sábado, 2 de dezembro de 2023

FINDOU O ANO


Dezembro chegou, e a cidade mudou de fisionomia. Tanto nos palacetes como nos casebres, os enfeites do Natal nos fazem lembrar do menino de Belém.


Alguns prédios se fazem iluminados por centenas de pequenas lâmpadas, dando um colorido todo especial à cidade.


As lojas desfilam o seu Papai Noel, que passou a ser uma profissão da época. Já os edifícios ostentam árvore de Natal comunitária.


Disseminou o costume de as residências ‘montarem’ as próprias árvores de Natal. O aspecto festivo de dezembro impregna a tudo e a todos. O espírito natalino paira no ar.


As empresas e associações de classe se confraternizam com almoços e jantares. Os augúrios de um ano novo pleno de paz são a tônica.


As músicas natalinas são tocadas nos quatro cantos da cidade. A emissora de TV de maior audiência leva ao ar, há mais de quarenta anos, um espetáculo musical em horário nobre.


 O cantor, sempre o mesmo, dado o seu carisma. E saber que seu reinado já vem se arrastando pelo tempo, líder de audiência!


O Papai Noel — com suas vestes vermelhas, gorro, saco nas costas, bengala, barbas compridas e bigodes brancos — magnetiza a todos com seu bordão já característico: oh, oh, oh!


Num tempo que não vai longe, as crianças escreviam cartinhas ao Papai Noel. O pedido era o de sempre: brinquedos. Traduzia a grande surpresa para as crianças, ao acordarem na manhã do 25 de dezembro.


Guardo belas recordações deste meu despertar inocente. A pergunta que endereçava a meus irmãos, quando na rua de Baixo, atual Galdino Pimentel, era se tinham ouvido barulho — a sinalizar a vinda do Papai Noel — em nosso quarto.


Um dizia que ele entrou pela chaminé da cozinha. Outro batia o pé, acentuando que ele veio pelo telhado da copa. A verdade seja dita: ninguém havia notado a chegada do Papai Noel.


Meu pai, desde quando esteve com o bar de portas abertas, nunca passou o 24 de dezembro entre nós. Por isso, não adquiri o hábito de curtir o fascínio dessa noite, reunido com a família, para festejar o nascimento de Jesus Cristo.


Não distante de casa, na Catedral Metropolitana, era celebrada a ‘Missa do Galo’, à meia-noite. Baseia-se o nome em crença antiga, de que o galo teria anunciado o nascimento de Jesus. 


Quem a presidia — imagine se não — era Dom Aquino Corrêa, com as pompas todas que a data impunha. 


No órgão, vibrava a radiante Zulmira Canavarros. A voz, magia pura de Maria Canavarros, coroava aquele cenário de luzes, convite às alturas! 


Bem mais tarde, com o meu retorno à cidade que me viu nascer, iniciei a comemorar o Natal em família, ladeado dos meus amores: mulher e filhos.


Esquecer não poderia. Foi num Natal que me chegou um ‘presente’ que para sempre me marcou: o nascimento da primeira neta. Bendita noite daquele 24 de dezembro!


Meus bisnetos, por certo incentivados por uma tradição que enlaça tantas famílias cristãs, ainda hoje escrevem suas carinhosas cartinhas ao Papai Noel.


Sou-lhes todo apoio. Afinal, esta data está a sinalizar que o Menino Jesus quer, a cada Natal, fazer de nosso coração sua manjedoura. A casa é toda sua! Seja bem-vindo, Jesus!


Gabriel Novis Neves

01-12-2023


Fotografias de domínio público, na Internet:









Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.