sexta-feira, 30 de setembro de 2022

CALENDÁRIO APERTADO


Com as eleições gerais marcadas para o próximo dia 2, e o segundo turno para o dia 16 de outubro, ficou apertado o término das várias competições nacionais e internacionais dos clubes brasileiros, com as eleições, a Copa do Mundo no Catar e festas do final do ano.


O final do “Campeonato Mundial de Clubes”, que seria em novembro, já foi adiado para fevereiro ou março de 2023.


A final da “Copa Sul-Americana” entre o São Paulo e o Independiente Del Valle, será disputada em Córdoba (Argentina) neste próximo sábado, dia 1º de outubro, às 17 horas.


O jogo final da “Copa do Brasil”, será no próximo dia 12 e 19 de outubro, e os adversários ainda não foram definidos.


A final da “Taça Libertadores da América”, será em Guayaquil, no Equador, dia 29 de outubro às 17horas, entre o Flamengo e Atlético Paranaense.


O “Campeonato Brasileiro” com seus jogos espremidos, terminará dia 13 de novembro.


A “Copa do Mundo” no Catar terá o seu início dia já no próximo dia 20 de novembro e o seu final em 18 de dezembro, uma semana antes do Natal para os católicos.


Como demonstrei, teremos o próximo trimestre deste ano cheio de emoções na política e nos esportes, podendo surgir novidades com a dança dos políticos e técnicos de futebol.


No Brasil os jogadores disputam os jogos e se perderem o técnico é demitido.


Na política não se faz nada nestes próximos dias, só aguardando o resultado das eleições.


Conversei com a minha gerente de Gestão de Patrimônio Íon Itaú.


Ela me disse que no início de outubro a sua carteira de investimentos, ficará na expectativa do comportamento do dólar, que é a nossa moeda universal, para saber quem será o próximo Ministro da Fazenda e Presidente do Banco Central.


Enquanto isso ficamos na esperança para conquistarmos o hexa campeonato mundial de futebol!


Gabriel Novis Neves

28-09-2022




quinta-feira, 29 de setembro de 2022

DIA NUBLADO DE FUMAÇA


Pela manhã o sol não apareceu, encoberto por uma camada de fumaça das queimadas que acontecem em nosso Estado e são tão comuns nesta época do ano.


Uma leve brisa, e o Instituto de Meteorologia nos anunciava pela televisão pancadas de chuvas à tarde.


Fui tirar uma sonequinha pós-prandial e ao voltar para o meu escritório o sol continuava escondido, e o calor a exigir o ar refrigerado ligado.


Não acredito em chuvas, a não ser de madrugada para limpar essa fumaceira toda e amenizar um pouquinho esse calor, que em Cuiabá é de lascar.


Estamos chegando na primavera e o inverno nem parece que existiu.


Falam muito das queimadas da Floresta Amazônica e do Pantanal e se esquecem do Cerrado, que desde criança ouço a dizer “que está no tempo das queimadas”, época para preparar o solo para as plantações.


Com tantas novas tecnologias à disposição do homem do campo, é muito difícil alterar os hábitos das pessoas.


Um arquiteto, amigo meu desde 1971, me chama pelo celular.


Queria dar as suas notícias e saber das minhas.


É especialista em projetos de hospitais e campus universitários.


Com o reitor Zeferino Vaz construiu o de Campinas (SP) e foi autor de vários projetos na nossa universidade. 


Fez o projeto do antigo Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, Ginásio de Esportes, Biblioteca Central, Teatro e Restaurante Universitário.


Autor do anteprojeto do Hospital Central, que foi inviabilizado por falta de recursos federais.


Doado para o Governo do Estado, teve o seu início em 1984, quando eu era secretário estadual de saúde em terreno do Centro Político Administrativo (CPA).


Terminado o mandato do governador Júlio José de Campos, teve as suas obras paralisadas por muito tempo.


Toda a sua estrutura foi profundamente alterada por vários governos e as obras reiniciadas e para conclusão no governo de Mauro Mendes.


João Carlos Bross, o arquiteto paulista, me descobriu em Cuiabá por um acaso.


Veio participar de uma licitação pública pela manhã, onde hoje é a Trescinco, e para chegar lá para quem vinha do centro da cidade, era obrigado a fazer uma rotatória em frente à universidade.


Ao voltar ao Hotel Santa Rosinha, onde estava hospedado, depois do almoço foi ao seu quarto.


O voo para São Paulo só no outro dia, e como nunca praticou o ócio criativo, lembrou-se que na rotatória do Coxipó havia uma enorme placa com os dizeres: “ Futuras Instalações da Universidade Federal de Mato Grosso”.


