É
possível transformar, através de decreto, a vocação de uma cidade de quase
trezentos anos apagando toda sua história e tradição?
Esse
é o presente que recebi ao ler que a nossa querida Cuiabá não será mais a
cidade dos fundadores desta civilização, responsáveis em parte pela conquista
da Amazônia, dos poetas, escritores, historiadores, estadistas, de uma gente
generosa e estudiosa.
Abandonada
pelo poder público por séculos conseguiu sobreviver e, hoje, é o maior centro
universitário do Estado e referência de saúde de alta complexidade.
O
seu passado de “Cidade Agarrativa e Linda” será ignorado pelas futuras
gerações?
Aliás,
de há muito este trabalho de descaracterização e de desvalorização da nossa
Cuiabá vem sendo realizado.
Há
poucos dias, ao receber a visita de um famoso historiador brasileiro
especializado no estudo da República, e, ao saber que Deodoro morou aqui,
procurou o casarão da sua hospedagem e não encontrou nada que indicasse a sua
presença nesta cidade.
Eu
assisti ao único Presidente da República, o cuiabano Eurico Gaspar Dutra,
descerrar a placa da falsa casa onde nasceu. Onde está essa placa?
Além
do Dutrinha (pequeno estádio de futebol), não encontro outro marco da presença
do cuiabano ilustre em sua cidade natal.
Cuiabá,
ou melhor, nossas autoridades nunca zelaram pela nossa memória histórica. Já
não somos mais Cidade Verde. Agora, por
decreto, seremos a cidade do agronegócio.
A
igreja de São Benedito com certeza será transformada em um armazém de soja. A
Catedral, de milho. Todas as outras serão utilizadas para armazenar os produtos
do agronegócio que produzirão o nosso crescimento, que nem sempre é benigno.
Em
medicina, as células em crescimento desordenado são transformadas em tumores
malignos, causando a morte destes pacientes.
Uma
cidade que cresce sem passado será apenas um centro de negócios lucrativos para
alguns empresários.
Cuiabá
precisa, e muito, de desenvolvimento social, que se faz com vontade política. É
importante respeitar o nosso passado que não mais nos pertence, mas que não
pode ser ignorado.
O
presente é um momento para procura do futuro sustentável. Nesse crescimento e
transformação de Cuiabá para capital do agronegócio, nenhuma palavra foi dita
sobre investimento padrão FIFA para a educação e saúde.
Um
povo imbecilizado jamais entenderá o que é um legado de dívidas.
Retomar
o crescimento econômico sim, mas com prioridade em educação e saúde.
Essa
é a cidade que sonhamos para nossos filhos, netos e bisnetos. Desenvolvimento
com crescimento.
Gabriel
Novis Neves
10-11-2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.