quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

IDIOSSINCRASIA


Tempo houve em que fui adquirindo uma verdadeira ‘idiossincrasia’ aos noticiários, em especial aos da televisão. 


Não se escandalize. O termo ‘idiossincrasia’ encampa este sentido: modo peculiar de cada um se comportar e de sentir a vida. Algo bem próximo de singularidade.


Nos dias de hoje, não tenho mais essa identificação e até me esforço para assistir a um ou a outro programa, mas não consigo. A presença dos ‘sabe-tudo’ na telinha, como irrita!


São verdadeiros ditadores: homens, mulheres e transgêneros. A bem-dizer, os donos do certo e errado.


Isso me obriga a desligar a TV. Algo quase instantâneo.


Mesmo sendo a TV paga, suas empresas — com o intento de economia —convocam jornalistas mulheres para narrar e comentar as partidas de futebol.


Faltam-lhes recursos vocais. Daí nos impõem um terrível sacrifício para ouvir-lhes a narração.


Quando o time do meu coração joga ou quando se cuida de partida importante, o jeito que encontrei foi tirar o som da TV, ficando tão só com as imagens.


A bem da verdade, elas ou eles estão muito chatos.


Bons programas de entrevista, a que assistia todas as semanas, tomado de vivo interesse, não suporto mais, de tão repetitivos se tornaram.


Nossa televisão de há muito tempo se tornou um partido político, não poucas vezes contra os próprios interesses nacionais.


Perdeu a credibilidade do seu público. O rádio era mais sério. Quem é que não suspendia seus afazeres para ouvir o ‘Repórter Esso’?


Hoje, quando desejo algo de curioso, recorro ao youtube, embora nem sempre encontre os temas que procuro.


Respeito quem pense de modo diverso: com o rolar dos anos, dei-me conta de que absorvi um jeito singular de reagir. A isso denomino idiossincrasia.


Até aos ‘Programas de Calouros’ e ao longo ‘Programa Sílvio Santos’, eu assistia com certo carinho. O mesmo se diga dos noticiários locais.


Uma colega da turma de medicina, lá de 1960, me telefona. Sabedora da minha paixão pelo violão, queria que eu ligasse a TV num canal pago.


Era para assistir a um exímio violinista e compositor de sucessos. Uma das suas raras entrevistas.


Como me dedicava, à noite, à feitura da crônica — uma cachaça para mim’ —, deixei para assistir ao programa pelo youtube, tão logo pude.


Na época do rádio, a biografia dos grandes músicos e compositores, como Noel Rosa, se fazia mais emocionante pelas narrativas de Almirante, do Bando Musical do Noel, por exemplo.


Esse caráter idiossincrático atingiu, em cheio, muitos dos meus contemporâneos.


Não poderia concluir esta crônica sem uma indagação a meus leitores: existem motivos para tal?


Gabriel Novis Neves

29-11-2023






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