Em baixo: “Obra do Governo Pedro Pedrossian”.


Pediu um taxi e solicitou ao motorista que o levasse à Universidade.


Logo estava em meu “Gabinete”.


Hoje, quem vai ou vem do Coxipó, não vê mais o nosso campus universitário, escondido pelo elevado de concreto que seria trajeto para o VLT, cujos vagões comprados e pagos, estão apodrecendo em um galpão em Várzea Grande há 8 anos.


O sol não apareceu nesta tarde esfumaçada de forte calor sem chuvas.


É a primavera chegando.


Gabriel Novis Neves

19-09-2022




quarta-feira, 28 de setembro de 2022

HORÁRIO ELEITORAL GRATUITO


O título já é enganoso, pois, de gratuito não tem nada.


Quem paga o “Horário Eleitoral Gratuito” é o contribuinte com os impostos sempre mais caros.


Esse programa é o mais chato da televisão brasileira.


Para ficar livre do programa que financiamos, só se escolhermos uma TV paga, sendo que até no youtube ele nos alcança.


Assim mesmo temos que selecionar música boa para ouvir e evitar o “canal Bis”, que só toca música e é de um canal pago.


Como seria o perfil do espectador do Programa Eleitoral Gratuito?


Será que assistem por prazer?


Certamente, a não ser os familiares dos candidatos, ninguém assiste esse programa mentiroso de super-heróis lutadores pelo bem-estar dos seus.


E as entrevistas individuais ou coletivas dos candidatos majoritários, são daqueles que aparecem melhor colocados nas intenções de votos, segundo os desmoralizados institutos de pesquisas (!).


É um verdadeiro show de marqueteiros que tais técnicos de futebol portugueses, cobram uma fortuna para “treinar os candidatos” a responderem as perguntas que lhe serão feitas, sempre as mesmas desde o início desse programa.


O brasileiro que irá votar é muito bem informado e com antecedência já escolheu o candidato em quem votar, independente de assistir o tal programa eleitoral, que só é visto quando estiver numa sala de espera com a televisão aberta ligada.


Minha funcionária da cozinha que só trabalha com a TV ligada, o porteiro do meu edifício, o alfaiate em frente à minha casa e até em determinados quartos coletivos de hospitais, assistem o programa eleitoral, ou melhor ouvem nomes e números dos sabe-tudo candidatos.


São tantos os números e siglas partidárias, que confesso que não saberia mencionar o nome e número de partidos.


Acho que o perfil do tele espectador desse programa é estar em um ambiente com a televisão ligada e não poder desliga-la.


Dia desses me aconteceu um fato até então inédito para mim.


Estava trabalhando em meu escritório doméstico, quando o meu celular tocou.


Verifiquei que a chamada era local e mesmo não estando em minha lista de favoritos, resolvi atender.


A pessoa do sexo masculino se identificou como sendo de uma empresa de pesquisa que eu nunca tinha ouvido falar dela, e gentilmente me perguntou se teria alguns minutos para responder uma pesquisa sobre as próximas eleições.


Disse que era menor e não poderia votar, desligando o celular.


Imediatamente o moço pediu que uma colega me telefonasse sobre o mesmo assunto.


Respondi que o seu colega havia me telefonado e como tinha cem anos, mês bisnetos me proibiram de votar.


Gostaria de saber como traduziram o meu voto: se, branco, nulo, não souberam, ou deixariam de votar.


Gabriel Novis Neves

17-09-2022




segunda-feira, 26 de setembro de 2022

A PRIMAVERA CHEGOU


Não fosse uma leitora escrever no Whatsapp, após ler a minha crônica, sobre o primeiro dia da primavera, eu teria passado batido desse dia emblemático, hoje pouco comemorado.


Estudei um ano do segundo grau no Colégio Anglo Americano na praia de Botafogo, ao lado das Lojas Sears, no Rio de Janeiro.


Esse colégio ficou conhecido como o “Colégio dos Jogos da Primavera”, e a sua Inspetora Federal que não saía de lá, era a professora Yara Vargas, sobrinha do Presidente na época, Getúlio Dorneles Vargas.


O proprietário era um português elegante, sempre de terno e piteira na boca tratado por Dr. Corrêa, exalando fino perfume.


Na abertura do desfile dos Jogos da Primavera, Yara Vargas levava o Presidente da República, que em palanque armado em frente ao Colégio, assistia do início ao fim as lindas moças da zona sul do Rio de Janeiro que passavam, em desfile, quando se via pequena parte das suas pernas acima dos joelhos, um avanço naquela época.


