoas
que, já na velhice, merecem a paz da individualidade.
Penso
que tudo se tornaria mais fácil se passássemos a respeitar os nossos filhos
como seres livres, no erro ou no acerto, independentemente das nossas
estimativas. É óbvio que o inverso é absolutamente verdadeiro.
O
mundo seria bem mais fácil se cada um buscasse seu caminho e fizesse suas
escolhas, ainda que os nossos gostos não sejam os mesmos.
Mesmo
amando-os muito, a vida de nossos filhos, na fase adulta, deveria ser
exclusivamente deles e de seus familiares, não mais nos dizendo respeito, a não
ser quando solicitados.
Seríamos
bem mais felizes, e eles também.
Gabriel
Novis Neves
04-12-201
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