sábado, 30 de dezembro de 2023

RETROSPECTIVA


Estamos na época de retrospectiva. Ao volver os olhos ao passado, percebo que a sorte existe e é muito positiva. Sempre esteve em minha vida.


Digo-o não só quando estudante de medicina. Também na qualidade de médico recém-formado no Rio de Janeiro.


A provar, a decisão de retornar à minha cidade natal, abandonando um bom emprego, conseguido por meio de concurso público.


O meu casamento com uma mulher argentina-carioca, sei muito bem, é por igual testemunha.


Ah, e o encontro na fila do elevador do Ministério da Saúde, Rio de Janeiro, com Silva Freire! Vá entender! Como ajudou a viabilizar meu retorno ao torrão natal!


Não preciso trazer à baila o enfrentamento da falta de recursos para manutenção de minha família. Só Deus e eu sabemos!


Vem-me à mente o modo como assumi empregos de grande risco profissional.


Nada lhes digo do nascimento de minhas crianças. Uma ‘escadinha’! Subir os degraus, que difícil!


Nos momentos complicados, a sorte sempre me sorriu.


Passado tanto tempo, nem consigo imaginar das dificuldades que enfrentei.


Nessa rápida retrospectiva, tudo que consegui foi com muito trabalho e ética. Talvez com pitadas de sorte.


A vida é um eterno ‘ípsilon’, nome da letra y.


Consegui acertar na maioria das decisões que tomei. Sempre assessorado por ela, a ‘insignificante’ sorte. 


Esse tema me veio à mente quando meus pensamentos navegavam ao léu, em um prazeroso papear com o travesseiro.


Pensei no quanto tive sorte em minha longa vida. De um pronto, resolvi escrever.


Sem a bandida da sorte, não teria nem mesmo como sobreviver nos primeiros tempos, em Cuiabá.


A vida é um jogo. Neste jogo, como em tudo, a sorte se faz fundamental.


Arrisquei quanto pude e consegui me salvar. Mais do que nos outros, busquei forças que habitavam meu interior.


Perdas existiram. Algumas para melhor. Outras foram sofridas, a mando do Alto. Resignação total.


Ainda que assim tenha sido, a retrospectiva do percurso andado inclina muito mais a meu favor.


Tudo construí com trabalho, amigos certos nos lugares certos. Mas não desmereço uma grande dose de sorte.


Confesso que usufruí muito dela na minha vida familiar, profissional e à época de estudante. De igual modo na minha saúde física, psíquica, emocional e espiritual.


Há dos que, pouco me conhecendo, dizem que fui sortudo. Prefiro me aliar ao pensar de Picasso: ‘Todas as vezes que a sorte me procurou, ela me encontrou trabalhando’.


Gabriel Novis Neves

28-11-2023




sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

FESTA PROFANA


Com o passar dos séculos a data de nascimento de um homem bom está sendo transformada em uma convenção social.


O Papai Noel, que veio de trenó do polo norte com um grande saco de presentes às costas, é muito mais lembrado no Natal, que o nosso menino Deus, que veio ao mundo para nos salvar.


Nasceu em uma manjedoura de pais pobres, foi perseguido, pregado em uma cruz, morto e sepultado.


Praticou a caridade, humildade e amor ao próximo, perdoando sempre aos que o ofenderam.


Esse foi o Cristo que morto e sepultado, subiu aos céus.


No dia do seu nascimento, as famílias deveriam se reunir para lembrar da passagem do nosso Salvador, com seus ensinamentos de fé, esperança e caridade.


Hoje, ficam ansiosas pela chegada do Papai Noel, um ícone do comércio, sustentado pela mídia, que é muito bem paga, para não deixar desaparecer essa fantasia, que é o Papai Noel.


O Natal se transformou em uma ‘baita festa de consumo’, cujo rei é o Papai Noel.


O menino Jesus é lembrado em poucos presépios das periferias das cidades. Nas grandes metrópoles os ensinamentos do filho de Deus não são mais respeitados.


Os mendigos, moradores de rua, sem família, são retirados dos bairros mais nobres, pela Polícia Militar.


É a famosa ‘limpeza das cidades’ escondendo todo nosso desamor ao próximo para os turistas não verem!


Enquanto alguns, com suas ‘ceias nababescas’ jogam comida fora, outros passam fome por não ter o que comer.