A Revista “O Cruzeiro” e jornais dos “Diários Associados”, de Assis Chateaubriand, davam ampla cobertura jornalística, assim como o Jornal dos Sports, do jornalista Mario Filho.


Em 1953 as mulheres usavam maiôs de peça inteira até pouco acima dos joelhos, nem se pensava em biquínis ou fio dental, a praia mais frequentada era a de Copacabana, o lugar chique era o Arpoador e o Rio de Janeiro ingênuo chamado de “Anos Dourados”.


Ninguém mais se recorda do início da Primavera, a não ser os poetas e cronistas.


Em Cuiabá, como temos apenas uma estação no ano que é o Verão, nada a comemorar, muito pelo contrário.


Certa ocasião a minha filha me acompanhava em uma consulta, em São Paulo e, sabendo da cidade onde morávamos, o médico demonstrou interesse em conhecer a nossa cidade.


Ela lhe fez o convite para nos visitar com uma recomendação: “por favor não venha na primavera, que são os piores meses do ano”.


Meu filho está em Florença em pleno outono com temperaturas agradáveis e que normalmente não excedem os 20ºC, favorecendo o turismo.


No pantanal, cerrado e floresta neste período faz também muito calor.


Se a Primavera já era uma estação do ano muito lembrada pelos modernos agricultores de alimentos que abastecem o mundo, como “tempo de plantar”, este ano com as eleições gerais, só se pensa em votar nos candidatos majoritários.


Depois vem a Copa do Mundo no Catar e o verão chuvoso com o Papai Noel.


Gabriel Novis Neves

22-09-2022




REENCONTRO


Léguas e léguas separam uma relação digital da beleza de uma relação real, olho no olho.


Sentimentos, emoções, percepções e pequenas delicadezas, que só a proximidade física pode transmitir, mostram como é falso esse mundo virtual a que hoje nos entregamos com tanta superficialidade.


Nas minhas andanças recentes pelo Rio de Janeiro, cidade onde passei doze anos importantes de minha vida, pude reencontrar amigos queridos que povoaram os meus dias e me ajudaram a vencer essa fase tão difícil da juventude.


Após um vestibular traumático, em que muitos, assim como eu, eram interioranos, não havia opção para o fracasso.


Todos sairiam médicos e retornaríamos às nossas cidades de origem com um único propósito, o de nos tornarmos úteis e mais indulgentes com os nossos semelhantes.


Claro que nesse processo de grande solidão, e jogado abruptamente num abismo cultural - jovem com hábitos simples que se depara com uma belíssima, mas amedrontadora cidade - a presença de amigos especiais foi decisiva, e logo nos tornamos uma grande família. Alguns desses amigos acabaram se fixando no Rio e fazendo carreiras profissionais brilhantes.


Aprendemos a entender que as coisas que nos aconteceram daí em diante, praticamente as mesmas com todos, eram apenas frutos de uma cultura que valoriza mais o “ter” que o “ser”.


Aí estariam incluídos alguns desencontros familiares e profissionais, apenas em diferentes níveis.


Talvez, nós médicos, nessa lida diária com o outro nos seus melhores e piores momentos, nos tornamos impregnados dessa compreensão permanente e nos esquecemos de nós mesmos como seres humanos, tão frágeis quanto todos os outros.


Diante disso, somos alvos fáceis para as adversidades da vida.


Filosofamos juntos sobre todas essas coisas e, a cumplicidade que já existia, foi crescente.


O nosso reencontro foi muito mais do que idealizei.


A essa altura de minha vida pude ter a sensação de que os anos de ausência mútua só fez aumentar a confiabilidade e o respeito que sempre nos uniram.


Como se não bastasse, rever a magia do Rio de Janeiro que, apesar de violento, tal como sua escultura símbolo, recebe de braços abertos e escancarada beleza, todos que dele se aproxima. Nos sentimos, num instante, possuídos por uma aura de alegria e luminosidade, que dificilmente encontramos em outras cidades do mundo.


Depois de tantos anos, já colhendo os frutos de uma vida pessoal e profissional bem-sucedida, pudemos avaliar juntos o quanto toda essa bagagem afetiva foi importante em nossas vidas.


Dizem que “recordar é viver”, mas foi muito mais do que isso, foram dias inesquecíveis de completa paz e entrosamento.


A minha saudade e a minha gratidão a todos que me acolheram tão carinhosamente. 


Gabriel Novis Neves

05-06-2013




CARREGAR PEDRAS


Nunca soube ficar sem fazer nada, por “defeito” de criação.


Considero isso uma doença grave, apesar de saber que muita gente saudável possui esse hábito, não lhe causando nenhum malefício em não fazer absolutamente nada.


