A tão malfalada repetição, que nos conduz à rotina, surgiu há mais de 3.000 anos antes de Cristo. Foi nessa época que os egípcios criaram o calendário solar.
O ano era composto de doze meses. O mês, com trinta dias, em quatro semanas de sete dias. Por haver um dia da semana para descansar, perfazia 365 dias, acrescidos de outros quatro.
Passou por alterações. O que vigora hoje para nós, cristãos, é o gregoriano, criado pelo Papa Gregório XIII em 1582.
Trata-se do calendário mais adotado no mundo. Há outros: juliano, judaico, muçulmano, chinês, etíope e maia. Encerram pequenas variações. O juliano, no ano 46 a. C., foi introduzido por Júlio César.
Assim que os gregos surgiram com o calendário, a vida passou a adquirir uma feição repetitiva. É a ‘rotina’, caminho trilhado maquinalmente.
Todo início de mês, cai sobre nós a obrigação de pagar contas e mais contas que se reeditam.
Depois de doze meses, avançamos um ano no nosso calendário. E tudo recomeça até que, um dia, se conclua nossa estada neste plano.
Cristo veio a este mundo há mais de dois mil anos. O calendário gregoriano, em 1582, corrigiu as falhas do calendário juliano, que então vigorava.
Por mais que queiramos nos afastar da rotina, há um tal de calendário que nos impõe o repisar dos eventos mais importantes, a cada ano.
Ao se abrir um novo ano, os eventos nobres voltam a se suceder: carnaval, Semana Santa e Páscoa. Em seguida, as festas juninas e o Natal.
De que forma fugir da rotina se tudo, em nossa vida — aí incluídos até mesmo os dias dos almoços de família —, está programado com certa antecedência, em datas que de novo ecoam?
O advogado da Universidade defende uma reivindicação justa dos professores. Estes tiveram retirado dos salários, de forma errônea, um valor que beira os 29%.
Há ‘vinte e nove’ anos lutamos pela reconquista salarial. Na melhor das hipóteses, receberemos nestes próximos dois anos.
Entra ano, sai ano, abre-se a rotina de tentar, de uma vez por todas, uma nova chance de encerrar o processo.
A vida se transformou em uma baita e dolorosa repetição de fatos. Nada que não se relacione com nosso calendário gregoriano.
Como fugir da detestável e cansativa rotina que tanto nos desalenta, se devemos nos render ao mando do implacável calendário?
Criticamos a rotina e não encontramos meios éticos de fugir dela, vendo-nos embrulhados nesse marasmo sem fim.
A grande verdade é que, até hoje, somos subjugados por uma peça que os gregos — bota tempo nisso! — nos pregaram.
A ‘rotina’ — nós o sabemos — não é coisa nossa. Quer seja, quer não, a verdade é que somos nós que pagamos o pato.
Gabriel Novis Neves
27-5-2023
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