Como é triste na noite de Natal levar para aos que tem fome um pouco de solidariedade, na figura de um prato de comida.


Fiquemos atentos para impedir que o mês de dezembro, que é da família, das reuniões, reflexões sobre o nascimento de Jesus, seja transformada em uma ‘festa profana’.


Dezembro está terminando, e nesses poucos dias que nos sobram, vamos nos reunir, para lembrarmos do nascimento do menino Deus, e sua missão entre nós.


Nessas horas, o melhor é não sermos ‘moderninhos’. Vale mais a ‘tradição dos nossos antepassados’.


Da minha parte, consegui manter a minha família unida, inclusive nos festejos do Natal.


Gabriel Novis Neves

25-12-2023







quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

SAÍ DA ROTINA


Não é novidade para ninguém do meu círculo familiar e de amigos, que nos últimos cinco anos só saio de casa com motorista para ir ao médico e dentista.


Na nossa vida acontecem coisas que não sabemos explicar.


No início deste mês, ao deixar o ambulatório do meu plano de saúde, solicitei ao motorista que me atendia para dar uma paradinha numa loja de materiais hospitalares.


Comprei uma ‘cadeira de rodas de alumínio’, totalmente desmontável e retornei para minha casa.


No dia 6 de dezembro, os engenheiros egressos do curso de engenharia civil prestaram, no auditório do bloco de tecnologia, homenagem aos seus professores fundadores, os pioneiros.


Fiz questão de comparecer, embora por metade do tempo no evento, onde fui homenageado como 1º reitor da FUFMT.


O auditório estava com todas as suas poltronas ocupadas, por professores, egressos e familiares. Com gente de pé no seu entorno e do lado de fora do auditório.


Fato raro de acontecer em eventos acadêmicos, registrados por câmaras de filmagens e fotos.


Em crônica publicada no meu blog externei o sentimento que senti diante de tamanha confraternização entre egressos e professores.


Isso aconteceu no dia 6 deste mês e ‘batizei’ a crônica de ‘Ares de despedida’.


Tive uma premonição e, 19 dias após aquele ato festivo, um dos homenageados nos deixou: o queridíssimo professor Mário Novis Gomes Monteiro, o conhecido Mário Tatú!


A desolação nos roubou as últimas horas do Natal, quando festejávamos o nascimento de Jesus.


Mário Tatú quando chegou ao Rio para prestar o concurso vestibular para Arquitetura, eu já era quase médico, ou médico recém-formado.


Quando necessitava de serviços médicos, era a mim que recorria.


Nasceu em uma casa da rua de Cima, quase em frente ao beco Alto, próximo à casa do seu avô paterno: João Gomes Monteiro.


Bem em frente à sua casa, morava uma ‘menina-moça’ encantadora.


Mário Tatú, feio tal o bicho, se apaixonou loucamente por ela e se casou constituindo família.


Na Universidade consolidou seu nome como Mário Tatú, pois as primeiras edificações do campus, foram projetos arquitetônicos dele, num ‘enorme buracão’ do terreno.


Vá em paz primo!


Um dia encontraremos!


Gabriel Novis Neves

26-12-2023





quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

SÓ HOJE!


Vou fazer uma exceção. Escreverei a crônica de hoje depois do fato acontecido. Não nasci com o ‘dom da adivinhação’.


Pronto: estou em condições de escrever. O jogo do Fluminense terminou. A crônica desta tarde, poderia ter apenas uma palavra: ‘saudade’!


Foi o que senti vendo pela TV, o time do Fluminense ser goleado pelo time inglês, comprado pelos árabes.


Lembro-me da década de 50/60, dos grandes times de futebol do Rio de Janeiro e São Paulo.


Após o término dos seus campeonatos estaduais, iam excursionar, por países sul-americanos, México e Europa.


Em suas bagagens, levavam: Garrincha, Pelé, Nilton Santos, Didi, Zagalo, Amarildo, Mauro, Zito, Djalma Santos, Gilmar, Belini e tantos outros. Também duas Copas do Mundo: Suécia em 58 e Chile 62.


Hoje os torneios de futebol, são organizados pela Fifa que acabou com a ‘farra das excursões’ dos clubes.


E o futebol do Brasil, se quedou ao poderio econômico dos clubes estrangeiros, principalmente os europeus!


Todos os jogadores dos principais clubes da Europa, são titulares das seleções dos seus países de origem.