Jorginho Guinle nunca trabalhou em sua longa vida, vivendo da herança que seu pai deixou.


Quando o dinheiro acabou, morreu em um quarto de hotel por favor, sem família ou amigos.


Minha mãe me ensinou que mesmo não tendo nada a fazer, enquanto esperava, era bom “carregar pedras”.


Não sendo romancista escrevo o que penso e faço na prática.


Quando criança nas férias escolares, recordava as lições, mesmo tendo sido aprovado de ano, por orientação da minha mãe.


No Rio lia jornal no bonde indo para a faculdade.


Depois que passei a frequentar hospitais, onde as distâncias eram maiores do local onde morava, como o Getúlio Vargas na Penha, lia até dois jornais, inclusive a página de anúncios.


Ali com frequência encontrava aluguel de vaga de quarto em pensão mais em conta que o meu.


Era um jornal de ida e outro de volta, às vezes reforçado pela leitura de uma revistinha sobre futebol, que ganhava no hospital ou pedia emprestado de algum paciente.


E assim fui até me aposentar das minhas atividades profissionais.


Hoje, ao acordar e me levantar da cama para tomar o café, tenho tanta coisa a fazer que não sinto o tempo passar.


Às vezes sonho que estou trabalhando e não acordo, pois não é pesadelo.


Escrevo esta terceira crônica nesta manhã, enquanto espero terminar correr em minha veia, seis frascos de imunoglobulinas de fabricação chinesa receitado pela infectologista competente que me acompanha.


Cheguei ao Centro de Infusão às oito horas e pelo gotejamento só ficarei livre dessa “espera”, por volta das 14 horas.


Não sinto fome, sede ou dor e para ajudar o tempo passar escrevo crônicas como a minha mãe me ensinou de “carregar pedras”.


Nesse caso agora é muito prazeroso “carregar as pedras” que é escrever mais uma despretensiosa crônica que faço diariamente.


As motivações é que são diferentes.


Nunca esperava tanta inspiração num quarto de hospital! 


Termino agora, pois o meu iPhone gastou sua bateria e estou sem o carregador, e não carrego comigo para não ficar viciado, em escrever por longas horas em qualquer lugar.


Gabriel Novis Neves

17-09-2022





sábado, 24 de setembro de 2022

OS PITORESCOS 44


Bem antigamente, o Imperador do Brasil nomeava os Presidentes das Províncias e Senadores, por indicações dos Barões da Coroa. Hoje, essas nomeações, que têm o nome de eleições gerais, são indicações dos “Reis do Agronegócio” e que são vários para caberem no mesmo saco do poder.


Na Cuiabá antiga, tínhamos o “Rei do Gado”. Hoje temos, o Rei da Soja, do Milho, do Algodão, da Piscicultura, da Madeira, dos Galináceos, dos Suínos, dos Bancos, dos Senadores, Deputados e Ministros, aqui em Mato Grosso.


Bem antigamente, as festas de aniversário, eram comemoradas nos velhos casarões do Centro Histórico. Hoje, em locais construídos para esse fim.


Na Cuiabá antiga, quando as festas eram realizadas em Clube, este era único e construído no centro da cidade, com ruas de paralelipitos e calçadas de cerâmica de barro feitas na Rua Nova.


Bem antigamente, os ricos que eram fazendeiros ou garimpeiros, moravam no centro ou em Largos como o da Mandioca, cujo nome foi mudado para Praça Conde de Azambuja e agora, nas vésperas de eleições, mudou de nome para Praça da Bembem.


Conde de Azambuja foi o primeiro capitão-general de Mato Grosso e tinha sua residência oficial lá. Essa Praça já teve o nome de Praça Conde de Azambuja, Praça Real por ser a residência dos governados do Brasil Colônia. Depois, o local passou a ser chamado de Largo do Sebo. O lugar tinha muitos nobres e isto atraia comerciantes que vendiam produtos trazidos diretamente de fazendas, produzindo odor desagradável. Mais tarde se instalou uma feira livre e daí nasceu a Praça da Mandioca, onde era a Praça Conde de Azambuja, hoje Praça da Bembem.


Lembro-me muito bem dos velhos casarões da Praça da Mandioca, que ficavam próximos a minha casa e, por diversas vezes acompanhei a minha mãe nessa feirinha.


Maria Augusta, nossa querida lavadeira e passadeira, morava em um desses casarões.


Dona Janoca, mãe do poeta Silva Freire também morava lá.


Bembem, que era minha prima, morava na rua do Campo, e todos os dias pela manhã, ia à feirinha da Mandioca onde era conhecida e amada por todos.


