Estamos na época de retrospectiva. Ao volver os olhos ao passado, percebo que a sorte existe e é muito positiva. Sempre esteve em minha vida.
Digo-o não só quando estudante de medicina. Também na qualidade de médico recém-formado no Rio de Janeiro.
A provar, a decisão de retornar à minha cidade natal, abandonando um bom emprego, conseguido por meio de concurso público.
O meu casamento com uma mulher argentina-carioca, sei muito bem, é por igual testemunha.
Ah, e o encontro na fila do elevador do Ministério da Saúde, Rio de Janeiro, com Silva Freire! Vá entender! Como ajudou a viabilizar meu retorno ao torrão natal!
Não preciso trazer à baila o enfrentamento da falta de recursos para manutenção de minha família. Só Deus e eu sabemos!
Vem-me à mente o modo como assumi empregos de grande risco profissional.
Nada lhes digo do nascimento de minhas crianças. Uma ‘escadinha’! Subir os degraus, que difícil!
Nos momentos complicados, a sorte sempre me sorriu.
Passado tanto tempo, nem consigo imaginar das dificuldades que enfrentei.
Nessa rápida retrospectiva, tudo que consegui foi com muito trabalho e ética. Talvez com pitadas de sorte.
A vida é um eterno ‘ípsilon’, nome da letra y.
Consegui acertar na maioria das decisões que tomei. Sempre assessorado por ela, a ‘insignificante’ sorte.
Esse tema me veio à mente quando meus pensamentos navegavam ao léu, em um prazeroso papear com o travesseiro.
Pensei no quanto tive sorte em minha longa vida. De um pronto, resolvi escrever.
Sem a bandida da sorte, não teria nem mesmo como sobreviver nos primeiros tempos, em Cuiabá.
A vida é um jogo. Neste jogo, como em tudo, a sorte se faz fundamental.
Arrisquei quanto pude e consegui me salvar. Mais do que nos outros, busquei forças que habitavam meu interior.
Perdas existiram. Algumas para melhor. Outras foram sofridas, a mando do Alto. Resignação total.
Ainda que assim tenha sido, a retrospectiva do percurso andado inclina muito mais a meu favor.
Tudo construí com trabalho, amigos certos nos lugares certos. Mas não desmereço uma grande dose de sorte.
Confesso que usufruí muito dela na minha vida familiar, profissional e à época de estudante. De igual modo na minha saúde física, psíquica, emocional e espiritual.
Há dos que, pouco me conhecendo, dizem que fui sortudo. Prefiro me aliar ao pensar de Picasso: ‘Todas as vezes que a sorte me procurou, ela me encontrou trabalhando’.
Gabriel Novis Neves
28-11-2023
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