Onde rola o dinheiro, o futebol é melhor, com jogadores jovens e extraordinários, assim como os melhores técnicos.


O último título mundial de clubes, com vencedor brasileiro foi o Corinthians Paulista, há mais de dez anos.


Já a seleção brasileira, foi campeã mundial em 2002. Amarga um longo e doloroso jejum.


Grandes craques continuam a nascer em nossos gramados. Jovens, são vendidos ao valorizado mercado europeu. Muitos deles nem chegaram a jogar sequer no Maracanã.


Exemplo recente foi o Ronaldo ‘Fenômeno’.


Retornam aposentados, ricos, sem o vigor físico da juventude, muitos com lesões incuráveis. Ainda assim, conseguem um lugar de titulares nos nossos principais clubes.


O Fluminense que perdeu ‘o campeonato mundial de clubes’, é considerado um ‘time de veteranos’.


Triste fim do nosso futebol, que só serve para ‘consumo interno’ e poder político aos seus dirigentes!


Por hoje, é só.


Feliz Ano Novo!


Gabriel Novis Neves

22-12-2023






terça-feira, 26 de dezembro de 2023

MELANCOLIA NÃO TRAZ PÃO, NEM TESÃO, NEM AMORES


Não sei qual a razão: só sei que fico melancólico no mês de dezembro. Convenhamos: não condiz com as festas e congratulações que ocorrem. É o mês em que as famílias se reúnem para festejar o nascimento de Cristo e o Ano Novo.


Desde a minha mais tenra idade, estendendo-a aos tempos de estudante no Rio de Janeiro, neste mês eu me sinto desamparado. E pensar que, em dezembro, se evocam significados que nos encantam!


O trauma do vestibular e, na mesma toada, os concursos que enfrentei — sempre no mês seguinte a dezembro —, talvez possam ser a causa que tenha desencadeado em mim toda essa carga de tristeza.


Diga-se em tempo: não padeço de depressão. Essa até que poderia ser a causa médica desta angustia que me sufoca.


O mês de dezembro, a meu ver, muito se aproxima de uma noite mal dormida, quando, no dia seguinte, nada está bom.


Vem-me à lembrança, nessas ocasiões, a figura do meu pai, atabalhoado com a clientela que, nessa época, em muito se agigantava. Bendigo o ter sido premiado com uma saúde de ferro!


Como deixar cair no esquecimento o lindo rosto de minha mãe, cativando simpatias! Em tempo algum fugia à responsabilidade que a vida sobre ela despejou. Queixar-se não era dela.


Dos meus oito irmãos, cada um com seus sonhos. Muito parecidos na fisionomia: espelhados um no outro. A nós se amolda o que corre no interior: ‘cara de um, focinho do outro’.


Das etapas vencidas e perdidas, grifando a ausência, sempre plena de dor, de meus pais, de minha mulher, irmãos e cunhado.


Somos de uma família longeva. Vê-se, no entanto, que os jovens vêm sendo substituídos por idosos.


‘No virar do ano’, o primogênito deste clã estará rondando os noventa anos.


Significa isso que vivemos um dezembro de idosos, pondo na balança os riscos que eles trazem na bagagem.


E chegam lombinho de porco, tênder, carneiro, bacalhau, peixe, farofa com frutas, lentilha, arroz à grega, rabanada, panetone, uvas, romã, damasco, pêssego, figo, avelãs e tâmaras. Como dispensar esses paparicos?


Tenho tudo para me alegrar — isso não ignoro —, mas a melancolia me avassala neste período em que tudo, à minha volta, vem embalado por maravilhas mil. É a vida repleta de surpresas. Tantas que — eu chego a pensar — até Deus duvida!


O mês de dezembro se curva ao dinheiro, décimo terceiro salário, comércio recorde em vendas. Registre-se o aumento dos postos de trabalho temporário! A tanto, somam-se os balancetes de empresas com lucros estratosféricos.


Não é que a aviação comercial abre novos voos para atender à demanda dos hotéis que chegam a dispensar hóspedes, tão lotados estão!


É gente que vai e vem, dando vazão a novos compromissos, impelidos por justificativas outras.


O ano vai se despedindo aos poucos, mas minha cabeça fica ‘zuindo’ com tanta coisa que embarca em dezembro.


Continuo a me indagar do motivo. Talvez o mês se revista dessa embalagem de tristeza porque paira uma pá de coisas que não deve se misturar com o essencial.