Na Cuiabá de hoje, os ricos moram bem afastados do Centro de Cuiabá. Compraram sítios e fazendas e lá construíram luxuosas residências do clã, com pistas de pouso equipadas para receber vários jatinhos executivos de todo o Estado e do Brasil por ocasião das suas festas. Até o super salão de festas exclusivo dos seus bilionários “reis”, foram construídos por eles. Esse é o mundo dos frequentadores da Revista Forbes.


Bem antigamente, as festas eram dadas nos salões residenciais com a luz dos lampiões e existiam regras para escolher uma moça para dançar. A solteira só podia dançar uma vez com um rapaz, e a permissão de repetir a dança com o mesmo rapaz só depois do noivado com a data do casamento agendado. Nunca pensar em baile de mascarados.


Na Cuiabá antiga, era permitido festas em casa com as mulheres fantasiadas discretamente. Os homens de terno e gravata. Hoje, as festas dos ricaços são realizadas em seus condomínios fechados com segurança máxima, as mulheres vão fantasiadas de forma irreconhecíveis, como a loura sulista de “nega maluca”! Os homens são proibidos de entrarem nessas festas sem fantasias, sendo comum encontrar nesses salões muitos “Bin Laden”, italianos e alemães!


Bem antigamente, todos sabiam quem era quem. Hoje, essa tarefa é de certos historiadores.


Na Cuiabá antiga, falava-se muito em cuiabano de pais cuiabanos, carinhosamente apelidados de “tchapa e cruz”. Meu pai, Bugre do bar e a minha mãe Irene Novis, eram considerados cuiabanos de raiz. Verdadeiro fake News moderno. O avô paterno do Bugre era “gaúcho” de Uruguaiana, a avó “uruguaia” da fronteira com o Brasil e mãe “carioca”. O bisavô da minha mãe Irene, era francês casado com uma baiana. O seu avô era baiano. Dessa mistura de nacionalidades e naturalidades, eu nasci “falsamente” como sendo cuiabano de “tchapa e cruz”. Minha mulher era argentina de Buenos Aires e meus três filhos nasceram em Cuiabá, sendo meio pau rodados.


Bem antigamente, Cuiabá era uma cidade do centro oeste de Mato Grosso. Hoje, é uma cidade do sul de Mato-Grosso. Para chegar aqui, só pelas pequenas embarcações que saiam de Corumbá pelo rio Cuiabá até ao cais do Porto, antes da ponte Júlio Muller.


Na Cuiabá de hoje, nosso melhor modo de transporte é pelos inúmeros aviões que decolam o dia todo, do Aeroporto Internacional de Cuiabá e Várzea Grande, antigo Aeroporto Maria Thereza Goulart.


Continuamos esperando a chegada do trem, que só veio à Cuiabá como enredo da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, no carnaval do Rio de Janeiro, quando o prefeito era o paulista Chico Galindo.


Gabriel Novis Neves

28-08-2022






ALLAMANDA CATARTICA


É o nome de uma trepadeira arbustiva de flor amarelinha que aparece praticamente o ano inteiro.


É uma planta que gosta de sol pleno, sendo uma das espécies ideais para jardins e pergolados.


Há um mês o paisagista Henrique que me atende plantou no meu jardim da cobertura, em um vaso de cerâmica, essa espécie, que conheci ainda criança nos quintais das casas de Cuiabá.


Ela chegou medindo um metro e cinquenta centímetros e foi colocada debaixo da pérgola, toda amarrada com fio de pescaria para não dobrar, até alcançar a primeira faixa de concreto.


Com sol, vento, sendo molhada todos os dias, adubada, em breve estará dando flores e se espalhando pelo teto da pérgola, igual à da casa do meu avô Dr. Alberto Novis, na rua Voluntários da Pátria, com a diferença de que a pérgula dele que era de madeira de lei.


A casa do meu avô virou estacionamento de automóveis, e não quero interromper essa tradição de morar com as flores amarelinhas, que me transmitem enorme satisfação.


Na casa dos meus pais na rua do Campo (Barão de Melgaço) tinha uma trepadeira dessa no teto de ripa de madeira coberta de telha de barro, na varanda da casa.


A casa da minha infância foi vendida, demolida e transformada em estacionamento, no nosso Centro Histórico.


Vou ganhar um excelente espaço de lazer em baixo da pérgola toda coberta com as flores permanentes.


Dá até vontade de esquecer que o Covid 19 ainda existe e mata e convidar amigos para um bate-papo com petiscos e cervejinhas.


A indispensável música nessas ocasiões fica com os acordes do violão do namorado da minha neta Fernanda.