Quer mesmo saber? No mês de dezembro o universo conspira para que tudo se cadencie ao bimbalhar dos sinos, anunciando o nascimento de ‘Jesus’.


Neste mês, Ele — somente Ele —deve magnetizar nossa atenção e nosso carinho!


Gabriel Novis Neves

11-12-2023







PÓS NATAL


Amanheci com o meu WhatsApp entupido de mensagens de Natal, que será amanhã, data do nascimento de Jesus, filho de José e Maria, em uma manjedoura de um casebre.


Desde que dezembro surgiu no nosso calendário iniciei a receber as esparsas mensagens, que foram se avolumando com a intensidade da aproximação do nascimento do Menino Deus, no dia 25 de dezembro, que é o Natal, que significa data do seu nascimento.


Ele nasceu em Belém, uma cidade atualmente localizada no território palestino da Cisjordânia, cerca de 10 quilômetros ao sul de Jerusalém.


Foi criado em Nazaré — quando voltou do Egito, para onde foram fugindo de Herodes — o ‘Grande’, que ordenou que matassem todos os bebês!


Os Reis Magos comentaram com Herodes que havia nascido um Rei e, para não perder o trono, ordenou a matança de todos os bebês do reino.


A maioria das congratulações que recebi foram de fotos legendadas, vídeos ou correntes. Outras por textos copiadas de anos passados ou do Google, e um número bem menor de frases pessoais e curtas. O assunto sempre: o nascimento do filho de Deus.


Não sei a razão de pelo menos os textos pessoais, chegarem bem antes do nascimento do nosso Salvador.


Já imaginaram dar as condolências antes do fato acontecido? Seria mais aceitável que viessem depois. Até o sétimo dia, diz a ‘etiqueta’.


Os comerciantes esquecem rapidamente do nascimento de Cristo, e no outro dia já fazem a ‘queima’ do Natal, e a ‘troca de presentes’, que sempre ficam com preços mais elevados.


Agora é investir na publicidade do próximo dia 31 de dezembro, último dia do ano.


As cores amarelas, brancas e vermelhas dos vestuários, rapidamente aparecem nas vitrines das lojas e shoppings, assim como os fogos de artifício, ‘sem barulho’, segundo as nossas leis.


‘Rompeu o Ano Novo’, um sem número de superstições tomam conta do nosso país.


Papai Noel sai de cena e entra o Rei Momo. Tudo é carnaval na terra do carnaval, que só terminará na ‘Quarta-feira de Cinzas’.


As ‘Escolas de Samba’ saem dos seus galpões, para desfilarem nos seus ‘Sambódromos”.


Inicia-se o ‘período da quaresma’ e só então começa o ‘Ano Novo’, com a declaração do imposto de renda à Receita Federal.


Gabriel Novis Neves

24-12-2023




HISTÓRIA DO REI MOMO NO RIO DE JANEIRO


O REI MOMO DESDE A MITOLOGIA


segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

ABRAÇÃO


Diante as inúmeras mensagens que recebi pelo Natal, irei responder de ‘próprio’ punho.


Será um ‘cartão’ bem simples e pessoal:


‘Feliz Natal!


Abração do Gabriel’.


Não encontrei no dicionário da língua portuguesa palavra que representasse com fidelidade, o nascimento do filho de Deus.


Se abraço é carinho, afeto, amor ao próximo, ‘abração’ significa tudo isso no superlativo.


É o querer bem, paz, solidariedade com o desejo de uma sociedade mais cooperativa, onde todos abraçados, procuramos a igualdade sem guerras.


Abração é também um apelo, para que inocentes deixem de morrer de fome e não haja mais egoísmos no mundo.


Abraço é envolver o maior número de pessoas em benefício de um bem comum.


Ao abraçar uma pessoa, independente de ideologia religiosa ou política, estou desejando-lhe toda a felicidade deste mundo.


Jesus desceu do céu, para nos salvar, ensinar e abraçar.


O abração significa o quanto admiro vocês.


É tudo que posso desejar e receber, na data do nascimento do nosso ‘menino Rei’.


Para não ser morto teve que fugir da manjedoura onde nasceu, para o Egito, retornando depois.


Numa demonstração de humildade, lavou e beijou os pés dos apóstolos.


Abraçou enfermos e gente simples do povo.


Nosso Salvador, passou a sua curta vida entre nós, distribuindo abraços.