O Flávio Ricarte, além de músico, é cantor, arranjador e tenho letra com ele de seis canções para serem musicadas.


Ser criança, Fazer samba, Saudade, Milagres, Viver com amor e Currículo do Bugre, adaptado.


Algumas estão quase prontas com a minha aprovação e ele está super animado com a dupla que surgiu, eu com 87 e ele com 33 anos, no meu quarto de dormir durante a primeira visita que me fez.


Eu, médico aposentado, e ele advogado atuante, pretendendo entrar na família dos Novis Neves.


Disse que em janeiro vai para o estúdio para produzir o disco inédito.


Enquanto isso, a trepadeira de flores amarelas, de nome complicado para alguém que não for paisagista ou botânico, vai cobrindo a minha pérgula, local ideal para o lançamento do disco.


Não tenho livros impressos, porém, terei canções!


É o destino para quem acredita nele, traduzindo em cuiabanês: “o que é do homem, o bicho não come”!


Gabriel Novis Neves

21-09-2022






sexta-feira, 23 de setembro de 2022

A CRÔNICA 2.800


Publiquei esta semana a minha crônica número 2800, todas só no Bar do Bugre.


Tudo começou com a “Barata Voadora” e o blog que ganhei no “Dia das Crianças” em 2009 do meu amigo e editor João Nunes da Cunha Neto, advogado brilhante, filho do meu colega médico, Dr. Artaxerxes Nunes da Cunha.


Eu mesmo duvidei da longevidade dessa “novidade” de escrever com disciplina mas, com a minha viuvez, encontrei uma maneira prazerosa de viver.


Minha mulher nunca chegou a ler nada que escrevi, pois tudo aconteceu após a sua morte.


Se pudesse gostaria de ouvir sua opinião, ela que foi uma devoradora de livros e filmes.


Escrevia muito bem e até seus bilhetes eram impecáveis.


Ela foi da geração do telefone e internet, não precisando escrever cartas aos seus parentes e amigos, pois os encontravam com facilidade pelo telefone fixo, e logo pelo celular.


Foi uma crítica construtiva de tudo que eu fazia e, quando avançava um pouquinho, contando daquilo que para mim era uma conquista, sentada na cadeira de balanço da casa da rua Major Gama, no Porto, me interrompia com o seu clássico: “menos, menos, menos”.


“A barata voadora” foi uma crônica que escrevi 45 anos depois da minha noite de chegada à Cuiabá, já viúvo e tinha o Bar do Bugre para publicar.


Graças a essa misteriosa barata voadora, permaneci em Cuiabá, e a Regina até morrer, estando sepultada no nosso Cemitério da Piedade.


Depois da primeira crônica publicada desencadeei a escrever sobre tudo, pois inspiração é o que não falta quando se caminha pelas nossas ruas e avenidas.


Deixei de escrever sobre política para não perder amizades e muito pouco por uma das minhas paixões, que é o futebol, pois, a maioria dos meus leitores não admira esse assunto.


Segundo uma colega da universidade, escrevendo crônicas, descobri um jeito de envelhecer com dignidade aos 87 anos completos, rumo aos 88.


Não percebo o dia passar sempre escrevendo sem parar, e só tive um pequeno período de abstinência “literária”, no ano que em São Paulo, implantei uma prótese aórtica no meu coração.


Fiquei muito inseguro pelas possíveis complicações, embora o ato cirúrgico realizado por um cardiologista intervencionista, via transcutânea, fosse um sucesso.


Com esta crônica de comemorações de nº 2800, dá para imprimir 35 livros de 80 crônicas, número ideal recomendado por Mário Prata para um livro ser lido.


Tudo que publiquei no Bar do Bugre está à disposição dos leitores no www.bar-do-bugre.blogspot.com e com o auxílio da ferramenta PESQUISAR NESTE BLOG, que só aparece no navegador da Internet para computadores, faz pesquisa interna e localiza, por palavras, qualquer uma já publicada e guardada nas nuvens, inclusive várias que escrevi nestes 13 anos, sobre “a barata voadora”.


Não irei imprimir essas crônicas em livros por ser desnecessário e deixarei essa incumbência, talvez para os meus bisnetos, pois não tenho filhos e netos, com perfis de gostarem de literatura simples e leve.


Gabriel Novis Neves

21-09-2022




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quinta-feira, 22 de setembro de 2022

O HINO DE MATO GROSSO


Considerado uma das principais obras de Dom Francisco de Aquino Corrêa.


Foi reconhecido oficialmente por meio de decreto estadual em 1983, a partir da avaliação por uma “comissão criada para estudar possíveis mudanças na sua letra”, pois o Estado de Mato Grosso fora dividido em 1977 pelo Presidente Ernesto Geisel.