Neste Natal, desejo a todos, felicidade e um abração!


Gabriel Novis Neves

24-12-2023




domingo, 24 de dezembro de 2023

NATAL!


Pode ser uma data comercial explorada por muitos, mas é uma data simbólica.


Todos os povos, à sua maneira, comemoram o nascimento de Cristo, que veio a Terra para nos salvar.


Mesmo os ateus se reúnem na noite de nascimento do nosso Cristo para as confraternizações de paz e amor.


Aqueles que não têm família, saem na noite de Natal com seus companheiros para jantarem fora. Claro, os que podem.


As crianças filhas de ricos ganham presente inúteis, baseados apenas nos tamanhos das suas caixas.


Há Natais de soldados guerreando, como sempre. Nas penitenciárias, nos serviços de saúde e moradores da rua.


Natais alegres e Natais muito tristes. A roda da vida não para e todos estão sujeitos as intempéries do tempo.


Cresci e fui educado sem o ritual familiar da ‘ceia de Natal’. Meu pai trabalhava na noite de Natal. Daí essa estranha sensação que sinto hoje nessa data, como que uma ‘alegria forçada’.


Essas comemorações de final de ano funcionam em mim como um sentimento que não me é espontâneo, com pontinhos de tristeza e melancolia.


Na verdade, nunca senti aquela alegria plena, própria de muitos. A minha é contida, e mais, tenho dificuldades de me lembrar delas, que sei que foram muitas.


Sinto alegria em presentear as pessoas, e não em receber, pois tenho o suficiente para o resto da minha vida.


Que dizer das comidas do Natal, tão diferentes das nossas do dia-a-dia?


Tudo é festa, e os shoppings e lojas estão entupidas de pessoas procurando algo para comprar. Admitem que com esse gesto estarão agradando àqueles que irão receber.


A maioria das pessoas, acredito que gosta dessas festanças.


Alguns saem de casa, apenas para serem fotografados, sentados ao lado do ‘profissionalizado’ Papai Noel!


Esta crônica é uma visão de uma pessoa sensível, que veio de um lar simples, com o trabalho do pai na noite de Natal.


É um inconformado com as injustiças sociais e a justiça dos homens.


Feliz Natal, com muito carinho e afeto!


Gabriel Novis Neves

25-12-2023




sábado, 23 de dezembro de 2023

BRINCANDO DE PENSAR


Ontem à noite, deitado na cama do meu dormitório, ‘brincava de jogar pensamento fora’ até o sono chegar.


Uma frase brotou dessa ociosidade, que sempre é criativa.


Abri uma gaveta da mesinha de cabeceira e escrevi a pequena frase para não me esquecer.


Talvez pudesse servir de inspiração para alguma crônica.


Com a tela do notebook em branco, lembrei-me de uma antiga marchinha carnavalesca: ‘Anda Luzia’! 


Só pesquisadores da nossa música popular, ou maiores de oitenta anos se lembrarão dela.


Foi gravada para o carnaval de 1946, quando se fazia música de carnaval por Sílvio Caldas. Seu companheiro de autoria foi o Braguinha.


Afinal: qual a semelhança entre a letra do Braguinha, e o meu pensamento que dormiu na gaveta da mesinha de cabeceira?


É que desde que existe a humanidade com todos os prazeres, há uma unanimidade, que diz que ‘a vida não vale nada’. As pessoas ficam ‘entristecidas’ com frequência, e isso ‘faz mal’.


O remédio é vestir uma fantasia, ‘bater um pandeiro e sair por aí’.


Santo remédio: que nos tornam ‘alegres’, nos livram de todos ‘os males’, e faz-nos conscientes que desse mundo não se leva nada.


A minha mãe cantarolava muito esse sucesso que era tocado à vontade, na enorme eletrola do bar do meu pai. Assim como no carnaval de rua e clubes.


A melodia de ‘Anda Luzia” não esqueci com o rolar dos anos. A letra pesquisei no Google.


De tão simples, que chegou a me emocionar:


‘Anda Luzia, pega o pandeiro e cai no carnaval.


Que essa tristeza te faz muito mal.


Apronta a tua fantasia, alegra teu olhar profundo, que a vida dura só um dia, e não se leva nada deste mundo’.


Nada mais atual que esses simples versinhos, feitos há tantos anos.


‘Ontem, pensei que o meu amanhã, foi ontem’.


A tristeza sempre existiu, mesmo no período alegre das nossas vidas.


Também, que a tristeza faz mal, e deste mundo não se leva nada.


Falar difícil não nos beneficia com tanta sabedoria. Como é importante, não nos distanciar dessa fonte que trafega muito entre gente simples.


Jesus Cristo é exemplo de tudo que afirmei! Nasceu em uma manjedoura, de pais simples. 


Sua vida na Terra foi nos ensinando ‘sabedoria’, que é amor e paz. Se seguíssemos Cristo, não teríamos tantas guerras na História da Humanidade, fome e desigualdade de classes!


Entenderíamos que a vida é curta, e nada levamos para o outro mundo! O próprio Cristo morreu aos 33 anos.


É Natal, época propícia, para se pensar na missão de Cristo na Terra!


Gabriel Novis Neves

21-12-2023





Jesus entre os doutores, obra de Jean Auguste Dominique Ingres, 1862





sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

MUDANDO DE ASSUNTO


A escritora cuiabana Sueli Rondon publicou no início do ano de 2021 seu primeiro livro — ‘A casa da Esquina’ —, de contos e outras histórias.


Apesar do sucesso do livro, mudou o tema e lançou seu segundo livro, agora dedicado ao público infanto-juvenil.


Conhecedora de uma das áreas mais belas da natureza, a escritora narra didaticamente as aventuras de três primas inseparáveis, no Lago do Manso e Chapada dos Guimarães.


Seu novo livro recebeu o nome de: ‘As aventuras de LHI’, —iniciais de Lara, Helen e Isabella — as três primas.


Na primeira parte da história elas estavam brincando juntas no Lago do Manso. A idade das crianças era de oito, seis e cinco anos.


Praticavam pequenos pulinhos nas ondas que se formavam à beira do ‘lago-rio’.


De repente, Lara avistou uma onda mais forte se aproximando das gurias e gritou: — vamos nessa!


Veio uma onda bem maior quando as três, de mãos dadas, se preparavam para o pulo. Aí, começaram a flutuar.


Era como se estivessem em uma prancha. Depois, perceberam que estavam sentadas em cima do casco de uma ‘tartaruga gigante’.


De repente, elas ouviram um assovio no ar!


Eram ‘trutas falantes’. Fugiam do inverno no hemisfério Norte.


As meninas estavam ‘perdidas’. Não sabiam voltar para casa. Pediram a velha tartaruga, chamada de ‘Tertúlia’, que as levassem para casa. No trajeto a ‘tartaruga’ ia contando ‘histórias’.


Encontraram pelo caminho, com o ‘Tamanduá-bandeira’, a ‘Curicaca’, ‘Coruja’ e a ‘Lebre’.


‘Tinoco’, um velho morador da estrada, a pedido de ‘Tertúlia’ forneceu — água e alimentação às meninas!


O ‘Tuiuiú’ ia almoçar e não poderia levar as meninas para casa, mas a ‘Arara’ as conduziriam até a casa dos avós.


As meninas elegeram o lado do Manso paras as suas brincadeiras de férias, mas ouviram falar e desejaram conhecer a ‘Gruta da Lagoa Azul’, em Chapada dos Guimarães.


Levaram matula, um guia que era seu avô, e se saciaram com a beleza da natureza.


O avô trouxe as netas para sua casa.


Essa nova fase da escritora Sueli Rondon, tem tudo para dar certo, pois ela é, antes de mais nada, uma grande contadora de história. Seu texto é fácil de ser lido e compreendido pelas crianças, seu alvo.


Seu livro, é um verdadeiro compêndio de História Natural, sobre a nossa região. Faz as crianças se interessarem, sobre a ‘Chapada dos Guimarães’ e ‘Lago do Manso’, com suas matas, animais e pássaros, que a todos encantam.


Terminada as férias em Chapada do Guimarães, Lara, Helen e Isabela, fizeram um pacto de proteção para salvar animais em perigo de extinção.


Gabriel Novis Neves

20-12-2023




quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

IDIOSSINCRASIA


Tempo houve em que fui adquirindo uma verdadeira ‘idiossincrasia’ aos noticiários, em especial aos da televisão. 


Não se escandalize. O termo ‘idiossincrasia’ encampa este sentido: modo peculiar de cada um se comportar e de sentir a vida. Algo bem próximo de singularidade.