Eu estava presente no Palácio do Planalto, em Brasília, e assisti esse fato histórico.


A canção canta as riquezas do nosso Estado, como minérios e gado.


Das suas belezas naturais, fauna e flora, pantanais e índios.


Fala de Dourados e Corumbá e não menciona nosso cerrado, a floresta amazônica e nossas cidades novas como Rondonópolis, Alta Floresta, Lucas do Rio Verde, Sinop, Sorriso, Tangará da Serra, Primavera do Leste, entre outras tantas que surgiram, cresceram e desenvolveram após 1970.


O mato-grossense nascido agora, irá aprender na escola o hino do seu Estado e falar em Dourados, Corumbá e pantanal, quando a sua realidade é o cerrado, a mata alta e algumas das cidades citadas.


O escritor, professor universitário, acadêmico e historiador Fernando Tadeu de Miranda Borges, é um inconformado com a letra atual da nossa canção.


Tentou fazer essa abordagem de atualização nas instituições por ele frequentadas, mas, após repetidas reuniões, a maioria decidiu por não alterar a letra original de Dom Aquino Corrêa.


Se não atualizarmos logo, será tarde demais pois, ao que tudo indica, nosso Estado poderá sofrer nova divisão, pois poderosas forças políticas do agronegócio estão trabalhando para alcançar esse objetivo, cujo poder lhe será transferido totalmente.


Pretendem que a Capital do novo Estado seja Sinop, onde seria instalado o centro administrativo, com os Palácios do Governo Estadual, com suas secretárias, Assembleia Legislativa e Poder Judiciário.


Teriam 3 senadores, deputados federais, estaduais e governador do novo estado.


Seu hino estadual poderá citar às riquezas do agronegócio, do cerrado e da floresta amazônica.


Sua capital seria chamada de capital do agronegócio, e poderá começar suas atividades com uma universidade federal e faculdade de medicina funcionando.


Na escola,  suas crianças poderão se identificar com a letra do hino do seu Estado.


Sugiro ao professor Fernando Tadeu que coordene um plesbicito, para avaliar a opinião da nossa população sobre a “imexibilidade” da letra do hino de Mato Grosso.


Não merececemos tamanho sofrimento com mais uma divisão.


Gabriel Novis Neves

12-09-2022




quarta-feira, 21 de setembro de 2022

DOENÇA RARA


Recebi de uma ex-aluna da nossa universidade, professora doutora em língua portuguesa, um livro de 153 páginas contando sobre a sua rara doença.


Fato incomum um paciente escrever com detalhes sobre a trajetória da sua doença até chegar ao diagnóstico acertado.


Foram anos de sofrimento e persistência vividos pela nossa colega da universidade, terminando com o lançamento do livro, em junho deste ano.


O médico que faz a apresentação do livro veio ao mundo pelas minhas mãos e hoje é meu médico endocrinologista, amigo e consultor.


É uma apresentação cheia de emoções.


O relato pormenorizado da paciente, médicos que procurou, pessoal de saúde, como fisioterapeutas, fonoaudiólogos, odontologistas, nutricionistas, professores de educação física e do médico que finalmente diagnosticou a doença.


A persistência da paciente e a sorte de ter encontrado o médico certo em São Paulo e a empatia que ele lhe transmitiu através de um perfeito relacionamento médico-paciente, foi possível chegar a um final feliz.


Diz a paciente que na sua primeira consulta em São Paulo, poli queixosa, após passar por diversos consultórios médicos sem sucesso, ele lhe pediu tempo para estudar e pesquisar sobre suas queixas, sinais e sintomas.


E ela o obedeceu, o que é uma excepcionalidade, pois a maioria dos pacientes, diante de tal pedido, acha que o médico não sabe nada e esta maioria, como afirmei, vai procurar outros médicos.


Demorou algum tempo para que ele encontrasse o caminho da cura, graças à disciplina da paciente.


Hoje ela tem uma vida com a sua doença rara diagnosticada, sendo aqui acompanhada pelo seu endocrinologista e em São Paulo pelo seu clínico alergista que descobriu a doença, e a paciente sabe tudo sobre ela, mesmo não sendo médica.


Teve que abolir muitos hábitos do sexo feminino, como pintar cabelos, usar maquiagem, batons, pintar as unhas, usar perfumes, colares, brincos, anéis, não ficar perto de alguém ou ambientes perfumados e cuidados alimentares.


Deixou de dirigir automóveis e tomar remédios, só com prescrição do seu médico de São Paulo e o de Cuiabá que a acompanha, já seu amigo, atendendo sempre o seu celular, que não tem horário para tocar.