Nos dias de hoje, não tenho mais essa identificação e até me esforço para assistir a um ou a outro programa, mas não consigo. A presença dos ‘sabe-tudo’ na telinha, como irrita!


São verdadeiros ditadores: homens, mulheres e transgêneros. A bem-dizer, os donos do certo e errado.


Isso me obriga a desligar a TV. Algo quase instantâneo.


Mesmo sendo a TV paga, suas empresas — com o intento de economia —convocam jornalistas mulheres para narrar e comentar as partidas de futebol.


Faltam-lhes recursos vocais. Daí nos impõem um terrível sacrifício para ouvir-lhes a narração.


Quando o time do meu coração joga ou quando se cuida de partida importante, o jeito que encontrei foi tirar o som da TV, ficando tão só com as imagens.


A bem da verdade, elas ou eles estão muito chatos.


Bons programas de entrevista, a que assistia todas as semanas, tomado de vivo interesse, não suporto mais, de tão repetitivos se tornaram.


Nossa televisão de há muito tempo se tornou um partido político, não poucas vezes contra os próprios interesses nacionais.


Perdeu a credibilidade do seu público. O rádio era mais sério. Quem é que não suspendia seus afazeres para ouvir o ‘Repórter Esso’?


Hoje, quando desejo algo de curioso, recorro ao youtube, embora nem sempre encontre os temas que procuro.


Respeito quem pense de modo diverso: com o rolar dos anos, dei-me conta de que absorvi um jeito singular de reagir. A isso denomino idiossincrasia.


Até aos ‘Programas de Calouros’ e ao longo ‘Programa Sílvio Santos’, eu assistia com certo carinho. O mesmo se diga dos noticiários locais.


Uma colega da turma de medicina, lá de 1960, me telefona. Sabedora da minha paixão pelo violão, queria que eu ligasse a TV num canal pago.


Era para assistir a um exímio violinista e compositor de sucessos. Uma das suas raras entrevistas.


Como me dedicava, à noite, à feitura da crônica — uma cachaça para mim’ —, deixei para assistir ao programa pelo youtube, tão logo pude.


Na época do rádio, a biografia dos grandes músicos e compositores, como Noel Rosa, se fazia mais emocionante pelas narrativas de Almirante, do Bando Musical do Noel, por exemplo.


Esse caráter idiossincrático atingiu, em cheio, muitos dos meus contemporâneos.


Não poderia concluir esta crônica sem uma indagação a meus leitores: existem motivos para tal?


Gabriel Novis Neves

29-11-2023






SIM, ELA VOLTOU!


O vírus da covid-19, causador da maior pandemia deste século, não está extinto. Suas cepas se multiplicaram, produzindo milhares de vítimas.


A minha carteira de vacinação está em ordem. Foram-me aplicadas, no músculo deltoide, todas as doses da vacina recomendadas pelos cientistas e programas de saúde pública. Mãos ao Alto: nada de efeito colateral!


Durante o período agudo da pandemia, com outras medidas de segurança, passei incólume por essa praga que mata.


Quando foi abrandado o isolamento, contraí uma variante do vírus.


Foi detectada em mim através de exame laboratorial de rotina, sem sintomatologia. Logo fiquei negativado. Não houve necessidade nem mesmo de um simples raio-X dos pulmões.


Quer mesmo saber? Sou a favor da vacinação em massa, tanto em adultos quanto nas crianças, pois as variantes da covid continuam a se avolumar.


Essa infecção ainda não foi extirpada do planeta Terra. Pelo contrário: cientistas batalham por sua erradicação completa.


O fisioterapeuta que, duas vezes por semana, me atende em casa, sempre me informa dos pacientes internados e infectados.


Recebi um chamado pelo celular de uma antiga paciente. Dizia-me que participou de uma excursão ao Nordeste.


No retorno, chamou-lhe a atenção o número de passageiros que tossiam e espirravam, dentro da aeronave. Importante relatar: era ela a única passageira a usar máscara durante todo seu percurso.


No dia seguinte, como não estava se sentindo bem, resolveu ir à farmácia. Fez o teste rápido, acusando a covid!


Pude encaminhá-la a um hospital, onde fez exames de imagens de tórax e de sangue. Recupera-se bem. Em casa.


Ainda me informou que existem muitos casos domiciliares. O mesmo se dá nos hospitais da cidade. Ao que consta, todos de forma branda.