O livro tem depoimentos dos seus familiares, colegas, amigos e serviçais como o motorista que a atende, recheado de fortes emoções, que mostram a paciente como sempre foi, não se abatendo nunca com as dificuldades que a vida lhe apresentou.


É uma mulher forte que vive com a sua doença, sozinha em seu apartamento com todos esses problemas de saúde ajudada apenas por uma diarista que não dorme no emprego e está em sua companhia há 22 anos!


Recomendo aos médicos, professores de medicina, profissionais de saúde, alunos e pessoas leigas que leiam esse livro.


“MINHA VIDA COM UMA DOENÇA RARA”


“MASTOCICOSE SISTÊMICA”


Autora: Rosemary Affi Santos Costa


Gabriel Novis Neves

19-09-2022






segunda-feira, 19 de setembro de 2022

UMA MANHÃ NO CENTRO DE INFUSÃO


Chego no horário combinado ajudado pelo motorista da minha filha e a enfermeira que cuida de mim.


Desço do carro e caminho com dificuldade até à cadeira de rodas que me levará ao 1º andar do edifício médico.


Passo por corredores, subo elevador, pego a senha e chego ao consultório da médica que irá me avaliar para ser imunotransfundido.


Aguardo alguns minutos para finalmente chegar à sala do tratamento, no final do extenso corredor.


Deixei muitos clientes e crianças aguardando para serem atendidos.


Gente vestida de uniforme branco eram médicas e técnicas de enfermagem e, nas seis horas que fiquei lá não vi um médico ou técnico de enfermagem circulando pela sala de enfermagem e sala de infusão.


A veia do meu braço esquerdo foi pega com facilidade, pois, não era bailarina e a droga está circulando.


São nove vidros e terminarei o tratamento, após às 13 horas.


Na minha sala existem seis poltronas camas para pacientes, todas ocupadas.


Cada qual tem a sua história, e seus comportamentos são os mais variados.


As mulheres são maioria nesse pequeno universo e sou o mais velho do grupo.


Do meu lado esquerdo um senhor tagarela, que não parou um minuto de falar, puxando conversas com todos e perguntando.


Descreveu com detalhes a sua doença e a medicação que tomava na veia, por que ele falou que era médico cirurgião gastro.


Formou-se na UFMT, fez Residência Médica e Mestrado aqui, e tem 56 anos de idade.


Cabelos grisalhos parece mais envelhecido talvez pela doença[A1] que o afastou do consultório.


Puxou tanta conversa e perguntas enquanto eu escrevia no meu celular sem parar, que fui obrigado a me identificar.


Ficou surpreso ao saber o meu nome e me perguntou se eu era o pai do Gabriel Novis Neves.


Disse-lhe que eu era o mesmo, e baixei a máscara para facilitar o meu reconhecimento!


É um apaixonado pela história recente de Cuiabá, mesmo assim, trocou o nome da esposa do Presidente da República, responsável pela construção do Aeroporto Marechal Rondon.


Confundiu Yolanda Costa e Silva, com Maria Thereza Goulart, a responsável pela obra do Aeroporto em Várzea Grande, que concluído tinha o seu nome.


Veio a Revolução e Marechal Rondon, passou a ser chamado o Aeroporto de Várzea Grande.


Estou transmitido essas informações para mostrar a extrema necessidade que os pacientes nessas condições de saúde têm de se comunicarem.


Este é o seu espaço social, com o qual se identificam com o mundo, diferente das Unidades de Terapia Intensiva (UTI).


Também é permitido trazer um acompanhante, o meu era uma enfermeira universitária, ficando o quarto ou sala com portas de vidro bem abertas, para o corredor.


A conversa do médico agora é com duas senhoras, uma brasileira, sua cliente, e outra asiática, e o assunto é sobre o número de farmácias existentes em Cuiabá.


Uma bem-humorada disse que aqui tem uma farmácia ao lado uma distribuidora de bebidas.


Todas se queixaram do preço mensal dos medicamentos receitados pelos especialistas.


Ouço o chorar de crianças na sala ao lado.


Uma senhorinha ao meu lado diz que criança chora de medo, e a dor não existe.


A minha sala está vazia, pelo adiantado da hora e o tipo e dosagem de medicamentos usados por cada um.


Ainda tenho 6 vidros a serem transfundidos.


Voltarei no próximo mês, até janeiro do próximo ano, quando estarei com as taxas das minhas imunoglobulinas normais, me fornecendo imunidades para continuar vivendo bem.


Gabriel Novis Neves

16-09-2022