Essa infecção que vitimou milhares de brasileiros, foi transformada por pessoas inescrupulosas em problema político.


Isso prejudicou, e muito, as pessoas de boa-fé, que deixaram de se vacinar, impossibilitando a imunização em massa.


Até para atender um amigo, repasso o pensar do já consagrado Prof. Bechara, quanto ao termo covid-19. Recomenda seja ele usado com letras minúsculas, como substantivo feminino.


Embora assim, cuidado bem maior se deve conferir às medidas de prevenção. Não duvidemos disso! Afinal, ‘ela’ voltou! Que Deus continue a olhar por nós!


Gabriel Novis Neves

15-12-2023




terça-feira, 19 de dezembro de 2023

BARULHOS DA MINHA VIDA


Até hoje guardo — ficaram-me inesquecíveis — os barulhos que ouvia na minha infância. Retenho, no baú da memória, o ranger das cordas das redes nos círculos de ferro. Vinham pregados nas paredes dos velhos casarões cuiabanos, onde se fazia a sesta após o almoço.


As ruas se vestiam de deserto, e o comércio fechava as portas no período das 11 às 13 horas. Todos voltavam a suas casas para o almoço. O usual era tirar a sesta, sagrada soneca.


Aquele barulho nunca caiu no meu esquecimento, assim como os outros que tentarei mencionar.


Algo inolvidável era quando, após a primeira chuva de agosto, chamada ‘chuva da manga’, ouvia, da varanda da minha casa, o barulho das mangas caindo no chão do quintal


Como era gostoso esse barulhinho! No outro dia cedo, em pequena cesta de palha, escolhia as mangas maduras. Depois de desprezar as amassadas da queda, ia eu vendê-las.


Ah, o barulho da chuva caindo no teto do meu quarto — que não era forrado —, produzindo um borrifo no meu rosto de criança- adolescente!


Esquecer, como poderia, o barulho dos sinos das Igrejas Catedral, Boa Morte, São Benedito e do Rosário.


O sino da igreja de São Benedito sempre tocava às terças-feiras. Vinha com o intento de arrastar da cama os fiéis para a missa das cinco da matina.


O primeiro chamado era às quatro da madrugada. Pouco depois, o segundo: quatro e trinta. Às cinco, o último. A cidade ainda dorminhocava, toda no escuro.


A Catedral, que era nossa Matriz, a acionar suas badaladas potentes para as missas das seis e para a reza à noite. Sempre com seus três chamados.


Quando ia ao Porto achava diferente a batida dos sinos. É de estranhar que não me lembro dos sinos do Colégio dos Padres, onde cursei meu ginásio!


Pontuo o barulho dos latidos dos cães vadios e, o acordar das galinhas com o cocorocó dos galos de madrugada. Que prazeroso, o cântico dos pássaros!


Ficou-me amortecido o barulho que os sapatos de salto alto vociferavam pelos antigos salões de azulejos da Cuiabá dos meus pais.


O barulho dos espirros do meu pai, e das escarradas do historiador Estêvão de Mendonça, da janela do seu quarto, na rua do Campo. Uma loucura! Que os ‘seus’ não me espinafrem!


O barulho da pipoca — que delícia! — ao ser retirada do saco de papel, nos antigos cinemas chamados de ‘poeira’, por serem de chão batido. Entre eles o Cine Popular, na rua Marechal Deodoro, atrás da Escola Artífice.


Impossível — coisa da ‘especialidade’ que elegi — não ter sempre presente o choro das crianças quando principiavam a escrever sua história neste mundo.


O choro das presidiárias políticas, com o barulho que faziam batendo sem parar as colheres nas grades de ferro. Tudo lá pelas bandas da Penitenciária do Rio, na rua Frei Caneca, em 1964.


O barulho de uma janela se abrindo na Tijuca, quando fui acidentado na ambulância. Ao pedir um copo d´água a duas moradoras, estas me abriram a janela do seu quarto.


O barulho do clarim do quartel da Quinta da Boa Vista, quando eu servia ao Exército Brasileiro. Ficava no imperial bairro de São Cristóvão, no Rio.


Que chuva de lembranças! Essa grita de barulhos, cada um a seu modo, continuará a me fazer companhia na roda dos meus dias.


São recordações que nem mesmo a borracha do tempo consegue apagar!


Gabriel Novis Neves

22-07-2023